Sexta-feira, 27.03.15

E lá vai mais um  (-por J.V. Costa, 23/3/2015)

 
Assistiu-se ontem a mais uma operação tipo OPA em que um grupo de pessoas, não querendo inserir-se num partido, usa-o como instrumento de candidatura eleitoral às legislativas, reservadas aos partidos. Trata-se do grupo (quantos? com que expressão?) talvez dueto, Joana Amaral Dias (JAD) e Nuno Ramos de Almeida (NRA), que se aliou ao quase esquecido Partido Trabalhista Português (PTP) para constituir a candidatura PTP/AG!R.     O outro caso mais recente é o do Tempo de Avançar, em que o partido barriga de aluguer é o LIVRE. Aqui ficam algumas notas, em geral para comparar ambos os casos.
    Em princípio, não posso discordar da criação de novos partidos, e facilitada ao máximo. É a contrapartida de um sistema que, salvo nas autárquicas, limita aos partidos a capacidade eleitoral passiva. No entanto, sou sensível à preocupação de muita gente de esquerda que receia a divisão ou mesmo pulverização, embora eu admita que, em casos concretos, o alargamento da oferta possa ter efeitos positivos, por exemplo em relação à diminuição da abstenção.   Também pode haver reflexos negativos na imagem da esquerda entre os eleitores que nela não estão fixados mas que é necessário atrair. Neste sentido, há diferenças consideráveis entre os dois casos, que agora só enumero muito sucintamente.
O LIVRE/Tempo de Avançar é uma plataforma de um partido de esquerda (concorde-se ou não com o seu programa e funcionamento) e de um número indeterminado mas não negligível de pessoas com conhecida intervenção política, individualmente ou no âmbito de organizações como o Fórum Manifesto ou a Renovação Comunista. No entanto, não dei muita atenção ao Tempo de Avançar porque dele me afasta, irrefutavelmente, a sua posição de abertura à viabilização de um governo PS que, como tudo indica, em nada mude as posições do PS em relação à Europa, à dívida e ao euro.
    O AG!R era uma incógnita, tendo demorado largos tempos a dar sinais da sua posição política. Como um dos seus pais me disse que ontem ia haver uma grande surpresa, lá me pus em jeito de gato curioso. O que vi e ouvi, descontando alguma reacção minha instintiva a tiques e vedetismo, ultrapassou tudo o que imaginava. salvo melhor opinião, cai dentro daquela margem de factos políticos que afecta toda a esquerda. Ou melhor, não. Estou a ser injusto, porque não ouvi qualquer invocação de esquerda, o que, aliás, certamente seria recusado pelo partido de acolhimento.
    Antes de ir mais longe, lembre-se que há dois tipos essenciais de discurso político (a que se pode juntar um terceiro, o teórico). Há o discurso protestativo, panfletário, de denúncia, emotivo, a ir de encontro ao sentimento. Há o discurso programático, propositivo, em que a denúncia dos males é acompanhada de propostas de medidas correctivas.
    É dramático que quem proclama que os eleitores estão alheados da política por falta de alternativas insista num discurso quase exclusivamente protestativo. Falem com o homem comum, que dirá que “todos dizem o mesmo, não mostram saída”. De certa forma, é a versão à esquerda do TINA (“there is no alternative”, Thatcher) do pensamento único. Que a austeridade mata, que os filhos emigraram, que as reformas estão a ser comidas, as pessoas sabem. O que querem saber é como sair disto.
    O Tempo de Avançar tem um programa. Não concordo com muita coisa, mas parece-me uma proposta honesta para discussão pelos eleitores. Também o LIVRE tem um programa. Da mesma forma, não concordo de todo com ele. O que é aceitável é banal e o que não é banal é inaceitável, nomeadamente o seu extremado europeísmo. Em todo o caso, há um programa.
    Na sessão final da Conferência deste fim de semana do AG!R, NRA e JAD intervieram exclusivamente num discurso de protesto, sem uma única proposta. “A democracia está em crise. As pessoas não se sentem representadas. Confrontamo-nos com a simples sobrevivência e, ao contrário das lições de Aristóteles, não estamos a pensar o impossível como abertura para novos possíveis (gostei!). Não temos autonomia política, não temos autonomia económica, não temos autonomia financeira. A austeridade é um crime”.
    Quais são as posições positiva, programáticas, do AG!R? Não se sabe. Ontem, tomando notas apressadas, vi que eram: 1. necessidade de aprofundar a democracia, contra a elite medíocre e os interesses privados [Nota, JVC: o que é uma democracia aprofundada, em relação à actual?]. 2. luta contra a corrupção, quer a do Estado e da administração, quer a das sentidas privadas. 3. não aceitar o discurso troikiano da nossa culpa, não nos intimidarmos com o “não há dinheiro” [JVC: mas não dizem como se obtém o dinheiro].   A mais, slogans com fartura. Como exemplo, o já gasto 1% e 99%.      Hoje, o seu mural do Facebook traz o compromisso que foi assinado entre o grupo/duo NRA/JAD e o PTP. Como verão os que o lerem, não enganei na caracterização que fiz atrás.
   Mas parece que vai haver programa, feito à moda, como por cá se pensa que fez o Podemos  (erradamente, como mostrarei um destes dias), “com as pessoas”, sem propostas centrais, tudo em lógica assembleist e só com propostas mínimas.     Com que bases ideológicas não percebi.   Mas ouvi o suficiente para me permitir localizar o AG!R.   Desde logo, a desvalorização da dicotomia esquerda-direita, em relação a “os de cima” e “os de baixo”. Que o essencial hoje é unir todos os democratas [JVC: como se estivéssemos em fascismo], lembrando que a clivagem é entre os bancos e os seus explorados e devedores (!).    Parece que tudo isto ainda vai ser elaborado, com o contributo dos grupos e movimentos que aderirão ao AG!R.   Mas, seja qual for esse contributo e o respeito pelo diálogo, uma coisa já está definida:  a cabeça-de-lista será JAD.  Isto é que é democracia.
