Terça-feira, 15.03.16
--- PSD e PS: as fraudes eleitorais (internas) que os unem (-J.Mendes, 12/3/2016, Aventar)
Partidos políticos como PS e PSD são autênticas máquinas de poder, influências e dinheiro. Muito dinheiro. Vai daí, o controlo das suas estruturas, do nível concelhio ao nacional, é alvo de apetites insaciáveis e motivo de ferozes disputas internas. Controlar estas estruturas significa desempenhar o papel principal no que toca a escolher quem é autarca, deputado, secretário de Estado ou ministro o que, por conseguinte, confere aos homens e mulheres no poder a capacidade de influenciar nomeações, ajustes directos, obras públicas ou aqueles pequenos tachos com que se compram peões que abanam bandeiras, disseminam propaganda nas redes sociais, convencem familiares e amigos a votar em A ou B e se predispõem a fazer todo o tipo de trabalho sujo. E existe todo um universo de boys, trepadores e ovelhinhas (e desempregados, estagiários, bloggers, ...) para explorar.
Quando chegam as eleições internas, sejam em que nível forem, tendem a surgir verbas sabe-se lá bem de onde, muitas vezes patrocinadas pelo pagamento de favores, que permitem pagar cotas em atraso a militantes desinteressados que, com as contas regularizadas, lá fazem o frete ao amigo que os vai a casa buscar para votar. Poucos são aqueles que nunca ouviram contar uma história destas. Eu ouvi algumas e até conheço alguns exemplos de amigos que, tendo num passado distante sido filiados num destes partidos, continuam a receber avisos de pagamento de cotas, precedidos por recibos de pagamento que não sabem muito bem quem terá pago.
Às vezes desce ainda mais baixo. Um dos casos mais recentes, divulgado no final de Janeiro pelo JN, dizia respeito a uma investigação da PJ de Coimbra, que conseguiu provas de que um grupo de 20 militantes da distrital coimbrã do PS terão falsificado documentos no preenchimento de fichas de adesão ao partido, mas o Ministério Público optou pela aplicação de coimas e trabalho comunitário. Entre os arguidos estavam actuais e antigos autarcas, dirigentes do PS e da JS e um deputado da anterior legislatura. Saiu barata a fraude. E, com alguma sorte, o dinheiro que pagou as coimas terá chegado da mesma zona cinzenta de onde todos os anos saem milhares de euros para a regularização de cotas de militantes que só o são porque estes partidos se recusam a actualizar as listas para nos poderem apresentar estatísticas triunfantes.
Mais recente ainda, apesar do pouco alarido que gerou, foi o caso das eleições na distrital do PSD Aveiro, ocorridas no mesmo dia que o acto eleitoral que reconduziu Pedro Passos Coelho à liderança nacional. A candidatura de Ulisses Pereira, cujo mandatário foi Luís Montenegro, acusou os órgãos nacionais do partido de “branqueamento” e “práticas irregulares”, nomeadamente no que toca ao incumprimento em disponibilizar os cadernos eleitorais nos prazos definidos pelo PSD.
Mas verdadeiramente peculiar foi o caso da secção de Ovar, da qual faz parte Salvador Malheiro, vencedor do escrutínio. Segundo o Diário de Notícias, entre Junho e Julho de 2015, foram inscritos 418 novos militantes, 217 da freguesia de Esmoriz, dos quais, notem bem, 80 viviam na mesma rua e 17 na exacta mesma morada. Uma rua laranja com famílias numerosas de convictos sociais-democratas. Destaque ainda para o facto de 121 destes novos militantes partilharem entre si 3 números de telefone. Notável!
O Conselho Nacional de Jurisdição do PSD, liderado por esse ministro de Deus que é Calvão da Silva, emitiu um parecer em que considera toda esta insólita situação como sendo regular. O que não deverá surpreender vindo de um órgão chefiado pela mesma pessoa que se esforçou por provar à justiça portuguesa que a prenda de 14 milhões de euros dada pelo empresário José Guilherme a Ricardo Salgado era, também ela, regular. Ou uma manifestação de “espírito de entreajuda e solidariedade” como se podia ler no parecer do ex-ministro a prazo do PSD. A argumentação anedótica do CNJ do PSD pode ser lidas na peça do DN.
Há quem defenda tratar-se de uma manifestação de força, articulada por trás do arbusto pelo líder parlamentar do PSD, que muitos acreditam ser o próximo oponente interno de Pedro Passos Coelho. Não obstante, trata-se de mais um episódio que ilustra até onde pode ir a ambição que transformou um dos maiores partidos políticos portugueses num centro de negociatas e esquemas opacos usados pelos mais hábeis no processo de ascensão social que começa nas jotas e nas intrigas de corredor, da São Caetano ao Parlamento. Com o habitual e indispensável alto patrocínio dos nossos impostos e passividade.
---- Ana: E também pode ver o problema deste prisma: os cidadãos desistiram, optam por ficar em casa a ver a bola, e deixam que os partidos se deixem dominar e canibalizar pela má moeda. Não acredita que há militantes sérios nesses dois partidos? Claro que depois há os Calvões deste mundo, que fecham os olhos à ilegalidade e ainda caucionam esses actos. Infelizmente é assim nos partidos, como nas universidades, nos media, nas empresas… A piolheira tomou conta da democracia. ...
---- A.V.: ... Na minha zona, certo partido vem a casa buscar os militantes (?!), familiares e vizinhos para votarem. Daqui resulta empregos na Câmara e noutros locais (hospital, misericórdia, ... IPSS e empresas apoiadas pelo IEFP/centro de emprego) abrigados das intempéries do desemprego.
Os estabelecimentos públicos locais e regionais estão cheios deste tipo de gente (militante/ apoiante) dos dois partidos. Nem se pode falar porque a reação da matilha é atacar e expurgar quem critica ou aponta estas conivências e seguidismo. Ao mais alto nível encontramos sempre os frequentadores das lojas da viúva dos dois partidos maiores sugadores. Estamos numa desgraça da qual não se vislumbra uma mudança de regime.
----- Zé T. (6/10/2015): Análise político-partidária para reflexão interna ...
- Como está o Partido? Com a actual situação muita coisa se esconde/cala ... mas, se é para o melhorar e lhe dar consistência, é necessário dizer que (tal como outros partidos), ... « O PS está mal e não é de agora...
Apesar do 'palavreado' e das referências históricas, de facto, o PS abdicou de ser "republicano" e "socialista"/social democrata, desde o 'Blairismo/nova via', seguindo-se a sua captura ideológica e prática pelo neoliberalismo e o «economês»...
Tal como o PSD (ambos partidos do centrão de interesses e negociatas), o objectivo da 'entourage/corte dirigente' é o benefício próprio, a subida a todo o custo, a obtenção de 'tachos' e benesses, o controlo de grupos e apoiantes, com o associado atropelo de regras democráticas, manipulação, falta de ética, falta de crítica e liberdade de expressão, o mascarar de malfeitorias e incompetências, o engano e burla de militantes e simpatizantes -- que, não sendo parvos nem tendo estômago para tal, afastam-se desmotivados, desinteressados do convívio com este tipo de 'políticos' e seus delfins e aprendizes.
O objectivo destes politiqueiros é o assalto/instalação (rotativa e partilhada com o PSD) no poder político para repartir 'tachos' e benesses entre os seus 'barões', familiares, amantes, sócios de negócios/empresas e jotas mais 'aguerridos' ... , destruindo a militância e secções/ concelhias, fechando sedes, não discutindo política, nem medidas, nem moções, nem programas, nem candidaturas, nem métodos, nem resultados, ... transformando o Partido (associação política sem fins lucrativos) numa sociedade anónima de capitais/ 'donativos/ investimentos' privados e públicos, com uma minoria de grandes accionistas/administradores, um grupo de médios/pequenos accionistas/ dirigentes/tachistas/ cortesãos/seguidistas e uma maioria de micro-accionistas acéfalos e papalvos ou intermitentes e desmotivados.
