Sábado, 06.02.16

Carta do Canadá: Não se pode ignorar    (- fLeitão, 3/2/2016, Aventar)

Autor desconhecido  As televisões canadianas passam, diariamente, documentários da situação no Médio Oriente e na Europa. Quase todos com uma minúcia e um realismo que chega a ser insuportável à vista por terem dimensão apocalíptica. Pergunto a mim mesma, com inquietação crescente, se não estamos a assistir ao renascer do ovo da serpente perante a indiferença e o desinteresse dos povos cansados de má política. O nazismo e o fascismo não se implantaram de repente, na Alemanha e na Itália, passearam-se em manifestações por alguns anos, fizeram desacatos, puseram bombas, mataram pessoas, formaram partidos, foram a eleições. Deu mais do que tempo para as pessoas os travarem. Parece que só acordaram quando se consumou a tragédia em que morreram milhões de pessoas.

   O que se está a passar em vários países da União Europeia (UE) é alarmante. De repente, por ricochete das más decisões do chamado Ocidente (EUA, RU, Alem, Fr, ..., NATO) que levaram o Médio Oriente a ficar ensopado de sangue e fome, milhões de desesperados fugiram da guerra e encheram os campos do Líbano, da Jordânia e da Turquia. Por uma propaganda sabiamente manipulada, sabe-se lá por quem (mídia, TVs, ...), essas multidões convenceram-se que o seu El Dorado seria a Europa do Norte e do Centro.   Puseram-se ao caminho com a loucura que o desespero: a pé, por milhares de quilómetros, ou em barcos precários providenciados por passadores ávidos de lucro mas sem coração que fizeram do Mediterrâneo uma enorme sepultura.   Em poucas semanas vários países da UE viram-se positivamente invadidos por multidões exaustas, famintas, doentes, desunidas. E foi o caos. Visivelmente, a UE não tinha meios, organização, competência e unidade para resolver este problema humanitário.   Angela Merkel, tão desejosa de melhorar a imagem da Alemanha depois do ataque desaforado que fez à Grécia, não teve visão de estado, não soube avaliar a amplitude do desastre, deitou mão do populismo e escancarou as portas. Está agora a braços com uma oposição crescente à sua permanência no governo, dá o dito por não dito, prepara-se para deportar um número substancial de refugiados. O mesmo vão fazer a Suécia, Dinamarca, Holanda, Finlândia. E como é apanágio de incompetentes, apontam o dedo acusador à Grécia, porque tem compaixão dos desgraçados e os deixa entrar nas suas ilhas. Mais: ameaçam a Grécia de retaliação por parte da UE.

   É curioso, a UE não condena os países governados por gangs que espremem os povos através dos impostos, que levam países à penúria e ao sofrimento que se deixa revelar nos números dos que se suicidam e dos que emigram. A UE, dirigida por Merkel e outros que nunca foram eleitos, só espezinha os mais fracos e pobres, mas faz vista grossa ao que se está passar nos países acima referidos.  Nos dias que correm, bandos nazis desses países incendeiam habitações dos refugiados, fazem-lhes esperas para espancar, compram cada vez mais armas para enfrentar os estranhos.   A Dinamarca tira-lhes o dinheiro e jóias que possam trazer.  Dir-me-ão:  estão a defender-se, porque vários refugiados violaram mulheres europeias, porque têm feito alguns desacatos e violências nos lugares onde vivem. É verdade.  Mas não são todos nem em grande número, os casos verificados são casos de polícia a exigir mão pesada.  E quem faz o favor de me ler lembrará que, entre os milhões de desesperados, entraram terroristas do maldito Califado.  Concordo. Mas a tarefa de peneirar a multidão, de separar o trigo do joio, incumbe às polícias. Ninguém tem o direito de fazer o justo pagar pelo pecador.

    Criticar o que se está a passar na direcção da UE não é estar contra a UE.  Pelo contrário, denunciar toda esta lástima é dever dos que querem a paz na Europa. Haja dirigentes de vários países que se juntem e ponham termo a esta direcção com tanto de incompetente como de pouco séria.  David Cameron, primeiro ministro da Inglaterra, é um bom exemplo*.