    Outra diferença em relação ao Tempo de Avançar tem a ver com as alianças. Como tantas vezes temos dito, outros e eu, a disponibilidade para servir de muleta ao PS, no caso, mais do que provável, de ele manter a sua política, é a pedra de toque dos novos partidos que se apresentam como preenchedores de um vazio à esquerda. É o caso do LIVRE/Tempo de Avançar, mesmo que não se concorde com essa posição. Mas é honesta.
    Mas já o AG!R não é de esquerda, não diz o que pensa em relação à resolução da crise austeritária e do problema da dívida, não diz uma palavra sobre o estado social de bem-estar. O que é, claramente, é um partido/movimento populista, com apelos vagos a uma democracia “que é de todos”. “Agir é essa proposta: não interessa se és de esquerda, de direita, de centro, ou não te reconheces em lugar nenhum, o que interessa é a tua vontade de participar nesta ruptura popular e construir uma verdadeira democracia.” O primarismo ideológico e a demagogia de tudo isto são confrangedores.
   Muito se disse, mas ficaria forçosamente incompleto sem se falar do partido mãe de aluguer.  Até ontem, já nem me lembrava de que existia um Partido Trabalhista Português (PTP), insignificantemente sempre inferior a 1% (de votos), excepto no caso de umas eleições madeirenses em que serviu de candidatura ao candidato amalucado, José Coelho.     Interveio ontem o seu presidente, Amândio Madaleno, dizendo transparentemente coisas que, fosse eu a estar na mesa com ele, me enfiaria chão abaixo.   Fez largos anos de carreira partidária no PSD, em particular na área sindical. No tempo de Manuela Ferreira Leite, entendeu que “o partido não ia a parte nenhuma” e, de um dia para o outro (?!) fez o PTP, cujos estatutos dizem ser de centro-esquerda. No entanto, ele define-se como social-democrata, sob a grande inspiração de Sá Carneiro. E, como objectivo principal, dar voz a todos os que estão descontentes com o CDS e com o PSD. É com este homem que NRA e JAD se querem sentar à mesa? Ou estão confiantes de que o vão empalmar?  Vejam o MPT (Movim. Partido da Terra)!    Quanto à pessoa, devo dar todo o benefício da dúvida, mas a impressão com que fiquei foi a de um advogado provinciano, pouco culto e de fraca estruturação mental. 
    E já basta de AG!R.     Virá a seguir o MAS/Juntos Podemos. Lembremo-nos de que inicialmente estavam todos junto numa tentativa infantil e desinformada de fazer um Podemos, depois zangaram-se e houve uma guerra de registo de nomes, também acusações de João Labrincha a NRA de manobrismo já desde o tempo do Que se Lixe a Troika (com vagas alusões ao PCP). A novela promete. Tudo isto é triste e fraudulento, mas dá vontade de rir.
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    O movimento «Nós Cidadãos»    entregou hoje cerca de 8500 assinaturas no Tribunal Constitucional para se constituir como partido político e poder candidatar-se às próximas eleições legislativas, informou o porta-voz Mendo Henriques.  "Ao longo dos últimos meses reunimos ... e entregámos mais do que as assinaturas necessárias (7500) para ser um partido político, "... para poder dar voz aos cidadãos  ... nas eleições legislativas" , sublinhou.   ... o programa eleitoral está a ser constituído juntamente com "associações e movimentos cívicos", e terá "medidas que farão a diferença". ... espera "que no prazo de dois meses" o movimento/partido esteja "cá fora". 
    Quanto à pessoa que vai ser o rosto da candidatura do Nós Cidadãos às próximas legislativas (de 2015), Mendo Henriques referiu apenas que "o cabeça de lista será escolhido em congresso". Porém, admitiu que o movimento está "em contacto com muitas personalidades independentes e que vêm de quadrantes que estão insatisfeitos com as políticas (e medidas neoliberais) do arco da governação", mas cujos nomes só serão revelados "em devida altura".
    Em relação ao eleitorado que pretendem atingir, ... são os "abstencionistas", as pessoas que "estão indignadas com as soluções" dos últimos governos e que, por isso, "querem mudar o país".  ... criticar "o pior que há da esquerda", que classificou como "confisco fiscal",   e da direita, que chamou de "um conjunto de facilitadores e de privilegiados".     A entregar as assinaturas no TC estavam outras seis pessoas, entre elas, o antigo deputado afeto à lista do PSD  P.Quartin Graça.
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O líder do PS-Madeira e candidato da    COLIGAÇÃO  MUDANÇA (PS-PTP-PAN-MPT), Victor Freitas, defende Renegociação da Dívida, o pagamento da dívida indexado ao crescimento económico e admite coligação pós-eleitoral, mas só à esquerda (BE, PCP, ...).
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                Parem para pensar e ser cidadãos activos e coerentes:
        No nosso sistema político-eleitoral os portugueses só podem decidir o seu presente e futuro colectivo  através  de partidos ou coligações (para eleições legislativas...) ... abstenções e votos nulos não levam a nada. 
     Os principais partidos que têm responsabilidades no estado em que está o país são os 3 partidos do "arco da governação", da promiscuidade e do  "centrão de interesses privados e obscuros"
     Porque razão somos 'casmurros'...?  Porque não dar o benefício da dúvida a outros partidos para  limpar o sistema democrático e republicano dos que têm destruído o país e a sociedade portuguesa? 
     Se não te reconheces "nisto-e-neles", participa na mudança para uma melhor democracia e sociedade mais justa e transparente
     E a solução é ... ser activo na cidadania e política e, no mínimo, Votar noutro partido ou coligação que não seja do rotativo "centrão de interesses privados e obscuros".