Não tendo sido feitas as imprescindíveis reformas e o afastamento das 'maçãs podres', o partido tem vindo a decair (tal como o desinteresse/ abstenção dos cidadãos tem vindo a aumentar). Fala/ou-se em 'facas longas' mas não havendo 'tomates' para as usar, vão utilizando facadinhas, armadilhas e venenos - o resultado é bem pior, e não se limpa nem levanta o Partido. Afastar o Secretário-geral (este, o anterior, o próximo...) é apenas esconder a porcaria debaixo do tapete... e aumentar mais divisões/ facções, deixando espaço para os mais aguerridos/ matreiros subirem ao poder ... independentemente da sua (in)competência, da avaliação crítica das causas e factores, da responsabilização, da definição de rumo ... e da necessária "revolução" interna... e externa, da política portuguesa e europeia. ... ».
-- Que fazer ? - Negar tudo, esconder a cabeça na areia, bater no mensageiro/ proponente/ crítico, agarrar-se à rigidez da máquina e a intrepretações legalistas... e esperar um milagre ?!!; ...ou ... - Aprender tanto com os erros como com as boas práticas/propostas de outros (Corbyn UK, Grécia, Espanha, França, ...); ... e ... - Querer mudar ... como? cativar jovens (e...) e militantes; passar duma 'comunicação descendente' para outra de 2 sentidos e em rede; disponibilizar meios de troca de opinião/sugestões, aumentar a transparência, auscultação de questões e políticas concretas, tomar decisões democráticas e dentro dos princípios do partido, ...
MARCADORES: boys,
caciquismo,
cadernos eleitorais,
cds,
centrão de interesses,
congresso,
deputados,
dinheiro,
eleições,
fraude,
jotas,
maçonaria,
militantes,
negociatas,
nepotismo,
opacidade,
partidocracia,
partidos,
poder,
políticos,
ps,
psd,
tachos,
tráfico de influências
--- 'Jotas' : As juventudes partidárias (-por Rafael Pinto Borges, via mmpoupino,11/2/2016)
É sempre bom estarmos actualizados…. Isto deve passar-se em todas as juventudes partidárias!! (especialmente nas do centrão de interesses e do 'arco do poder')
um 'exemplo' do gabiru que é uma piada de mau gosto.
Cristóvão Simão Ribeiro tem 29 anos, é deputado do PSD, presidente da Juventude Social Democrata e colunista da revista Sábado. Arreigadamente (neo)liberal, o jovem Simão postula o combate à influência do Estado sobre a sociedade e a economia, defende todas as privatizações, propugna a liberalização da prostituição – que considera uma opção profissional legítima e aceitável – e proclama as virtudes da “meritocracia”, palavrão sempre útil a quem nada fez, faz ou fará na vida. (e se 'safa' na vidinha através de 'esquemas' e ou de nepotismo.)
C.S.Ribeiro pede o esmagamento do Estado, mas recebe dele – através da Assembleia da República – um salário mensal de 3683 euros; louva o mérito individual e as virtudes do "self-made man" (empreendedorismo), mas encontra-se há nove anos inscrito num curso de Direito que ainda não concluiu; fala da necessidade de “sacrifícios”, mas tem quase 30 anos, mal sabe escrever, não estudou e nunca trabalhou.
É certo que o presidente da JSD está longe de ser caso único, mas o seu percurso demonstra bem aquilo em que se transformou o mundo dos partidos. Não há dúvida de que o primeiro, mais valioso e mais necessário instinto a reconstruir é o pudor. Enquanto ele faltar, pouco haverá a fazer pelo país.
---- A expulsão de Capucho e os partidos que temos (por Daniel Oliveira, 13/2/2014, Expresso online)
A direção que mais afastou o PSD da sua matriz ideológica original expulsou do partido um dos seus mais emblemáticos fundadores, que apoiou as candidaturas da Oposição Democrática durante a ditadura e, em 1974, fundou, com Sá Carneiro, o então PPD. Dificilmente poderá ser considerado um enxovalho para António Capucho, que perde bem menos do que o partido que o expulsa. É claro que Capucho foi candidato numa lista independente contra uma lista do PSD de que nem os eleitores mais fiéis do PSD gostavam. Como ficou provado pelo humilhante resultado de Pedro Pinto, em Sintra. E é verdade que os estatutos não permitem esta postura de Capucho e que ele é um candidato como outro qualquer.
Outro debate é saber o que leva um fundador do PSD, com as responsabilidades internas que António Capucho já teve, a este ponto de ruptura com o seu próprio partido. E para isso não é preciso muito latim. Basta olhar para o governo e para quase todas as figuras históricas do PPD/PSD para perceber que Capucho é apenas o caso extremo.
O PCP tem, e com razão, fama de não permitir grandes divergências internas e tratar administrativamente o que politicamente não consegue resolver. Mas não é o único e, bem vistas as coisas, não é o pior. Arrisco-me a dizer que PS e PSD, apesar das lições de democracia interna que gostam de dar aos outros, já expulsaram muito mais gente do que os comunistas. Isto apesar de terem instrumentos mais eficazes para manter as hostes na linha (como a distribuição de lugares, assunto que tratarei na edição do Expresso em papel). Quanto ao CDS, sei que retira da sede fotografias de ex-líderes caídos em desgraça e que se transformou num partido unipessoal. Mas confesso desconhecer o historial de expulsões. O BE, que eu saiba, apenas expulsou uma pessoa (e não foi por divergências de opinião) e limita-se a ver em cada demissão um "acidente de percurso", como se ninguém que discorde fizesse grande falta. Não é preciso expulsar para impor uma cultura sectária.
Sim, os partidos têm estatutos. Mas vale a pena discutir esses estatutos (ou a cultura informal que promovem) e que tipo de partidos eles ajudam a criar. Recordando que os partidos não são associações como as outras. A lei dá-lhes direitos especiais que lhes dão responsabilidades especiais. Para que fique esclarecido, sou contra a uniformização dos partidos. Acho, aliás, que a nossa lei é excessivamente formatadora e não respeita a natureza plural de organização que os partidos podem e devem ter, consoante as suas convicções ideológicas. Por isso, o que aqui defendo não é matéria de lei. É matéria política. E essa, tendo em conta o poder que a Constituição dá aos partidos políticos, é da nossa conta.
Se os partidos continuarem a achar que é possível manter uma forte influência na sociedade - naquela que vive fora do aparelho de Estado - exigindo aos seus militantes um contrato de fidelidade absoluta terão um tipo de militância. Se, pelo contrário, passarem a exigir uma comunhão de princípios gerais e cooperação de esforços, garantindo, ainda assim, uma razoável autonomia de pensamento e ação aos seus membros, terão outro tipo de militância. E são as militâncias que tenham que garantirão a sua capacidade de regeneração e adaptação às mudanças na sociedade.
Não digo que no primeiro caso lá fiquem apenas oportunistas em busca de carreira. Há gente honesta - eu conheço - perfeitamente capaz de viver com este tipo de cultura de organização. Mas é evidente que a percentagem de oportunistas ou gente sem qualquer sentido crítico será maior. E que pessoas desinteressadas que prezem a sua própria consciência tendam a afastar-se mais dos partidos e, por essa via, da política. E que, com isto, aumente uma cultura perigosa que vê (mal) o comprometimento partidário como sinal de carreirismo e a "independência" como prova de superioridade moral e intelectual.
No segundo caso, perdendo os partidos alguma eficácia na ação - ainda assim a solidariedade partidária pode ser conseguida sem coação -, é provável que gente com um sentido critico mais apurado ou com menos paciência para engolir sapos em troca de lugares esteja disposta a militar nos partidos políticos. Nada disto é a preto e branco. Entre o "centralismo democrático", onde nem a dissidência de opinião é tolerada, e a completa ausência de obrigações há um mundo de possibilidades. E parece-me que do casamento com comunhão total de bens se pode passar a viver, sem drama, em união de facto.
Alguém acha que o PSD ficará melhor, mais coeso, mais forte e mais influente depois da expulsão de António Capucho? Que com este exemplo o PSD será mais eficaz e terá maior influência social e política? Que esta expulsão dará saúde à democracia e aos partidos? A expulsão de Capucho é como a disciplina de voto dos deputados (que apenas deveria existir para os orçamentos, programa de governo e moções de censura e confiança): a sensação de poder que dá a quem manda é proporcional aos estragos que provoca.
