Quarta-feira, 18.02.15
A Europa é hoje uma das maiores vítimas do neoliberalismo
Para o académico e ativista norte-americano, o Syriza e o Podemos são partidos que se levantam "contra o assalto neoliberal que está a estrangular e destroçar os países periféricos".
Noam Chomsky: “O
capitalismo é intrinsecamente sádico" (, bárbaro).
“A Europa é hoje uma das maiores vítimas” das políticas neoliberais que começaram a ser aplicadas no final dos anos 70 e começaram com Ronald Reagan e Margaret Thatcher, afirmou o linguista norte-americano Noam Chomsky.
Durante uma entrevista ao CTXT, o filósofo sustentou que as medidas de austeridade implantadas na região “estão a desmantelar o Estado Social e a debilitar os trabalhadores para aumentar o poder dos ricos e dos privilegiados”.
“É delirante a forma como a troika está a tomar decisões na Europa. Pode-se qualificar como delirante se forem levadas em conta as consequências humanas, mas do ponto de vista dos que definem a política não é delirante, para eles é fantástico. Estão mais ricos e poderosos que nunca, e estão a acabar com o inimigo, que é a população em geral”, assinalou o ativista político.
"Um mundo sem regras no qual os poderosos fazem o que querem. E, onde, milagrosamente, tudo sai à perfeição. É interessante comprovar como Adam Smith propôs isto na famosa expressão 'mão invisível'. Agora vemos que, quando o capital deixa de ter restrições, particularmente os mercados financeiros, tudo salta pelos ares. É com isso que se confronta hoje a Europa", sustentou o professor emérito de Linguística no Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT).
“O capitalismo é intrinsecamente sádico; de facto, Adam Smith reconheceu que quando tem rédea solta e fica livre de amarras externas, a sua natureza sádica manifesta-se porque é intrinsecamente selvagem. O que é o capitalismo? Maximizar os seus benefícios à custa do resto do mundo”, explicou o filósofo norte-americano.
O autor de “Os guardiões da liberdade” vê a América Latina como um exemplo de resistência diante da "invasão neoliberal". "Durante 500 anos, a América do Sul sofreu o domínio das potências imperiais ocidentais, a última delas, os EUA. Mas nos últimos 10 ou 15 anos começou a romper com isso", refere.
Chomsky considerou que o Syriza, liderado por Alexis Tsipiras, é um partido de esquerda "para os padrões atuais" mas que, pelo contrário, o seu programa não o é. "É um partido antineoliberal; não exigem que os trabalhadores controlem a indústria".
"E isto não é uma crítica, acho que é positivo. E o mesmo ocorre com o Podemos: são partidos que se levantam contra o assalto neoliberal que está a estrangular e destroçar os países periféricos", acrescentou.
--8/2/2015, em RPP Notícias, tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net -------------------
Uma reunião relâmpago do Eurogrupo e um ultimato: a Grécia tem quatro dias para repor o programa de austeridade que foi recusado pelas urnas.
Deste modo, nestes dias vertiginosos, três traços ficam claros. Primeiro, todo o aparelho político europeu se uniu contra a Grécia: na conferência de imprensa que apresentou o ultimato juntaram-se, simbólica e excepcionalmente, dois socialistas, Moscovici e Dijsselbloem, e duas figuras da direita europeia, Lagarde e Tusk. A Grécia está isolada, todos os governos de direita e de centro querem a sua punição e só tem o apoio de quem recusa a destruição (o Financial Times dá conta da carta de 32 personalidades insistindo na mudança da posição do Estado português).
Segundo, a União Europeia não admite nenhuma alternativa à austeridade. A escolha é esta: ou a Grécia continua as privatizações e a compressão salarial ou é expulsa, não se sabe como ou com que legitimidade, mas fica de fora. A Europa é a austeridade. É uma prisão.
Terceiro, o governo alemão está disposto a tudo, mesmo a uma grotesca arrogância que pouca gente acharia plausível. Ao dizer hoje que “sinto muito pelos gregos, que elegeram um governo que se porta de forma irresponsável”, Schauble ultrapassou uma barreira de agressividade e impunidade que terá consequências. A Alemanha passou a ser isto.