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Quarta-feira, 18.02.15

 A Europa é hoje uma das maiores vítimas do neoliberalismo

 Para o académico e ativista norte-americano, o Syriza e o Podemos são partidos que se levantam "contra o assalto neoliberal que está a estrangular e destroçar os países periféricos".

“A Europa é hoje uma das maiores vítimas” das políticas neoliberais que começaram a ser aplicadas no final dos anos 70 e começaram com Ronald Reagan e Margaret Thatcher, afirmou o linguista norte-americano Noam Chomsky.

   Durante uma entrevista ao CTXT, o filósofo sustentou que as medidas de austeridade implantadas na região “estão a desmantelar o Estado Social e a debilitar os trabalhadores para aumentar o poder dos ricos e dos privilegiados”.

    “É delirante a forma como a troika está a tomar decisões na Europa. Pode-se qualificar como delirante se forem levadas em conta as consequências humanas, mas do ponto de vista dos que definem a política não é delirante, para eles é fantástico. Estão mais ricos e poderosos que nunca, e estão a acabar com o inimigo, que é a população em geral”, assinalou o ativista político.

     "Um mundo sem regras no qual os poderosos fazem o que querem. E, onde, milagrosamente, tudo sai à perfeição. É interessante comprovar como Adam Smith propôs isto na famosa expressão 'mão invisível'. Agora vemos que, quando o capital deixa de ter restrições, particularmente os mercados financeiros, tudo salta pelos ares. É com isso que se confronta hoje a Europa", sustentou o professor emérito de Linguística no Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT).

     “O capitalismo é intrinsecamente sádico; de facto, Adam Smith reconheceu que quando tem rédea solta e fica livre de amarras externas, a sua natureza sádica manifesta-se porque é intrinsecamente selvagem. O que é o capitalismo? Maximizar os seus benefícios à custa do resto do mundo”, explicou o filósofo norte-americano.

    O autor de “Os guardiões da liberdade” vê a América Latina como um exemplo de resistência diante da "invasão neoliberal". "Durante 500 anos, a América do Sul sofreu o domínio das potências imperiais ocidentais, a última delas, os EUA. Mas nos últimos 10 ou 15 anos começou a romper com isso", refere.

     Chomsky considerou que o Syriza, liderado por Alexis Tsipiras, é um partido de esquerda "para os padrões atuais" mas que, pelo contrário, o seu programa não o é. "É um partido antineoliberal; não exigem que os trabalhadores controlem a indústria".

    "E isto não é uma crítica, acho que é positivo. E o mesmo ocorre com o Podemos: são partidos que se levantam contra o assalto neoliberal que está a estrangular e destroçar os países periféricos", acrescentou.

--8/2/2015, em RPP Notícias, tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net       -------------------

  ultimato  à  Grécia e já nada será como dantes  (-por F.Louçã, 16/2/2015)

Uma reunião relâmpago do Eurogrupo e um ultimatoa Grécia tem quatro dias para repor o programa de austeridade que foi recusado pelas urnas.

   Deste modo, nestes dias vertiginosos, três traços ficam claros. Primeiro, todo o aparelho político europeu se uniu contra a Grécia: na conferência de imprensa que apresentou o ultimato juntaram-se, simbólica e excepcionalmente, dois socialistas, Moscovici e Dijsselbloem, e duas figuras da direita europeia, Lagarde e Tusk. A Grécia está isolada, todos os governos de direita e de centro querem a sua punição e só tem o apoio de quem recusa a destruição (o Financial Times dá conta da carta de 32 personalidades insistindo na mudança da posição do Estado português).

   Segundo, a União Europeia não admite nenhuma alternativa à austeridade. A escolha é esta: ou a Grécia continua as privatizações e a compressão salarial ou é expulsa, não se sabe como ou com que legitimidade, mas fica de fora. A Europa é a austeridade. É uma prisão.

   Terceiro, o governo alemão está disposto a tudo, mesmo a uma grotesca arrogância que pouca gente acharia plausível. Ao dizer hoje que “sinto muito pelos gregos, que elegeram um governo que se porta de forma irresponsável”, Schauble ultrapassou uma barreira de agressividade e impunidade que terá consequências. A Alemanha passou a ser isto.

    Assim, ninguém – o Eurogrupo, o governo alemão, os outros governos – deixou qualquer dúvida: ou a Grécia se verga ou sai do euro. A Grécia nem teria o direito de divulgar a proposta que lhe foi feita, acrescentam as autoridades europeias, e se o fez, é uma “provocação”, persiste o Eurogrupo, porque nenhum governo pode dar a conhecer este segredo.

   Do outro lado, o governo grego usou todas as armas que a democracia pode gerar. Obteve um mandato eleitoral claro. Procurou o apoio da opinião pública em todos os países. Conduziu uma disputa política que nunca ninguém tinha visto na Europa. Destapou a face de uma Alemanha imperialmente exibicionista. Usou o seu recurso mais importante: propôs negociações prudentes, esperando que o adversário não usasse a arma de destruição massiva. Mas encontrou um muro de “intimidação” (Tsipras) ou de imitação de “tortura” no estilo da CIA (Varoufakis) e, em todo o caso, a condição do ultimato: ou continua a austeridade ou rua.

   As autoridades europeias colocaram-se por isso numa posição em que não admitem nada senão a cedência. Assim, o que se vai passar nos próximos dias, salvo mudança miraculosa, parece estar escrito. Pode haver ou não nova reunião do Eurogrupo, mas, segundo as autoridades europeias, a condição preliminar é que a Grécia reponha a política de Samaras e do PASOK. A partir daí, não havendo acordo, começa a contagem decrescente para o “Armagedeão”, nos termos de Varoufakis, e será o BCE o instrumento da cólera desta divindade: no dia em que cortar o crédito de liquidez aos bancos gregos, a Grécia tem de emitir moeda para salvar o país. E esse dia poderá vir em breve. A Grécia pode então reagir de muitas formas. Pode convocar uma sessão extraordinária do parlamento, pode pedir a opinião da população e organizar um referendo. Mas terá poucos horas para responder ao ataque, porque terá sido expulsa do euro, pela força ilegítima de um ultimato, seguido de uma retaliação.

    As consequências de um desfecho deste tipo são imensas e voltarei ao tema em breve. Em todo o caso, não será menos do que mudar a vida da esquerda, que será forçada a reconhecer que nesta Europa o destino é a austeridade. E mostrar, o que também não é pouca coisa, que na União não se respeitam regras nem leis nem tratados, a Alemanha manda e é tudo.

   O ultimato à Grécia é o culminar do desastre da austeridade. Mas é também o início de tempos muitos mais perigosos.