Mas este tipo de organização partidária é aquela com que a maioria dos portugueses, mesmo não gostando, sabe conviver. Por isso trata cada divergência interna como sinal de "confusão", "desordem", "desgoverno", "zanga de comadres". Num país que viveu meio século de ditadura, anseia por "consensos" e "salvações nacionais", o pluralismo interno dos partidos é visto como sinal de fraqueza. A falta de tolerância democrática dentro dos partidos corresponde à falta de tolerância democrática num país que continua a gostar de líderes fortes e tropas disciplinadas. Aliás, se olharmos para associações, sindicatos ou organizações não governamentais as coisas não são melhores. Na realidade, como em geral há menos garantias estatutárias e tudo é mais informal, são piores. Nem é preciso expulsar. E esta é a parte em que os críticos mais irados da "partidocracia" falham: os partidos que temos não são a causa da pobreza do debate político em Portugal. São a consequência.
-----
Estudo mostra que boys ajudam a controlar administração pública (-por João Ruela Ribeiro, 12/02/2014
Tese de doutoramento de investigadora de Aveiro analisou 11 mil nomeações em 15 anos e concluiu que a maioria serviu para recompensar lealdades partidárias.
Estudo confirma cargos por recompensa política Daniel Rocha. Estudo prova que existem mesmo "jobs for the boys"
Acabado de tomar posse como primeiro-ministro, em 1995, António Guterres prometia que ia acabar com os jobs for the boys, ou seja, que as nomeações para cargos públicos iam deixar de obedecer a critérios partidários. Quase 20 anos depois, um estudo, cuja análise começa em 1995, revela precisamente que as nomeações para os cargos dirigentes na administração pública são influenciadas pelos partidos políticos.
Na investigação da Universidade de Aveiro (UA) foram detectados dois tipos de motivações por trás das nomeações para cargos na cúpula da administração central: o “controlo de políticas públicas” e a “recompensa por serviços prestados anteriormente ou em antecipação aos mesmos”, segundo a autora, Patrícia Silva. “É difícil dizer que uma nomeação ocorra só por causa de um dos motivos, que por vezes se conjugam”, explica ao PÚBLICO.
As conclusões apoiam-se numa base de dados de 11 mil nomeações e em entrevistas a “51 dirigentes políticos, ministros e observadores privilegiados da política portuguesa”, que, “na sua larga maioria, confirmam essa influência partidária”. “Há um alinhamento [ideológico] entre os partidos que estão no governo e as pessoas à frente” da administração pública, nota Patrícia Silva. A investigadora do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da UA justifica esta realidade com a necessidade de os governos terem um programa para executar.
Para além disso, há o recurso por parte dos governos à informação. “Há uma preocupação de a pessoa que foi nomeada contactar o ministro antes de tomar uma decisão”, observa a autora do estudo Novos dilemas, velhas soluções? Patronagem e governos partidários. A influência é exercida mesmo “quando o ministro não consegue nomear a cabeça da instituição”, acabando por indicar pessoas para cargos mais baixos.
Por outro lado, “as motivações de recompensa surgem associadas às posições hierárquicas intermédias e a posições nos gabinetes ministeriais ou nos serviços periféricos da administração pública, bem como a posições menos visíveis, mas igualmente atractivas do ponto de vista financeiro”, conclui a investigação, que incide sobre um período temporal que abarca dois governos do PS (Guterres e Sócrates) e um governo do PSD-CDS (Durão Barroso/Santana Lopes).
O estudo compara ainda, ao nível legislativo, várias realidades de outros países e a autora verificou que a influência partidária nas nomeações para cargos públicos “não é exclusiva de Portugal”. “Nos casos de uma administração pública permanente como no Reino Unido, os ministros sentem-se desconfortáveis em trabalhar com essas administrações, nomeiam special advisors e contornam estas limitações”, explica Patrícia Silva.
“Impacto económico tremendo” A influência dos partidos nas nomeações na administração pública é “uma realidade conhecida e um dos maiores problemas do país, com um impacto económico tremendo”, observa o vice-presidente da Transparência e Integridade, Associação Cívica, Paulo Morais, em declarações ao PÚBLICO.
“Só por milagre um boy de uma juventude partidária, habituado a organizar jantares e comícios, consegue fazer um bom trabalho num organismo público”, critica Morais. O investigador reconhece que “há milagres, mas a regra é que [os nomeados] tomem decisões incompetentes e erradas”.
O dirigente da TIAC admite que, no “círculo mais restrito da execução de políticas, se recrutem pessoas de confiança [dos governos], mas sempre com competência”, sublinhando que “esse critério da confiança faz sentido num universo de cem pessoas, não de cem mil”.
O actual Governo lançou, em 2012, as bases de uma reforma do regime de selecção para cargos públicos, com a fundação da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (Cresap). O objectivo é escrutinar de forma mais eficaz o processo de recrutamento para cargos públicos, ou seja, tentar acabar com os jobs for the boys, como havia prometido Guterres. “A tendência é valorizar o mérito e não a fidelidade”, garante ao PÚBLICO o presidente da Cresap, João Bilhim. O responsável não se mostra surpreendido com as conclusões do estudo. “O último Governo de Sócrates assumiu isso [nomeações influenciadas por partidos] como um dado”, observa.
Bilhim afirma que a administração pública vai deixar de estar dependente dos partidos no governo, algo que é garantido pela própria legislação que prevê cargos de cinco anos. “Digo nas entrevistas que não estamos a recrutar políticos, mas sim profissionais capazes de lidar com todas as cores políticas”, afirma o presidente da Cresap.
Paulo Morais considera ainda ser cedo para se fazer uma avaliação do novo paradigma, mas nota que, “em teoria, é melhor que o anterior”. “A questão é saber se vem romper com o modelo anterior ou se o vai branquear.”
MARCADORES: administração pública,
boys,
centrão de interesses,
concursos,
cresap,
deputados,
empreendedorismo,
estado,
jotas,
juventude,
militantes,
mérito,
neoliberal,
nepotismo,
partidocracia,
partidos,
privatizações,
tachos
Quinta-feira, 21.05.15
A participação cívica e política está em processo de mudança, embora também o alheamento e a abstenção aumentem e sejam cada vez mais visíveis o fanatismo religioso, os comportamentos de arruaceiros, as milícias e fortes organizações criminosas, ... e o securitarismo (público e corporativo, de video-vigilância, de seguranças, de intrusão e burla-furto de dados pessoais, controlo de comunicações, etc). Os partidos e os 'políticos', os sistemas eleitorais e as instituições da própria democracia, estão sob fortes críticas e/ou afastamento dos cidadãos.
Neste panorama, crescem as actuações de lobbies pouco transparentes (económico-financeiros mas também as teias/redes de influência e pressão de 'barões'/oligarcas, grupos civis, religiosos, maçonarias, ... e de partidos/movimentos fascistas e paramilitares). Por outro lado, de forma mais transparente e em 'democracia directa' surgem muitas manifestações, campanhas e petições, iniciadas por simples cidadãos da nossa comunidade, por associações/ movimentos diversos e algumas são até apoiadas e/ou coordenadas (...)internacionalmente, para melhor tentar atingir os seus objectivos, sobre qualquer assunto - seja ele local, nacional ou global.
As agências de comunicação, os mídia, as redes sociais e a internet potenciam todas estas participações mas também a manipulação e o "massacre" informativo/ deformativo/ enviesado/'spin', obrigando a alguns cuidados e resguardos e limitando/ reduzindo de facto a democracia e os direitos cívicos políticos e sociais. Daqui resulta que, para sobreviverem, os Partidos e as instituições Democráticas terão de melhorar a sua actuação e que os Cidadãos têm de o ser participativos e responsáveis.
Para comparação (rigidez partidária vs dinamismo/atracção de uma organização cívica) e reflexão, apresento o 'estilo' de organização e actuação da plataforma para petições Avaaz :
«... A Avaaz (voz) é uma comunidade de mobilização online que leva a voz da sociedade civil para a política global. Uma comunidade transnacional que é mais democrática e poderia ser mais eficaz que as Nações Unidas. Uma simples missão democrática: mobilizar pessoas de todos os países para construir uma ponte entre o mundo em que vivemos e o mundo que a maioria das pessoas querem.
