Quinta-feira, 05.09.13

A evidência salta aos olhos: o país está a arder porque alguém quer que ele arda. Ou melhor, porque muita gente quer que ele arda. Há uma verdadeira indústria dos incêndios em Portugal. Há muita gente a beneficiar, directa ou indirectamente, da terra queimada.


Oficialmente, continua a correr a versão de que não há motivações económicas para a maioria dos incêndios. Oficialmente continua a ser dito que as ocorrências se devem a negligência ou ao simples prazer de ver o fogo. A maioria dos incendiários seriam pessoas mentalmente diminuídas. 
Mas a tragédia não acontece por acaso. Vejamos: 
1 - Porque é que o combate aéreo aos incêndios em Portugal é TOTALMENTE concessionado a empresas privadas, ao contrário do que acontece noutros países europeus da orla mediterrânica? 
Porque é que os testemunhos populares sobre o início de incêndios em várias frentes imediatamente após a passagem de aeronaves continuam sem investigação após tantos anos de ocorrências? 
Porque é que o Estado tem 700 milhões de euros para comprar dois submarinos e não tem metade dessa verba para comprar uma dúzia de aviões Cannadair? 
Porque é que há pilotos da Força Aérea formados para combater incêndios e que passam o Verão desocupados nos quartéis? 
Porque é que as Forças Armadas encomendaram novos helicópteros sem estarem adaptados ao combate a incêndios? Pode o país dar-se a esse luxo? 
2 - A maior parte da madeira usada pelas celuloses para produzir pasta de papel pode ser utilizada após a passagem do fogo sem grandes perdas de qualidade. No entanto, os madeireiros pagam um terço do valor aos produtores florestais. Quem ganha com o negócio? Há poucas semanas foi detido mais um madeireiro intermediário na Zona Centro, por suspeita de fogo posto. Estranhamente, as autoridades continuam a dizer que não há motivações económicas nos incêndios... 
3 - Se as autoridades não conhecem casos, muitos jornalistas deste país, sobretudo os que se especializaram na área do ambiente, podem indicar terrenos onde se registaram incêndios há poucos anos e que já estão urbanizados ou em vias de o ser, contra o que diz a lei. 
4 - À redacção da SIC e de outros órgãos de informação chegaram cartas e telefonemas anónimos do seguinte teor: "enquanto houver reservas de caça associativa e turística em Portugal, o país vai continuar a arder". Uma clara vingança de quem não quer pagar para caçar nestes espaços e pretende o regresso ao regime livre. 
5 - Infelizmente, no Norte e Centro do país ainda continua a haver incêndios provocados para que nas primeiras chuvas os rebentos da vegetação sejam mais tenros e atractivos para os rebanhos. Os comandantes de bombeiros destas zonas conhecem bem esta realidade. 
Há cerca de um ano e meio, o então ministro da Agricultura quis fazer um acordo com as direcções das três televisões generalistas em Portugal, no sentido de ser evitada a transmissão de muitas imagens de incêndios durante o Verão. O argumento era que, quanto mais fogo viam no ecrã, mais os incendiários se sentiam motivados a praticar o crime... 
Participei nessa reunião. Claro que o acordo não foi aceite, mas pessoalmente senti-me indignado. Como era possível que houvesse tantos cidadãos deste país a perder o rendimento da floresta - e até as habitações - e o poder político estivesse preocupado apenas com um aspecto perfeitamente marginal? 
Estranhamente, voltamos a ser confrontados com sugestões de responsáveis da administração pública no sentido de se evitar a exibição de imagens de todos os incêndios que assolam o país. 
Há uma indústria dos incêndios em Portugal, cujos agentes não obedecem a uma organização comum mas têm o mesmo objectivo - destruir floresta porque beneficiam com este tipo de crime. 
Estranhamente, o Estado não faz o que poderia e deveria fazer: 
1 - Assumir directamente o combate aéreo aos incêndios o mais rapidamente possível. Comprar os meios, suspendendo, se necessário, outros contratos de aquisição de equipamento militar. 
2 - Distribuir as forças militares pela floresta, durante todo o Verão, em acções de vigilância permanente. (Pelo contrário, o que tem acontecido são acções pontuais de vigilância e combate às chamas). 
3 - Alterar a moldura penal dos crimes de fogo posto, agravando substancialmente as penas, e investigar e punir efectivamente os infractores 
4 - Proibir rigorosamente todas as construções em zona ardida durante os anos previstos na lei. 
5 - Incentivar a limpeza de matas, promovendo o valor dos resíduos, mato e lenha, criando centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível. 
6 - E, é claro, continuar a apoiar as corporações de bombeiros por todos os meios. 
Com uma noção clara das causas da tragédia e com medidas simples mas eficazes, será possível acreditar que dentro de 20 anos a paisagem portuguesa ainda não será igual à do Norte de África. Se tudo continuar como está, as semelhanças físicas com Marrocos serão inevitáveis a breve prazo. 
José Gomes Ferreira


