O escritor português e prémio Nobel de Literatura, José Saramago, morreu nesta sexta-feira (18), aos 87 anos, em sua casa, na ilha de Lanzarote, na Espanha.
O nosso Prémio Nobel há-de continuar, sempre, presente na literatura, na sociedade e no coração de muitos de nós.
Que país é este, que, mal dá por si, se vê atascado num lamaçal de corrupção sem paralelo, centrada num sucateiro cujos tentáculos se entendiam por tudo quanto era sítio com influência para a progressão dos seus negócios?
Que país é este, que vê sistematicamente violado o segredo de justiça sobre matéria processual de casos ainda em fase de investigação?
Todavia quem me garante que se não fossem essas fugas de informação, os mega-processos como o “Freeport” e “Face Oculta” não acabariam por morrer na casca?
Que país é este, que se contenta com um código penal que valoriza mais a forma como são feitas as investigações sobre a criminalidade que à própria substância criminal?
Que país é este, que, se fosse inquirido sobre a credibilidade do seu sistema de justiça, a esmagadora maioria dos seus cidadãos responderia negativamente?
Que país é este, onde o primeiro-ministro frequentemente se vê envolvido em trapalhadas, como nunca aconteceu com nenhum outro governante, sem que se conheça ao certo o que nelas há de verdadeiro ou de calúnia?
Que país é este, onde o Procurador-Geral da Republica e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça deixam cair na praça pública o seu aparente jogo de empurra de um para o outro, sobre certidões de processos “quentes” ainda em fase de investigações, permitindo que se instale a ideia que alguém aqui anda a querer sacudir a água do capote e rejeitar o ónus das decisões tomadas?
Que país é este, cujo Presidente do Supremo Tribunal de Justiça manifesta publicamente perplexidade pelo facto de o Procurador-Geral da Republica lhe enviar certidões extraídas das audições do processo “Face Oculta”, para sua análise e decisão, aos pinguinhos ou, nas suas próprias palavras, aos bochechos?
Que país é este, onde um arguido (o sucateiro) consegue ter conhecimento do acórdão (que lhe era favorável) de um tribunal superior (Relação do Porto) quatro dias antes de ser assinado pelo colectivo de juízes e proferido pelo seu relator?
Que país é este, em que uma empresa pública, as Estradas de Portugal, se permite, de acordo com a análise do Tribunal de Contas, “perdoar” às construtoras Soares da Costa e Mota-Engil nada mais nada menos que 430 milhões de euros na celebração de contratos de concessão de auto-estradas? Auto-estradas que são, de resto, um dos cavalos de batalha do primeiro-ministro para enfrentar a crise económica.
Que país é este, que vê sistematicamente derrapar de forma assustadora os custos das obras públicas, sem que daí advenham, que se saiba, quaisquer consequências punitivas?
Que país é este, que provavelmente será motivo de chacota lá fora, anda muito entretido a discutir as mazelas do tornozelo do Ronaldo?
Bom, que espécie de país é este, não sei ao certo. Só sei que será um país gravemente doente, que há muito tempo transporta dentro de si um cancro que lhe vai corroendo as entranhas e se não lhe for aplicada, quanto antes, uma terapia de choque, vai agonizando, agonizando até ao suspiro final.
Afinal, convenhamos, é o país que merecemos.
Até quando vamos assistir a todo este estado de coisas? Sim, até quando, alguém me sabe dizer?
Apostilha
Apraz-me registar que António Guterres foi classificado na 64ª posição no ranking das personalidades mundiais mais influentes.
Pelos vistos, Durão Barroso não entra nessa lista. Mas também por que carga d’água havia de constar, se o homem não passa de um serventuário dos donos do Mundo?
C. Quintino Ferreira
Ninguém é profeta na sua terra, diz o ditado. A sabedoria popular portuguesa parece aplicar-se, por estes dias, a destacados membros da nossa classe política, que são mal amados na pátria enquanto recebem os mais rasgados elogios no estrangeiro.
A reflexão surge a propósito da distinção que a prestigiada revista norte-americana Forbes acaba de conceder ao ex-primeiro-ministro António Guterres. Reconhece-o como a 64.ª entre as cem personalidades mais influentes do mundo pela actividade que vem exercendo como alto-comissário para os Refugiados no âmbito das Nações Unidas.
É uma função que Guterres tem desempenhado da melhor maneira, como já foi reconhecido pelos mais exigentes analistas internacionais. Cansado do "pântano" da política portuguesa, o ex-primeiro ministro brilha hoje no estrangeiro, onde também merecem crédito o ex-primeiro-ministro Durão Barroso, que acaba de ser reconduzido como presidente da Comissão Europeia, ou o antigo presidente Jorge Sampaio, enviado especial do secretário-geral da ONU, entre outras tarefas, para a luta contra a tuberculose.
Três personalidades da vida nacional que ocupam cargos de poder e de prestígio nas mais altas instâncias internacionais, e que são elogiados lá fora e continuamente criticados cá dentro. Por um país que faz gala em depreciar os políticos, remetendo-os para os últimos patamares da consideração social. [Diário de Notícias]
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