Tal como afirmou numa entrevista ao Público o primeiro objectivo político de Francisco Louçã é dividir e destruir o PS, tem sido essa a sua estratégia, chegando ao absurdo de aprovar propostas parlamentares da direita só para criar dificuldades ao governo. Louçã, que nas últimas presidenciais se candidatou pelo BE antecipou-se agora ao PS e ao próprio Manuel Alegre lançando a sua candidatura com o objectivo claro de lançar a confusão no PS e mais tarde tomar conta dessa candidatura.
Louçã está-se nas tintas para saber se Alegre ganha ou perde, há muito que o líder do BE se aproveita da imensa vaidade do poeta do PS manipulando-o e usando-o contra o PS. É evidente que um Manuel Alegre apoiado pelo BE será um candidato derrotado, mas se isso servir para dividir o PS e dar a vitória a Cavaco Silva o BE terá conseguido o seu objectivo.
O objectivo de Louçã é o de qualquer líder comunista ortodoxo, não é chegar ao poder a curto prazo, é destruir a corrente social-democrata, o grande obstáculo político ao comunismo. Para isso serve-se de tudo, até da ambição política de Manuel Alegre para quem a vaidade pessoal está acima do seu partido. [O Jumento]
Independentemente dos resultados de 27 e das sondagens que aí estão, estas eleições oferecem um proveito: quem quer ver começa a ver quem é Louçã. Quem é e o que é.
Francisco Louçã consegue ser politicamente desonesto - e bastaria como prova o facto de considerar que dois trimestres consecutivos de crescimento não significam a saída de uma recessão técnica. Não, não é como está convencionado, é preciso olhar para a curva do desemprego. Ele sabe que nós sabemos que o ilustre professor de economia está voluntariamente a fazer terrorismo político. Mas faz, cego com a vontade em sugar o voto de protesto.
E vai despudorado quando afirma o objectivo de se equiparar à Alemanha. Na saúde e na educação, sectores que quer universalmente gratuitos. Como se, por magia, chegássemos à Alemanha! Estamos no país que somos, em que o discurso evangelista de Louçã pega porque, entre outras razões, não há meios para financiar os serviços que usa como arma política. Não se exclua, porém, a possibilidade de na mente brilhante germinar o modelo RDA.
É evidente que há explicações para o que parece, e é, um desvario: a antecâmara do poder, de mais poder, vai desmascarando o feiticeiro. E ei-lo a explicar por que razão propõe o fim dos benefícios fiscais na saúde, educação e PPR. É simples e funciona como compensação: vai tudo para o público e salve-se quem puder, já que os ricos, que Louçã abomina, ficam como estão. A salvo.
Com Louçã não se salvaria a banca, os seguros e a energia. Seria tudo nacionalizado e, também por efeito, nos aproximaríamos de um modelo RDA.
O modelo em que assenta o truque da permanente denúncia e da palavra grossa tem fragilidades. Evidentes para quem quiser ver com distanciamento e sem estados de alma. Louçã é o que é, aquém dos imensos votos que vai seduzindo. E o movimento que chefia, um perigo que se vai desfazendo.
Então é assim: na Madeira não há asfixia porque Alberto João Jardim ganha eleições desde que há democracia e com maiorias em crescendo; no continente há asfixia porque Sócrates não vai renovar a maioria absoluta. Contaram a Manuela Ferreira Leite e ela seguiu. Como acreditará que não há pinga de asfixia em todos os sítios onde há eleições e maiorias sucessivas. De preferência da mesma cor e, se possível, em crescendo. [Diário Económico, Raul Vaz]
Quem clicar na Internet em Programa Eleitoral do Bloco de Esquerda encontra alguns locais com a possibilidade de encontrar o texto completo em PDF, mas ao clicar aí aparece a informação "Not Found", isto tanto pelo Google como directamente pelo Sapo.
Encontramos noticiário sobre a apresentação do Programa e uma entrevista a um tal Herculano sobre o Programa em que se faz uma referência à nacionalização da energia e nada mais.
De resto, uma das características de sempre do BE foi falar muito pouco no que pretende verdadeiramente fazer e, eventualmente, enumerar benesses sociais. Eles escrevem e dizem mesmo que não está previsto para já serem governo, mas terem um papel propositivo na Assembleia da República. Claro, como acontece actualmente, sem maioria absoluta e sem estar numa coligação, as propostas do BE só serão aceites se as maiorias quiserem.
Foi mesmo uma surpresa anunciada por Sócrates que o BE tem um vasto programa de nacionalizações das grandes empresas que lançariam o País na confusão e estão fora de tempo. O PCP tem também um programa semelhante e ambos pretendem pagar as indemnizações aos accionistas que são mais de 1,5 milhões de portugueses sem contar as participações indirectas através de fundos de investimento.
