Terça-feira, 25.06.13

Horta do Monte: Testemunho de um dos feridos e fotos da destruição

Armand Munoz foi das vítimas da agressão policial que teve lugar esta manhã durante a destruição da Horta do Monte, promovida pela Câmara Municipal de Lisboa. Após ter sido assistido no hospital, necessitando de pontos na cabeça, relatou ao esquerda.net como tudo se passou.

 

Armand Munoz “estava a levar as suas filhas à escola” quando recebeu uma mensagem de telemóvel informando-o de que as máquinas estavam a destruir a Horta. Quando chegou ao local, “por volta das 7h30, as máquinas já tinham destruído a Horta do Monte e estavam talvez cinco pessoas” ligadas ao projeto comunitário no local. Pouco depois chegaram mais pessoas, sendo que, no total, não seriam mais de dez.

Segundo descreveu ao esquerda.net, foram feitas várias tentativas no sentido de solicitar à Polícia Municipal o despacho que autorizava a intervenção, contudo, os agentes policiais negaram o acesso ao documento, argumentando que seria necessário “dirigir um requerimento à Câmara para esse efeito”. “Apenas um polícia municipal se encontrava identificado”, referiu.

“Enquanto me encontrava fora da cerca que foi montada pela Polícia Municipal à volta da Horta, uma amiga começou a tirar fotografias com o telemóvel”, relatou Armand Munoz, avançando que a representante da CML presente no local rapidamente se deslocou para fora do perímetro da cerca, em direção ao passeio, onde se encontravam. Tentando acalmar os ânimos Armand Munoz colocou-se em frente da sua amiga, sendo alvo de um encontrão por parte da representante camarária.

Apesar de constantemente apelar à calma, Armand Munoz acabou por ser vítima de um novo empurrão, por parte de um agente da Polícia Municipal, acabando por bater com a cabeça no chão. A sua amiga levou duas bastonadas. "Todas as agressões tiveram lugar no passeio, fora da cerca montada pela Polícia Municipal", assegurou. [Esquerdanet]

Fotos retiradas do facebook de Cátia Maciel:

  

Fotos de Alex Mogly:

  

  

  

 



Publicado por [FV] às 18:14 | link do post | comentar | comentários (6)

 

Duas pessoas foram detidas esta terça-feira em Lisboa, e três ficaram feridas, durante a operação de limpeza dos terrenos onde estava instalado o projeto comunitário Horta do Monte, cujos responsáveis garantem não terem sido oficialmente notificados para desocuparem o local.

Hoje de manhã, explicou à agência Lusa o subcomissário Alcides Rodrigues, a Polícia Municipal (PM) de Lisboa acompanhou funcionários da autarquia e um empreiteiro até aos terrenos situados na Rua Damasceno Monteiro, perto do Largo da Graça, "no sentido de garantir a sua segurança", para realizarem a operação de limpeza ordenada pela autarquia.

"Alguns hortelãos revoltaram-se e insurgiram-se contra os nossos agentes, tendo sido detidas duas pessoas por agressões, injúrias, resistência e coação", disse Alcides Rodrigues à agência Lusa.

O responsável policial acrescentou que a ordem de despejo foi assinada pelo vereador José Sá Fernandes, que tem os pelouros dos Espaços Verdes e do Espaço Público, depois de os hortelãos terem sido notificados pelo município lisboeta para desocuparem o espaço.

Os responsáveis pelo projeto comunitário Horta do Monte disseram hoje à Lusa não terem sido notificados oficialmente para abandonarem os terrenos.

"Estávamos em conversações [com a Câmara de Lisboa]. Neste momento aguardávamos a marcação de uma reunião e uma notificação oficial", disse hoje à Lusa Isabel Serôdio, no local, onde pelas 11.30 se mantinham agentes da PM enquanto uma retroescavadora continuava a operação de limpeza dos terrenos. [DN]

A coordenadora da Horta do Monte afirma que houve três feridos na sequência de agressões de agentes da autoridade, mas o comandante daquela força policial desmente essa versão dos factos.