Tecnologia, agilidade e flexibilidade Antigamente, os grupos de cidadãos e movimentos sociais que atuavam em nível internacional tinham de reunir uma base de apoiantes em cada causa, ano a ano e de país a país, a fim de alcançar uma escala suficiente para fazer a diferença.
Hoje, graças à tecnologia e à ética cada vez maior de interdependência global, essas restrições não se aplicam mais. Enquanto outros grupos da sociedade civil mundial são formados por redes com nichos de causas específicas e escritórios nacionais, cada um com sua própria equipe, orçamento e estrutura de tomada de decisão, a Avaaz tem uma única equipe de atuação mundial, com a missão de trabalhar com qualquer questão de interesse público. Isso permite a organização de campanhas com uma agilidade, flexibilidade, foco e escala extraordinários.
A comunidade virtual da Avaaz atua como um megafone para chamar atenção para novas questões; como um catalisador para canalizar as preocupações públicas dispersas em uma única campanha específica e concentrada; como um carro de bombeiros que corre para oferecer uma rápida reação a uma emergência súbita e urgente; ou como uma célula-tronco de ativismo que cresce na forma mais adequada para preencher alguma necessidade urgente.
As prioridades e a força da Avaaz vêm dos próprios membros
Todo ano, a Avaaz define as prioridades do movimento por meio de pesquisas entre todos seus membros. As ideias para campanhas são submetidas a pesquisas e testes semanalmente com amostras aleatórias distribuídas a 10.000 membros, e apenas as iniciativas que recebem uma forte reação positiva são implementadas em grande escala. As campanhas que acabam chegando a todos os membros são depois reforçadas, muitas vezes, por centenas de milhares de membros da Avaaz participantes no período de alguns dias ou mesmo horas.
Uma ética de liderança servidora
A equipe da Avaaz escreve alertas de e-mail à comunidade de membros da mesma forma que um assessor de presidente ou de primeiro-ministro prepara breves relatórios informativos para o chefe: temos pouco tempo para transmitir as informações vitais de que o leitor precisa para decidir se deseja envolver-se na campanha, e essa decisão é de crucial importância para a campanha.
Para que esse breve momento de atenção produza frutos, é tarefa da equipe fazer com que os poucos minutos disponíveis, multiplicados por imensas quantidades de indivíduos, possam fazer verdadeiramente a diferença em alguma questão importante. A equipe trabalha com parceiros e especialistas para desenvolver estratégias de campanha que sejam eficazes e definidas pelos membros; sumariza essas estratégias através de alertas de linguagem clara e impactante; e, se o quadro de membros da Avaaz desejar prosseguir com a ideia, assegura que a campanha seja executada, entregando abaixo-assinados e mensagens de membros, organizando campanhas publicitárias financiadas pelos membros ou tomando qualquer outra medida necessária.
Em outras palavras, a equipe da Avaaz não define sozinha um programa de ação para depois tentar convencer os membros a segui-lo. Na realidade, o processo é mais próximo do oposto disso: a equipe consulta/ouve os membros e sugere ações que possam implementar para influenciar o mundo de um modo geral. Assim, não é à toa que muitas de nossas campanhas bem-sucedidas foram sugestões dos próprios membros da Avaaz. E a liderança é uma parte crucial do serviço prestado pelos membros: é preciso ter visão e habilidade para encontrar e transmitir um modo de construir um mundo melhor.
Nosso foco é propiciar uma guinada decisiva em momentos de crise e oportunidade
No decorrer de uma questão ou causa, às vezes surge um momento em que é preciso tomar uma decisão, e um protesto público em massa pode subitamente fazer toda a diferença. Mas para chegar a esse ponto são precisos anos de trabalho meticuloso, geralmente nos bastidores, feito por pessoas dedicadas que se concentram inteiramente nisso. Porém, quando o momento chega de facto e a atenção pública passa a incidir sobre nós como a luz do sol, as decisões mais cruciais podem seguir em uma direção ou outra, a depender das percepções que os líderes têm acerca das consequências políticas de cada opção. É nessas breves janelas em momentos de imensas crises e oportunidades que a comunidade da Avaaz muitas vezes deixa sua marca.
Em qualquer país, em qualquer questão, momentos assim acontecem, talvez, apenas uma ou duas vezes por ano. Por outro lado, como a Avaaz pode funcionar em todos os países e em todas as questões, esses momentos podem aflorar diversas vezes em apenas uma única semana.
Nosso modelo de financiamento pelos membros mantém nossa independência e obrigação de prestar contas
Como a Avaaz é inteiramente financiada pelos próprios membros, a prestação de contas democrática está em nosso DNA. Nenhum patrocinador corporativo, nem governos podem insistir que a Avaaz mude suas prioridades para se adequar a algum programa externo; nós simplesmente não aceitamos recursos de governos, nem de empresas.
Em vez de nos fragmentar, nós crescemos – unidos por valores
Movimentos, alianças e organizações muitas vezes, com o tempo, se fragmentam em muitos grupos menores – ou então gastam cada vez mais seu tempo tentando manter unidas os grupos rivais. Na Avaaz, reconhecemos que as pessoas de boa vontade muitas vezes discordam em temas específicos; em vez de pressionar por um consenso, cada um de nós simplesmente decide se quer ou não participar de determinada campanha.
Porém, as campanhas de base da Avaaz são um conjunto de valores: a convicção de que somos todos, primordialmente, seres humanos, privilegiados com responsabilidades para com os demais membros, para com as gerações futuras e para com o planeta de um modo geral. As questões com as quais trabalhamos são expressões específicas desses compromissos. Dessa forma, a Avaaz chega sempre a esta conclusão: as pessoas que ingressam na comunidade através de uma campanha sobre uma questão específica permanecem e participam de outras campanhas sobre outras questões. Uma de nossas fontes de grande esperança é a seguinte: nossos sonhos estão em sintonia e, juntos, podemos construir a ponte que une o mundo em que vivemos ao mundo em que todos nós queremos viver. ... »
MARCADORES: ambiente,
associação,
avaaz,
cidadania,
civilização,
comunidade,
contribuintes,
dados pessoais,
democracia,
direitos humanos,
eleitores,
globalização,
humanidade,
informação,
internet,
lobbies,
manifestação,
manipulação,
militantes,
mobilizar,
movimentos,
mundo,
mídia,
opacidade,
organização,
participação,
partidos,
petição,
política,
portugal,
responsabilizar,
securitário,
sociedade,
terra,
transnacionais,
transparência,
união europeia,
valores,
ética
Quarta-feira, 04.02.15
"Para o PS, o Estado de Bem-Estar, também chamado Estado Social ou Estado-Providência, representa uma conquista histórica das forças democráticas e um pilar indispensável da democracia e do desenvolvimento. A sua forma não é estática nem imune à crítica, antes carece de profunda reorganização, à luz dos novos desafios colocados pelas economias e sociedades do nosso tempo. Mas só é possível reorganizar o Estado de Bem-Estar se o defendermos e renovarmos, com determinação. As políticas para a promoção do trabalho, do emprego e do bem-estar, a protecção social, a redução de desigualdades e a justa repartição de rendimentos, constituem orientações essenciais para o Estado democrático, tal como o PS o concebe. Neste termos, o PS defende que as políticas e os serviços públicos são essenciais ao desenvolvimento e à promoção da coesão social, em diferentes áreas, com particular destaque na provisão de serviços básicos e nos sectores sociais, educativos e culturais. A acessibilidade e a qualidade dos serviços públicos constituem uma responsabilidade indeclinável do Estado."
Assim começa o 9º parágrafo da Declaração de Princípios do Partido Socialista. E aqui o cito com o propósito de relembrar a muitos aquilo a que o PS deve ser ser de facto leal. Deve ser leal a estes valores, a estas causas, a estas lutas e conquistas. Deve apoiar quem por elas batalha, seja em Portugal seja noutra parte do globo. Deve ser solidário com aqueles que, por via do combate político, foram derrotados nas urnas, no sufrágio eleitoral popular.