                  Europa: «e pur si muove»       (JMB Brito, 18/2/2015)

 ...
«Pobre Europa atormentada por várias crises de natureza diferente, sem saber para onde se virar. Esta é a consequência grave de todos terem estado sentados em cima da sua indiferença, acreditando numa calma aparente e procurando encontrar soluções extravagantes para problemas complexos e envolvendo enormes riscos.(...)
     Nenhum destes problemas pertence, em exclusivo, a quem mais directamente o provocou ou mais displicentemente o encarou. No quadro em que nos encontramos, todos os problemas são da Europa como um todo. Por isso não há um problema grego, português, espanhol ou ucraniano: é a Europa que se debate com todos eles, apanhada num labirinto, onde tem sobrado uma arrogante paralisia em lugar de pensar e produzir cenários que antecipem soluções. (...)
     A solução não está em humilhar os povos, numa espiral de pobreza, desemprego e protestos. A solução não está em dar a ordem e manter-se indiferente às consequências. Porque, pelo caminho que as coisas levam, a breve trecho a indiferença pode transformar-se em estupefacção perante as alterações do ambiente em que displicentemente se ficciona viver. É preocupante verificar como se reage temerosamente perante a mudança, em lugar de tentar compreender os novos fenómenos económicos e sociais que cada vez com mais força se vão fazendo sentir. Já hoje, se manifestam à luz do dia, forças políticas organizadas que contestam abertamente o rumo que a União Europeia tem tomado nos últimos anos e, até, a própria UE. A solução da austeridade 'promotora do crescimento' foi um erro. E há quem, por toda a Europa, à direita e à esquerda, não esteja disposto a pagar por esse erro durante gerações.
     Por isso os gregos marcaram pontos acordando os sonolentos líderes europeus. O Governo que elegeram, depois de algumas medidas precipitadas, saiu do seu casulo e dispôs-se a discutir o problema pedindo tempo e compreensão para as questões mais graves que afectam o país. E com esta simples atitude alterou algumas regras do jogo, obrigou os seus parceiros a olhar para a Grécia como o não faziam há anos


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Segunda-feira, 15.12.14

PODEMOS, pois claro !   Tomar partido aqui e agora.

    No próximo fim de semana tem lugar a Assembleia Cidadã do “Juntos PODEMOS”. Essa assembleia encerra com um plenário no Domingo para “apresentar propostas e chegar a conclusões”. Espero que uma dessas conclusões seja a constituição de uma plataforma política que concorra às próximas eleições legislativas de 2015.

    Defendo que para responder à grave crise social, económica e política em que estamos submersos é necessária a constituição desse novo projecto… Um projecto que para ser consequente e ter peso na correlação de forças necessariamente terá de se expor e submeter ao julgamento popular efectuado através de eleições.  Sendo que a sua actividade não deve estar reduzida ao “circo parlamentar”, estando intensamente orientada para os movimentos e lutas sociais. Deixo aqui o meu contributo para a discussão:

- O que temos? 

No início de 2014 escrevi o seguinte (ver final deste texto):   O aparecimento do MAS, do Livre, o Congresso Democrático das Alternativas, os encontros da Aula Magna, o manifesto 3D, a persistência da Rubra, são fenómenos que com todas as suas diferenças, mostram que existe vitalidade e energia à Esquerda. Estas movimentações demonstram que na Esquerda existe uma massa crítica, para lá dos partidos instituídos, que procura construir alternativas, quer organizacionais, quer a nível programático. Este fervilhar é altamente positivo e é condição necessária para que surja uma nova síntese, mais poderosa e alargada a médio prazo.(…)     No plano politico-partidário este é o momento de se porem cartas na mesa, de se discutirem os diferentes programas e suas nuances, de disputar influência junto das massas, criar novas propostas, divulgar ideias, mobilizar o enorme descontentamento difuso de diferentes formas. 

     Ora, neste momento, olhando para as forças à Esquerda/alternativas ao “arco da governação” (PSD+CDS+PS) o que é que temos?   O Livre que pretende coligar-se com o PS e que julga que obtendo um lugar no conselho de Ministros será capaz de fazer aquilo que o Presidente da França não conseguiu… incluindo uma reforma da União Europeia que “recupere o espírito dos pais fundadores”, em busca de um passado mítico vagamente social-democrata, que na realidade nunca existiu para além de meras proclamações propagandísticas (ler isto).   O Bloco de Esquerda que perdeu toda a sua chama e capacidade de mobilização. Um bloco em desagregação, perdido nas suas contradições (ler ponto 6 deste texto) e entregue a uma liderança com carisma zero.    Um PDR do Marinho e Pinto que na sua substância é uma espécie de Livre versão rural-popularucha. Qualquer observador atento percebe que, para lá da retórica, Marinho e Pinto é um aliado natural do PS e apoiará o próximo governo se isso for necessário ao regime.    Temos ainda o PCP. Sólido, disciplinado e muito respeitador das instituições. Admiro o percurso do PCP ao longo da sua vasta História e não me surpreende o seu percurso ascendente nos últimos anos. Mas há vários limites para aquilo que o PCP pode e quer fazer. Espero que o PCP possa vir a ser parte de uma futura alternativa, mas nunca partirá do PCP nenhuma iniciativa ou acção capaz de mudar qualitativamente a actual relação de forças na sociedade portuguesa. (uma discussão mais profunda do actual mapa político aqui).   Para lá das críticas e “alfinetadas” que acima lancei, creio que todas essas forças podem, cada uma à sua maneira, dar um contributo para uma possível alternativa progressista ao actual status quo a médio prazo. Mas existe um vasto descontentamento popular a que nenhum desses partidos dá resposta. Existe espaço para uma nova força política alternativa.

