A vida dura de Jeremy Corbyn. O elefante na sala -I (-por j. guinote, 31/1/2017, Vias de facto)
Jeremy Corbyn tem tido uma vida penosa desde que foi eleito líder do Labour (partido trabalhista do R.U.). Às sucessivas tentativas de o substituir na liderança do partido tem logrado resistir, mas o Brexit e as suas consequências políticas internas parecem estar a arrastá-lo, e ao Labour, para um enorme buraco sem fundo.
No entanto, o líder da oposição aos Tories (conservadores) acerta em muitas das análises que faz e tem um discurso que se revelou mobilizador, promovendo mesmo o reforço da militância em torno do Labour.
A participação de Jeremy Corbyn na Conferência dos partidos socialistas europeus que decorreu em Praga, entre os dias 1 e 3 de Dezembro, permite ilustrar a clareza da sua leitura politica. Nessa conferência Corbyn teve várias intervenções que mereceram bastante destaque e que, com excepção aqui do burgo mais à beira mar plantado, foram noticia e objecto de discussão. Não era para menos. A intervenção de Corbyn constituiu uma análise rigorosa das razões para o falhanço dos socialistas europeus e um conjunto de propostas de mudança da actuação politica dos socialistas que permita alterar as coisas. O homem que Bill Clinton apelidou do "mais maluco na sala", quer realizar uma conferência em Londres para discutir uma nova orientação politica para o socialismo europeu e para criar as condições para um desenvolvimento equitativo.
A primeira razão para a crescente irrelevância socialista no contexto europeu - recorde-se que Rajoy ganha eleições atrás de eleições em Espanha, que o PSD só foi retirado do poder com o recurso à coligação das esquerdas, que Hollande chegou a um tal grau de impopularidade que o obrigou a desistir da recandidatura presidencial pretendendo ceder o lugar ao direitista Manuel Valls –as sondagens indicam que o candidato socialista não irá à segunda volta apesar da vitória de Benoît Hamon sobre Valls- que Matteo Renzi, um 'socialista' da mesma ala direitista de Valls, foi derrotado depois de ter tentado, por via referendária, diminuir drasticamente o carácter representativo da democracia italiana, que na Alemanha os socialistas não descolam do papel de ajudantes de campo da senhora Merkell e o recurso ao ex-presidente do PE Martin Schulz, não os retira desse papel - é o facto de serem vistos como defensores do mesmo modelo económico falhado (o neoliberal), mais do que um veículo para a transformação da sociedade. O famoso pilar esquerdo que tem suportado o neoliberalismo e que Blair (Labour da '3ªvia') e outros construíram com tanto desvelo.
Essa adesão efectiva ao neoliberalismo pode observar-se nas politicas concretas e na forma como a governação é “compatibilizada” com o modelo dominante de compressão das despesas públicas em sectores onde a acção do estado é fundamental – saúde, educação, habitação entre outros – favorecendo a acção do sector privado em nome de um crescimento milagroso. Milagroso porque, através da adopção de politicas fiscais cada vez mais liberais favorece a desigual acumulação da riqueza. that too often the left had been seen as "apologists" for a"failed" economic model rather than a vehicle for change.(,,,) TheLabour leader said left-wing parties across Europe were losing ground because they had allowed their principles to be "diluted" to the point where voters no longer knew what they stood for.
Os partidos socialistas - segundo Corbyn - são vistos como defensores do status quo e dessa forma os cidadãos viram-lhes as costas já que o status falhou, como eles sentem dolorosamente no seu dia a dia. Abandonar os princípios apenas porque alguém defendeu - e defendem ainda hoje, como se vê pela ala direita do PS português - que sem essa abdicação nunca chegarão ao poder, é - foi ao longo de anos - um erro crasso, um disparate. A famosa teoria da "importância do centro" que a última sondagem divulgada em Portugal veio recuperar do baú onde estava conservada com a adequada dose de bolas de naftalina. We cannot abandon our socialist principles because we are told this is the only way to win power.That is nonsense,
Os seus confrades, muitos deles fortemente comprometidos nestas politicas, devem ter deplorado esta companhia. (Podem-se escutar alguns momentos da intervenção de Corbyn aqui ).
Ora um dos problemas com que Corbyn se depara neste preciso momento resulta da posição que resolveu adoptar face ao Brexit. Uma posição de não oposição com base num reclamado respeito pela decisão popular.
Corbyn que liderou uma campanha pela manutenção na UE e pela sua reforma - Remain and Reform - aparece nesta altura tolhido pelas contradições que o Brexit testemunha e que atravessam a sociedade inglesa dividindo de forma brutal o eleitorado tradicional do Labour.
------ (países do sul da eurozona) Grupinho? (-por J.Rodrigues, 31/1/2017, Ladrões de b.)
Mário Soares: laico, republicano, socialista.