Deve também assim distanciar-se daqueles que claramente demonstraram publicamente que abandonaram as causas que outrora defenderam. O PS não deve, assim, qualquer lealdade ao PASOK («ps» grego), que, coligado com um partido de direita, implementou e defendeu uma politica que arrastava e arrastaria o povo grego para anos de subserviência, de indignidade, de desespero, de destruição do tecido socioeconómico. O PASOK não perdeu eleições defendendo o reforço e a modernização do Estado Social, defendendo políticas que reduzissem as desigualdade de rendimentos, defendendo o reforço dos apoios sociais e do investimento público - o PASOK perdeu eleições defendendo o injusto programa de "ajustamento", defendendo a privatização e delapidação do sector público grego, defendendo o retrocesso nos programas de apoio social. O PASOK já não representava os ideais que o Partido Socialista português sempre defendeu no exercício do poder executivo e legislativo. E faz-me confusão como possam haver militantes do PS que achem o contrário ou que acreditem que a lealdade das famílias politicas é incondicional, onde as politicas aplicadas e defendidas são um factor acessório.
"A verdadeira e única lição que temos a retirar das eleições gregas é que o PS em Portugal não é nem será o PASOK, porque não estamos cá para servir as políticas que têm sido seguidas mas, pelo contrário, criar alternativa às políticas que têm sido seguidas" disse, e muito bem, António Costa. Na mesma linha das declarações do deputado João Galamba no final da reunião da Comissão Nacional do PS: a atual expressão eleitoral do PASOK é a consequência de "quem se alia a direita e pratica politicas de direita". Tão simples quanto isto.
Quem então melhor se aproximava dos ideias do Partido Socialista português nas últimas eleições gregas? Remeto-vos para o 13º parágrafo da Declaração de Princípios do PS:
"O PS acredita que é preciso ser-se radica l na defesa da democracia, como sistema político fundado nos direitos humanos, na soberania popular, no primado da lei e na livre competição entre ideias e programas, e como sistema social que se baseia na iniciativa das pessoas e valoriza a diversidade e a diferença, o encontro e o respeito mútuo entre gentes e culturas, a expressão criativa e a participação e inovação social." Tirem as vossas conclusões.
(+) Uma lição grega: os partidos também morrem (-por T.B.Ribeiro, 3/2/2015)
MARCADORES: bem-estar,
críticas,
direita,
direitos humanos,
esquerda,
estado social,
militantes,
partido socialista,
partidos,
política,
ps,
social-democracia,
valores
Quarta-feira, 24.09.14
Apoio Seguro para combater as rapaziadas das Tecnoformas... (-por Ana Gomes, 23/9/2014)
A 28 de Setembro, nas eleições primárias do PS, vou votar em Antonio José Seguro. Entre outras razões, porque ele não tem medo de se comprometer. É o primeiro candidato a Primeiro Ministro que assume centralmente, no projecto político que propõe para o PS e para o País, o compromisso de se empenhar no combate à promiscuidade entre política e negócios. Promiscuidade que é veículo da corrupção e do que ela implica, em desvio de recursos do Estado, em falseamento da concorrência entre empresas e em agravamento da desigualdade entre os cidadãos.
Sob a direcção de António José Seguro, o PS apresentou na Assembleia da República um conjunto de propostas com o objectivo de aproximar e responsabilizar mais os eleitos diante dos seus eleitores. E com medidas concretas para reforçar as incompatibilidades entre titulares de cargos públicos e políticos e interesses económicos privados: - medidas para proibir consultores do Estado ou negociadores do Governo para representarem o Estado em processos de privatização ou concessão de activos públicos de aparecerem, depois, ao serviço das empresas privatizadas; - medidas para proibir os deputados de exercer funções de perito, consultores ou árbitros em qualquer processo de que o Estado seja parte; - medidas para impor a revelação da origem dos rendimentos dos titulares de cargos políticos, com indicação das entidades pagadoras, e para garantir a fiscalização da veracidade das declarações de patrimônio e de rendimentos apresentadas, desmaterializando-as (informatizando) e sujeitando-as a cruzamento dos respectivos dados; - medidas como a criação de um registo público de interesses obrigatório, inclusivé com identificação de sócios, registo que deve existir também junto das assembleias autárquicas, relativamente aos membros dos órgãos executivos, etc..
Enfim, propostas para impor transparência que desagradam a quem beneficia com a opacidade actual - e por isso tantos resistem sequer a discuti-las na AR. Ora são propostas que devem mesmo ser discutidas na AR, até por que podem ser ainda melhoradas.
Este combate contra a promiscuidade entre política e negócios é fulcral para reformarmos o Estado, regenerarmos o sistema político, relançarmos a economia e para sairmos da crise.
É um combate tanto mais urgente quanto nos últimos tempos atingimos novos patamares de desresponsabilização. Não, não falo apenas do Ministro da Educação e da Ministra da Justiça que pediram publicamente desculpas, mas como expediente para não tirarem consequências políticas dos seus erros, demitindo-se.
Nem falo do Governo que fazia foguetório com a promessa de extinguir fundações que são esquemas para defraudar o Estado e que três anos depois ainda mantém em actividade a maior parte delas, incluindo a Fundação para as Comunicações Móveis, mais conhecida por Fundação dos Magalhães.
Nem falo de um Governo que procura alijar fundamentais responsabilidades e não acciona a justiça perante o colapso do esquema fraudulento GES/BES, e de um Banco de Portugal que embaraça o País ao ser confrontado com a retirada de licença bancária a Ricardo Salgado pelo ....Dubai.
Falo de um Primeiro Ministro que, face a alegações que põem em causa a sua probidade pessoal, não se dá ao trabalho de as refutar, nem esclarecer. Estou a referir-me ao caso Tecnoforma, que deu origem a investigações da PGR e da União Europeia sobre um esquema de formação forjado - de trabalhadores de aeródromos que não existiam - para obter financiamentos comunitários, de que teriam sido agentes Miguel Relvas e Pedro Passos Coelho.
Ora, as mais recentes alegações implicam o então jovem deputado Pedro Passos Coelho, a receber 5.000 euros mensais durante uns anos em pagamento dos serviços a "abrir portas", no dizer do então patrão da Tecnoforma, a uma falsa Organização Não Governamental que era instrumento daquela empresa para sacar fundos comunitários.
Não interessa que a responsabilidade criminal esteja prescrita, ou que não estivesse o deputado obrigado a regime de exclusividade: persiste a responsabilidade política! Pedro Passos Coelho tem de esclarecer se recebeu, ou não, pagamento pelos serviços que prestou a essa ONG de fachada e se declarou o que tenha recebido ao fisco, pagando impostos. Se não se lembra, pode certamente pedir extractos bancários e declarações fiscais. Se o não fizer, o PM perde qualquer réstia de autoridade moral e de legitimidade política para governar. Não será apenas a Justiça que o seu Governo pôs em estado de Citius: é Portugal que fica em estado de sítio!
O que me leva ao (após primárias do PS). Voto Seguro porque quero combater as rapaziadas das Tecnoformas, onde quer que se infiltrem, incluindo no PS. Neste Portugal à beira do estado de sítio precisamos absolutamente do PS reagrupado, depois da contenda interna nas primárias, e se regenerado e fortalecido por ela. O combate à corrupção e à promiscuidade entre política e negócios está na mesa, é incontornável. Vença quem vencer, para ganhar Portugal.
-----xxx----- Zé T. disse:
Não sei se A.Seguro ou A.Costa é/será melhor líder do PS ... Ambos têm aspectos positivos e negativos, apoiantes de qualidade e outros que só estragam ou são duvidosos... - e a equipa/ 'entourage' também conta.
O que me parece importante para fazer uma escolha é uma análise crítica das suas propostas (foram poucas as concretas ...), dos princípios político-económicos que defende (ou se aproxima), do seu comportamento cívico-democrático, do seu currículum/ experiência relevante ... para avaliar da seriedade do seu caracter e da exequibilidade das suas promessas ...
E, sobretudo, no início deve-se evitar «dar/ assinar cheques em branco» (exigindo transparência e 'contrato' claro), contínua e periodicamente deve-se fazer controlo com análise e debate crítico da sua gestão/medidas tomadas e, no final de cada mandato, deve-se exigir responsabilidades pelo trabalho feito ou não-feito ... e "partindo a loiça", se necessário.