    É chegada a hora se as pessoas acordarem e exigirem dos seus governantes que ponham os pontos nos ii em Bruxelas. É tempo de as pessoas não reagirem passivamente à subserviência duma comunicação social que, salvo honrosas excepções, está nas mãos de grupos económicos gananciosos, sem alma nem moral.

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-- A.M.: *... exemplo de quê? Neste momento anda a impor condições especiais para o Reino Unido quanto a prestações sociais para emigrantes, furando aquilo que são princípios centrais da UE. E se há amiguinho declarado de “grupos económicos gananciosos”, é ele mesmo. Mais neoliberalismo na UE, pois então!

  Merkel, neste único ponto (atenção!!), tem, reconhecidamente, e das mais variadas perspectivas (mormente progressistas), defendido uma posição humanista na “gestão” da problemática dos refugiados. E Cameron é um exemplo super autoritário e negativo da imposição dos interesses próprios na UE; tal como diz, “pomo-nos prontos a bater com a porta se não nos fizerem a vontade”.

--- F.L.: ... ela não tenha avaliado a situação dos teatros de guerra e se tenha convencido que, quando muito, à Alemanha chegaria perto de um milhão. E, mais uma vez, foi autoritária e arrogante: tomou como coisa certa que cada país ia receber um bom lote de refugiados. É não ter percebido que o vento mudou. E a situação é o que é: um charco estagnado. O pior desta história é que os parceiros de Merkel na UE são todos uns medíocres a quem incumbiram de aplicar a cartilha que sabemos à Europa do Sul. Disse e repito: Cameron é um exemplo, mas não do que aponta. A mensagem que ele está a passar para todos é esta:  se quisermos, impomos outras regras de jogo e pomo-nos prontos a bater com a porta se não nos fizerem a vontade. ... E é claro que cada vez tem mais seguidores.
     Com outra direcção na UE, com menos partidos de direita e menos compadrio, não vai ser difícil rejeitar o ultra-liberalismo.    Só que esta via negociada leva o seu tempo, tem de ser passo a passo.  O resto, que é o meu receio, chama-se memória.   Nem eu a perdi nem os ingleses, os canadianos e todos os povos que fugiram para aqui. Não se podem desmentir imagens, as imagens que passam nos documentários – tão parecidas com as que bem desejávamos esquecer.



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Sexta-feira, 05.12.14

NÓS AMÁVAMOS A AMÉRICA  -  As ilusões perdidas dum russo da geração de 90.