Conclusão da intervenção de M. Soares no debate final global da Constituição da Rep. Portuguesa na Ass. Constituinte, a 2 de Abril de 1976. - Obrigado (-por D.Crisóstomo, 365forte.)
-- Coragem, liberdade, democracia e tolerância
-- Como recordo Mário Soares. (-por J.Semedo; via J.Lopes, Entre as brumas)
«Não há vidas sem mácula. A vida longa, intensa e plena de Mário Soares não é excepção, mesmo sendo ele uma figura excepcional. De que Mário Soares falamos, que Mário Soares recordamos hoje? O Mário Soares da Fonte Luminosa e do socialismo na gaveta, o líder do PS que arrastou toda a direita atrás de si? Ou o Mário Soares da luta antifascista e do exílio e que, mais tarde, nos apertos da democracia, se levantou contra a direita, quer no combate a Cavaco quer, tempos depois, na oposição à troika e ao governo de Passos e Portas?
-- Passos Coelho esteve bem (-por OJumento)
Depois de tudo o que Mário Soares disse dele e dos seu governo, Passos Coelho esteve à altura das circunstâncias, falou de Soares da forma que devia falar, sem ressentimentos, sem afirmação de divergências e sem julgamentos sumários. Depois disso assinou o livro de condolências na sede do PS, de onde saiu sem protagonismos jornalísticos oportunistas, numa demonstração de respeito. ...
--Mário Soares (pessoa, cidadão, político) [-por M.E.Cardoso, Público].
«Mário Soares não levou nada com ele. Deixou tudo connosco. É essa a maior generosidade que uma pessoa pode ter: querer tudo para os outros e dedicar a vida a lutar por isso — e por nós.
Mário Soares não se importava que não gostassem dele. Ia em frente, achassem o que achassem. É essa a coragem maravilhosa que deixou: serviu de exemplo da liberdade mais importante de todas, que é a liberdade de sermos como somos e acreditarmos no que acreditamos.
Até ao fim da vida, Mário Soares exerceu essa liberdade da maneira mais desobediente, imprevisível e desconcertante. Falava alto quando queríamos que se calasse. Quanto mais queríamos que se calasse, mais alto falava.
Mário Soares foi um rebelde e um inconveniente. Era um grande erro tratá-lo com condescendência ou passar-lhe a mão pelo pêlo. Ele reagia com arrogância não só à arrogância como aos excessos de humildade. Não era nenhum santo, graças a Deus. E nunca nos deixava esquecer isso.
No final de cada batalha — a grande maioria das quais perdeu descaradamennte — Mário Soares parava para dar lugar aos vencedores, saudando-os de igual para igual, como se também tivessem perdido.
Pouco importava na estima dele. Mário Soares era uma pessoa profundamente civilizada e humana. Revia-se nas fraquezas que todos herdamos mas poucos reconhecem. Era mimado mas recusava-se a mimar. Respeitava os outros não porque os outros tinham alguma coisa de especial — mas porque não tinham. Eram seres humanos, cidadãos, compatriotas. E isso chega. Isso deveria sempre chegar se todos nós tivéssemos a ideia generosa de democracia que Mário Soares tinha, pôs em prática e deixou para que nos habituássemos a ela e fôssemos, por nossa vez, libertados por ela.
Mário Soares deixou a pessoa dele nas gerações de camaradas e opositores que ele directa ou indirectamente inspirou. Podemos não reconhecer essa dívida — tanto faz. A liberdade de cada um de nós não cai nem cresce por causa do mal ou do bem que pensamos dela. É essa a única liberdade valiosa: a que não depende da nossa aceitação; a que é
independente da nossa vontade de exercê-la ou reprimi-la.
Pode-se dizer mal de Mário Soares, o mal que se quiser. Não há nada que ele não tivesse ouvido em vida — e verdadeiramente tolerado, não com sobranceira indiferença, mas com o respeito democrático que vem dar ao mesmo. Encolher os ombros faz parte da liberdade. Foi Mário Soares que nos ensinou isso, tanto quando ergueu o punho como quando encolheu os ombros.
Mário Soares era o político que era uma pessoa. Recusou-se sempre a ser um salvador ou uma figura acima da multidão. Ele era o político que era de um partido — o Partido Socialista — e com muita honra. Ele era um laico convicto, capaz de dar tudo pela liberdade religiosa de todos aqueles que têm religiões diferentes da grande maioria. Ele era um republicano honrado que sabia falar com monárquicos, que os monárquicos respeitavam por ter sempre consciência de que tudo depende
sempre do que sente cada um de nós e que as nossas crenças, nunca sólidas ou imutáveis, são tão nossas como a nossa humanidade.
É essa semelhança no que nos distingue que nos dá razão para acreditar na humanidade e em ideais tão antigos e modernos como a liberdade, a fraternidade, a justiça e o progresso económico, social e político.
Mário Soares era um revolucionário burguês. Os burgueses criticaram-no por ser revolucionário e os revolucionários criticaram-no por ser burguês. Era por isso que ele é tão refrescantemente moderno: ainda não nos aproximámos do que ele queria para nós.».