Chega de opacidade política-económica e apelos ao coração ou à 'clubite' da 'carneirada acéfala'... usada e abusada por 'figurões' ou 'jotas' !
-----xxx---- Dilema ou trilema ... eleitoral : Em quem votar ? ou não votar ? ou ...
1- do mal o menor. pelo que, conhecendo-se o que fez, não fez ou deixou fazer J.Seguro, (idem para o seu adversário), o meu voto seria para o A.Costa.
2- percebendo os podres e «telhados de vidro» existentes no PS (e em muitos dos seus figurões e jotas ... e piores no PSD e CDS)... apetece votar no A.Seguro, para ver se este ganha ou fica muito próximo do vencedor, para ver se é desta que se «parte a loiça toda» no PS e este partido se limpa da porcaria e interesses que o tolhem e se se refaz como um verdadeiro partido social democrata, de esquerda.
3- não votar em nenhum destes candidatos, ... não votar no PS ... nem votar em qualquer partido.
. esta seria uma posição «fácil», de demissão como militante e/ou como cidadão ... ética e politicamente não posso ir por aí.
. como militante devo votar num dos candidatos (ou deveria eu próprio candidatar-me ...)
. como simpatizante (inscrito, brrr !! vade retro...) ou como cidadão, mantenho a liberdade e o dever de, em qualquer eleição, votar no partido (ou proposta ou candidato) que penso melhor defender os meus princípios, a democracia, a liberdade, a igualdade de acesso, o estado social, a humanidade, ...
4- daqui se pode concluir que :
. estou descontente com os 2 candidatos do PS (talvez em grau e causa diversas);
. estou descontente com o PS; . mas mais descontente estou com os fantoches, burlões e incompetentes do PSD e CDS que nos desgovernam;
. gostaria de votar/ apoiar outro candidato e/ou partido, melhor: numa coligação de partidos e movimentos de esquerda;
. assim : vou VOTAR nestas e em todas as eleições, vou discordar e criticar ou apoiar sempre que ache que o devo fazer e tiver liberdade para isso (sim, que a Liberdade já está a ser limitada, condicionada, os cidadãos e trabalhadores voltaram a ser censurados, coagidos e estão a sofrer ameaças e penas várias), e, no momento próprio, em segredo, "pesando tudo" até à última, vou escolher o menos mau. !!
--- alla jacta est.
MARCADORES: cds,
corrupção,
deputados,
desgoverno,
eleitores,
eleições,
estado-capturado,
fraude,
incompatibilidades,
jotas,
militantes,
negociatas,
opacidade,
partidos,
política,
políticos,
primárias,
promiscuidade,
ps,
psd,
responsabilizar,
seguro a.j.,
tachos,
transparência
Domingo, 23.06.13
O PS vai ganhar as eleições autárquicas ? (-por Jumento)
Para além de um certo desprezo pelos sentimentos dos seus próprios eleitores muitos responsáveis pelo PS acham que o governo deve ser gerido em função da vontade de uma espécie de nobreza, o que conta não são os anseios dos eleitores, em muitos casos é o pensamento de um qualquer nobre que se considera acima do jogo político. É estranho que um partido que a todo o momento se afirma pelo seu republicanismo acabe por se formar em castas. Alguém tem dúvidas de que um filho de uma qualquer personalidade grada do partido tem mais fácil acesso a um cargo governamental ou autárquico do que o mais inteligente e competente militante de base.
Na minha terra a esquerda, PS mais PCP, contavam com uma quase unanimidade, o PSD era um partido minoritário e sem expressão, o CDS era tratado como uma anedota. Durante muitos anos o PSD nunca imaginou ganhar umas eleições autárquicas, nas legislativas ou as presidenciais. Hoje mais parece o cavaquistão, tantas e tantas foram as asneiras autárquicas, os abusos e, acima de tudo, o desrespeito pelos mais elementares sentimentos dos cidadãos (e pelas regras democráticas e de transparência). Por razões que só Deus conhece o candidato do PS estava mais do que derrotado e mesmo assim assim teve apoios para se candidatar. O resultado foi uma localidade riscada do mapa no tempo do fascismo ser hoje um baluarte do PSD, até o Santana Lopes já lá foi ganhar uns cobres antes de ser rico, a título de uma assessoria jurídica à câmara municipal.
Em muitas autarquias o PS escolhe o pior candidato só porque é afilhado de um nobre de Lisboa, de um barão local ou de um marquês distrital. Pouco importa que se saiba antecipadamente que será derrotado, é candidato e os eleitores (e os militantes de base) que o engulam. É por isso que por esse país fora muitos municípios onde no passado o PS tinha uma posição sólida hoje está arredado das autarquias. O mais grave é que esta situação acaba por ter consequências nas outras eleições. Isso quando o PS não faz o mesmo com outros actos eleitorais, como sucedeu, por exemplo, com as últimas eleições europeias.
Esperemos que os barões, marqueses, abades e outros senhores se lembrem que este povo está sofrendo demais para que se aproveitem da situação e tentem impor os seus inúteis aos eleitores. Esperemos que desta vez (os dirigentes nacionais e locais e) o PS não seja o burro do costume.
Quinta-feira, 06.12.12
Os partidos dos funcionários (-por Daniel Oliveira, Arrastão e Expresso online)
Quando vi que o Congresso do PCP começava numa sexta-feira, de dia, não pude deixar de pensar: como pode um partido político juntar os delegados a um congresso num dia de semana? Só de uma forma: se
uma parte significativa desses delegados trabalharem para o partido, forem
eleitos para cargos políticos com disponibilidade a tempo inteiro ou forem assalariados
de organizações que lhe são próximas. Henrique Monteiro escreveu
aqui sobre o assunto, ao referir que dois terços dos eleitos para o Comité Central do PCP são funcionários do próprio PCP. Assim, até lhe retomo o título.
O debate, pelo menos à esquerda, sobre o papel da burocracia partidária nos processos políticos está muito longe de ser novo. E o problema também. O que é novo é a falta de implantação social dos partidos políticos. O que torna o problema ainda mais grave.
O problema não é apenas do PCP. Longe disso. Há dois anos, a Convenção do Bloco de Esquerda aprovou (por proposta de um grupo de militantes onde me incluí) uma norma que definia que a sua Mesa Nacional não podia ter mais de metade de membros que fossem funcionários, assessores ou eleitos com disponibilidade a tempo inteiro. Ou seja, que de uma forma ou de outra dependessem financeiramente do partido. Uma regra tão tímida (mas inédita nas organizações partidárias) teve, num partido jovem e com raízes na crítica à burocracia comunista, o resultado de obrigar a lista então maioritária a recompor a sua proposta de composição da Mesa Nacional.
Se tratarmos do PS ou do PSD, encontraremos menos funcionários de partido, mas uma impressionante e talvez ainda maior massa de deputados, ministros, assessores, diretores de estruturas públicas, presidentes de câmara, vereadores a tempo inteiro.
Na realidade, como bem escreve Henrique Monteiro, o problema é geral: os partidos são dirigidos quase exclusivamente por profissionais da política. É um tema que debato desde a minha militância comunista e que, com a redução da implantação social dos partidos políticos, tende a agravar-se.
Primeiro, é bom afastar deste debate o discurso populista que tanto sucesso faz por estes tempos. Os partidos, como qualquer organização, precisam de funcionários. A partir de um determinado nível de exigência, de disponibilidade e conhecimento as coisas não se conseguem fazer nas horas vagas. A democracia precisa de deputados e autarcas. E estes cargos precisam de apoio técnico profissional.