 
Nós amávamos a América. É verdade, eu lembro-me. Quando éramos adolescentes, crescendo nos anos 90, a maioria dos meus amigos da mesma idade nem sequer questionava a sua atitude para com a civilização ocidental. Era o máximo, como poderia ser de outra forma?
    Ao contrário dos nossos avós, e até mesmo dos pais, nós não pensávamos na implosão da URSS - a "maior catástrofe geopolítica do século XX" - como um desastre. Para nós, era o início de uma longa jornada. Finalmente, íamos sair da concha soviética para o grande mundo - fixe e sem limites.
   O primeiro golpe sério na nossa orientação pró-ocidental foi o Kosovo. Foi um choque; os nossos óculos cor de rosa foram quebrados em pedaços. O bombardeamento de Belgrado foi, para minha geração, como os ataques do 9/11 para os americanos. A nossa visão do mundo girou 180 graus.
   Depois foi o Iraque, o Afeganistão, a separação final do Kosovo, a "Primavera Árabe", a Líbia, a Síria - tudo isso foi surpreendente, mas ainda não um tremor de terra.
   Mas com o Euro Maidan (Kiev, Ucrânia) e a subsequente e feroz guerra civil tudo ficou claro: "o processo democrático" - desprovido de regras e lançado em território inimigo - não é um brinquedo geopolítico, mas uma verdadeira arma de destruição maciça. É o único tipo de arma que pode ser usado contra um Estado com armas nucleares.
      É muito simples:   quando alguém apertar o botão e enviar um míssil nuclear através do oceano, vai certamente receber um idêntico de volta.   Mas quando semeia o caos em território inimigo, não é o culpado. Agressão? Que agressão ?! Este é um processo democrático natural! O eterno desejo das pessoas pela liberdade!
     Vemos o sangue e os crimes de guerra, os corpos de mulheres e crianças, um país inteiro (Ucrânia) a precipitar-se de volta para a década de 40 - e o mundo ocidental, que nós tanto amávamos, assegura-nos que nada disso está acontecendo.
     A cultura que nos trouxe Jim Morrison, Mark Knopfler, e os Beatles, não vê o que se está a passar. Os descendentes e os próprios participantes de Woodstock, os velhos hippies que tanto cantavam "All you need is love", também não vêem. Mesmo os atenciosos alemães da geração do pós-guerra que tentou penitenciar-se pelos pecados de seus pais, não vêem nada.
     Há vinte anos atrás, não fomos derrotados. Nós rendemo-nos. Não perdemos militarmente, mas culturalmente. Nós só queríamos ser como vocês. O rock-n-roll fez mais do que todas as ogivas nucleares. Hollywood era mais forte que as ameaças e ultimatos. O rugido das Harley-Davidsons durante a Guerra Fria soava mais alto do que o estrépito dos caças e dos bombardeiros.
     Vocês América eram um país fixe. Bom, vocês tinham Hiroshima, o Vietnam, o KKK e um armário cheio de outros esqueletos, como qualquer império. Mas, durante um tempo, toda essa porcaria não alcançou a massa crítica que transforma o vinho em vinagre.
     Agora estão a desperdiçar o vosso principal activo - a superioridade moral. Activo que uma vez perdido não pode ser restaurado.
    Vocês estão a começar a morrer lentamente, América. E se pensam que isso me faz feliz, estão enganados. Uma grande mudança de épocas é sempre acompanhada por grandes derramamentos de sangue, e eu não gosto de sangue. Nós, as pessoas que já passaram pelo pôr do sol do nosso império, podíamos até explicar o que vocês estão a fazer de errado. Mas não vamos explicar. Adivinhem vocês mesmos.
     --- Dmitry Sokolov-Mitrich, jornalista russo.  (Extractos dum texto em Inglês, que pode ler integralmente aqui: http://bit.ly/1Ba2JXe )


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Segunda-feira, 29.09.14

Situemos el problema: El sistema-mundo en profunda crisis o la excusa del islamismo radical   (-C.Martinez G., ATTAC Andalucia, 28/9/2014)

     Cuando en los años cincuenta y sesenta del siglo XX surgió el nacionalismo y el pan-socialismo árabe, teñido de antiimperialismo o al menos de lo que hoy conocemos como multilateralismo o “tercerismo” en el lenguaje político de la época, fraguado en las luchas anti-coloniales y espoleado por la creación del estado de Israel, los EE.UU, Gran Bretaña, Francia y el propio Israel comenzaron un largo y duro trabajo para eliminar esta amenaza a sus intereses neocoloniales o de dominio.

     El ya mítico FLN-Frente Nacional de Liberación- de la independencia de Argelia o la Unión Nacional de Fuerzas Populares de Marruecos también forjada en la lucha frente a los franceses. El Destur original tunecino. El BAAS o Partido Socialista Árabe del Renacimiento de Siria e Irak. La figura clave en la construcción del socialismo árabe Gamal Abdel Nasser el líder de la revolución egipcia, Así como la irrupción de la OLP y las fracciones palestinas socialistas y marxistas más radicalizadas, todos ellos laicos aunque muy respetuosos con el Islam, fue para los árabes el inicio de su modernización entrando en el siglo XX de manos de un marxismo moderado, un modelo socialista propio y una posición política independiente cuando no hostil hacía sus antiguos colonizadores. Era el renacimiento como llevaba el BAAS por bandera. Era la búsqueda de la unidad árabe por primera vez, desde las ideas de igualdad, transformación, creación del estado social, en lugar de la caridad religiosa y era la conquista de sus materias primas y energéticas en lugar del Califato de Estambul y de las antiguas colonias. Era la defensa de las fronteras palestinas diseñadas por la ONU y sistemáticamente violadas por el estado racial y religioso de Israel. Occidente judeo-cristiano y la guerra fría no podían consentir el nacionalismo popular y soberanista de la nación árabe.