As grandes empresas portuguesas como a Portucel/Soporcel, EDP, Galp, PT, etc. têm lucros porque são bem dirigidas e prosseguem objectivos nacionais e algumas investem fora como maneira de colher lucros que reduzam a diferença entre o PIB e o Rendimento Nacional (ex-Produto Nacional Bruto) que é o PIB mais o saldo entre lucros vindos de fora e idos para fora. Saldo esse que é francamente negativo para Portugal dada a existência de muitas empresas estrangeiras em Portugal.
O BE tem no seu Programa Eleitoral uma oposição total à presença de Portugal na Nato, na União Europeia e até no Euro. O BE pretende, no mínimo, uma recusa do Tratado de Lisboa que se fosse concretizada por Portugal iria criar uma grande confusão na Europa e em Portugal.
E a cereja? Faltou a José Sócrates dizer aos portugueses que não admite fazer uma coligação governamental com o Bloco de Esquerda para que tivesse feito o pleno na sua indiscutível vitória no debate entre os dois líderes partidários.
Sócrates não pode de modo enfático desmascarar a esquerda radical, populista e trauliteira representada pelo BE sem que daí retire a consequência mais óbvia, qual seja a da impossibilidade de arranjos pós eleitorais com aquela força política.
O debate entre os dois representava para José Sócrates um exercício difícil qual fosse o de se demarcar do BE sem descapitalizar votos à esquerda, conseguindo, por junto, abrir espaço ao voto da classe média, por natureza central, moderado e útil. Conseguiu fazer este exercício, não apenas pela contra argumentação que utilizou para se defender das habituais rasteiras políticas utilizadas por Louçã - em regra alicerçadas em casos que marcam a diferenciação entre os poucos ricos e os muitos pobres - mas acima de tudo pelo ataque que levava bem preparado quanto à inadequação da política de nacionalizações e quanto ao atentado ao bolso da classe média por via das deduções fiscais propostas no programa do BE. Este documento atravessou todo o debate, esteve em cima da mesa, foi por Sócrates escalpelizado nos itens que mais lhe interessavam para que todos percebessem o significado do que ali está escrito e o embuste que representa o discurso político do BE.
Faltou-lhe colocar a cereja em cima do bolo. Em vez disso, optou pelo tacticismo e nessa medida não foi esclarecedor. Julgo que teria ganho mais em expressar de forma linear e inequívoca a impossibilidade de convergência com uma força política absolutamente antagónica à sua própria concepção económica, política e até social do país.
Boleia inconveniente. Até se admite que Alberto João Jardim diga que leva quem entender no carro oficial do Presidente do Governo Regional da Maneira, mas custa entender que Manuela Ferreira Leite se permita escolher a pior oportunidade para se meter nesse carro. Não estou a dizer isto em função da utilização do carro e do que a isso se possa apontar de errado. É um ‘fait divers' de campanha transformado em facto relevante, sem significado que o justifique. O que não percebo é como é que se pretende fazer a conjugação do discurso da asfixia democrática precisamente naquele local e ao lado de tão especial protagonista. Não há diferentes tons de asfixia democrática. Não é uma coisa matizável. E por isso é tão má e tão condenável, exista ela no continente, nas ilhas, no Governo da Nação ou nas Autarquias. Porque, não nos equivoquemos! Com um Estado hiper-dimensionado e um enorme número de pessoas dele dependentes, em termos de emprego e de composição do orçamento familiar, não será difícil encontrar constrangimentos a nível de liberdades de escolha ou de expressão. Agora o que não se pode pretender é que um discurso desta natureza possa apenas ter um alvo. Para que o discurso fosse coerente e eficaz haveria que o alargar, falando em termos de sistema e não apenas na circunstância decorrente do exercício do poder por parte deste ou daquele partido. Ganharia muito mais a democracia se, quando se lhe apontam os seus podres, se fizesse de modo que abarcasse as situações que os demonstram em vez de afunilar a mensagem a benefício de um ganho político de mera circunstância. [Diário Económico, Rita Marques Guedes]
No debate entre Sócrates e Louçã é evidente que o Primeiro-Ministro saiu nitidamente vencedor e levou, sem dúvidas, Louçã às cordas ou, mesmo ao tapete.
Sócrates na qualidade de chefe do governo há 4,5 anos seria acusado de ser o “causador” de todos os males do País e deste Mundo, a começar pela crise, mas conseguiu com o programa bem estudado do BE levar Louçã à defesa e mostrar que este pretende acabar com as deduções ao IRS com despesas de saúde, educação, etc. Louçã não foi convincente na alternativa de tornar tudo absolutamente gratuito, porque a ser assim nunca mais se falaria de deduções fiscais. Os contribuintes não teriam facturas para juntar ao IRS e então nem seria preciso falar em deduções fiscais.