Inês Clematis conta que pouco depois das 7h00, quando os primeiros apoiantes do projecto chegaram ao terreno, entre a Rua Damasceno Monteiro e a Calçada do Monte, “já estavam com as máquinas a destruir tudo”. “Os polícias não nos deixaram entrar, foram violentos”, descreve a coordenadora da horta, lamentando que a autarquia tenha optado por uma “desocupação forçada, em total desrespeito pelas pessoas envolvidas e pela comunidade”.

De acordo com Inês Clematis, duas pessoas foram detidas pela polícia e outras três ficaram feridas. Uma delas, descreve, caiu ao chão depois de ter sido empurrada por um polícia e foi transportada para o hospital com a cabeça partida. A coordenadora da horta acrescenta que uma outra pessoa “levou bastonadas nas costas quando estava a tentar acalmar as pessoas”, e que uma terceira “foi arrastada e ficou com o braço todo arranhado”.

Na Internet circulam vários relatos que corroboram a versão de Inês Clematis. “Quando cheguei à horta, poucas pessoas, muitos polícias, um rapaz com a cabeça partida e a uma amiga no chão com o namorado a ser imobilizados à força. Fui para onde estavam a correr levei um empurrão que me lixou o cotovelo e mais empurrões sempre que tentava chegar ao pé dela. Muitos polícias e com testosterona e bastões ao alto. Antes, os polícias tinham tirado uma rapariga de uma árvore à força, arranharam-na toda”, descreve-se um desses testemunhos.

Dois detidos: um turco e uma francesa
O comandante da Polícia Municipal de Lisboa confirmou ao PÚBLICO que houve dois detidos, um homem de nacionalidade turca e uma mulher francesa, por “resistência e coacção a funcionários”. Segundo André Gomes, estas duas pessoas “forçaram a entrada” na horta quando esta já se encontrava vedada para que fossem realizados os trabalhos de limpeza ordenados pelo vereador José Sá Fernandes.

“O casal desviou a rede, meteu-se lá dentro e começou a injuriar os funcionários”, descreve o comandante, acrescentando que o homem que acabou por ser detido "agarrou um agente da polícia pelas costas e atirou-o ao chão”. André Gomes acrescenta que esse elemento da Polícia Municipal de Lisboa ficou com os óculos partidos e sofreu ferimentos num braço e num dedo.

Quanto à existência de três feridos entre os apoiantes do projecto da horta comunitária, o responsável da Polícia Municipal de Lisboa assegura que não tem conhecimento dessa situação. “A polícia só desviou as pessoas do terreno. Não houve nenhuma carga policial”, afirma. “Não sei se alguém se aleijou uns contra os outros”, acrescenta, admitindo que se gerou “alguma confusão no local”, onde, segundo diz, se concentraram cerca de 20 pessoas em protesto contra a limpeza do terreno.

Os apoiantes da Horta do Monte fizeram chegar ao PÚBLICO várias fotografias tiradas esta manhã, nas quais se vê um casal deitado no chão e algemado, rodeado de agentes da Polícia Municipal de Lisboa. Há também imagens das máquinas a destruir a horta comunitária e de uma mulher que se colocou em frente a uma delas, tentando impedir o avanço.

Jardim e parque agrícola
A Câmara de Lisboa determinou a desocupação do local para ali construir um jardim e um parque hortícola, com abertura prevista para o próximo mês de Setembro. O assessor do vereador dos Espaços Verdes diz que tanto os dinamizadores da horta comunitária como outros cinco hortelãos que cultivavam o terreno foram convidados a ocupar um talhão no novo parque verde.

“Os cinco hortelãos vão voltar mas o grupo comunitário não aceitou, não quis”, acrescenta João Camolas, garantindo que os dinamizadores da Horta do Monte tinham sido notificados para desocupar o espaço até ao passado dia 14. Já a coordenadora do projecto diz que não recebeu “uma notificação como deve ser”, mas apenas “uns papelinhos que nem estavam assinados”.

“Estávamos receptivos a aceitar o terreno que nos ofereciam no parque hortícola”, garante por sua vez Inês Clematis, apesar de dizer que a proposta da autarquia ia inviabilizar o desenvolvimento de algumas das actividades que o grupo vinha desenvolvendo até agora. [Público]



Publicado por [FV] às 14:53 | link do post | comentar | comentários (22)

Quarta-feira, 19.06.13

Mais de mil pessoas já assinaram a petição online "pela preservação da Horta do Monte projeto comunitário", tentando travar a sua destruição iminente com o arranque das obras da autarquia para a criação do novo Jardim da Cerca da Graça.