Publicado por [FV] às 19:32 | link do post | comentar | comentários (1)

Sexta-feira, 31.05.13

Entrevista com o Secretário de Estado Henrique Gomes

«demitido» logo no início do mandato do atual Governo,

quando afrontou a EDP tentado baixar as rendas em vigor

e que considerava excessivas e perniciosas para o País.

 

(o video é longo, mas é demasiado importante para não ser visto até ao fim.)

 

Houve até quem abrisse garrafas de champanhe quando este Secretário de Estado foi afastado...

 

AGORA JÁ SE PERCEBE PORQUE A EDP CONTRATOU VÁRIOS EX MINISTROS
E LHES PAGA MILHÕES AO ANO?
AGORA JÁ SE ENTENDE PORQUE TANTO LUTAM ESTES POLÍTICOS 
PARA ESTAREM NO CENTRO DESTE PODER!

O Secretário de Estado da Energia demitido, acha que as rendas da EDP são ilegítimas, e ilegais.
A Troika mandou cortar as rendas. Mas também (já) desistiu.
O cenário já vinha do anterior governo.
Todos sabem que as rendas são abusivas e ilegais. Mas ninguém faz nada. Inclusive os «palhaços» - nós!
Para o entrevistado o Ministro Álvaro Santos Pereira, é um homem sério e competente, e não foi o ministério da economia, que cedeu ao loby da EDP.
Isto é um escandalo. Os portugueses têm que perceber que isto é o cúmulo, o próprio governo trava quem tenta defender o interesse nacional.
Temos que aprender a ser justos, a perceber quem são os que nos destroem e os que nos defendem, para que possamos mudar o país, pois um dia vamos ter que escolher alguém diferente - que nos defenda.
O PS foi quem criou as rendas excessivas da EDP. O PSD quem as mantém.
 
Nota: O título deste post também poderia ser : Palhaço? Quem? Eu?

 



Publicado por [FV] às 09:21 | link do post | comentar

Quarta-feira, 12.12.12

        Uma  proposta  inaceitável     (-por Daniel Oliveira, Arrastão e Expresso online)

Germán Efromovich é o único candidato à privatização da TAP. Se não fosse pelo erro de privatizar uma empresa estratégica que não recebe, por imposição europeia, dinheiros públicos, a falta de opções deveria chegar para o Estado repensar a sua privatização. Mas o pior é que a proposta única que está em cima da mesa é inaceitável. Efromovich assumirá uma injeção de cerca de 300 milhões no capital da TAP e pagará ao Estado a miserável quantia de 20 milhões de euros. E, diz ele, assumirá um passivo de 1,2 mil milhões de euros. 
      O economista Ricardo Cabral fez as contas e concluiu: é incrível que se diga que o empresário se propõe assumir o passivo. O passivo da TAP é assumido pelos ativos da TAP. Ou seja, Germán Efromovich nunca irá assumir os 1,2 mil milhões de passivo (a dívida líquida é 1,05 mil milhões). Este será sempre assumido pelo balanço da TAP".

