« ATACAR a iniquidade, a injustiça, o desprezo e o cinismo dos poderosos » (-por N.Serra, Ladrões de B.)
Não é a política que faz o candidato virar ladrão, . . .
. . . é o teu voto que faz o ladrão virar político.
1. Em Janeiro sobe ao outeiro; se vires verdejar, põe-te a cantar, se vires o Coelho, põe-te a chorar.
2. Quem vai ao mar avia-se em terra; quem vota Coelho, mais cedo se enterra.
3. Coelho a rir em Janeiro, é sinal de pouco dinheiro.
4. Quem anda à chuva molha-se; quem vota em Coelho lixa-se.
5. Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão; parvo que vota em Coelho, tem cem anos de aflição.
6. Gaivotas em terra temporal no mar; Coelho em São Bento, o povinho a penar.
7. Há mar e mar, há ir e voltar; só vota em Coelho quem se quer afogar.
8. Março, marçagão, manhã de Inverno tarde de Verão; Coelho de Inverno, tarde de inferno.
9. Casa roubada, trancas na porta; Coelho eleito, Relvas na horta.
10. Peixe não puxa carroça; votar em Coelho, asneira grossa.
11. Amigo disfarçado, inimigo dobrado; Coelho empossado, povinho lixado.
12. A ocasião faz o ladrão, e de Coelho um aldrabão.
13. Não há regra sem excepção, nem Coelho sem confusão.
14. A fome é o melhor cozinheiro, Coelho o melhor coveiro.
15. Olhos que não vêem, coração que não sente, mas aturar o Coelho, não se faz à gente.
16. Boda molhada, boda abençoada; Coelho eleito, pesadelo perfeito.
17. Com Coelho e bolos se enganam os tolos.
"Estupidamente", disse Mário Soares à Radio France-Culture, "o primeiro-ministro anda a fazer mais do que lhe pede a troika". E sem perder tempo concretizou a ideia: Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho "só fazem asneiras". As palavras duras do experiente ex-presi
dente da República resumem, de forma inequívoca e simples, a permanente onda de críticas que os partidos da oposição diariamente empurram na direção do Governo.
O que Mário Soares não disse, e em abono da verdade não será a ele que compete essa tarefa, é que soluções alternativas (decisiva palavra por estes dias) podem e devem ser postas à disposição dos portugueses. E a simbiose torna-se assim quase perfeita. Com uma importante diferença. É que aos partidos da oposição, e aos seus deputados eleitos, cumpre a obrigação de apresentar ao País alternativas sérias e exequíveis.
Já é tempo de dizer "chega" a esse prolongado e velho, de tanto usado, discurso (que corre sérios riscos de deterioração) dos "assaltos à mão armada". Não há um cidadão deste país que não saiba quem está contra ou a favor do Orçamento do Estado. Não há um cidadão deste país que não saiba que medidas propõe o Governo para 2013. Mas o que nenhum português sabe é quais são as soluções alternativas, os caminhos de uma diferença qualitativa que PS, PCP e BE tenham para apresentar.
A recorrente transumância do discurso político tem disto, principalmente na esquerda socialista e na direita centrista. É assim uma espécie de síndroma. Quem nos garante, para além das palavras e promessas, que estando no Governo o PS, não "oferece" ao País uma versão socialista do Excell de Vítor Gaspar?
DN 22-10-2012
Li no Público e assisti na televisão à notícia infra. Pergunto: Continuamos a apostar nestes políticos? somos masoquitas? Começo a acreditar que sim.