     Una anécdota: Cuando a finales de los años cuarenta y principios de los cincuenta del siglo XX, la España franquista inició una campaña reivindicando Gibraltar español –ciertamente, lo es. Es una colonia del decadente Imperio Británico y una base militar extranjera- se hicieron muchas manifestaciones estudiantiles propiciadas por el SEU el sindicato estudiantil falangista y la propia estructura juvenil de FET y de las JONS el partido fascista del régimen. Las algaradas ante la embajada británica eran frecuentes. En una de ellas el ministro de la gobernación –el de Interior- llamo al embajador preguntándole si enviaba la Policía Armada-era como se llamaba la actual Policía Nacional- a disolver la manifestación, a lo que el embajador británico le respondió “Mejor no me mande los estudiantes”.   Pues bien, eso es lo que ha ocurrido en una parte importante del mundo árabe, las potencias centrales, la CIA y el MOSSAD han creado la manifestación yihadista, las milicias islámicas radicales de todo tipo y ahora envían a la Policía Armada, es decir sus drones, aviones y misiles a disolver a sus criaturas del emirato o antes de Al Quaeda. Criaturas que con su acción favorecen los intereses del Imperio central y occidental, así como de su hijo Israel, pero que a su vez reflejan la frustración y desesperanza de la nación árabe, engañada, ninguneada y utilizada al menos de forma descarada desde 1918 al final de la I Guerra mundial.

     El socialismo árabe tras la temprana muerte de Nasser, sufrió desde golpes de estado, cercos económicos, agresiones militares a su propia crisis de valores o la llegada de la corrupción, cuando no la traición o la usurpación de su legado por personajes autoritarios y militaristas. Pero que sin embargo siguieron siendo laicos y respetuosos con las importantes minorías cristianas de Irak, Siria, Palestina y el propio Egipto. Cristianos árabes que apostaron muchos de ellos por el apoyo a estos partidos que eran laicistas y progresistas. Cierto es que se cometieron errores, pero las mujeres circulaban libremente sin pañuelos ni velos por las calles, maquilladas si era su deseo, vestidas como consideraban oportuno y comenzaron a ir a la universidad. Apareció la sanidad e instrucción pública y se crearon infraestructuras como la presa egipcia de Asuán o el potente sistema sanitario público iraquí hoy destruido.

     Pero ilegalizaron a los hermanos musulmanes y muchas cofradías religiosas musulmanas fueron perseguidas. También en algunos de esos países se reprimió el chiismo, que sin embargo gobernó y gobierna en Siria,- no solo en el actual Irán-, que en esos momentos –Irán- era el aliado fundamental de los EE.UU en la zona.

     La guerra fría y la alianza estratégica de muchos de estos regímenes con la Unión Soviética –la Rusia y Repúblicas de su influencia de la extinta URSS- así como sus derrotas militares frente a un agresivo y conquistador estado de Israel, minaron el nacionalismo pan-árabe. La invasión soviética de Afganistán, marcó un antes y un después.   En esos momentos, ante la revolución iraní y la presencia militar soviética en Afganistán, los EE.UU fraguan una sólida alianza con las monarquías corruptas y ultra-religiosas árabes del Golfo, Jordania o Marruecos en el Magreb, que siendo rigurosos partía de décadas anteriores.    Frente al socialismo o nacionalismo popular árabe, se potencia un islamismo rigorista, reaccionario, financiado por los sauditas y otros aliados de la región y se crean, arman hasta con misiles de última generación de la época a las guerrillas islámicas, los movimientos de un Islam anti-comunista y anti-socialista, anti-progresista con una lectura del Libro (al Corão), más que discutible hasta el momento e influenciado por un Islam asiático, muy riguroso que además considera el diablo, todo lo que previamente han construido los socialistas pan-arabistas y/o los regímenes aliados de la URSS. Frente a antiimperialismo, religión. En esa operación la CIA y los servicios secretos de Israel juegan un importantísimo papel.