Assim, ninguém – o Eurogrupo, o governo alemão, os outros governos – deixou qualquer dúvida: ou a Grécia se verga ou sai do euro. A Grécia nem teria o direito de divulgar a proposta que lhe foi feita, acrescentam as autoridades europeias, e se o fez, é uma “provocação”, persiste o Eurogrupo, porque nenhum governo pode dar a conhecer este segredo.
Do outro lado, o governo grego usou todas as armas que a democracia pode gerar. Obteve um mandato eleitoral claro. Procurou o apoio da opinião pública em todos os países. Conduziu uma disputa política que nunca ninguém tinha visto na Europa. Destapou a face de uma Alemanha imperialmente exibicionista. Usou o seu recurso mais importante: propôs negociações prudentes, esperando que o adversário não usasse a arma de destruição massiva. Mas encontrou um muro de “intimidação” (Tsipras) ou de imitação de “tortura” no estilo da CIA (Varoufakis) e, em todo o caso, a condição do ultimato: ou continua a austeridade ou rua.
As autoridades europeias colocaram-se por isso numa posição em que não admitem nada senão a cedência. Assim, o que se vai passar nos próximos dias, salvo mudança miraculosa, parece estar escrito. Pode haver ou não nova reunião do Eurogrupo, mas, segundo as autoridades europeias, a condição preliminar é que a Grécia reponha a política de Samaras e do PASOK. A partir daí, não havendo acordo, começa a contagem decrescente para o “Armagedeão”, nos termos de Varoufakis, e será o BCE o instrumento da cólera desta divindade: no dia em que cortar o crédito de liquidez aos bancos gregos, a Grécia tem de emitir moeda para salvar o país. E esse dia poderá vir em breve. A Grécia pode então reagir de muitas formas. Pode convocar uma sessão extraordinária do parlamento, pode pedir a opinião da população e organizar um referendo. Mas terá poucos horas para responder ao ataque, porque terá sido expulsa do euro, pela força ilegítima de um ultimato, seguido de uma retaliação.
As consequências de um desfecho deste tipo são imensas e voltarei ao tema em breve. Em todo o caso, não será menos do que mudar a vida da esquerda, que será forçada a reconhecer que nesta Europa o destino é a austeridade. E mostrar, o que também não é pouca coisa, que na União não se respeitam regras nem leis nem tratados, a Alemanha manda e é tudo.
O ultimato à Grécia é o culminar do desastre da austeridade. Mas é também o início de tempos muitos mais perigosos.
Europa: «e pur si muove» (JMB Brito, 18/2/2015)
Nenhum destes problemas pertence, em exclusivo, a quem mais directamente o provocou ou mais displicentemente o encarou. No quadro em que nos encontramos, todos os problemas são da Europa como um todo. Por isso não há um problema grego, português, espanhol ou ucraniano: é a Europa que se debate com todos eles, apanhada num labirinto, onde tem sobrado uma arrogante paralisia em lugar de pensar e produzir cenários que antecipem soluções. (...)
A solução não está em humilhar os povos, numa espiral de pobreza, desemprego e protestos. A solução não está em dar a ordem e manter-se indiferente às consequências. Porque, pelo caminho que as coisas levam, a breve trecho a indiferença pode transformar-se em estupefacção perante as alterações do ambiente em que displicentemente se ficciona viver. É preocupante verificar como se reage temerosamente perante a mudança, em lugar de tentar compreender os novos fenómenos económicos e sociais que cada vez com mais força se vão fazendo sentir. Já hoje, se manifestam à luz do dia, forças políticas organizadas que contestam abertamente o rumo que a União Europeia tem tomado nos últimos anos e, até, a própria UE. A solução da austeridade 'promotora do crescimento' foi um erro. E há quem, por toda a Europa, à direita e à esquerda, não esteja disposto a pagar por esse erro durante gerações.
Por isso os gregos marcaram pontos acordando os sonolentos líderes europeus. O Governo que elegeram, depois de algumas medidas precipitadas, saiu do seu casulo e dispôs-se a discutir o problema pedindo tempo e compreensão para as questões mais graves que afectam o país. E com esta simples atitude alterou algumas regras do jogo, obrigou os seus parceiros a olhar para a Grécia como o não faziam há anos.»