Reza assim a notícia:
Foi acidental, disse-o e repetiu, ao presidente da câmara, quando este lhe deu a palavra, concluída a conferência de imprensa. E tão acidental foi quanto assertivo na sua intervenção, manifestando consciência orçamental na ponta da língua. Luis Garcia, de 74 anos — "tenho a quarta classe e já feita em adulto", precisou —, um ror deles passados na construção civil, atirou, irónico: Então vamos ter aqui o rio Marquês? É que. e estava aqui de passagem, reparei que nesta obra [parte do troço da rotunda exterior, reasfaitada diante do instituto Camões] não existe qualquer sumidouro [sarjeta de escoamento de águas pluviais]. Ora, quando chover tudo isto vai alagar. Como é que fazem uma obra destas?" António Costa chutou o assunto para a directora municipal de obras, Helena Bicho, que admitiu contratempos, falhas técnicas (também na placa de cobertura do metro) e o carácter provisório da obra. A técnica concedeu que está em falta o necessário sistema de drenagem de agua. mas que não está esquecido.
Luis Garcia não se comoveu com a explicação da engenheira e voltou a interrogar: "Então ê assim que se faz uma obra? O contribuinte vai pagar, novamente, para partirem o alcatrão e colocarem depois os sumidouros?" A técnica concordou, mas referiu que foram encontrados inesperados problemas derivados da laje do metro. Luís Garcia ficou então a saber, peio autarca, que aquelas e outras obras do projecto do Marquês de Pombal e Avenida da Liberdade vão custar 750 mil euros.
O presidente, com a ligeireza de verbo fácil e irresponsabilidade que se lhe conhece, remeteu para a engenheira, e esta, sempre acompanhada de um artificial sorriso, consegui dar-nos um exemplo assustador da qualidade da engenharia portuguesa, onde nos últimos anos, até com notas negativas a matemática e física, houve admissões. E nós, contribuintes? Pagamos pois.
Será que, afinal, o meu pai, nesta matéria, se enganara? É que. ano após ano, ia batendo certo o que ele me ensinara: que jamais algum governante mexeria com o regabofe, a economia paralela praticada pelos poderosos deste mundo (dos ricos e dos políticos), isto é, paraísos fiscais, Freeport, submarinos. Cova da Beira, BPN, movimentos de cheques por baixo da mesa nas negociações sobre obras públicas, sacos azuis, Casa da Música, futebol/ construção civil/autarquias, imunidades de governantes perante a Justiça (na formosa ilha da Madeira, 48 processos parados em tribunal porque os deputados não levantam a imunidade aos suspeitos), ex-governantes passarem a administradores de empresas com as quais tiveram negócios enquanto foram governantes, criação de empregos desnecessários mias bem remunerados) para os familiares e amigos da classe política, etc.
Ensinou-me o meu pai que era esta, e não outra, a monstruosa economia paralela, o tal regabofe, mas que, frequentemente, os políticos, para desviarem as atenções de si próprios, só apontavam o dedo à economia paralela praticada pelo comum dos mortais: o médico que não passava recibo, o picheleiro, a sapataria, a casa de roupas, etc.
Depois de pensar bem no assunto, decidi que entre a profecia de Passos Coelho e a sabedoria do meu pai. vou pela sabedoria do meu pai! O regabofe não vai acabar, porque o PSD e o PS não querem.
Publico_ José Madureira
Palavras para quê?
Eu quero la saber
Da roubalheira e da alta corrupção
Que o Djaló esteja no Benfica ou no Casaquistão
Que não se consiga controlar a inflação
Eu quero la saber
Que haja cada vez mais desempregados
Que dêem diplomas e haja cursos aldrabados
Que me considerem reformado ou um excedentário?
