Ritalina: hiperactividade, educação ou negócio ? (-por João Paulo, Aventar, 27/4/2015)
Em democracia não há territórios sagrados, apesar de existirem algumas reservas, na sociedade não médica, à entrada na esfera clínica. Normalmente, quem arrisca, leva com uma bateria de batas brancas em cima que, com argumentos quase sempre básicos, acaba por intimidar.
Aviso, portanto o leitor, de que não é minha intenção entrar na discussão médica sobre a Ritalina (fármaco 'contra' a 'hiperactividade'), até porque, ao ler parte da informação oficial disponível, fiquei suficientemente assustado, para nem tentar perceber o mecanismo da droga mais comum nas escolas, por estes dias. O meu olhar é o de Professor.
Nas nossas escolas a quantidade de crianças medicadas é absolutamente assustadora – quase não há turma em que dois ou três meninos não tome algum tipo de medicação para a hiperactividade. E, diz-me o senso comum, que não é possível que cerca de 10% das nossas crianças sejam portadoras desta “doença”. Não é possível.
E, parece-me que há três factores que contribuem para este manifesto exagero da Ritalina nas escolas:
a) a sociedade em geral e as famílias em particular, que não conseguem educar. Se até há uns anos, a sociedade depositava todas as responsabilidades formativas na escola, agora a situação tornou-se ainda pior com a destruição total que Pedro Passos Coelho promoveu junto da unidade nuclear da nossa sociedade – a família;
b) a escola de Nuno Crato (e...), que, com menos currículo, com menos diversidade, com mais exames e centrada nos conteúdos, afastou a escola dos alunos, das aprendizagens e promoveu a indisciplina, o conflito a instabilidade.
c) o negócio. O infarmed diz que em 2013 foram vendidas, em Portugal, duas?.. caixas de Ritalina. Mas, no mesmo documento onde se refere esta barbaridade, é também apresentado um valor – sete milhões e meio de euros é o total do negócio deste princípio activo.
Ora, perante isto, importa perguntar:
– se a Ritalina não serve às crianças, a quem interessa drogar os nossos alunos ? (e também os cidadãos em geral ?!)
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Hiperactividade (é doença?, mau comportamento?, falta de exercício físico?, falta de valores e regras? …) e seu combate com fármacos é um tema importante e oportuno.
.. Pelo que li, este grave problema não é só de agora nem só de Portugal, mas está a piorar e expandir-se…
..Tem uma componente social/ educacional (ou sua deficiência, até por também existir menos tempo disponível e disponibilizado para os filhos/ família, …), focada por JP.
.. Mas também tem uma componente ‘ambiental' e alimentar, pois os OGM e pesticidas (ver comentários), mais o processamento dos alimentos e seus aditivos (preservantes/ edulcorantes/ hormonas/ …), TAMBÉM influem no metabolismo das crianças/ jovens e no seu desenvolvimento e comportamento, na sua saúde e bem-estar ou sua falta.
.. Claro que a ‘moda’ das teorias/ ideias da psico/pedagogia mais o grande negócio dos fármacos para tudo … também ajuda a ‘visualizar/ enquadrar’ o problema.