----- Diário de um tempo diferente (12.11.2015, J. Pacheco Pereira, Abrupto )
12- Quando é que os jornalistas, que seguem quase unanimemente a linha do "quem paga" como único critério para avaliar o mérito de qualquer medida e repetem à saciedade a mesma pergunta, se interrogam sobre se essa pergunta deve ser a primeira a ser feita, e se deve ser feita do modo que é feita, e se não há toda uma carga ideológica (e uma série de simplismos mais que rudimentares) nessa maneira de colocar a questão?
A resposta é sempre, nós os contribuintes. Portanto, alguém há-de pagar. Mas será que a pergunta nos diz alguma coisa sobre
quem são os contribuintes que deviam pagar mais e não pagam,
os que fogem aos impostos perante a complacência do estado,
ou os que tem isenções fiscais que podem ser cortadas,
ou as despesas que são feitas e não deviam ser feitas,
ou sobre se há justiça distributiva em quem paga,
ou até, se se justifica que se pague mais.
Não, não nos diz nada.
É que se for assim, a pergunta "quem paga" quer dizer "isso não se deve fazer", não se devem aumentar salários, pensões, reformas, etc.
E como a pergunta não é feita noutras circunstâncias, é uma pergunta profundamente viciada
pela miserável ideologia (neoliberal) que circula nos nossos dias e que muita gente interiorizou sem pensar no que está a dizer, ou porque é hostil a que se "pague" a alguns e nunca faz a pergunta a outros.
Ora eu conheço mil e um exemplos em que a pergunta "quem paga" tem todo o sentido de se fazer e ninguém a faz.
13- Será que aqueles que preferem estragar ainda mais Portugal, entregando-o, meses e meses, a um governo de gestão que não pode governar nada, apenas por raiva de poder haver outro, percebem a dimensão do conflito institucional que vão criar?
É que se esquecem deste pequeno problema que é o facto do Parlamento não estar em gestão e poder, com certos limites, "governar"?
E que a seguir vão ter que pedir ao Presidente para exercer uma espécie de veto contínuo a tudo que venha da Assembleia?
14- Sobre os números catastrofistas que a comunicação social repete sobre o impacto das medidas dos acordos PS-PCP-BE, não seria bom saber qual a credibilidade de quem está a injectar estes números ou o seu interesse próprio nessas contas, ou seja, não seria exigido que nos dessem as fontes?
É que alguns são tão evidentemente 'martelados' que não é desculpável que se publiquem sem se saber como se chegou lá e quem fez essas contas.
Hoje esses números estão no centro do confronto político, não seria de ter toda a prudência?
(Um exemplo:
acabei de ouvir uma descrição do cataclismo financeiro para o estado se a privatização da TAP for travada, mesmo na hipótese de não haver assinatura final, que, ou vem dos putativos compradores ou do anterior governo, ambos interessados nessa visão das coisas.
Repito: não seria de verificar a veracidade contratual desses prejuízos, antes de funcionar como porta-voz de uma das partes? É que, pelos vistos, do modo como as coisas estão, deixou de se verificar nada nos órgãos de comunicação social.)
---- Há 40 anos, um cerco à AR – amanhã, não sabemos (-J.Lopes, Entre as brumas...)
Foi preciso fazer um estudo, esta gente trabalha pelo seguro, não vá o diabo tece-las e fazer-lhes perder os míseros cobres remuneratórios que recebem, para concluírem do agravamento do fosso distributivo da riqueza produzida e da, concomitante, causa da actual crise económica e social que o mundo atravessa, sobretudo a Europa, considerada como modelo social a seguir pelo mundo todo.
O, excelso, estudo mandado fazer pelo Fundo Monetário Internacional, (FMI), conclui, esta coisa espantosa e inaudível, de que a actual instabilidade financeira está relacionada com as desigualdades na distribuição de rendimentos.
Não era necessário gastar recursos (assim tem outro força, essa gente é paga a peso de oiro) para concluir tal desiderato académico, bastaria ler os relatórios de cada empresa, ver a distribuição dos rendimentos do trabalho, onde o leque salarial se tornou uma vergonha (se os governantes, governadores e gestores ainda a tivessem), ver a distribuição/aplicação dos lucros e tudo somado se veria que entre injustiças distributivas e fugas de capitais. Feitas tais contas com facilidade se concluiria que se iria cair numa crise mais grave que a de 29 visto que agora os valores que enforma as pessoas e as sociedades de degradaram imensurávelmente.
Sendo verdade que, tal como a Grande Depressão nos anos 20, também a actual crise financeira foi provocada pelo adensar do fosso entre os ricos e os pobres, conforme revela a análise dos técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI), é sinal que além de não terem sido tomadas medidas para impedir tal repetição, veio tornar claro que com a globalização dos mercados associada à facilidade de movimentação de capitais e bens de luxo transaccionáveis, sobretudo, via Internet, é obrigatória a tomada de medidas de controlo e de criação de mecanismos eficazes de actuação de nivel, também, global.
Com tantas cimeiras realizadas entre os vários Gs; (Davos, Nato, ONU, G-20, G-20+1, etc.) nenhum destes seja capaz de determinar mecanismos de coordenação e de regulação das diversas formas e naturezas de fluxos financeiros.
Sobre isto não se pronunciaram os técnicos do FMI, porquê?
Continuar andar entretidos e engnar as populações só e apenas com diagnósticos que quase toda a gente já conhece pouco adianta ao equilíbrio das sociedades. Tomem medidas e medidas adequadas para que se não repitam disparates já cometidos. Sempre que um mesmo disparate se repete, em vez de evolução, existe retrocesso e agravamento, essa é a realidade dos dias que correm.
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