Que se financie cada vez mais a fundação do Mário
Que se ilibe o Sócrates do processo
Que não haja na democracia um só sucesso
Eu quero la saber
Que o Sócrates já não finja que namora a Câncio
Que o BCE se livre do pavão armado do Constâncio
Que roubem multibancos com retroescavadora
Que o Nascimento esburaque os processos à tesoura
Que deixe até de haver o feriado do 1º de Maio
Que a tuberculose seja mesmo um tacho pró Sampaio
Que em Bruxelas mamem muitos deputados
Que o Guterres trate apenas dos refugiados
Que a nós nos deixou bem entalados
Eu quero lá saber
Que ele vá a cento e sessenta e não preguem uma multa
Que amanhã ilibem os aldrabões da face oculta
Que o Godinho pese a sucata e abata a tara
Que pra compensar mande uns robalos ao Vara
Que o buraco da Madeira sobre também para mim
Que a Merkl se esteja borrifando pró Jardim
Eu quero lá saber
Que a corja dos deputados só se levante ao meio-dia
Que a "justiça" indemenize os pedófilos da Casa Pia
Que não haja aumentos de salários nem digna concertação social
Que os ministros e gestores ganhem muito e façam mal
Que Guimarães este ano se mantenha a capital
Que alguem compre gasolineira na cidade de Elvas
Que só abasteça o condutor do Dr. Relvas
Que na Assembleia continuem 230 cretinos
Que nas autarquias haja muitos Isaltinos
Que o Álvaro por tu ai esse sim hei-de eu vir a tratar
Que se lixe o falar doce do grande actor Gaspar
Que morram os pobres e os velhos portugueses
Que eles querem é que fiquem só os alemães e os franceses
Eu quero lá saber
Que o Zé seja montado quer por baixo quer por cima
Que a justiça safe bem depressa o influente Duarte Lima
Que o bancário Costa não volte a dormir na prisão
Que o Cavaco chegue ao fim do mês sem um tostão
Que na Procuradoria continue o Pinto Monteiro
Que prós aldrabões tem sido um gajo porreiro
Que os offsores andem a lavar dinheiro
Que o BPN tenha sido gamado pelo Loureiro
Que no BPP prescrevam os processos do Rendeiro
Que à CEE presida um ex-maoista sacana e manhoso
Que agora é o snob democrata Zé Manel Barroso
Tudo isto já nada pra mim tem de anormal
Mas o que eu quero mesmo saber
é onde está o meu país chamado PORTUGAL
que isto aqui é vilanagem pura roubalheira corrupção
Meu Deus manda de novo o Marquês de Pombal
antes que este povo inerte permita a destruição !!!
Maria (pseudonimo, claro!)
Funcionária Pública
A notícia deixaria qualquer um de boca aberta se, por acaso, não estivéssemos há muito em tempos de demagogia! :
O Secretário de Estado espanhol da administração pública avisou os funcionários públicos do país vizinho de que «era tempo de deixarem de ler o jornal e de tomar café»!
Impressionante e ao mesmo tempo de um mau gosto e de uma demagogia de se lhe tirar o chapéu! Corrupção e demagogia sapam a liberdade!
Se eu ouvisse esta «boca» a um cidadão qualquer que, porventura, foi mal atendido numa repartição pública, ou ao meu avô que, para além da banda de música e das vinhas, não ia muito em jornais, coisas de doutores obviamente-eu não me espantaria!
Agora ouvir esta frase preconceituosa a um membro do governo de um país com os pergaminhos da Espanha é a prova clara da baixeza a que chegou certa classe política!
Este tipo de afirmação sobre os trabalhadores do Estado não é inédito. Estamos ao corrente dos últimos dez anos em Portugal, desde o governo Durão Barroso, em que teve início um ataque feroz á administração pública em nome da «reforma do Estado». Em nome desta reforma cortou-se nos rendimentos dos trabalhadores, enviaram-se vários para a mobilidade, precarizou-se o vínculo da maioria, tornou-se insuportável a vida dos mais velhos e experimentados técnicos, introduziu-se o pior do privado na gestão pública, nomeadamente um sistema de avaliação monstruoso. Objetivos? Poupar dinheiro, entregar aos privados, nomeadamente consultores, chorudos negócios!
Governantes ainda de fraldas insultavam logo de manhã o brio profissional dos funcionários! Tudo lhe chamaram nesta pátria de Camões! Deram a entender e ainda hoje dão, que os funcionários públicos apenas são um custo! Quem cuida deste país? Quem o limpa? Quem limpa os velhos, trata os doentes nos hospitais, cuida de centenas de milhares de crianças e de jovens nas escolas? Francamente!