      De aquellos polvos, estos lodos. Liquidado el socialismo árabe, el nasserismo, solo queda la religión como esperanza y la caridad como sistema de protección social. Cierto que, también desde el islamismo surgen tendencias anti-imperialistas y soberanistas árabes o persas, sobre todo en Líbano, Irán o el Hamas palestino, que propiciara el Mossad y que ahora tan caro le cuesta.

     Occidente, la OTAN, los EE.UU lo que tratan de controlar no es a regímenes crueles y opresores, pues las monarquías del Golfo lo son. Lo que se trata de controlar son las rutas de abastecimiento de crudo y cercar militarmente por su interior a Rusia y China.    Rusia lleva años advirtiendo del peligro del yihadismo radical. Denunciado su apoyo occidental y al mismo tiempo reprimiéndolo con mucha dureza en el interior de sus fronteras, en el Cáucaso a los islamistas chechenos.

La pregunta que todas y todos nos hacemos es ¿Cómo la mayor potencia militar del mundo-por ahora-no ha detectado la formación de un ejército –el del Emirato- en una zona desértica en el centro de Irak? Además ¿Cómo es que todo el armamento que porta el Emirato es de fabricación occidental o de sus aliados?

     Siria ha sido envuelta en una cruel guerra civil, cruel por ambas partes, pero en la que los aliados de los EE.UU y las monarquías del Golfo o la civilizada Francia, son mayoritariamente, las mismas milicias que han fundado el Emirato. El Levante al que en su nombre se refieren, los hasta ahora aliados de los EE.UU son los estados de Líbano y Siria, mucho ojo. Es decir se pretende construir un estado teocrático entre Irak, Siria, Líbano y parte de Turquía. Pero ese sueño ha tenido padres, impulsores como Arabia Saudita, los emiratos del golfo y los EE.UU e Israel.

     Pero claro, la frustración árabe y la ausencia de valores diferentes al islam o modernizadores del mismo en estos países, así como la eliminación incluso física de la mayor parte del socialismo árabe, provocan que ahora el yihadismo sea la última esperanza de unos pueblos saqueados y engañados, se vuelva contra sus antiguos padrinos. Ahora el diablo ya no es el comunismo o la Unión Soviética o el socialismo nasserista, ahora el diablo son los EE.UU y Occidente.

      La realidad final es que todo esto no es sino el tablero bélico con el que el capitalismo de las potencias centrales, con los EE.UU a la cabeza trata de mantener y acumular riquezas. Controlar el mundo para disponer de reservas de crudo y de paso impedir que los estados emergentes se repartan la riqueza mundial. Es una forma de combatir la crisis del capitalismo de las potencias centrales mediante la guerra. Asustar a las poblaciones europeas y norteamericanas y entretenerlas con nuevos enemigos de forma que no descubran que el verdadero enemigo es el sistema, son los detentadores de la riqueza, la globalización neoliberal.

     La lenta decadencia de los EE.UU según señala Immanuel Wallerstein. Los problemas cada vez más graves del dólar muy cuestionado por los BRICS emergentes y que comienzan a utilizar nuevas monedas. Las crisis constantes de la zona euro y la UE que continuamente cae cuando parce que va a levantarse, provocadas por sus suicidas políticas de austeridad y recortes. La crisis de Ucrania y las agresiones criminales del estado de Israel contra el pueblo palestino. Todo ello, no es sino la manifestación de un mundo que de forma inexorable se está reordenando y por ello la OTAN y sus aliados se enfrascan en guerras locales, con la excusa de exportar la democracia a tiros.

     Será para peor o para mejor si logramos que los principios del sentimiento Portoalegre se abran paso y el reparto y la justicia, construyan la paz mundial. Pero el mundo está cambiando. En estos momentos, al capitalismo no le interesa la paz. En estos momentos los capitalistas para seguir acumulando necesitan menos democracia, nada de reparto e invasiones y bombardeos que garanticen su control de las rutas comerciales estratégicas y los oleoductos.