     Assumindo que a TAP usará metade dos novos 300 milhões no seu capital para aumentar o seu fundo de maneio e a outra metade para abater à dívida, "estamos a falar de uma melhoria dos custos de cerca de 9 milhões de euros por ano, ou seja, 0,4% dos custos totais da TAP". Ricardo Cabral defende que um aumento das receitas de 5% e uma redução das despesas de igual valor resultariam em melhorais operacionais de 250 milhões de euros por ano. Quase o mesmo que o empresário vai injetar na empresa. Ou seja, a empresa, comprada a preço de liquidação total, dará, quase sem esforço, lucro rapidamenteUm negócio 'da China'.

      O economista português defende que o valor da empresa é de mil milhões de euros, sem descontar a dívida. Ou seja,para além dos 300 milhões que lá vai empatar, Germán Efromovich deveria pagar ao Estado português 700 milhões e não 20 milhões.

      Tomando estas contas como certas, a proposta do empresário brasileiro não deveria merecer sequer qualquer negociação. Como disse, bem, Marcelo Rebelo de Sousa, é provável que este seja o negócio da vida de Efromovich. Mas está muito longe de ser o negócio da vida do Estado português. Quem vende por 20 o que vale 700 não se pode justificar com as suas dificuldades. Apenas explica porque vive e continuará a viver com elas.



Publicado por Xa2 às 07:55 | link do post | comentar

Quarta-feira, 12.09.12

Sobre as novas medidas de austeridade,

o sociólogo António Barreto falou em “inexperiência”

e considerou que já foram ultrapassados todos os limites.

 

O sociólogo António Barreto chama a atenção para a existência de cláusulas secretas nas parcerias público-privadas (PPP). Sem querer pormenorizar, pediu transparência ao actual Governo e também que não seja conivente com o anterior Executivo, quando foi tão crítico sobre esta mesma matéria.

“Estamos há um ano e meio à espera. Eu sei há muito tempo, há quatro anos, que há cláusulas secretas nas parcerias público-privadas (PPP). Não é aceitável que um estado democrático tenha cláusulas secretas”, começou por dizer António Barreto.

“Este Governo, já que as criticou em tempos, devia tornar, em primeiro lugar, todas as cláusulas transparentes. Não pode haver cláusulas secretas em contratos do Estado e, portanto, há um bocadinho de insatisfação nisto tudo”, acrescentou.

Sobre as novas medidas de austeridade, e falando como cidadão, o ex-ministro falou em “inexperiência” e considerou que já foram ultrapassados todos os limites.

“Os sinais dos últimos meses, os desvios inesperados, o imprevisível, afinal de contas foi pior do que se pensava, a despesa aumentou, a receita diminuiu”, apontou.

“Parece que há qualquer coisa de falta de perícia, de inexperiência. Eu acho que se está a passar dos limites, afirmou. “Porque é que se está a mexer nas pensões dos velhotes, nas pensões mesmo baixas? Não pode haver um pouco mais de selectividade? Eu penso que sim, podia haver mais cautela.”

“Será verdade que se vai compensar os grandes grupos económicos, as grandes empresas, e que vai de facto criar emprego e aumentar o investimento? Isto não está claro. Não se pode continuar a pedir, a pedir, a pedir, sem explicar melhor. Isso é que eu critico, sobretudo, às autoridades, é não explicarem nem partilharem melhor com os cidadãos”, concluiu António Barreto.

O sociólogo falava em Évora, à margem do IV Congresso Português de Demografia, que decorre até esta quinta-feira.

In RR



Publicado por [FV] às 17:43 | link do post | comentar | comentários (1)

Quarta-feira, 09.05.12


Publicado por [FV] às 19:23 | link do post | comentar | comentários (1)

Terça-feira, 28.02.12

E nós a vê-los contratar

In [JN]

 

De vez em quando vem a público, e logo é esquecida, a notícia de mais uma dessas inúmeras heterotopias jurídicas que é de uso designar de parcerias público-privadas, através das quais, sempre da mesma maneira, dinheiros públicos acabam em bolsos privados.