     O que precisamos?     A Assembleia do “Juntos PODEMOS” identifica três eixos centrais “programáticos”:

  • Não há Democracia com Corrupção
  • Temos direito de escolher o modelo económico sob o qual vivemos
  • A Democracia é de todos, o Povo é quem mais ordena

Citando o recente artigo do Nuno Ramos de Almeida:   Existem condições para aproveitar uma hegemonia social e transformá-la em mudança política. A maioria dos portugueses é contra a existência de uma casta política e económica que vive da corrupção, não está de acordo com uma política de austeridade que liquida a vida e a economia e só serve os especuladores, e pretende ter voz activa no seu futuro. Nestes três eixos (corrupção, economia e democracia) há uma posição maioritária das pessoas para mudar. É só preciso dar-lhe uma voz credível.  Concordo em pleno, mas acrescento que nenhum dos actuais partidos quer ou tem capacidade para ser essa voz. É preciso algo mais que as forças existentes para transformar essa hegemonia social em transformação política. É necessário um PODEMOS em Portugal.        ...   ...   ...

 

Tomar Partido Agora

É necessário actuar – não para resistir, mas para vencer. Pode ser um desafio impossível, mas a derrota é certa se ficarmos, como agora, parados. (Agora, artigo do Nuno Ramos de Almeida)

Nem mais, podemos e devemos actuar agora. No plenário final de domingo da Assembleia do Juntos PODEMOS espero que os participantes estejam à altura destas palavras e não se fiquem por apelos inconsequentes ao “universo em geral” e decidam ACTUAR tomando o futuro nas suas próprias mãos. Ficar à espera que sejam terceiros a dar voz aos anseios desta assembleia, ficar à espera de indefinidos amanhãs que cantam é a receita certa para a derrota e desmoralização. É preciso concretizar e tomar partido. É preciso um PODEMOS em Portugal.



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Continuar a combater a dívida  (-por JM Castro Caldas, Ladrões de B.)

 
     Em consequência das petições dirigidas à Assembleia da República, nomeadamente a petição Pobreza não paga a Dívida: reestruturação já!, realiza-se no próximo dia 16 de dezembro de 2014, na Sala do Senado, na Assembleia da República, uma Conferência Parlamentar sobre Dívida Pública.
     A Conferência é aberta ao público (sujeita à lotação da sala). As inscrições poderão ser efetuadas aqui:
Participarei no Painel sobre a “Sustentabilidade da Dívida Pública”, às 15 horas. O programa está aqui. É preciso insistir: o Estado português deve preparar-se para a renegociação e reestruturação da dívida.

     No dia seguinte, 17 Dezembro 2014, pelas 18:30 horas, na Casa da América Latina, Avenida 24 de Julho nº 118-B, Lisboa, a Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida (IAC) promove um debate sobre “Restruturações anti-abutre: Lições da América Latina” com Jorge Argüello (Embaixador da República Argentina) e Eugénia Pires (IAC).
                 Um, dois, três debates    (-por J.Rodrigues, Ladrões de B.)
 
1. Este fim-de-semana terá(teve) lugar a Assembleia Cidadã organizada pelo Junto Podemos. Participarei num debate onde procurarei aprofundar a reflexão sobre populismos, confrontações e regimes. Do Ladrões também participará o Jorge Bateira na mesma linha soberanista, necessariamente eurocéptica ou eurorealista, como preferirem. 
     2. Na próxima terça-feira, dia 16, pelas 14h, terá lugar um seminário no CES sobre o poder pós-democrático da financeirização. Procurarei ir um pouco para lá da ideia de que o neoliberalismo é uma mera expressão ideológica do poder financeiro. Do Ladrões intervêm igualmente o Nuno Teles e o Ricardo Paes Mamede, a que se juntam José Reis, Ana Cordeiro Santos e Mariana Mortágua.
     3. Na próxima quarta-feira, dia 17, realiza-se, pelas 18h na FEUC, um debate a propósito do livro A economia política do retrocesso, com João Cravinho. José Reis e eu responderemos por um livro colectivo.


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Segunda-feira, 24.11.14

    Próxima reunión del Círculo de Podemos Lisboa

Terça-feira, 25 de Novembro de 2014 às 20:00 em
Rua Maria 73, 1170-210 Lisboa ("BUS- paragem cultural"), próx. Metro Anjos.
Organizado por Podemos Lisboa  
https://www.facebook.com/pages/Podemos-Lisboa/576488662456537

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Segunda-feira, 03.11.14

PODEMOS!... a 1ª Força Política nas Sondagens em Espanha!

 
Em Espanha, está a tremer o panorama político partidário do "arco da governação", perante o "PODEMOS" que já surge, nas sondagens, como potencial primeira força política, deixando para trás o PSOE e o PP... Imprevisível no tradicional quadro político-partidário europeu (apesar do precedente exemplo do SYRIZA na Grécia), o problema coloca a todos os partidos, povos e cidadãos europeus a questão: Como?... como é que isto é, de facto!, possível?... A resposta é simples: porque, para além de diagnósticos e críticas, o PODEMOS tem propostas e medidas para responder às necessidades das populações e das pessoas e à chamada "crise de financiamento" da vertente social do Estado, apresentando sugestões viáveis para o incentivo ao investimento e à criação de emprego, sem medo de enfrentar banqueiros e grandes empresas a quem exigem um pagamento proporcional ao lucro e ao volume de negócios, com a legitimidade requerida pela responsabilidade social que cabe a TODOS os agentes sociais - sem excepção! PODEMOS!... apesar de, em Portugal (quiçá, demonstração de mais um reflexo da inércia cultural -identitária?!- subjacente às pretensas dificuldades de aprendizagem da matemática das nossas crianças que bloqueiam perante a colocação de problemas ao invés de discernirem soluções -por medo, insegurança, dependência, cobardia e falta de autonomia e autoestima!?!), continuarmos "às voltas sobre nós próprios" a identificar problemas velhos, de há muitas décadas!, recusando dar o passo "em frente", que nos pode libertar da armadilha da ilusão do "fado" ou da "sina", resgatando o passado, recriando o presente e construindo o futuro!    VALE A PENA LER AQUI, no EL PAÍS !  
 porque sim: PODEMOS !
 