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M.Soares no histórico frente-a-frente televisivo ("Olhe que não, .../ olhe que sim, ...") com Álvaro Cunhal, em 6.11.1975.
Assim começa o 9º parágrafo da Declaração de Princípios do Partido Socialista. E aqui o cito com o propósito de relembrar a muitos aquilo a que o PS deve ser ser de facto leal. Deve ser leal a estes valores, a estas causas, a estas lutas e conquistas. Deve apoiar quem por elas batalha, seja em Portugal seja noutra parte do globo. Deve ser solidário com aqueles que, por via do combate político, foram derrotados nas urnas, no sufrágio eleitoral popular.
Deve também assim distanciar-se daqueles que claramente demonstraram publicamente que abandonaram as causas que outrora defenderam. O PS não deve, assim, qualquer lealdade ao PASOK («ps» grego), que, coligado com um partido de direita, implementou e defendeu uma politica que arrastava e arrastaria o povo grego para anos de subserviência, de indignidade, de desespero, de destruição do tecido socioeconómico. O PASOK não perdeu eleições defendendo o reforço e a modernização do Estado Social, defendendo políticas que reduzissem as desigualdade de rendimentos, defendendo o reforço dos apoios sociais e do investimento público - o PASOK perdeu eleições defendendo o injusto programa de "ajustamento", defendendo a privatização e delapidação do sector público grego, defendendo o retrocesso nos programas de apoio social. O PASOK já não representava os ideais que o Partido Socialista português sempre defendeu no exercício do poder executivo e legislativo. E faz-me confusão como possam haver militantes do PS que achem o contrário ou que acreditem que a lealdade das famílias politicas é incondicional, onde as politicas aplicadas e defendidas são um factor acessório.
"A verdadeira e única lição que temos a retirar das eleições gregas é que o PS em Portugal não é nem será o PASOK, porque não estamos cá para servir as políticas que têm sido seguidas mas, pelo contrário, criar alternativa às políticas que têm sido seguidas" disse, e muito bem, António Costa. Na mesma linha das declarações do deputado João Galamba no final da reunião da Comissão Nacional do PS: a atual expressão eleitoral do PASOK é a consequência de "quem se alia a direita e pratica politicas de direita". Tão simples quanto isto.
Quem então melhor se aproximava dos ideias do Partido Socialista português nas últimas eleições gregas? Remeto-vos para o 13º parágrafo da Declaração de Princípios do PS:
"O PS acredita que é preciso ser-se radica l na defesa da democracia, como sistema político fundado nos direitos humanos, na soberania popular, no primado da lei e na livre competição entre ideias e programas, e como sistema social que se baseia na iniciativa das pessoas e valoriza a diversidade e a diferença, o encontro e o respeito mútuo entre gentes e culturas, a expressão criativa e a participação e inovação social." Tirem as vossas conclusões.
(+) Uma lição grega: os partidos também morrem (-por T.B.Ribeiro, 3/2/2015)
Entrevista de Pedro Nuno Santos, ao Jornal Sol de 12/6/2014 (via N.Oliveira, 365forte)
Membro do núcleo político de Costa, diz que as diferenças para Seguro estão sobretudo na capacidade de liderar. Descarta um bloco central e elogia políticas socráticas.
- Acho que deve ser respeitado na medida em que não obrigue o Estado a desrespeitar os compromissos com o povo português. O Tratado Orçamental não pode pôr em causa o compromisso que o Estado tem com os seus trabalhadores, com os pensionistas, com o povo. Este compromisso deve ser honrado em primeiro lugar.
- Mas como se reduz o défice sem cortar despesa no Estado?
- Cortar despesa e aumentar impostos para cumprir o défice orçamental leva a que o resultado seja o contrário do desejado. Temos de mudar o paradigma para conseguir o equilíbrio sustentável das contas públicas. Isso só se faz com políticas de crescimento económico.
- António Costa, em relação à Europa, disse: «nunca mais [seremos] subservientes». Devemos contestar as metas orçamentais em Bruxelas?
- Deve haver uma atitude que afirme os interesses de Portugal e não temos tido isso nos últimos anos, sem subserviência, como diz António Costa. Não é o que temos tido. O primeiro-ministro quis ir 'para além da troika' e duplicou a dose de austeridade que estava negociada. Precisamos de adoptar uma estratégia inteligente sem pôr em causa a participação de Portugal no projecto europeu, que garanta a Portugal liberdade para uma política diferente.
- O PR apelou a entendimentos entre os partidos até ao OE. Como deve agir o PS?
- O problema do país não é o PS negar-se a entendimentos com a direita. Precisamos é de mudar essa política. E essa mudança já não se vai fazer com esta maioria.
- O que afinal distingue António Costa de António José Seguro nas políticas concretas?