Eu próprio fui, durante quatro anos, assessor partidário, na área da imprensa, que era onde tinha experiência. Não foi seguramente pelo rendimento que tal função me garantiu que aceitei a tarefa. Ser funcionário do PCP ou do BE, pelo menos, não é especialmente gratificante do ponto de vista financeiro. Se me é permitido este pequeno desvio autobiográfico, coloquei uma condição quando entrei em funções: só ali ficaria durante quatro anos (o tempo de um mandato parlamentar) e depois regressaria à minha vida extrapartidária. Quatro anos depois, foi o que fiz: saí pelo meu pé. Não fui o único a fazê-lo e sei que na vida tenho tido a sorte de poder escolher a minha vida profissional, coisa que não depende exclusivamente dos valores que defendemos. Confesso que não foi nenhum princípio republicano que me moveu nesta condição para ocupar aquele lugar Foi outro, um pouco mais egoísta: não queria depender de um partido para viver.
Os partidos precisam e de funcionários e os eleitos precisam de assessores. E nem todos os funcionários partidários, eleitos e assessores são falhos de qualidade e princípios. Há até quem desperdice boas carreiras - conheço-os em vários partidos - por militância. A questão é outra: os partidos não podem ser dirigidos exclusivamente, ou principalmente, por pessoas que, de uma forma ou de outra, dependem profissionalmente deles. Por três razões: autonomia, representatividade e motivação política.
Funcionários, deputados ou assessores dependem, direta ou indiretamente, financeiramente do partido. Podem, claro está, ser suficientemente livres e desapegados para, ainda assim, correr o risco de tomar posições dissonantes. Mas quanto mais tempo ocupam o lugar menores são as probabilidades de encontrarem uma carreira fora do partido. E menor virá a ser a sua autonomia face ao próprio partido. Por mais livre que seja, um assalariado é menos livre do que alguém que não depende do partido para viver. A não ser, claro, que dentro do partido sirva outros interesses que lhe garantam uma carreira futura. Encontramos muito disso em partidos de poder.
Direções alargadas (Comité Central, Mesa Nacional, Conselho Nacional, etc.) que são, como praticamente todos são, maioritariamente constituídos por profissionais políticos, não representam a realidade nacional. Podem preocupar-se com ela, mas demoram mais tempo a compreender todas as suas contradições.
Não representando a realidade do País e dependendo do partido na sua subsistência, tendem, mesmo que não queiram, a ser movidos pela sua própria sobrevivência partidária. Essa motivação ajuda a explicar a dificuldade que todos têm, neste momento, em compreender e assimilar o momento de emergência nacional que se vive.
É, em parte, esse instinto de sobrevivência que explica porque o PS não corre riscos na oposição e se limita a esperar que o poder lhe caia no colo. Que explica, em parte, porque o PCP e o Bloco tendem a ter uma posição imobilista na construção de alternativas e preferem manter o satus quo à esquerda. E porque é que, mesmo quando ninguém acredita neste governo e nas suas soluções, não há uma revolta no PSD e no CDS. Pela rede de dependências que criam (e esta é apenas uma delas), os partidos são mais conservadores do que o resto da sociedade.
Repito: o problema é de todos. E obriga os partidos políticos a repensar a sua própria organização. Com o risco de se transformarem em espaços isolados do resto da sociedade, incapazes de reagir às suas necessidades e onde o uso da liberdade individual é uma excêntrica exceção de gente que tem um estatuto económico suficientemente confortável e uma ambição suficientemente contida que lhe permita dar-se ao luxo de correr riscos
Terça-feira, 29.05.12
------- « Camaradas,
Partilhamos convosco uma carta aberta enviada ao Secretário-geral e Secretariado Nacional do PS,
com a proposta de três medidas essenciais para reforçar a veracidade, rigor e credibilidade das eleições internas do PS
Tratam-se de medidas administrativas que portanto, não requerem quaisquer alterações de estatutos, mas que se implementadas, melhorarão substancialmente a qualidade da democracia interna do partido.
O conteúdo da carta está em http://bit.ly/eleicoesinternasnops
Convidamos todos os camaradas a lerem esta carta, e se concordem com as medidas propostas, a expressar o seu apoio às mesmas, no formulário no final da carta. Obrigado. Saudações socialistas, ...
Nota: A carta está aberta ao apoio todos os militantes Socialistas. Acreditamos que traduz algumas das mudanças que a Esquerda Socialista quer para o PS.»
«
Três medidas essenciais para reforçar a veracidade, rigor e credibilidade das eleições internas do PS
Caro Secretário Geral do Partido Socialista,
A história e os valores do Partido Socialista, bem como a importância do partido no nosso sistema democrático, obrigam a que sejamos um partido irrepreensível nos métodos de eleição dos seus representantes.
A recente revisão de Estatutos que se traduzem numa maior democracia interna e credibilidade dos seus actos eleitorais é um passo na direcção certa.
Mas esse passo tem de ser complementado com medidas de controlo que assegurem que as eleições internas são verdadeiras, escrutinadas e portanto representativas da vontade dos militantes do PS.
Nesse sentido, apelamos a que a Direcção do PS implemente as seguintes três medidas:
1. Instituir já para as próximas eleições federativas como regra obrigatória para votar, a apresentação do Bilhete de Identidade/ Cartão de Cidadão (para além obviamente do cartão de militante), que comprove que quem vai votar, é efectivamente o militante que se apresenta para votar, excluindo todas as outras possibilidades menos rigorosas (e portanto facilitadores da fraude), dessa forma alinhando a prática interna do PS com as práticas das eleições de âmbito nacional.
2. Publicitar no website do PS, o número de militantes inscritos nos cadernos eleitorais, por secção, concelhia e federação (e nacional).
Sempre que existirem eleições deve, complementarmente, ser publicado o universo eleitoral, ou seja, os números de militantes com quotas pagas, por secção, concelhia e federação, prática usada nas eleições de âmbito nacional.
3. Como referido no ponto 1, sabemos que há muitos milhares de falsos militantes inscritos, algo permitido por estatutos permissivos que agora foram corrigidos. Nesse sentido, deve o partido planear para num espaço de um ano, iniciar um processo de refiliação de todos os militantes, obrigando à apresentação de documentos de identificação iguais aos que se exigem aos novos militantes.
Não é aceitável que o partido aceite ter na sua base, falsos militantes que sabemos que são usados para deturparem a verdade eleitoral.
No final desse processo de refiliação, devem ser tornados públicos o número de militantes por secção, concelhia e federação de forma a todos conheçam a base de militantes do PS, devendo o partido passar a publicitar anualmente esses dados com a respectiva informação de variação face ao ano anterior, um elemento fundamental para perceber variações anómalas que possam ser fiscalizadas pelo partido.
A crise em que o país e a Europa caiu foi também causada por uma crise na democracia, a começar pela dos partidos que não a souberam cuidar e aperfeiçoar.
Essa crise tem também de ser tratada, e o PS tem uma oportunidade única de ser um partido líder na transparência e rigor dos seus actos eleitorais internos, um elemento fundamental para o PS e a nossa Democracia recuperarem a confiança dos portugueses.
Defender a veracidade, o rigor e a credibilidade das eleições internas é defender a Democracia, um dos valores máximos do Partido Socialista.
Ficamos a aguardar vossa resposta, na convicção de que merecerá a melhor aceitação. ... »
( #4. E publicitar também todos os resultados eleitorais internos e resumo das contas - receitas, despesas, saldos- anuais e de campanhas.)
--------
« ... Da moção que suporta a minha candidatura e caso concordem com as propostas enunciadas, assinem a declaração de aceitação e enviem-na para AnaLuz.PSLisboa Cordiais Saudações Socialistas, 24 Maio 2012
POR UM PS COM VISÃO, RUMO E LIDERANÇA
Porque chegámos aqui ?
Desde 1995 até 2011, com excepção do período entre 2002 e 2005, todos os Governos Constitucionais de Portugal foram da responsabilidade do Partido Socialista.
A situação dramática que Portugal enfrenta actualmente tem causas externa, mas também tem enormes causas internas.
A crise económica internacional somada às sucessivas más políticas dos governos que lideraram Portugal desde o último pedido de empréstimo ao FMI em 1983, fez com que o país esteja agora novamente na iminência da bancarrota.
O modo como a democracia está implementada em Portugal faz com que ela seja um obstáculo ao desenvolvimento económico.
O Estado é caracterizado por um enraizamento cada vez mais profundo de grupos de interesse e lóbis que defendem os seus interesses particulares contra o interesse geral. Assim, em vez de se incentivar a criação de riqueza e a sua redistribuição pelos mais carenciados, promove-se a satisfação de clientelas com poder de influência.