MARCADORES: alternativas,
austeridade,
capitalismo selvagem,
crise,
democracia,
destruição,
economia,
estado social,
euro,
grécia,
invasores,
mercados financeiros,
neoliberal,
podemos,
política,
ricos,
syriza,
tratado u.e.,
ultimato,
união europeia
Sexta-feira, 24.06.11
«…O novo pacote de austeridade grego recebe luz verde de Bruxelas...»
«…Pedro Passos Coelho, afirmou hoje no final da sua primeira cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, em Bruxelas, que a reunião não podia ter corrido melhor a Portugal…»
(?) Apesar disto os indicadores de risco de Portugal sobem. (?)
Será isto a que habitualmente se chama o «mercado» a funcionar?
Será que se tivesse sido «chumbado» o novo pacote de austeridade grego e a Cimeira tivesse corrido mal a Portugal, os indicadores de risco tinham descido?
Então «economistas» como é? Decidam-se!
Terça-feira, 19.04.11
“Se os mercados fossem perfeitos, o Fundo Monetário Internacional não existia... As agências de rating cumprem o seu papel e nós respeitamos as suas análises, mesmo quando não concordamos"… afirmou António Borges [director do FMI para a Europa].
Lapidar o raciocínio de um paroquial interveniente [e intermitente] economista político da área do PSD, neste momento, em funções no FMI.
É enternecedora esta tentativa de "humanização" dos mercados. Eles não necessitam de ser regulados. São - como qualquer ser humano - imperfeitos. Temos de os aceitar assim, doa a quem doer. Para nos “obrigar” a isso, existe o FMI.
E sobre o papel das agências de rating passou – como convinha - ao lado de todas as imperfeições. Serão – para o preclaro estratega do mundo financeiro - uma inquestionável fatalidade. Uma variante moderna [financeira] do oráculo de Delfos, sendo os burocratas do FMI as suas pitonisas e o mercado o seu Apolo.
e-pá! [Ponte Europa]
Segunda-feira, 18.04.11
Olha que grande novidade, já toda a gente sabe disso, a grande questão é porque nem os países afectados se unem, para combater as causas, nem os políticos de UE parecem interessados em criar condições para que tais sacanagens se não repitam.
Segundo o New York Times, em artigo de Robert M. Fishman, e reproduzido pela AF (Agência Financeira) «Portugal não precisava de ajuda» e lembra que há quem esteja pior que nós e que os mercados estão a pôr em causa a liberdade política.
Afinal, ao que parece Portugal não precisava assim tanto de ajuda. Pelo menos, no «mar da inevitabilidade» da ajuda externa, defendido por um sem número de especialistas, surge uma «ilha» vinda dos EUA. O artigo do New York Times recupera a tese de que Portugal foi vítima dos mercados, lembra que há quem esteja bem pior que nós e ainda tem o «desplante» de afirmar que nos anos 90, Portugal teve uma «performance económica forte».
Robert M. Fishman, professor de sociologia na Universidade de Notre Dame, nos EUA, escreveu aquilo que Mário Soares já tinha dito. A pressão dos mercados deve ser um aviso às democracias. O professor afirma que a crise que começou com os pedidos de ajudada da Grécia e da Irlanda e seguiu um «caminho feio».
O pedido de ajuda de Portugal nada tem a ver com o seu défice. «Portugal teve uma performance económica forte nos anos 90 e estava a gerir a recuperação da recessão global melhor do que muitos países da Europa», escreveu.
Como foi dito há alguns meses, e silenciado cada vez mais com o aperto crescente dos mercados, Portugal ficou «sob pressão injusta e arbitrária de negociantes de obrigações, especuladores e analistas de crédito que, por miopia ou razões ideológicas, já conseguiram expulsar um governo democraticamente eleito e, potencialmente, amarrar as mãos do próximo».
Mercados que são um perigo, uma vez que deixados sem regulamentação estas «forças» ameaçam eclipsar a capacidade democrática dos governos (quem sabe mesmo dos EUA) de tomar as suas próprias decisões sobre os impostos.
Para Fishman, a crise em Portugal é completamente diferente da instalada na Grécia e na Irlanda. «Não há uma crise subjacente», defende, salientando que as instituições económicas e políticas não falharam e conseguiram importantes vitórias, antes de sermos submetidos às ondas de ataques dos especuladores.