- Não temos de estar já a tentar encontrar as diferenças programáticas entre Costa e Seguro, elas acontecerão naturalmente. O principal problema do PS é um problema de liderança, é a incapacidade da liderança do PS de mobilizar o povo português para um programa alternativo. É a isto que temos de dar resposta. António Costa tem mostrado a capacidade de mobilização que a actual liderança não tem tido.
- As europeias mostraram essa incapacidade?
- Sim. Se, em 2011, nas últimas legislativas, tivemos uma derrota com 28%, em 2014, no estado em que o país está, só conseguimos subir 3 %. Isso quer dizer que não conseguimos ganhar a confiança do povo português.
- António Costa pediu uma maioria forte'. O PS deve aliar-se preferencialmente à esquerda e descartar um bloco central?
- Eu entendo que o PS devia construir uma maioria à esquerda. Embora o primeiro objectivo deve ser o de obter uma maioria absoluta - e António Costa tem condições para o conseguir, como as sondagens o demonstram. Mas precisamos de uma maioria que governe à esquerda e é impossível esse governo tendo como aliados o PSD e o CDS.
- As primárias vão dar direito de voto a simpatizantes do PS. As candidaturas vão 'arrebanhar simpatizantes', como prevê, criticamente, José Sócrates?
- Costa fala em renovação do PS mas tem com ele toda a ala socrática. Não há o perigo de regressar ao passado?
- A ideia de que há uma ala socrática não é partilhada por mim. Agora, todos os militantes do PS são importantes e não me parece que António Costa descure nenhum, era o que faltava. Nós não temos nenhum problema com José Sócrates, foi líder do PS seis anos e fez coisas muito importantes para o país. Quanto à renovação, não tenho dúvidas de que acontecerá, essa é a história de António Costa que conseguiu sempre trazer novos quadros ao PS, como agora aconteceu ao escolher os jovens Fernando Mediria e Duarte Cordeiro para a Câmara de Lisboa.
Congresso do PSE: discutir a Europa, mudar a UE (-por Ana Gomes, 4/3/2014)
Perante os riscos de regresso da guerra à Europa, ..., os portugueses decerto percebem como é valioso haver uma Europa com liderança forte, coerência e eficácia na acção - que não é, claramente, o que têm neste momento.
Ora dessa outra Europa se tratou, na passada sexta-feira e no sábado, em Roma no Congresso do PSE - Partido Socialista Europeu. Um Congresso sob o lema "A caminho de uma Nova Europa” que pode vir a ficar na História se, no próximo mês de Maio, a maioria dos cidadãos votar nas eleições para o Parlamento Europeu e, votando nos socialistas, escolher o actual Presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, um aguerrido combatente pela unidade europeia, para suceder a Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia.
Será histórico porque esta vai ser a primeira vez em que os europeus não elegerão apenas os seus representantes para o Parlamento Europeu, mas vão determinar quem vai presidir ao órgão motor do funcionamento da UE que é a Comissão Europeia. Nestas primeiras eleições depois da entrada em vigor do Tratado de Lisboa, os chefes de Governo vão ter de designar o Presidente da Comissão tendo em conta os resultados das eleições para o Parlamento Europeu. A Comissão deverá, assim, ver a sua legitimidade e capacidade de acção reforçadas e por isso é fundamental que os eleitores conheçam e avaliem os candidatos e os programas que eles propõem.
Os últimos dez anos de declínio e de desacreditação da UE aos olhos dos próprios europeus ficarão indelevelmente ligados a um Presidente da Comissão fraco - Durão Barroso, que havia acabado de perder fragorosamente as eleições em 2004, foi escolhido por ser fraco e para ser fraco face aos governos dos maiores países, para aplicar subserviente e acriticamente a receita neo liberal:
- primeiro na desregulação desenfreada do sector financeiro e na destruição da indústria europeia e,
- depois, detonada a crise financeira, para aplicar a receita austericida, devastadora da economia, do emprego, da solidariedade e da confiança na UE, nos governos e na política.
Ora é exactamente para romper com a Europa da austeridade sem crescimento, incapaz de criar emprego, para acabar com uma UE que atraiçoa os seus próprios princípios de funcionamento democrático, de justiça social e de redistribuição de riqueza, com uma UE que viola os direitos dos cidadãos e tudo continua a subordinar aos mercados e aos interesses das oligarquias financeiras, que os socialistas e verdadeiros sociais democratas europeus propõem Martin Schultz para conduzir a UE à mudança que é urgente.
Note-se que este foi um Congresso em que participaram dirigentes socialistas e sociais democratas em posições de poder, do vice-chanceler alemão Sigmar Gabriel, ao primeiro-ministro francês Jean-Marc Ayrault ou ao novo presidente do Conselho italiano Matteo Renzi e em que se empenharam os partidos da família socialista. E as intervenções feitas por esses e outros dirigentes, as orientações que votaram e a que vincularam os seus partidos e que estão consagradas no Manifesto do PSE para apresentar aos cidadãos nas próximas eleições europeias não podem, de maneira nenhuma, reduzir-se aos rituais das “missas” político-partidárias:
- foram assumidos compromissos claros para mudar o rumo da Europa, com prioridade para combater o desemprego - e o desemprego jovem em especial -
- para reinvestir na base industrial da Europa,
- para impôr regulação aos mercados financeiros e travar a evasão fiscal e os paraísos fiscais.