Por outro lado, para mostrarem obra, os anteriores governos aumentaram enormemente a despesa pública, sem limites ao endividamento, impondo um pesado ónus às gerações futuras através do mecanismo de parcerias público-privadas (PPP rentistas).
Urge que o Partido Socialista assuma sem equívocos a sua grande responsabilidade pelos erros de governação que levaram à situação actual onde é a troika da "ajuda" externa que, em boa parte, está a governar Portugal.
Só assim o Partido Socialista poderá voltar a pedir aos Portugueses confiança para a boa gestão da causa pública, em tudo o que se refere à estrutura, ao funcionamento e ao desempenho das instituições do Estado.
Reforma do sistema eleitoral
A democracia não se esgota nas urnas, tem de se consolidar na forma como o governo exerce o poder.
A legalidade que advém do voto nem sempre legitima a acção de quem governa.
Para a maioria dos portugueses, a reforma do sistema eleitoral é um problema secundário quando comparado com a deterioração dramática da sua situação económica que está a levar a uma grave crise política e social.
No entanto, uma análise mais cuidada mostra que a desorientação e indecisões dos sucessivos governos medíocres amolgaram seriamente a democracia e conduziram à miséria e desolação da sociedade portuguesa.
Urge reorganizar o modo de funcionamento da democracia em Portugal.
A sociedade civil não se revê nos partidos nem nos políticos porque eles não nasceram da sociedade civil, nasceram de cima para baixo.
Actualmente os principais partidos são partidos de cartel, ou seja, precisam do Estado para sobreviver e distribuir tachos. ... »
( #5. E que todos os candidatos internos preencham e publicitem no 'círculo' a que concorrem, um modelo simplificado de candidatura, com resumo de CV académico, profissional, cívico, partidário e de cargos políticos já exercidos, para além da moção/manifesto/ programa de compromissos ou objectivos específicos que pretende concretizar, se for eleito.)
Segunda-feira, 11.07.11
Os socialistas, órfãos de liderança, desapossados do poder governativo, perdidos ideologicamente das suas raízes e princípios fundadores, vêem-se agora na encruzilhada de terem de escolher entre um “Novo Ciclo” com as mesmas fronteiras ou a “Força das Ideias” com fronteiras iguais às que os conduziram nos últimos anos.
Poderá ser que amanhã, pelas 21h30 no debate na SIC-Noticias, dê para melhor e mais sério esclarecimento de ideias, mas não resolve, em rigor as profundas ambiguidades ideológicas.
Quando, por aqui no Luminária, foram usadas palavras, bastante, mais mansas em criticas ao que se ia passando nas hostes socialistas e na governação do pais, não foram poucos os que, como DD, nos acusaram de malfeitorias ao PS.
Nós vimos, ouvimos e contactamos factos que, a propósito da constituição de listas para os órgãos dirigentes das secções, concelhias e federativos ou mesmo nacionais, da escolha de candidatos às eleições autárquicas, de deputados à Assembleia da Republica e de ocupação de lugares por pessoas (muitas vezes) sem as mínimas competências para o desempenho dos respectivos cargos, eram indignos do que deve ser o pensamento socialista.
Alertamos, em tempo oportuno, para o exagero de tais práticas e para o facto do excesso de promiscuidade entre a esfera partidária e governativa e para o efectivo prejuízo de ambos em favor de interesses particulares e de grupos, estrategicamente instalados em ambos os lados. Não fomos ouvidos e o resultado é muito mais grave daquele que conhecemos.
Agora, é o próprio fundador do partido, Mário Soares, que afirma, em declarações à Antena1, que "havia muita gente no PS que estava ali para ganhar dinheiro"
Mário Soares afirma, também, que o Partido tem de ser refundado, uma necessidade que surge do facto de ter estado muitos anos no poder. Contudo, a nosso ver, persistem muitos poderes instalados dentro do Partido que urge sacudir sob pena de não existir qualquer sério aprofundamento quanto mais refundação.
Uma refundação, por mínima que seja, teria de passar pela retoma de princípios ideológicos radicados nas razões que levaram à fundação do partido e à prática do debate permanente, universalizado e em toda a estrutura do Partido.
Com todo e o devido respeito que nutrimos por qualquer dos candidatos, também muitos de nós, por aqui, no LUMINÁRIA, não sendo neutros, temos dificuldade em tomar posição por qualquer dos candidatos na medida em que um “Novo Ciclo” só poderá ter futuro se aportar consigo “a Força das Ideias” e tiverem outros protagonistas na condução do Partido aos vários níveis de responsabilidade.
Quarta-feira, 18.05.11
Da reflexão que qualquer, mais ou menos, ilustre cidadão deste nosso, actualmente, amargurado país poderá tirar-se a seguinte conclusão, com estes ou com outros identificativos, não deixará de ser o exacto mesmo conteúdo.
Para mal dos próprios e desgraça do nosso, adoentado, regime democratico, os militantes, actualmente, configurados partidariamente resumem-se a três categorias ou classificações:
- - Militantes ausentes;
- - Militantes imbecilizados;
- - Militantes papistas;
Os militantes ausentes são aqueles que deixaram, completamente, de aparecer, seja ao que for, já desiludidos de tudo. São aqueles que deixaram de participar em quaisquer debates partidários. Não querem saber de quaisquer propostas ou programas do seu nem dos outros partidos. São militantes, apenas e só, de papel pela única razão estarem a engrossar as listas dos cadernos eleitorais, ainda que, em muitos casos tais registados já tenham falecido e já nem para efeitos estatísticos contam, por isso se compreende que tanto os aparelhistas como a própria comunicação social já só se preocupem com os votos validamente (?) expressos para serem apuradas as votações nas respectivas lideranças.
Está explicada a razão porque se ouve, recorrentemente dizer e se escreve que o líder X foi eleito com 98,99% ou líder Y conseguiu fazer-se eleger com a esmagadora maioria de 95,88% da votação.
Os militantes imbecilizados são aqueles que, recorrentemente, se deixam usar como “carne para canhão” como em outras épocas de guerras coloniais se dizia à boca pequena. São os que nunca desistem, na esperança de melhores dias e convictos de uma inabalável fé iurdiana e por isso são chamados e aceitam encher salas em horários nobres para televisões registarem. São os que aceitam trilhar calçadas e alcatrão com bandeiras ao ombro em arruadas que nem rebanhos de carneiros seguindo seus pastores ou ainda bater palmas em congressos e comícios, apoiando propostas que mal ouviram, menos ainda compreenderam e nem sabem quem ou como as aplicará, se tal algum dia suceder.
O militantes papistas são aqueles que, eventualmente, como todos os outros, têm família, são divorciados, uma ou varias vezes, vivem outras tantas em concubinato, união de facto ou, simplesmente vivendo exercem, em um ou vários níveis de funções do aparelho partidário e conseguem ter tempo para passar pela Assembleia da Republica, põe executivos ou assembleias municipais, por executivos ou assembleias de freguesia, ser coordenadores de federativos, concelhias ou de secções, arranjar tempo, em certos casos, ainda para fazer uma perninha num qualquer conselho de administração ou assessoria contratada a recibo verde de alguma empresa municipal.
Ainda há quem diga não haver, nos partidos políticos, gente Nobre!
São uns energúmenos e uns más-línguas, é o que é. Move-os a inveja e pronto.
Por mim tenho, todavia, a convicção de que um caldeamento feito na base de bastante menos ausências, imbecilidade quanto baste, associada a uma boa dose de critica, misturadas com muito menos, quer em numero como em grau, de militância papista, seria, simultaneamente, um bálsamo para os partidos, um rejuvenescimento para a democracia e um reforço do sistema que a sustenta.
A excessiva personificação, quiçá endeusamento das lideranças nunca perduraram por muito tempo nem foram positivas tanto para os povos como para as respectivas sociedades, tambem o não podem ser, de todo, para os partidos políticos na medida em que isso corrói a essência democrática e corrompe a sociedade no âmago da sua dinâmica de confrontação positiva das ideias. O resultado é o que se vê ainda que muitos papistas e papas o não queiram ver.