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Terça-feira, 07.05.13

 A emergência da China e dos “BRIC”, miragem ou realidade? (parte II.4)  (-por Francisco )

 

2012_Pudong A China neste momento é a segunda economia mundial e são recorrentes as previsões que irá ultrapassar os EUA e assumir o lugar cimeiro. Para alguns será em 2016, para outros em 2020, varia mais a data de que a certeza que tal dia chegará. É também comum a narrativa do ocidente decadente perante a emergência de novas potências… Não só os BRIC (a China, mas o Brasil, a Índia e a Rússia)…  Recentemente tem-se também falado da Colômbia, Indonésia, Malásia e alguns países da África subsariana.

     Até que ponto tais narrativas são sólidas, ou meras miragens? Não subscrevo por inteiro a tese deste texto – Broken BRICs: Why the rest stopped rising - mas pelo menos tem a virtude de desmistificar o “inexorável” avanço dos países ditos “emergentes” face às potenciais estabelecidas, ao contrário de certas análises simplistas como esta. Pura e simplesmente extrapolar a taxa de crescimento de uma economia, com base na sua performance nos últimos 10 (ou cinco) anos é um exercício coxo, que nos diz mais acerca do passado e presente de uma economia que do seu futuro. Analisar apenas taxas de crescimento oculta também o facto de se estarem a comparar pontos de partida completamente diferentes. É óbvio que nos países “Ocidentais” não há margem para taxas de crescimento equivalentes a países onde a infraestrutura é raquítica e o nível de vida baixíssimo, ou seja onde pequenas melhorias de rendimento ou novos projectos têm um efeito exponencial no PIB, enquanto que as melhorias em países já desenvolvidos têm sempre efeitos marginais no produto agregado. Outro erro comum é assumir que a clivagem fundamental é entre as potencias estabelecidas e os países emergentes. Mais do que desalojar países da Trilateral (EUA/Europa/Japão) da sua posição dominante, o mais comum é certos países emergentes substituírem outros emergentes na hierarquia do sistema-mundo.

    Um dos casos que fura mais a corrente narrativa é o da Rússia, considerada uma potência emergente, mas o que é a Rússia de hoje comparada com o que foi a URSS? Se a Rússia de Putin está bem acima do descalabro Ielstiano, não deixa de estar a anos luz do poder social, geopolítico, político e mesmo económico da defunta URSS. Ou pensemos numa Argentina se é verdade que está bem melhor agora do que na década de 80 do século XX, convém lembrar que a Argentina já foi uma potência económica e política bem mais relevante que nos dias de hoje (no final do século XIX e até à segunda guerra mundial, mais coisa menos coisa).

     No caso de África, corre o debate se o século XXI não será um século muito favorável a esse continente. Até pode ser, espero que seja, mas daí até achar que a África será uma super potência no final do século XXI vai uma grande diferença.

    Mas talvez o caso que mereça maior atenção seja mesmo o da China. São inegáveis os avanços e o desenvolvimento da China nos últimos 30 anos, cuja base foi lançada nos 20 anos antecedentes. Vários números podem ser dados para exemplificar isso, a China ocupa hoje um lugar importante no sistema mundo. Mas irá transformar-se na potência dominante? Os dois textos seguintes dão um bom enquadramento no que concerne à natureza do processo de desenvolvimento Chinês e às tensões a que esse modelo está agora sujeito.      The Global Stagnation and China, John Bellamy Foster and Robert W. McChesney.    China’s capitalism and the crisis, Jane Hardy and Adrian Budd.