O resgate que aí vem não irá resgatar Portugal, mas sim empurrá-lo para uma política de austeridade impopular que atinge quem mais precisa. São as bolsas estudantis, as reformas, o combate à pobreza e os salários de funcionários públicos que vão sentir na pele o «resgate».
Para o professor, não é Portugal que está a fazer a crise, até porque a dívida portuguesa está bem abaixo de países como a Itália e o défice tem diminuído «rapidamente» com os esforços do Governo. Fishman aponta ainda que no primeiro trimestre de 2010, Portugal teve uma das melhores taxas de recuperação económica, acompanhando ou mesmo ultrapassando os vizinhos do Sul e até mesmo a Europa Ocidental.
Aliás, se há alguém que não deve ser culpado do estado do país é o primeiro-ministro e os políticos portugueses. A recente crise política nada tem a ver com incompetência portuguesa, mas decorre da normal actividade política democrática, já que a oposição considerou que podia fazer melhor levando o país a eleições.
As razões do ataque a Portugal são então duas. Por um lado, um cepticismo no modelo de economia mista de Portugal. «Os fundamentalistas do mercado detestam as intervenções keynesianas, nas áreas da política de habitação em Portugal - o que evitou uma bolha imobiliária e preservou a disponibilidade de baixo custo de rendas urbanas - a assistência de renda para os pobres. Por outro lado, a falta de perspectiva histórica é outra explicação. O crescimento do país nos anos 90 levou a uma melhoria nos padrões de vida e a uma taxa de desemprego das mais baixas da Europa.
Para Fishman, os ataques dos mercados condicionam não só a recuperação económica de Portugal, mas também a sua liberdade política. Se o 25 de Abril foi um ponto de partida para uma «onda democratização que varreu o mundo», para o autor, a entrada do FMI em Portugal, em 2011, pode ser o início de uma onda de invasão da democracia, sendo que as próximas vítimas poderão ser a Espanha, a Itália, ou a Bélgica.
É uma tese que entre nós há muito, desde sempre, vem sendo defendida pelo economista e sociólogo Boaventura de Sousa Santos e que raramente aparece nos vários areópagos opinativos em que a nossa sociedade caiu e, também por isso, se tornou amorfa de pensamento, onde quase todos os pensadores se guiam pelos mesmos pensamentos ideológicos. O resultado é o que aí temos, à nossa frente e sobre as nossas costas.
Terça-feira, 08.03.11
Em termos de gestão e valoração de património existe um termo a que se dá muita importância, o goodwill.
O goodwill é o conjunto de elementos não materiais ligados ao desenvolvimento de um negócio, pontos que valorizam a reputação de uma empresa (no nosso actual caso português do Estado). Embora o termo venha sendo utilizado desde o século XVI, é ainda controverso. O termo foi utilizado pela primeira vez na corte da Inglaterra, em decisões de disputa por terras, onde foi considerado na valorização do terreno um valor adicional pela sua localização. No entanto, o primeiro trabalho sistematizado relacionado foi produzido por Francis More, publicado em 1891 pela revista The accountant na Escócia, onde foi abordada a questão da mensuração do goodwill. (Martins, 1973).
O goodwill é, pois o que, resumidamente, se pode considerar como uma imagem, como a opinião que os “de fora” têm em torno de uma pessoa, de um bem, de um património, de um Estado. Vale o que vale e, normalmente vale muito, com justiça ou sem ela.
Os, muito erradamente, chamados (como se todos não devessem ser, com a própria sociedade, sociais) bairros sociais são, ao fim e ao cabo e no contexto em que têm sido criados, uma aberração da própria sociedade. É o caso da divida, agora chamada de soberana, que paradoxalmente tanto a faz perder tal soberania, sobretudo, com as avaliações desvalorizadoras a que a agencias nos remetem.
Pobre sociedade que não consegue integrar, normalmente, pessoas e famílias e dá alento a segregações e marginalizadas exclusões de capacidades e competências de tantos jovens. É uma questão económica, sem dúvida mas, sobretudo, também, sociocultural e comportamental.
As avaliações das agências de rating aí estão a dar machadadas a empresas e Estado, provocando cada vez maior instabilidade e custos financeiros a raiar o insuportável e o admissível, até quando?