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Terça-feira, 16.09.14

     política  a  feijões  ou  afiar  a  faca   (-por Paulo Pinto, 10.09.14, Jugular)

       "É evidente que uma força de esquerda como o BE, que quer governar à esquerda e quer governar com políticas de esquerda, não pode olhar para o PS como um parceiro". Palavras de João Semedo, ontem, no encontro com o Livre. Fica a dúvida: o BE quererá mesmo "governar"? E como pensa fazê-lo, se exclui o PS como "parceiro" de tal eventualidade? Com os seus 4,6% obtidos nas Europeias, atrás do MPT?

No rescaldo das eleições, Catarina Martins afirmou a necessidade de "agregar, juntar forças" e declarou que o BE "trilhará esse caminho de determinação, de convicção e de necessidade de juntar forças", uma vez que "a esquerda tem de ser essa capacidade para que haja verdadeiramente uma alternativa às políticas neoliberais e às políticas de destruição do nosso país".   Não se percebe como, nem onde, nem com quem. Se nem com o Livre. Com o PCP? Com o MRPP? Com o Marinho Pinto? As mesmas declarações de 28 de maio exultam com "a derrota da direita". Alvíssaras.   Curiosamente, ontem também ouvi o José Seguro atirar na cara do António Costa a histórica "derrota da direita". It is all very well.   Mas a política não se faz de derrotas alheias, faz-se de vitórias próprias. E nem o BE nem o PS de Seguro se podem gabar de tal coisa. O PS, então, tem sido patético de ver, a evolução titubeante da intenção de voto ao longo destes três anos de chumbo, sobe uma décima hoje, cai duas amanhã.   Tudo a culminar nos miseráveis 31,5% das Europeias quando, com um líder mais desempoeirado, já devia ter descolado muito acima disso, capitalizando o descontentamento do eleitorado e afirmando uma verdadeira alternativa política.   Depois chegou Costa, o traidor. O tal que a maioria dos portugueses prefere para primeiro-ministro, muito acima de Seguro e de Passos Coelho. Pois bem.

    Minhas senhoras e meus senhores:

ou a política é para levar a sério ou é a feijões; se é a sério, haja quem reconheça que para a "esquerda" chegar ao poder, precisa de votos. E do PS. E que este não consegue fazê-lo pela invocação de derrotas alheias.

   Portanto, se os simpatizantes e militantes do PS querem mudar de governo, afiem a faca no próximo dia 28 set.    Caso contrário, quando o próximo governo Passos Coelho tomar posse, podem cantar em coro com o BE a ladainha de "agregar e juntar forças" e sonhar com amanhãs que cantam.

----------

------ Augusto :

       Se se tivesse dado ao trabalho de ler as declarações do João Semedo na integra, talvez percebesse o que ele quis dizer.  E é simples.
     Com o  Tratado Orçamental, sem Reestruturação  da Dívida NÃO HÀ POLITICAS ALTERNATIVAS.
     Como pode alguém  pretender uma aliança  com o PS,  para uma politica alternativa , sabendo  á partida, qual é a posição do PS sobre estes dois temas.      As alianças fazem-se para aplicar POLITICAS, e não para dividir TACHOS.   

 

------ Manuel Costa :

     Ou seja, não interessa como se governa, o que interessa é chegar ao poder e depois logo se vê... com costa, com seguro, com coelho ou gato que venha em vez dele.   Porque muda a direcção do PS, esta fica logo de esquerda?   desde quando?   Seguro já o conhecemos, assinando ao lado do PSD e CDS o acordo com a Troika.   Costa já diz que com o PCP nem pensar e com Rui Rio é que está bem e quer casamento para os próximos 10 anos.

     Não percebo muito bem esta ideia de que a esquerda só é séria se estiver disposta a aliar-se com qualquer outro partido, a qualquer preço, desde que isso lhe dê a oportunidade de chegar ao poder.   Eentão que esquerda é essa se no fim de contas só lhe interessa chegar ao poleiro?   Porque não há alternativa ?!? veja-se Espanha com o PODEMOS (ou o SYRIZA na Grécia), as sondagens mais pessimistas já o colocam em terceiro lugar, outras até mesmo à frente do PSOE.   não foi concerteza a compactuar com políticas de direita, pelo contrário foi com um programa próprio e contra o "inevitável" arco da velha governação.



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Domingo, 22.06.14

Fenómeno Podemos em Debate 

 Chegou a hora de escutar as pessoas.   Entre tod@s  podemos mudar as coisas.  Participa no teu círculo e fá-lo teu!” – PODEMOS.

    O conjunto de pessoas que subscreve esta convocatória convida para uma conversa sobre a experiência do PODEMOS. Cada um, com percursos bastante diversos, entende ser impossível ignorar a vivência concreta deste movimento que soube traduzir, do ponto de vista organizativo, um conjunto de mobilizações e reivindicações que não se esgota no espaço das instituições.

    O PODEMOS é uma experiência de democracia participativa nas ruas com a ambição de quebrar regras do jogo político-partidário, com que poderes ligados aos interesses das várias plutocracias querem cercear a liberdade e a vida. Perante o crescimento da extrema-direita e o colapso do que se chama centro político ou “arco da governabilidade”, podemos e devemos olhar para os processos que estão a ter sucesso no combate político e aprender com as experiências concretas, reforçando a resistência e a luta contra os (des)governos da austeridade.

    Para esta conversa contaremos com elementos do PODEMOS. Apareçam no próximo dia 19 de Julho, no Teatro a Barraca, às 14h30.

Juntos, podemos muito mais do que imaginamos.

    Mais informações na Página e no Evento do Facebook.       (-por A.Mariano)

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http://podemos.info/wordpress/wp-content/uploads/2014/05/Programa-Podemos.pdf

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     É claro que Nós «Podemos» reconstruir a Polis. - Haja Coragem ! 

       ---   Sim ... PODEMOS  !