Ao falar nas nacionalizações, Louçã não foi capaz de explicar como as faria e com que dinheiro. É certo que as empresas como a PT, EDP, Águas Livres, Galp, etc. ganham dinheiro e muito porque são bem geridas e têm um grande espírito de iniciativa.
Diga-se, contudo, em abono da verdade que Louçã foi honesto na área do desemprego ao referir a existência de uma crise mundial. Não acusou directamente Sócrates de ser o culpado do desemprego e do próprio “crash” de Nova Iorque, mas disse que agora há mais desempregados que no início do governo.
Estes debates são muito curtos, as questões são debatidas em poucos minutos para ambas as partes, pelo que não é examinar o desemprego as exportações e a economia em geral em tão pouco tempo, mas ficaram algumas frases chaves como as nacionalizações e as deduções fiscais para um e outro lado.
Curiosamente, nos comentários feitos ao debate entre Ferraz da Costa e o fiscalista Saldanha Sanches, este mostrou não saber que as deduções à colecta do IRS para saúde e educação são limitadas a um certo montante que até nem é exageradamente alto. Saldanha Sanches fala numa eventual dedução 100.000 euros que não é verdadeira, é muito menor, parece-me que de poucos milhares de euros.
Por sua vez, Ferraz da Costa desconhece que as nas nacionalizações de 1975, os capitais estrangeiros ficaram de fora e havia muito pouco nos grandes grupos portugueses. O que foi nacionalizado indevidamente foram os capitais pertencentes aos trabalhadores através das então existentes Caixas de Previdência e que nunca foram ressarcidos dos valores perdidos para o Estado.
Louçã na TSF criticou o facto de o governo taxar em 42% de IRS as indemnizações milionárias ou avultadas pagas a administradores que deixam os seus cargos em grandes empresas, tal como pagaria um ordenado superior a 10.000 euros mensais.
Acontece que Louçã tem aquele tic dos economistas e professores universitários de que toda a gente é analfabeta ou surda ou, talvez, seja ele o semi-analfabeto.
A lei que entrou agora em vigor e estava prevista para o próximo ano prevê que as empresas paguem também em sede de IRC 35% sobre o referido valor a transferir como indemnização aos seus administradores. O remanescente, ou seja, 65% da compensação é que será entregue ao administrador e sobre isso recai a taxa de 42%.
Assim, no pagamento de uma indemnização de 100.000 euros vão para o estado 35.000 euros em IRC e 27.300 em sede de IRS no total de 62.300,00. Portanto, a percentagem real cobrada é de 62,3% e não de apenas 42% como mentiu o estúpido do Louçã aos microfones da TSF.
… Até agora tenho visto meia dúzia de slogans a dizer "Política de verdade", que é uma coisa que me confrange porque a verdade pertence aos absolutistas. Aliás, lembra o manifesto nazi, que tinha logo nas suas primeiras linhas referências sobre os mentirosos políticos. Quando se fala de verdade em política, é algo que me arrepia e penso que não estarei sozinha nessa reprovação de mensagens críticas. A sua nova forma de fazer política reduz-se a essa política de verdade - com uma sucessão de frases infelizes que passaram a ser parte do nosso anedotário político - enquanto o programa tem muito poucas ideias e não consegue definir prioridades nem responder à crise. Fala de menos Estado, melhor Estado e de políticas neoliberais - parecendo que não se aprendeu nada com esta crise - que depois não concretizam nenhuma medida. …
… O facto de Francisco Louçã ter colocado esse convite e as suas implicações políticas - as que Louçã viu nesse convite - nas primeiras páginas e na crista da onda da comunicação social não me agradou. Tenho pena que assim fosse porque o convite foi-me dirigido a mim e, portanto, eu é que teria de fazer a gestão política desse convite e não Francisco Louçã. Para além de também não me rever no excesso de atenção e exposição que este convite recebeu na comunicação social! Não acho que eu fosse ou seja merecedora desse tipo de exposição. Não entendo que merecesse esse tipo de atenção! Não me senti ofendida por esse convite, acho até normal que um partido político nestas circunstâncias - com um militante que foi afastado da direcção, etc. - o fizesse e comuniquei apenas por transparência. Portanto, fiquei perplexa e desagradada quando vi o tratamento que foi dado por parte do Bloco de Esquerda e depois pelas ondas de repercussão. … [Diário de Notícias, Joana Amaral Dias]
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