     O desenvolvimento de um pujante mercado interno Chinês que absorva as exportações do Ocidente é uma das maiores esperanças dos “mandarins” das potências da Trilateral desejosos de escapar à “espiral recessiva”. Mas a questão prévia é saber se a economia Chinesa conseguirá ajustar-se à queda da procura para as suas exportações no mercado ocidental. A China não sofreu mais com a crise de 2008-2009 porque implementou uma política Keynesiana ao quadrado (ou à escala Chinesa…), até que ponto esses investimentos e o crédito concedido obterá o retorno necessário para sustentar a economia Chinesa e possibilitar a margem de manobra necessária a uma reconversão do seu modelo produtivo com vista a uma dinamização do mercado interno, é algo que está por saber. O que é certo é que entre enunciar um rumo “desenvolver o mercado interno” e de facto operar transformações nesse sentido, vai uma grande distância, até porque essas transformações irão colidir com interesses particulares instalados, interesses que se baseiam no actual modelo produtivo virado para as exportações. Isto num contexto em que a conflitualidade social e laboral atinge níveis importantes, níveis que permitiram de facto, um aumento considerável dos salários na China.

     Mas não é só a contracção no consumo a ocidente que força a uma alteração no modelo produtivo Chinês. Existe também o estagnar do outsorcing e das deslocalizações de empresas ocidentais para a China. O debate sobre até que ponto o outsorcing está a morrer (aqui ou aqui) ou até que ponto está a ocorrer um regresso da Indústria aos EUA, está em curso (aqui, aqui ou aqui). O facto de se dar esse debate é só por si revelador, é revelador, de que, no mínimo, o grau de deslocalizações de Industrias ocidentais para a China estagnou. Portanto, aquele que foi um dos maiores motores de desenvolvimento da economia Chinesa parou. A liderança Chinesa sabe disto, daí a nova orientação para o mercado interno e o assumir de que os anos de crescimento exponencial terminaram.

     Até que ponto é possível a China re-ajustar o seu modelo a este novo ambiente é uma grande questão. E seja qual for a resposta, esta questão por si só desmonta a narrativa do inexorável avanço Chinês até à primazia no seio do sistema-mundo.

Para lá destas questões, a forma como a China chegou a esta posição no sistema mundo merece uma breve discussão. Sobretudo porque permite desmontar certos mitos difundidos pela elite capitalista, tomados por muitos como verdades irrefutáveis. É essa a maior força do artigo China 2013, de Samir Amin.

     ... Foi exactamente por seguir uma via de desenvolvimento diferente do modelo capitalista da trilateral que a China chegou onde chegou, a segunda economia mundial, com o maior nível de crescimento económico das últimas décadas!!! Tivesse a China seguido os conselhos do FMI, Banco Mundial e outros que tais, ainda seria uma nação dividida e marginal no sistema mundo… Outro mito comum é de que o desenvolvimento Chinês deveu-se única e exclusivamente aos salários baixos. Se assim fosse o Burundi ou qualquer outro país a roçar o miserável ter-se-ia desenvolvido exponencialmente. Os baixos salários foram certamente parte da equação, mas estão longe de ser a única componente e cada vez mais serão uma parte menor da equação, uma vez que existe um aumento do rendimento dos trabalhadores Chineses, ao mesmo tempo que na Trilateral/ocidente há um congelamento ou redução dos custos laborais. A existência de (e investimento em) infraestruturas de transportes e telecomunicações, a existência de cadeias logísticas, as economias de escala possíveis, a existência de clusters de indústrias, a urbanização e, last but not least, o controlo político e estratégico de todo o processo por parte do Partido Comunista Chinês é que permitiram a China chegar onde chegou. E sobre o ponto onde a China chegou muito se pode dizer, incluindo, que a enorme redução dos níveis de pobreza mundiais entre os anos 80 e a actualidade se deveu, quase em exclusivo, aos esforços desenvolvidos pela República Popular da China.

    Com todas as suas vicissitudes e contradições, a China foi seguindo o seu próprio caminho. Um caminho que incluí o crescimento exponencial das últimas décadas e a transformação da China no maior centro de manufactura mundial. Este caminho gerou e gera fortes tensões, tanto a nível interno, como externo.

    Quanto às tensões internas e à luta de classes os dois textos que mencionei no início da discussão sobre a China abordam o assunto. Mas acrescentaria mais dois, China in Revolt -Today, the Chinese working class is fighting. More than thirty years into the Communist Party’s project of market reform, China is undeniably the epicenter of global labor unrest - e, The Struggle for Socialism in China.