Sábado, 30.10.10
(por Daniel Oliveira, Antes pelo contrário)
O orçamento é péssimo e tem de ser aprovado. A economia europeia suicida-se e ninguém pode fazer nada. Porquê? Porque falta a política onde ela tinha de estar. Mais do que uma crise financeira, vivemos uma crise democrática.
Este orçamento tem de ser aprovado. Porque é bom? Não, é péssimo. Porque nos salva. Não, vai-nos afundar ainda mais. Porque ajuda a economia? Não, vai rebentar com a economia.
Vai ser aprovado porque não é aqui que se governa. Não é aqui que se governa porque a Europa é governada por dois ou três países. Os restantes são meros adereços.
A estrutura institucional do Euro e o conteúdo do último tratado que assinámos assim o determinam. Temos uma moeda à qual não corresponde nenhum poder politico com legitimidade democrática e real poder.
O resultado é este: há o poder da chantagem sem a compensação da solidariedade.
Não é aqui que se governa porque a financialização do capitalismo tornou o poder difuso e os Estados reféns do caprichoso jogo dos mercados. E esse poder difuso, sem a força da legitimação do voto, é estruturalmente antidemocrático. Quem julgava que o mercado livre correspondia ao máximo de democracia tem aqui a resposta. A democracia só casa com o mercado se tiver o Estado como padrinho.
O que este orçamento nos diz, quando todos o acham péssimo e todos o querem defender, é que não é apenas a economia que está em crise. É a democracia.
O que toda esta charada nos devia dizer, aos portugueses e aos europeus, é que vivemos uma farsa. E que um dia isto rebentará por algum lado. Os povos europeus não aguentarão muito mais vezes a chantagem de pagar a crise provocada por outros.
Aqueles que salvámos há dois anos e que agora nos apontam uma pistola à nuca. Um dia os europeus vão ter de exigir que a política e as instituições em que ela é legitimada pelo povo se imponham. Esperemos que essa exigência venha a tempo de ter uma natureza democrática.
Segunda-feira, 27.09.10
Onde andará a “mão invisível” de Adam Smith?
A “economia moderna” preconizada por esse economista e filósofo escocês desmoronou-se, desapareceu.
Diversos assaltos e especulações que em diferentes países europeus (Espanha, Alemanha, Grécia, e... agora, Portugal) e não só, têm ocorrido são a demonstração evidente de que, nem sempre funciona a lei da oferta e da procura e, nunca em tempos que correm, sem que outras complementares regras sejam postas em prática.
Já não bastam “... O mercador ou comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta (self-interest), é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do interesse dele, o bem-estar da sociedade." Como resultado da actuação dessa "mão invisível", o preço das mercadorias deveria descer e os salários deveriam subir, acrescentou aquele prestigiado economistas do “século das Luzes”.
Perante isto como se explica que quando um qualquer governo lança, no mercado financeiro, a venda de títulos de divida (compra dinheiro) a procura seja superior à oferta e, paradoxalmente, a taxa de juro a pagar em vez de baixar sobe. É pura especulação
Quando um adjudicatário pretende mandar realizar uma qualquer obra e lança concurso, determina um preço base que está disposto a pagar, havendo muitos concorrentes os valores das respectivas propostas tendem a baixar. Normalmente só os que não tenham interesse na adjudicação sobem o preço concorrendo apenas para marcar presença.
Também assim deveria ser nos mercados financeiros, se o não é o facto se deve a forças ocultas que visam dar cabo das economias de determinados países.
Infelizmente muitos governos colocam-se a jeito, como foi o caso do português, ao ter desvalorizado, há meia dúzia de anos, os certificados de aforro cedendo às pressões do bancos com interesse em promover o consumismo interno visto que o dinheiro nos mercados internacionais andava barato, não interessando, por isso promover a poupança nacional.
Com a conivência governamental, Portugal, que era um dos países da Europa com elevados índices de poupança, passou a ser dos mais endividados dada a elevada agressividade e incentivo ao endividamento por parte dos bancos.
Como se não bastasse o esbanjamento e descontrolo que toda a gente sabe, tanto na administração central como local (veja-se o que vai em certos ministérios, empresas e institutos publicos), passou, a mesma ideologia, a ser vivida pelo cidadão comum. Quem não recebia, e recebe ainda, constantes assédios para assinar cartões de credito? Quem põe termo a tanto abuso por parte dos bancos?
“É a vida...”, das tentações!