Para a definição dos compromissos que constam do Manifesto do PSE (http://www.pes.eu/en/news/pes-manifesto-adopted-clear-focus-job-creation ) contribuiu activamente o PS, como sublinhou António José Seguro, que fez no Congresso uma substantiva intervenção defendendo uma política orçamental comum aos 18 estados da zona euro como meio de promover o crescimento económico e a criação de emprego, a possibilidade de o Banco Central Europeu (BCE) funcionar como prestador de último recurso e poder emprestar diretamente aos países da União Europeia e, ainda a mutualização de parte da dívida pública dos Estados Membros. Por proposta do PS, assinalo, o Manifesto do PSE, a que Martin Schulz está vinculado como candidato à presidência da CE, consagra explicitamente "a importância de mutualizar responsabilidades e direitos na eurozona".
La Unidad en torno a un Programa de Mínimos (-EcoRepublicano.es,
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Esquerda: to be or not to be (-por D.Oliveira, 29/1/2014, Expresso)
Se nada for feito a direita acabará, contra todas as previsões, por vencer as próximas eleições legislativas ou, mais provável, o PS governará com ela. Porquê? Porque o PS não tem que se preocupar com o seu flanco esquerdo, que se encarrega de se boicotar a si próprio. Pode continuar a desculpar-se com a impossibilidade de fazer alianças com aquele lado.
Que não haja confusão: acredito que, se depender apenas da vontade das suas direções, o PS está disposto a fazer, talvez com menos estardalhaço e dureza, o mesmo que este governo. E que a razão pela qual o fará não resulta apenas ou especialmente da falta de aliados à esquerda mas por ser para isso que o poder, o poder que conta, o empurra. Se não for por convicção, será por inércia. E a inércia é hoje o que sobra aos partidos socialistas e social-democratas da Europa (e a grande parte dos eleitores: abstencionistas e alienados !!).
É verdade que a cultura de cedência socialista (de Blair a neoliberais) não é propriamente nova. Ela teve, aliás, fortíssimas responsabilidades na desregulação financeira e na desastrosa arquitetura do euro e da atual União, dois factores fundamentais para explicar esta crise. Não eram todos iguais. Os socialistas lá iam distribuindo a riqueza de forma um pouco menos forreta. Só que agora, ao contrário do que acontecia no tempo das vacas gordas, para garantir os direitos dos de baixo será mesmo preciso aborrecer os de cima. E o que está a acontecer é, de forma pornográfica, o contrário.
Não foi a direita que usou um décimo do que a Europa produz para salvar os bancos. Foi a direita E foi a 'esquerda' (neoliberalizada, que se juntou ao 'centrão de interesses').
Não foi a direita que trouxe a troika e assinou um memorando que é um programa ideológico (neoliberal) escrito por fanático (e aplicado por desgovernantes fantoches «+papistas»). Foi a direita e foi a esquerda. Não foi a direita que aprovou um Tratado Orçamental que ilegaliza políticas keynesianas. Foi a direita e foi a esquerda.
E este consenso na desgraça só terá um fim quando a extrema-direita puser em perigo as democracias europeias (risco que dispenso correr) ou quando a esquerda que não acompanha a "hollandização" dos socialistas os assustar a sério. Ou há uma força à esquerda dos socialistas capaz de os assustar - e capaz de assustar aqueles que vivem desta crise - ou estamos tramados. Seja porque seremos engolidos pela crise, seja porque os salvadores que vão surgir nos levarão para um inferno ainda pior.
A política trata do poder. E eu quero uma esquerda mais firme que chegue ao poder, sozinha se alguma vez isso for possível (o que não me parece) ou aliada aos socialistas (se tiver que ser). Não porque essa esquerda agrade às direções socialistas mas sim porque agrada ao eleitorado socialista e, desse modo, assusta as suas direções. Eu quero uma esquerda que a direção do PS tema, porque entra bem fundo na sua base de apoio.
Não quero uma esquerda que permita ao PS esvaziar o que está à sua esquerda para poder governar com um amigo dócil. Não quero uma esquerda que o PS apadrinhe porque lhe anda a preparar uma bengala. Quero uma esquerda que obrigue o PS a governar à esquerda e com a esquerda, caso contrário pagará por isso.
E a verdade, hoje, é esta: ao contrário do que julgam PCP e BE, ao PS saem de borla as viragens à direita. Porque nenhum eleitor do PS acredita que PCP e BE alguma vez queiram realmente governar. E faz muitíssimo bem em não acreditar. Só que é exatamente isso que a maioria dos eleitores quer saber: quem quer governar e para quê ? Quem não quer, ou só o quer daqui a umas décadas, não conta. Serve apenas de escape do sistema. Tem a sua utilidade. Mas parece-me que precisamos de mais.
