Abram alas ao homem dos submarinos que vai entrar no próximo governo de Portugal. É, a imediata conclusão que se poderá retirar de uma sondagem realizada pela Marktest para o Expresso e com a antevisão (especulativa) do que sucederá nas legislativas antecipadas, se tais resultados fossem estes.
É certo que o trabalho de campo decorreu com o cenário de crise política instalada, sendo manifestos os efeitos de desgaste político e de imagem face a José Sócrates.
Os dados obtidos, em tal, putativo, escrutínio, indicaram que O PSD e CDS conseguem, em conjunto, maioria absoluta fundamentalmente, ao que tudo indica, por mérito do CDS e não do PSD e acima de tudo devido à imagem do seu líder, Paulo Portas.
Portas é, aliás, só ultrapassado por Cavaco Silva que há três meses foi reeleito para o seu segundo mandato, o segundo político mais popular. Os portugueses, parece, reconhecer-se, cada vez mais, no trabalho e nas propostas do CDS e parece, também, já ter esquecido todas as polémicas (ainda que o assunto se encontre em processo judicial) em torno da compra dos, famigerados, submarinos. A razão de tal simpatia, tudo indicia, decorrerá do facto o CDS (na pessoa do seu líder) aparecer aos olhos dos eleitores a tomar posições claras, concretas, sem medo, nem (aparentes) calculismos.
Paulo Portas estará, agora, a ser beneficiado por ter marcado presença enquanto o PSD andou e continua a dar mostras ziguezagueantes, nomeadamente na forma como negociou e permitiu que tivessem sido aprovados os vários Planos de Estabilidade e Crescimento, sem que, simultaneamente, tivesse sido mais claro nas suas posições políticas ou dado a conhecer propostas alternativas mais credíveis do que as apresentadas pelo governo.
Mais grave, ainda, foi o facto do PSD nunca se ter colocado, claramente, disponível para negociar, com o PS e no âmbito da Assembleia da Republica, a aprovação de mediadas de claras e rigorosas reestruturações, tanto do aparelho do Estado e autarquico, como do respectivo sector empresarial que, agora e de há muitos anos, também, se vê abraços com as consequências das incoerências dos vários governos (PSD, CDS e PS) cuja atitude foi, ao longo de décadas, a de “varrer para debaixo do tapete” responsabilidades publicas com o recurso ao artificio de uma politica desorçamentista feita à custa dessas empresas.
Os dois submarinos adquiridos ao German Submarin Consortium (GSC) por 832,9 milhões de euros, sem juros, só têm um ano de garantia geral contra eventuais defeitos de equipamento. Quando este período terminar, a manutenção técnica dos navios custará em média, durante quase trinta anos, cerca de cinco milhões de euros por ano.
O contrato de aquisição dos submarinos foi assinado a 21 de Abril de 2004 por Paulo Portas, então ministro da Defesa, e por representantes das três empresas que integram o GSC. E a cláusula 33ª precisa, desde logo, que a recepção definitiva dos navios depende da verificação cumulativa de dois pressupostos: o 'termo do período de garantia de um ano a contar da data da recepção provisória' e o 'cumprimento pelo fornecedor de todas as suas obrigações de garantia definidas na cláusula 34ª e no Anexo 11' relativos ao âmbito da garantia técnica.
É assim que a cláusula 34ª frisa que 'o fornecedor garante todos os bens objecto do presente contrato contra quaisquer defeitos que derivem das suas actividades no cumprimento das obrigações previstas neste contrato que se revelem a partir da sua recepção provisória, pelos prazos e nos termos constantes da presente cláusula e do Anexo 11, mas, em qualquer caso, por período nunca inferior a um ano'.
A recepção provisória inicia-se com a chegada dos submarinos a Portugal em 2010: o primeiro será entregue à Marinha em Fevereiro e o segundo em Setembro. Quando terminar a garantia técnica, os navios irão necessitar de assistência, cujos serviços serão 'regulados e remunerados com autonomia relativamente a este contrato', diz a cláusula 35ª.
Por isso, nos termos desta cláusula o GSC 'obriga-se a prestar apoio técnico e logístico ao Estado, após a recepção definitiva do último bem fornecido, por trinta anos para os sistemas de motores diesel, alternadores, motor de propulsão, conversores, sistema de combate ISUS, tubos lança torpedos e fuel cell'. E por 15 anos para 'os restantes sistemas'.
O contrato de contrapartidas da aquisição dos submarinos tem um valor de 1,2 mil milhões de euros, mas a responsabilidade máxima do GSC perante o Estado português, em caso de incumprimento definitivo, não vai além de dez por cento daquela verba.
Com base nesta norma, prevista no contrato, a indemnização do Estado seria, na melhor das hipóteses, de 121 milhões de euros. Regra geral, neste tipo de contratos a indemnização corresponde a 25 por cento do valor.
Por causa de alegados prejuízos causados ao Estado no âmbito das contrapartidas o Ministério Público pede uma indemnização de quase 34 milhões de euros a dez arguidos, sete ligados a empresas portuguesas e três à Man Ferrostaal, que integra o GSC. Em causa, está a suspeita de contabilização de projectos com contrapartidas nos quais o GSC não participou.