O Expresso confirmou junto do gabinete de Eduardo Sá Fernandes, vereador do Ambiente Urbano, Espaços Verdes e Espaço Público da Câmara de Lisboa, que a intervenção irá ser iniciada "mesmo muito em breve".

O objetivo da autarquia é que o projeto de criação do maior parque urbano do centro histórico da capital - que contará com uma alameda, miradouros, parque de merendas, pomar, parque infantil, esplanada e parque hortícola numa área adjacente - esteja concluído em setembro, mês das eleições autárquicas.

 

Apesar da autarquia ter aceite o Projeto Comunitário Horta do Monte no seu programa Bip/Zip - Lisboa de 2013 , de parcerias locais para apoio às comunidades, apenas permitiria o seu regresso ao local, após a intervenção, para a exploração de um dos talhões do futuro parque hortícola.

Horta do Monte apela a reunião com Sá Fernandes

João Camoulas, assessor de Sá Fernandes, diz que, caso a Horta do Monte se tivesse candidatado teria tido prioridade, como aconteceu com os restantes hortelões, pois "a Câmara atribui em primeiro lugar o espaço a quem já o ocupava".

Inês Clematis, da Horta do Monte, afirma que a Câmara nunca lhes deu oportunidade de apresentarem as atividades que ali têm desenvolvido e que continuam a apelar por uma oportunidade de o fazerem, numa reunião com o vereador Sá Fernandes.

"Nós não somos um hortelão. Queremos integrar-nos nesse projeto (de requalificação do local), mas o que estamos a fazer é uma coisa completamente diferente e não se enquadra no programa de hortas urbanas. É um projeto aberto ao público, com atividades regulares", acrescentou.

 

Aulas de ioga matinais

Clematis, professora de pintura de 39 anos, que tem trabalhado também em animação sócio-cultural e como consultora de permacultura, diz que as atividades, que iniciaram há seis anos no local que se encontrava muito degradado, deram lugar ao projeto comunitário que conta com cerca de três anos, no qual participam regularmente "cerca de 70 a 80 pessoas".

"São pessoas que se conheceram ali e que se interessam por questões comunitárias ou da parmacultura", refere.

A produção de alimentos através de cultivo coletivo, a educação pela sustentabilidade e a promoção de estilos de vida saudáveis são as três vertentes do projeto classificado pela autarquia da capital.

Procurando dissuadir a destruição iminente do espaço, nos últimos dias têm levada a cabo uma série de atividades, entre as quais aulas de ioga matinais.

 

Nota: Há quem diga existirem outros «interesses» paralelos a esta intervenção/destruição da Horta do Monte (na Graça), que nada têm a ver com a recuperação paisagístico envolvente, mas sim com um Hotel do Grupo Pestana que se prepara para abrir um pouco abaixo do local desta horta comunitária...  Pois «não fica bem» uma «coisa comunitária» perto de uma unidade hoteleira de prestígio... Mas isso são só rumores que se vão ouvindo e não têm de certeza qualquer fundamento (pois não?). Até que uma Câmara PS, governada por um histórico socialista como António Costa com, também dizem por aí, pretensões maiores que a governação da capital do país, não se deixaria «levar» por estas mesquinhas questões de prvilegiar uma empresa em prejuízo dos cidadãos do seu município... António Costa não era capaz de fazer esta «maldade» aos seus eleitores, mesmo que este pelouro esteja tutelado a um senhor chamado de Sá Fernandes, que nem se dignou receber ou nem aparecer para dialogar com os intervenientes deste projeto comunitário lisboeta. Mas o tempo dirá quem é quem e, quem está interessado na «paisagem» em vez das pessoas que vivem nesta cidade.

 

Quem quiser assinar a petição para impedir a destruição da Horta do Monte pode sempre fazê-lo no link abaixo:

http://www.peticaopublica.com/pview.aspx?pi=P2013N39744

 

 



Publicado por [FV] às 16:50 | link do post | comentar

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