A intervenção é de um Professor de Ciência Política e alerta-nos para as redes corporativas que sustentam os mecanismos partidários, inquinando a democracia!   O problema não são os partidos e menos ainda a Democracia...  o problema são os seres humanos, feitos de pequenos interesses, muitos defeitos, muitas ambições, pouco escrúpulos e pouca ética,   muita capacidade racional de relativização e demasiado sentimento recalcado "a pedra e cal", de hierarquia e submissão que lhes não permite viver,   afirmando ou assumindo o melhor da natureza Humanidade!... mas... mesmo assim:
      Podemos !... apesar do ar ditatorial sob o qual se oculta a opressão e a injustiça.   dissimulados de um pretenso rigor que conhecemos sob o rosto e as máscaras dos governos e das impotências cobardes e medíocres das oposições !...  
     Podemos!... apesar do medo... do medo do desemprego, da fome, da doença e do futuro sem esperança...
     Podemos! ... apesar dos cortes, das contas e da hipocrisia palaciana em que a política se transformou!...
     Acreditem!... e Façam!... porque SIM... porque... PODEMOS !
               (-por Ana Paula Fitas, 14e15/2/2014)

      ------    PODEMOS :  Lutar,  Direitos Sociais,  ...

Noam Chomsky, Eduardo Galeano, Naomi Klein, Antonio Negri e Slavoj Žižek figuram entre os 36 intelectuais que subscrevem o manifesto
Apoio Internacional ao Podemos”.
    Os subscritores do documento frisam que “ante a paisagem desoladora que as políticas de austeridade desenharam para o sul da Europa, é acalentador que surjam novas alternativas dispostas a batalhar pela democracia, direitos sociais e soberania popular”.
       -----  PODEMOS. pt ;     PODEMOS.es    e     PODEMOS. ue
Vamos criar o  PODEMOS  Português,  coligação  ou  partido democrático eco-social (Ambientalista e defensor do Estado Social), ...
. Candidatos a deputados ou membros do secretariado sujeitos a votação nominal interna (tendo cada membro efectivo do PODEMOS direito a 10 votos: 4 para a 1ª preferência, 3 na 2ª, 2 na 3ª e 1 na 4ª), com mini-CV e link disponível na página do PODEMOS ... sendo depois, ordenados pelo nºde votos obtidos, apresentados na lista a sufrágio nacional...
. PODEMOS organiza-se em :
+ Coordenação Portuguesa (secretariado nacional),
+ círculos locais e/ou círculos temáticos (de interesses ou problemas),
.. todos ligados em rede internet (página, forum e e-mails),
.. todos colaboram e decidem (propostas, forum/discussão, referendos/votação, ...).
+ Com ligação e colaboração estreita (no P.E., partilha de "bandeiras"/propostas e campanhas comuns) a outros partidos PODEMOS ou próximos (: verdes, esquerda, sociais-democratas, ... ),
+ Com ligação/links a outros movimentos de Cidadania Activa (: Collectif Roosevelt2012.fr ; ATTAC ; M12O ; IAC ; MIC ; ... ... )   e a  confederações sindicais.


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Segunda-feira, 02.06.14

 Sim ...  PODEMOS !

    Vale mesmo a pena LER AQUI a mensagem política do PODEMOS... para que se acredite que há quem, neste cenário de degradação e empobrecimento contínuo, encontre, promova e defenda outras formas de organização económica, social e política.   Porque as alternativas existem e são possíveis de concretizar - se nos não faltar a coragem para tal.   De facto, a decepção cívica relativamente ao sistema político-partidário vigente nas chamadas "democracias ocidentais", nomeadamente no que se refere ao designado "arco da governação" que persiste na alternância entre os partidos socialistas (centro-esquerda?!) e os sociais -democratas (centro-direita?) a que a Europa parece reduzida de há muitas décadas a esta parte, encontrou, também em Espanha (e não apenas no Syriza da Grécia), uma expressão relevante no passado domingo, quando, na contagem dos votos das eleições europeias, se constatou que o movimento PODEMOS, liderado por Pablo Iglesias, um professor universitário de Madrid, marxista, de 35 anos, alcançou 1,2 milhões de votos e elegeu, na primeira vez que se apresentou a eleições, 5 eurodeputados.
      Agregando o património da mensagem política deixada pelo Movimento dos Indignados (15-M) e inspirado no slogan que elegeu Obama "YES, WE CAN", Pablo Iglesias afirma o fim do bipartidarismo, bem como a necessidade de reinvenção da democracia e da criação de um processo constituinte.   Num discurso desassombrado, o PODEMOS solicita e apela à derrogação do Tratado de Lisboa, à nacionalização da banca, à suspensão do pagamento da dívida e coloca, sem medo!, a hipótese da saída do euro - considerando que esse cenário não significaria o caos que nos fazem supor.   Claro que uma mensagem tão autónoma e pouco comprometida com o sistema de dependências em que a teia político-partidária se desenvolve, suscita e provoca (como não poderia deixar de ser!), reações e acusações de populismo (ler aqui). 
     Porém, o importante é que os eleitores se identificaram com as propostas apresentadas, acreditaram, investiram e conseguiram resultados que merecem o respeito de todos!... por muito que se esforcem para desacreditar os que, não dependendo do poder, lutam contra ele para o devolver à Polis, isto é, a todos nós, cidadãos.  (-


 O eurocepticismo é uma reacção natural dos povos face a uma União Europeia que constitucionalizou o neoliberalismo e impede o desenvolvimento. É uma história que pode acabar muito mal.

    A evolução político-jurídica da União Europeia ao longo das últimas três décadas tem correspondido a uma verdadeira constitucionalização do neoliberalismo. Do Acto Único Europeu ao Tratado de Lisboa, com passagem por Maastricht e Amesterdão, as peças foram sendo gradual mas inexoravelmente colocadas no lugar:   mercado único, mobilidade do capital, concorrência fiscal, pressões múltiplas no sentido da privatização, liberalização e flexibilização do mercado de trabalho. Sempre que necessário, atropelando a vontade dos povos.( e os direitos dos trabalhadores.) 