O contrato de aquisição dos submarinos não faz referência ao modelo de financiamento dos navios, mas precisa, segundo a cláusula 13ª, que 'o preço final global do fornecimento é integralmente pago no prazo de cinco dias após a assinatura do protocolo de aceitação relativo à recepção provisória do último dos bens previstos'.
O modelo de financiamento está a ser investigado pelo Ministério Público, que no final de Setembro fez buscas a quatro escritórios de advogados. Paulo Portas garantiu então que o contrato de financiamento ficou no Ministério da Defesa e 'foi enviado, para visto, ao Tribunal de Contas'. [Correio da Manhã]
No debate desta noite, Paulo Portas marcou logo de início a contradição absoluta dos seus argumentos.
Começou por defender a descida dos impostos, sem especificar, com a ideia de que menos impostos implica um desenvolvimento económico e, logo, mais receitas nos impostos baixos. É evidente que no limite extremo não deixa de ser verdade, isto é, com IRC, IRS e IVA próximos do zero ou, pelo menos, a menos de metade. Mas, as descidas possíveis de alguns pontos percentuais não implicam o aparecimento de um maior poder de compra dirigido a produtos nacionais, tanto mais que muitos impostos incidem nos lucros ou rendimentos das pessoas, os quais tendem a baixar em períodos de crise. Hoje verifica-se em todo o Mundo uma quebra no comércio internacional da ordem dos 25% relativamente ao ano anterior.
Depois, Portas orientou todo o debate para as tradicionais insuficiências, exigindo mais apoios às PME, mais apoios sociais, mais segurança policial, enfim, mais tudo, logo mais e mais despesa. Criticou a falta de subsídio de desemprego para os jovens que quase não trabalharam, etc. e quando há despesa social esta é criticada como é o caso do Rendimento Mínimo que, segundo Portas, é algo de mau. Claro, se não existisse, Sócrates seria criticado por não apoiar os mais pobres e, nestes, as famílias mais numerosas.
Tivemos a experiência do governo Durão Barroso que prometeu um choque fiscal em termos de descida de impostos e subiu logo o IVA e outros impostos, nada tendo descido. E não o fez por maldade ou falta de vontade, mas, sim devido à total impossibilidade de agir de outro modo, pelo menos, a curto ou médio prazo.
A estratégia do Portas e toda a oposição é atacar o governo actual pelo que fez e pelo que não fez sem apresentar um verdadeiro projecto alternativo, a não ser nesse aspecto vago de querer descer os impostos e as receitas da Segurança Social à direita e aumentar os impostos dos chamados ricos à esquerda. Em ambos os casos, é possível mexer numas coisinhas, mas sem que daí venha qualquer solução milagrosa para o País, principalmente em termos de crise.
Sócrates teve a ocasião de dizer que já tinha apoiado este ano mais de 40 mil PMEs quando o Governo Durão Barroso/Santana só apoiou umas 2 mil pequenas e médias empresas.
Enfim, Paulo Portas não apresentou qualquer solução para crise e quase se limitou a criticar o Governo, fingindo que não há nem houve um vastíssimo conjunto de programas que melhoraram a Administração e a relação do cidadão com o Estado e, além disso, houve a introdução do complemento social para idosos, dos apoios aos jovens alunos, do complemento ao subsídio de desemprego, de programas de formação nas empresas para evitar o despedimento ou lay of, etc.
Hoje, temos menos Estado em tudo o que se refere a documentação; desde o cartão do cidadão, passaporte, certidões, cadernetas prediais, registos prediais, etc.
O Portas voltou a defender a escolha livre da escola com a possibilidade de o estado pagar as escolas privadas. Era o que mais faltava nas zonas em que há escolas do Estado que são praticamente todas no País.
Paulo Portas considera o Rendimento Social de Inserção (RSI) um “financiamento à preguiça”. O JN apurou que uma das propostas que irão constar do programa eleitoral dos populares é o pagamento em géneros da prestação. Uma das prioridades do CDS será combater a fraude criada pela atribuição do RSI.
Tanta fraude que há para aí e é logo a fraude dos mais pobres dos mais pobres que o Paulinho das Feiras coloca como uma das suas prioridades. Parece que afinal são os abusos que possam existir no RSI prejudicam muito mais o país e não o deixam sair da crise que os dos aldrabões e corruptos que fogem aos impostos, fazem trafulhices nas contas e vivem da especulação à sombra dos paraísos fiscais. Vão é trabalhar, se não arranjarem emprego podem sempre ir à sopa dos pobres e se não podem trabalhar não fazem falta e podem desaparecer. Malandros que só prejudicam este país.
Já agora porque também não dizer que são os salários que não deixa a economia crescer mais e propor que os passemos a receber também em géneros?
Lembram-se da frase, se vires um homem com fome não lhe dês um peixe, ensina-o a pescar? O CDS pensa exactamente o contrário. [Wehavekaosinthegarden]
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