Desta vez é a Fagar, empresa de águas e resíduos sólidos de Faro criada há sete anos pela Câmara com capitais maioritariamente municipais e em parceria com a AGS (grupo Somague, detido pela espanhola Sacyr).

Uma auditoria do Tribunal de Contas descobriu que a Fagar representou, de 2006 a 2010, uma hemorragia de dinheiros públicos da ordem dos 3,6 milhões de euros, sendo que, a manter-se a "tendência crescente" de derrapagem, serão precisos 25,6 milhões para reequilibrar as contas até ao termo da parceria entre a Câmara e a Sacyr. O curioso do negócio é o mesmo curioso (chamemos-lhe assim, embora haja palavra mais adequada) de outros negócios do género: os riscos correm todos por conta do sector público; o capital privado, mesmo que a coisa dê prejuízo, tem contratualmente assegurada uma rentabilidade de 8,41% (paga adivinhe o leitor por quem).

Como se vê, não são só os chineses que fazem em Portugal negócios da China. Quando se trata de capital privado a render à sombra da árvore das patacas pública, os nossos eleitos não descriminam ninguém, dos espanhóis da Sacyr aos angolanos do BPN. Até porque o dinheiro não é seu e a impunidade está garantida.



Publicado por [FV] às 17:54 | link do post | comentar

Quarta-feira, 01.02.12

Antes da EMEL, já existiam Parquímetros em Lisboa.

E como funcionava então o negócio que era justificado pela cidade lisboeta como uma necessidade de forma a poder regular o estacionamento, limitando-o no tempo através dum pagamento condicionado a um horário, o que seria vantajoso para quem necessitava de pontualmente se deslocar quer ao comércio local quer a serviços por tempo limitado e, não havendo parquímetros dificilmente encontrava lugar... Pois quem estacionava era para quase sempre para o dia inteiro!

Então como foi de início implementado este negócio?

De forma simplista era assim:

- Uma empresa colocava os parquímetros na cidade nos locais designados pela autarquia;

- Essa empresa fazia as obras necessárias para a implementação das máquinas, colocava-as nos locais designados pela CML, dava a assistência técnica e manutanção aos aparelhos e ainda fazia a recolha do dinheiro recebido;

- Esses pequenos «cofres» que estavam dentro dos parquímetros eram levados a uma entidade bancária e só ela possuía os códigos e ferramentas que os abriam;

- Então o dinheiro apurado pelo estacionamento era creditado em três contas: na da empresa dona dos aparelhos e prestadora de todos os serviços anteriormente descritos, na conta da CML e na da PSP, cabendo a cada uma delas as percentagens previamente acordadas.

Resumindo: Não havia compra de parquímetros pelas autarquias, não havia também despesas de manutenção nem de instalação, etc. Era só lucros divididos pelas três entidades. E porquê a PSP? Para que esta fizesse a fiscalização e autuasse quem não metia a moedinha…

Ora esta maneira de implementar o negócio do estacionamento regulado funcionava bem e aparentemente todos ganhavam com o método encontrado. Estou a falar do final dos anos 80.

Então porquê alterar a metodologia? E passar a ser as Câmaras a comprar os aparelhos, a fazer as obras de instalação e a criar uma empresa municipal para fiscalizar e autuar os incumpridores?

Criou despesas à autarquia: É preciso comprar os aparelhos + é preciso fazer as obras na via pública, e foi criar uma EMEL sempre deficitária… Porquê? Sim, porquê?

Porque se passou de uma solução de receitas certas (e sem despesas) para uma solução que para além de obrigar a despesas (compras e obras) e ainda a ter uma entidade fiscalizadora que só dá prejuízos?

 

É preciso eu explicar melhor ou basta ser bom entendedor?

 



Publicado por [FV] às 11:48 | link do post | comentar

Sexta-feira, 04.11.11



Publicado por [FV] às 14:33 | link do post | comentar | comentários (1)

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