       Esta neoliberalização da União Europeia tem sido prosseguida com especial intensidade nos países que aderiram à União Económica e Monetária.   Sob um manto diáfano de cosmopolitismo, modernidade e redução dos custos de transacção, escondia-se na verdade uma ofensiva de classe e um mecanismo de divergência entre Estados.  Quer uma quer o outro decorrem da necessária acumulação de excedentes no centro e défices na periferia que resultam da impossibilidade de recurso à desvalorização cambial.  Isto, claro, num contexto adicionalmente caracterizado pela ausência de mecanismos de transferência orçamental com uma dimensão minimamente significativa e pela grotesca imposição da intermediação bancária entre o BCE e os Estados

   A divergência entre Estados resulta da impossibilidade de assegurar o equilíbrio externo e a estabilização macroeconómica na periferia por outra via que não a austeridade perpétua - algo que, após uma década de endividamento, se tornou agora evidente.   A ofensiva de classe decorre do facto do mecanismo de ajustamento tornado obrigatório ser a compressão dos salários directos e indirectos: enquanto que a desvalorização cambial afecta todos os rendimentos (de trabalho e de capital) de forma transversal, a 'desvalorização interna' implica necessariamente uma alteração na repartição funcional do rendimento em favor do capital e detrimento do trabalho, a par do desmantelamento dos serviços públicos de que os mais pobres dependem muito mais fortemente.

   Mas o ADN neoliberal da União Económica e Monetária introduziu ainda, porventura inadvertidamente, uma tendência latente para a estagnação generalizada, pois constitui o exemplo mais acabado da contradição central do neoliberalismo.   A desigualdade na distribuição do rendimento constrange a procura no mercado de bens e serviços (ao mesmo tempo que provoca bolhas especulativas em sucessivos mercados financeiros);   e o único mecanismo que neste contexto permite introduzir dinamismo na procura - o endividamento privado e público -, uma vez levado até ao limite, não pode ser renovado devido ao mandato anti-inflaccionário do BCE.

O resultado de tudo isto é o que está à vista:    desigualdade em máximos históricos, um lastro gigantesco de dívida privada e pública, periferias condenadas ao subdesenvolvimento, domínio absoluto da finança, estagnação generalizada (, destruição da classe média e aumento da pobreza).   Sem que se vislumbre a possibilidade de políticas que invertam estas tendências porque, e este é um aspecto crucial, a constitucionalização do neoliberalismo significa que o próprio leque de políticas possíveis, a nível nacional ou europeu, está decisivamente constrangido.   Todos os determinantes fundamentais de que tenho vindo a falar estão blindados em tratados cuja alteração exige uma impossível coordenação entre Estados com interesses e ritmos políticos divergentes.

   Perante tudo isto, e com maior ou menor percepção dos mecanismos subjacentes, os cidadãos europeus sentem o ataque de que são alvo e revoltam-se, legitimamente, contra uma União Europeia que hoje em dia não promete mais do que o subdesenvolvimento.  Infelizmente, como estamos agora a assistir pela Europa fora, os partidos anti-democráticos e xenófobos são quem está a ocupar mais rapidamente este espaço político, subvertendo estas legítimas aspirações.   Se o campo democrático não assumir rapidamente que esta União Europeia, e sobretudo este Euro, têm mesmo de ser desmantelados para que uma Europa solidária e de progresso possa ser reconstruída, são sombrias as nuvens que se erguem no horizonte.       (-por Alex. Abreu, 2/6/2014, publicado no Expresso online)



Publicado por Xa2 às 07:49 | link do post | comentar | comentários (14)

Terça-feira, 18.02.14

   Não  há  milagres        (-

.
-----   
.  A realidade da política nacional e europeia é deprimente:   incapaz de se renovar porque os seus protagonistas não têm a coragem, a capacidade, a competência e o arrojo de romper com os mecanismos da dependência financeira internacional, eis que, a poucos meses das eleições europeias, os partidos se relançam em campanhas de todos conhecidas - por tão repetidamente denotarem o quão pouco são capazes de editar a mobilização da vontade coletiva...
   A recusa (ultrapassadíssima, como o demonstrará a História!) da releitura do pensamento marxista e do seu estudo articulado com o que de melhor conseguimos analisar face às atuais lógicas de gestão e aos respetivos instrumentos de recurso, não ajuda à mudança de atitude nem à renovação do pensamento económico ou político que, como tudo o que de novo é bem-sucedido, requer pontos de partida válidos e interessantes que se constituam como desafios disponíveis para a reconstrução...
   Neste marasmo de inércia, neste deserto de ideias e nesta depressão coletiva a que a crise nos conduziu, anestesiando e boicotando os próprios percursos da dinâmica político-partidária, hoje, no Expresso (onde também merecem destaque a entrevista de António Capucho e a coluna da pg.5 assinada por Ricardo Costa), li um artigo que refiro pela qualidade reflexa da imagem essencial e paradigmática do mundo em que, de facto!, vivemos em Portugal: o seu autor é Pedro Santos Guerreiro, o texto intitula-se "VENDE-SE, BOM PREÇO..." e termina assim:
"(...) Vendem-se anéis como se não fossem dedos, corpo como se não fosse a alma, palavras como se não fosse a palavra. Compra-se: submarinos, estradas vazias, bancos falidos e dívida pública cara.  Sem devolução.  Paz ?  Pás ! "
---

Sim, Podemos !...    ( Yes, We can ! )

   A intervenção é de um Professor de Ciência Política e alerta-nos para as redes corporativas que sustentam os mecanismos partidários, inquinando a democracia! O problema não são os partidos e menos ainda a Democracia... o problema são os seres humanos, feitos de pequenos interesses, muitos defeitos, muitas ambições, pouco escrúpulos e pouca ética, muita capacidade racional de relativização e demasiado sentimento recalcado "a pedra e cal", de hierarquia e submissão que lhes não permite viver, afirmando ou assumindo o melhor da natureza Humanidade!... mas... mesmo assim:
  Podemos !... apesar do ar ditatorial sob o qual se oculta a opressão e a injustiça.   dissimulados de um pretenso rigor que conhecemos sob o rosto e as máscaras dos governos e das impotências cobardes e medíocres das oposições!...  Podemos!... apesar do medo... do medo do desemprego, da fome, da doença e do futuro sem esperança... Podemos! ... apesar dos cortes, das contas e da hipocrisia palaciana em que a política se transformou!... Acreditem!... e Façam!... porque SIM... porque... PODEMOS !


Publicado por Xa2 às 07:45 | link do post | comentar | comentários (4)

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