Quando e se chegar ao governo, o PS só travará as privatizações, só baterá o pé à troika, só mudará de posição em relação ao Tratado Orçamental, só quererá renegociar a dívida, só travará a destruição do Estado Social que ajudou a construir se tiver medo. Na realidade, tem mesmo de ter muito medo. E se mesmo com medo não resistir aos apetites de quem quer ficar com os despojos desta tragédia económica e social, que ao menos haja uma força credível, representativa, socialista, reformista e realista em relação à reduzida capacidade de regeneração da União Europeia, para lhe ser alternativa, caso aconteça o que está a acontecer aos socialistas gregos e franceses. Mas não haja confusões: em Portugal não haverá um Syriza. Mais depressa os portugueses saltam para a abstenção do que radicalizam o seu voto e o levam para as margens. O que faz falta é uma força política que ocupe o espaço ideológico que os socialistas estão a deixar vago. E não uma força política que compita com o espaço que o PCP já ocupa.
Tenho escrito muito sobre o suicídio dos partidos socialistas e social-democratas europeus. Mas não tem sido menos perturbante ver o suicídio dos que estão à sua esquerda, em Portugal. Não o PCP, que continuará a crescer, com a sua estratégia inteligente e sem percalços, para depois festejar vitórias, gritar que "assim vê a força do PC" e pendurar tudo na parede para não a estragar com o uso. O que perturba é a outra esquerda, que supostamente tinha outros objectivos (teria?). Teve recentemente a oportunidade de encontrar aliados e fazer parte duma coisa maior. Não quis aproveitar. Nos meandros e responsabilidades neste desfecho não entrarei, por lealdade com todos e por não me querer envolver em polémicas inúteis. Mas sei que acabou por ficar na cabeça das pessoas, ainda mais do que antes, a ideia de que "não há como esta gente se entender". É a repetição da cena de "A Vida de Brian", dos Monty Python, em que os membros da Frente do Povo da Judeia explicam a um novo militante que, pior do que os romanos, só a Frente Judaica do Povo, a Frente Popular do Povo da Judeia e a Frente Popular da Judeia (esta apenas com um membro). Todos divisionistas, claro. Como disse Ana Drago, numa entrevista à SIC Notícias, isto há de parecer "uma conversa bizantina" para a maioria das pessoas.
Acho bem que toda a gente seja paciente. Que todos fiquem à espera para ver se, depois das próximas eleições europeias, alguém acorda. Mas se ninguém acordar parece-me que a postura que resta para quem quer construir uma alternativa política credível e representativa, à esquerda, terá de ser a de arregaçar as mangas e meter mãos à obra. Não dá para continuar a esperar que a esquerda vença os seus mais mesquinhos sectarismos, os seus ódios a hordas de traidores e proscritos, enquanto este país se afunda. Não dá para repetir tentativas falhadas de vencer esta cultura e que acabam em frustração e descrédito, motivo natural de chacota e piada. De uma coisa não tenho dúvidas: basta aparecer à esquerda uma força digna de algum respeito e credibilidade para que aconteça um terramoto político em Portugal. E quem não estiver disposto a ser apenas uma parte de uma coisa maior deixará provavelmente de ter existência política digna de nota.
Renegociar a dívida: quando e como ?
Debate com José Castro Caldas (IAC) e Ricardo Cabral (Un. da Madeira)
29 de janeiro de 2014, 17.30 horas, Centro de Informação Urbana de Lisboa (CIUL), Picoas Plaza- Rua Viriato, 13, Núcleo 6-E, 1º, Lisboa
No momento em que é entregue na Assembleia da República a petição “Pobreza não paga a dívida: renegociação já”, subscrita por mais de seis mil cidadãos e cidadãs, a Iniciativa para a Auditoria Cidadã (IAC) apresenta e leva à discussão as razões que justificam a abertura urgente de um processo de renegociação da dívida.
Apelamos à divulgação deste debate.
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EUROPA - miragem ou horizonte ? (-por R.Namorado, 16/1/2014, OGrandeZoo)
C'est toujours la même histoire? (-J.Rodrigues, 16/1/2014, Ladrões de B.)
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O Muro de Berlim dos socialistas (-por Daniel Oliveira, 16/1/2014, Arrastão e Expresso online)
Esta conversão final de Hollande resulta da ausência duma narrativa alternativa (socorro-me do contributo doutro socialista famoso) para explicar esta crise. Sem ela, estão condenados a chegar às mesmas conclusões que aqueles a que supostamente se opõem. Esses sim, têm uma narrativa(neo/ultra-liberal privatizadora e anti-democrática): esta crise resulta dum Estado Social insustentável que levou a défices e dívidas públicas incontroláveis e dos custos excessivos da sua mão de obra que levaram à perda de competitividade da Europa. No meio, já ninguém se parece lembrar de como e onde nasceu realmente esta crise financeira e de que forma ela se alastrou pela Europa. Não seria necessário fazer grande esforço para encontrar uma "narrativa" alternativa. Bastaria consultar a cronologia dos acontecimentos.