Com esta indignação não estou a dizer que os trabalhadores da administração pública são todos excelentes ou mesmo bons funcionários! Que não houve e que não há trabalhadores que prevaricam! Não cabe hoje aqui essa crítica, mas ficará prometida.
Mas francamente, ler o jornal nos dias de hoje, online ou em papel, é porventura um ato indigno e de não trabalho? Tomar um café já é um luxo? Onde estudou esta gente? Em que universidades? Quem foram os alarves dos professores? Por qual cartilha estudaram e que leite beberam em pequenos?
Notícia, hoje, no Diário de Notícias.
Desiludam-se.
Não é o ex-primeiro ministro de Portugal.
Em Portugal não há responsáveis políticos.
Começou o julgamento do primeiro-ministro islandês, Geir Haarde, acusado de negligência durante a crise de 2008.
O julgamento do primeiro-ministro islandês, Geir Haarde, acusado de negligência durante a crise financeira de 2008, que causou o colapso dos três maiores bancos do país, começou em Reykjavik
Agora pode-se dizer com toda a propriedade: este é um Governo que pratica políticas assassinas.
O que se poderá chamar a um Governo que deixa morrer a população de que é suposto cuidar?
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651 milhões de euros para empresas de trabalho temporário e esclavagistas
Acho que fica tudo dito sobre o que o Governo pensa do desemprego e dos trabalhadores do país quando a solução avançada para combater o desemprego jovem passa primeiro pelo subsídio estatatal às empresas de trabalho temporário, de modo a que façam o que compete aos Centros de Emprego, mas em condições muito piores para os trabalhadores, e depois pela promoção do trabalho escravo, não remunerado, a que se costuma eufemisticamente chamar estágios*.
Uma greve geral?
Não há uma réstia de dúvida de que os trabalhadores e o povo português têm razões de sobra para protestar contra este governo (como, alias, contra todos os que não respeitam os compromissos assumidos em campanhas eleitorais) assim como contra as medidas por ele tomadas. As divergências que podem existir são quanto à forma, ao momento aos meios e modos de protestos a levar por diante. Quase todos são legítimos, em democracia, mas,...
Não deixa de não ser contraditório o que se constata, entre o dito e o decidedo. Arménio Carlos, novo coordenador da central sindical afirmou, em entrevista à antena 1, que as decisões das lutas teriam que vir de baixo, teriam que ser assumidas pelos trabalhadores. No dia a seguir a tal entrevista ter ido par o ar o Conselho Nacional da central decide marcar uma greve geral. Não é credível que houvesse mandato para tal a menos que se considere que tal mandato deriva da concentração feita no sábado anterior na praça do comércio.
Se assim for não passará de uma greve (que nunca será geral) de funcionários públicos e de alguns sectores dos transportes levados a reboque, numa luta continuada de interesses partidários e pouco estratégica na prossecução dos verdadeiros interesses dos trabalhadores e do povo português.
Parece que “a luta continua” de derrota em derrota até vitoria final dos inimigos dos trabalhadores e dos povos, em favor do capitar financeiro e especulador.
Não admira que as direitas tenham ascendido aos poderes governativos dos países europeus e seja tão confrangedora a mediocridade dos actuais polítricos visto que das esquerdas nada de melhor ou de significativamente diferente emerge, infelizmente.
Há muito se exige ao Partido Socialista e a todas as forças à sua esquerda que se comportem segundo os princípios mais elementares da democracia, conjuguem esforços e actuem quer internamente como no âmbito da União Europeia.
Deixo, apenas, duas perguntas:
O que fazem os seus deputados no parlamento europeu?
Que conjugação, de actividade, têm com a do parlamento nacional?
O que é a EMEL? (-por Joao Abel de Freitas)
Mais do que uma Loja, um grande Centro Comercial.
Surpreendido? Eu não.
Segundo divulgou o jornal Expresso, o Procurador João Marques Vidal, responsável pelo Ministério Público no julgamento do processo Face Oculta, foi esta semana substituído na direcção do DIAP de Aveiro.