    O texto Imperialism and instability in East Asia today, de Ha-young Kim foca-se no crescendo de tensões inter-imperialistas no extremo-oriente . ...how-america-wants-to-check-chinas-expansion E o que dizer dos EUA? Sem dúvida que os EUA já não estão na posição dominante inquestionável que por instantes ocuparam após a queda da URSS. Há várias questões que se colocam quanto às bases do seu poderio. Mas neste momento são ainda a potência hegemónica global, o seu poder militar e económico são ímpares. O dólar continua a ser a moeda referência mundial, as forças armadas dos EUA são ainda as mais poderosas do globo (não são é omnipotentes…), em termos de desenvolvimento científico os EUA ocupam um lugar cimeiro, a economia dos EUA (mesmo com problemas) continua a mais pujante do planeta. Desalojar os EUA do seu lugar implica ultrapassar todos estes obstáculos mais a rede de alianças centrada nos EUA (na Ásia com o Japão, Coreia do Sul e outros, na Europa com a NATO, etc…) e a rede de instituições globais (FMI, Banco Mundial, ONU, etc…) desenhadas para manter a hegemonia dos EUA e a actual hierarquia  dentro do sistema mundo encabeçado pela Trilateral, em que o vértice mais alto são os EUA.

     A isto acrescento outra vantagem, que os EUA dispõe face à China e mesmo a uma putativa Europa unificada. O seu grau de coesão. É muitas vezes dito que a sociedade dos EUA é muito desigual, que há uma enorme desigualdade social e na distribuição de riqueza. Sem dúvida, isso é verdade. Mas o que não se faz tanto é comparar a realidade dos EUA com a realidade Chinesa ou Europeia. Na verdade, fazendo uma medição através do índice de gini, os EUA apresentam um índice de desigualdade social semelhante ao da União Europeia! O que acontece é que cada país da UE tem um nível de desigualdade inferior ao dos EUA, mas se a UE for tomada no seu todo, as enormes diferenças entre o norte rico (e.g. Holanda, Finlândia, Dinamarca…) e o sul pobre (e.g. Roménia, Grécia, Portugal…) resultam num índice semelhante aos dos EUA. Mas para além do coeficiente de gini está a realidade histórica e cultural. A Europa é uma manta de retalhos de nações com ódios seculares entre si. A China é também uma realidade muito mais plural do que se julga, por extensos períodos de tempo a China nem foi um país  unificado, mesmo hoje em dia por vezes certas regiões reivindicam a independência (e nem estou a falar do Tibete!)… Nos EUA, apesar de existirem alguns regionalismos, a guerra civil resolveu a questão nacional, não existem movimentos independentistas dignos de registo nem tensões inter-regionais/inter-nacionais significativas. Quando comparado com a China ou a Europa, os EUA são uma realidade político-social muitíssimo mais coesa e homogénea. Em tempos de crise esse grau de coesão faz uma grande diferença.

    Para concluir direi que é importante ter em conta que no actual sistema mundo as potências da Trilateral já não são os únicos agentes relevantes. A China, outras potências na Ásia, África e América do Sul também ocupam um lugar no “grande jogo“. Outro factor a ter em conta é o reforço das relações ditas “sul-sul”, entre China e África, África e América Latina, em que a Trilateral já não ocupa um ponto de charneira incontornável. Estas novas realidades tem impacto na economia, no social e na geopolítica… ou até no simples design de produtos. As ideologias, ideias, artes, padrões estéticos até há uns anos atrás considerados “universais” eram decalcados do mundo ocidental, haverá uma tendência para que os novos padrões universais incluam reflexos de outras paragens e não exclusivamente os do “Ocidente”.

    Dito isto, importa acrescentar que isso não significa que iremos assistir a uma pacífica e inexorável transição para um mundo em que a potência hegemónica seja a China ou outra potência Asiática. Tenho grandes dúvidas que tal venha a acontecer, mesmo a médio prazo. O que é certo é que a emergência destes novos players, sobretudo da China, dará azo a novas contradições inter-imperialistas e irá reacender velhas feridas, isso será cada vez mais visível à medida que a actual crise se agudizar.



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