A narrativa agora dominante é simples e leva a um programa claro: privatização ou redução das funções sociais do Estado, reduções fiscais para as empresas, redução de rendimentos do trabalho e perda de direitos sociais e laborais. Como os socialistas e social-democratas não têm, apesar de todas as evidências, outro diagnóstico para apresentar também não têm programa. São baratas tontas à procura do seu próprio lugar. É um equívoco pensar que o problema dos (PS/D) socialistas portugueses, franceses, espanhóis ou alemães são as suas lideranças sem carisma. Isso não é causa, é consequência. Seguro ou Hollande são os líderes certos (moles e 'virusados' neoliberais) para o atual discurso socialista: um redundante nada.
Só que em democracia é necessário haver alternativas. Para que os cidadãos não fiquem condenados a uma qualquer fatalidade e para que não sejam obrigados a procurar fora da democracia a solução para os seus problemas. Uma das razões porque me oponho a "governos de salvação nacional" é exatamente porque, se falham, deixam os cidadãos sem um "plano B" dentro do próprio sistema democrático. E é normal que essa alternativa seja garantida por forças que, pela sua implantação política e eleitoral, pelo seu conhecimento do aparelho de Estado e pela sua história, estejam em condições de liderar um governo. Mais: neste caso concreto, seria normal que fossem os socialistas e os social-democratas (europeus, não haja confusão com os "social-democratas" portugueses) a defenderem o Estado Social que é, em grande parte, criação sua. E a ter, já agora, uma visão alternativa sobre os caminhos do projeto europeu que ajudaram a construir.
A desistência dos socialista em apresentar alternativas obrigará, naturalmente, a uma alteração do quadro político na Europa. Ela já está, na realidade, a acontecer. Pode materializar-se no crescimento de forças à esquerda de socialistas e social-democratas. Por via da aliança entre estes e dissidentes socialistas, como aconteceu, muito timidamente, na Alemanha, com o Die Linke, ou por via do crescimento da esquerda radical, como sucedeu na Grécia, com o Siryza. Pode resultar no crescimento da extrema-direita, como está a acontecer em França, em que a Frente Nacional arrebanha o eleitorado socialista, baseando o seu discurso numa agenda social tradicionalmente de esquerda. Pode terminar no estilhaçar o sistema partidário à esquerda, com o crescimento de fenómenos inorgânicos, como em Itália, com o Movimento Cinco Estrelas. Ou pode acontecer que haja, dentro dos próprios partidos socialistas e social-democratas, uma revolta interna e que uma nova geração de políticos, que não está comprometida com os erros do passado, volte a dar aos socialistas um papel ideologicamente relevante (não é o mesmo que relevância eleitoral). Ainda não aconteceu em lado nenhum.
Uma coisa é certa: a política tem horror ao vazio. E é isso mesmo que a desistência socialista está a criar: um enorme e perigosíssimo buraco político, pronto a ser preenchido por o que há de melhor e, sobretudo, o que há de pior na Europa. Se não mudarem de rumo e insistirem em não ser mais do que uma versão mole dos que hoje dominam o pensamento político europeu, os socialistas estarão condenados a ser, como são os comunistas em quase todo o espaço europeu, uma relíquia do passado. Os opositores do modelo social europeu dirão que a única forma do centro-esquerda se modernizar é ficar igual a eles. É natural que seja esse o seu desejo. Mas é evidente que não lhe trará grande futuro. Se nada mudar, esta crise pode bem vir a ser o Muro de Berlim dos social-democratas (a cair).
Um novo sujeito político à esquerda (-por Daniel Oliveira, 14/11/2013, Arrastão e Expresso online)
Não precisamos de nos esforçar muito para olhar para António José Seguro e ver, na sua impreparação e falta de carisma, na sua falta de convicções e de programa, na sua moleza de carácter e na sua hesitação constante em matéria de princípios, um Hollande em potência. O voto favorável dos socialistas ao Tratado Orçamental (uma aberração para qualquer pessoa que defenda algum papel do Estado no combate a crises económicas) e a abstenção na redução do IRC (que, associada a um IRS e um IVA na estratosfera, resulta numa brutal transferência de recursos dos trabalhadores e dos consumidores para os bolsos das maiores empresas nacionais) diz tudo sobre o que podemos esperar de Seguro num governo, provavelmente em coligação com o PSD. Apesar das espectativas estarem tão baixas, arrisco-me a dizer que, como primeiro-ministro, António José Seguro será, como Hollande está a ser em França, a maior decepção que a esquerda portuguesa já viveu.