O “afastamento”/ substituição de João Marques Vidal fica a dever-se, segundo a justificação oficial, à "impossibilidade total" de estar quatro dias por semana na sala de audiências do julgamento do caso Face Oculta e, simultaneamente, coordenar o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Ministério Público de Aveiro.
Fonte oficial da Procuradoria-Geral da República, referiu ao Expresso que "era humana e funcionalmente impossível" acumular ambas as funções, desdramatizando assim a saída do procurador da direcção do DIAP de Aveiro.
As divergências entre a posição do tribunal de Aveiro e o procurador-geral eram públicas, o que não é do conhecimento público é até onde irá a “mão” oculta da irmandade, no sistema judicial. Assim vai, por cá, a justiça dos ricos. A dos pobres tem as prisões cheias.
A diferença entre José Sócrates e Passos Coelho, é que este último mente mais. Duvida? então veja
http://www.youtube.com/watch?v=gNu5BBAdQec
Para acabar de vez com os mitos da crise
Se nalguma coisa a narrativa austeritária tem sido singularmente bem sucedida, é a disseminar e explorar o mito de que os países da periferia europeia viveriam acima das suas possibilidades por os seus trabalhadores trabalharem de menos e terem regalias a mais. Esta visão hegemónica foi abundantemente vendida aos eleitorados e opiniões públicas dos países do centro europeu, claro, mas tem também exercido grande influência na própria periferia.
Acontece que é, simplesmente, mentira. Este post publicado no blogue da Real World Economics Review, que tem por base um exercício anterior de Kash Mansori, reúne cinco tabelas que mostram isso muito bem. É um conjunto de indicadores a que nós e outros já nos temos referido, mas que aqui se encontram convenientemente reunidos e resumem a questão de forma cristalina.
As figuras falam por si, mostrando que, de uma forma geral, os trabalhadores da periferia europeia…
2) têm taxas de actividade idênticas ou mais elevadas (especialmente Portugal e Espanha);
4) registam níveis de despesas sociais per capita bastante mais reduzidos; e
Ou seja, a narrativa hegemónica é uma rematada mentira de consumo fácil, destinada a persuadir as vítimas da espoliação de que "não há alternativa". Quanto à verdadeira história, resume-se nos seguintes pontos:
1) Uma perda de competitividade dos países da periferia europeia ao longo da última década que não se deveu à evolução da produtividade do trabalho mas sim à pertença a uma zona monetária perversa, com um euro sobrevalorizado face ao exterior e, no interior da zona euro, uma competição cerrada ao nível da compressão salarial promovida acima de tudo pela Alemanha...
2) …perda de competitividade essa que, ao longo da última década, provocou o gradual aumento do défice comercial e constrangeu o nível de actividade económica, com consequente perda de receitas fiscais (aumentando o défice orçamental)...
3) …a que se seguiu uma recessão mundial, de 2008 em diante, que implicou uma contracção dos mercados de exportação, com consequente aumento adicional do défice externo e contracção adicional da actividade económica, implicando uma perda adicional de receitas fiscais e um aumento dos gastos do estado por acção dos estabilizadores automáticos (como o subsídio de desemprego)…
4) …recessão mundial essa que incluiu uma crise bancária que esteve na origem da opção política pelo resgate público de bancos falidos em condições desastrosas (somando défice ao défice), aliás na sequência das gigantescas rendas que os estados vêm há muito, e por diversas vias, assegurando à banca…
5) …somando-se ainda ao desperdício obsceno de fundos públicos decorrente da captura do Estado por interesses rentistas, nomeadamente através das ruinosas “parcerias" público-privadas.
Portanto: uma crise cujos fundamentos residem nas estratégias do capital centro-europeu; que foi despoletada por uma recessão mundial também ela decorrente do funcionamento do capitalismo financeirizado; e que se tornou insustentável devido ao desperdício acumulado do erário público em benefício de interesses rentistas nacionais, com a banca e os grandes grupos económicos à cabeça.