Mas é assim que as coisas têm de ser? Não há outra alternativa para além de esperar que a alternância na austeridade se vá processando em degradação permanente da democracia? Como em tudo, recuso destinos marcados. Em Espanha, onde, tal como por cá, a extrema-direita não medra, a austeridade imposta pela direita e o vazio de discurso do PSOE está a ter outros efeitos. Como cá, cerca de 75% dos espanhóis desaprova a ação de Rajoy (PP). Mas ainda mais (85%) desaprovam a liderança de Rubalcaba, no PSOE. PP e PSOE descem nas sondagens. É o fim do bipartidarismo espanhol - ainda mais poderoso do que em Portugal - que está em causa. Só que a decepção com estes dois partidos, apesar de engrossar a abstenção, não se fica por aí. O partido centrista, federalista, antinacionalista e laico (pouco definido do ponto de vista ideológico, mas em grande parte vindos das hostes do centro-esquerda) criado em 2007, UPyD, passa de menos de 5% para mais de 10%. Mas também a Esquerda Unida (IU) sobe dos 3% (nas eleições gerais em 2008) e 7% (nas mesmas eleições em 2011) para próximo dos 12% nas próximas europeias (onde teve, em 2009, 3,7%). Conforme as sondagens, uma e outra força política ocupam o terceiro e o quarto lugar, muito acima em intenção de votos do que é habitual. Os resultados da IU, muito menos significativo do que seriam se tivesse conseguido ir mais longe na sua abrangencia política, e da UPyD estão a obrigar o PSOE a reagir. De forma errática, é verdade. Mas já começou a viragem do discurso à esquerda e mudanças importantes no seu funcionamento interno.
Estou absolutamente seguro que, em Portugal, só uma forte ameaça vinda da esquerda pode impedir que o Partido Socialista (vire ao centro neoliberal e) siga o seu homólogo francês. E só ela pode obrigá-lo a dialogar e a entender-se com quem se opõe à austeridade em vez de dar ouvidos aos Amados, Teixeira dos Santos e restantes apologistas do bloco central. Quem julgue que basta apear a nulidade que é Seguro para travar esta corrida para o abismo está enganado. A questão ultrapassa a personalidade que lidere o PS. A questão é muito mais profunda: (a direcção do) PS, tal como o PSF e o PSOE, não tem um discurso consistente sobre esta crise. Porque, para ter esse discurso, teria de rever a matéria dada. As responsabilidades do centro-esquerda para a criação das condições para esta crise europeia e nacional são demasiado grandes para que possa regressar ao poder e mudar alguma coisa sem uma profunda reflexão. Começando pelo seu discurso europeu.
Essa ameaça dificilmente poderá surgir, por si só, de um novo partido político. Isso poderia balcanizar ainda mais o que já está dividido, bloqueando qualquer solução e, no fim, apenas contribuindo para oferecer, em troca de nenhuma alteração substancial de rumo para o país, um pequeno aliado aos socialistas. Essa ameaça dificilmente pode surgir do PCP, que não está interessado em qualquer estratégia de reconfiguração da esquerda portuguesa e cuja possível e circunstancial entrada no eleitorado socialista nunca terá, pela ausência de política de alianças, grandes repercussões. E essa ameaça não virá do Bloco de Esquerda, que perdeu a oportunidade histórica de cumprir esse papel. Hoje não tem capacidade de atração do eleitorado socialista ou de qualquer eleitorado que não seja já seu. A verdade é que dificilmente, em Portugal, com a nossa história, um movimento político amarrado à tradição da extrema-esquerda poderá ameaçar o PS. Não é apenas uma questão de imagem. É uma questão de conteúdo programático e de tradição política. Na reconfiguração do cenário partidário à esquerda, a abrangência ideológica tem de ser muitíssimo maior do que hoje é abarcado pelos partidos à esquerda dos socialistas. Para ser muito maior a sua credibilidade e o seu espaço de progressão.
Um novo sujeito político (coligação/frente democrática) deve juntar quem, fora e dentro dos partidos existentes, esteja interessado em unir forças. Pode e deve abranger partidos políticos já existentes ou partidos políticos que se entretanto se possam formar. Mas a refundação de um espaço político à esquerda do PS (e com este?) tem de ser muito mais do que uma simples soma de descontentamentos. Tem de transportar consigo um potencial de esperança que os atuais atores políticos são incapazes de oferecer aos portugueses. E isso depende dos seus protagonistas e do realismo e coragem das suas propostas. Tem de corresponder a uma frente democrática que defenda um novo papel para Portugal na Europa. Um patriotismo que, não desistindo dos combates europeus, ponha a democracia e o Estado Social como as primeiras de todas as suas prioridades. E que esteja, na defesa da soberania democrática e dos direitos sociais, disposta a negociar com todos os que defendam um programa urgência nacional que se apresente com firmeza em alternativa ao programa de subdesenvolvimento proposto pela troika. É isto, ou a preparação para a deprimente tragédia francesa.
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