E pela qual são os trabalhadores, pensionistas e classes populares a pagar - de uma forma nunca vista e, se não reagirmos à altura, permanente.
Mais do que uma crise, é um gigantesco roubo. E temos todos a obrigação de lutar contra ele nas ruas, nos locais de trabalho… e nas mentes daqueles com quem falarmos.
História com final feliz
É só um mais caso mas ilustrativo dos labirintos políticos através dos quais, passando pelo Estado, os milhões fluem, em Portugal, do bolso dos contribuintes para o de certos grupos económicos, invariavelmente os mesmos.
Noticia a "Agência Financeira" que a reguladora do sector rodoviário denunciou em 2010 ao então secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, que a Estradas de Portugal estava a negociar um contrato ruinoso com o grupo Ascendi, referente às auto-estradas entre Barcelos e Guimarães e Famalicão e Vila Pouca e a várias ligações dos IC16, IC17 e IC30.
O trânsito era, pelos vistos, pouco e a concessionária perdia dinheiro pois se pagava apenas com portagens. O anterior Governo resolveu-lhe o problema: passou a pagar à Ascendi, por estradas que não custavam um cêntimo ao Estado, 1,864 milhões em rendas fixas, recebendo 1,267 milhões de portagens. Para isso mudou o Código da Contratação Pública e entregou depois (ou antes, não se sabe) a feitura do contrato a um escritório de advogados... ligado às construtoras.
O resultado foi um rombo de 597 milhões anuais na despesa pública que você, leitor, e eu estamos agora a pagar à Ascendi, isto é, à Mota-Engil de Jorge Coelho e ao BES.
O então presidente da Estradas de Portugal [Almerindo Marques] é hoje presidente da Opway, construtora do BES e accionista da Ascendi. E Paulo Campos figura de proa do "novo PS" de Seguro. Tudo está bem quando acaba em bem.
in JN
Se nos dermos ao trabalho de ler o curriculum profissional de Pedro Passos Coelho, constatamos, para além da vida política, estar lá alguma experiência empresarial com cargos sucessivos de director, administrador e presidente, fundamentalmente em empresas de tratamento de resíduos.
Tratamento de resíduos é um nome modernaço, embrulhado com a fita garrida da defesa do ambiente, para identificar a prosaica recolha de lixo. Ou seja, o primeiro-ministro é um homem do lixo.
Poderíamos dizer, depois do anúncio do saque ao contribuinte que o próprio fez na televisão para explicar o próximo Orçamento do Estado, que só quem está habituado a fazer um trabalho sujo estaria disposto àquele difícil papel.
É possível pensar que aquele homem sente a redenção da mesma missão visionária do presidente da Câmara de Paris que, no final do século XIX, enfrentou multidões a exigirem manter o direito de deitar no meio da rua o lixo que faziam em casa, em vez de se sujeitarem a um sistema de recolha.
Uma terceira hipótese é a de o País ter acumulado tanta porcaria que só um especialista em lixo será capaz de proceder, com eficácia, à limpeza.
Olhemos, porém, os factos. Passos Coelho deitou para o lixo a promessa de que não cortaria subsídios de Natal e 13.º mês. Deitou para o lixo a garantia de que não haveria aumento de impostos. Deitou para o lixo a insensata redução da taxa social única. Deitou para o lixo (ou, pelo menos, pôs na reciclagem) os cortes nas gorduras do Estado que beneficiam os poderosos (empresas de capitais públicos de gestão e utilidade suspeita, fundações com objectivos ridículos, autoridades que fingem que regulam, organismos e observatórios inócuos, etc., etc.). A caminho do lixo, aposto, está também a prometida redução de assessores dos ministérios em 20%. Tudo o que foi sufragado favoravelmente pelo eleitorado há apenas quatro meses está, já, no lixo.
Diz este gestor de resíduos que encontrou mais porcaria debaixo do tapete, uns três mil milhões de euros em despesas, o que justifica programar a ida de mais meio milhão de pessoas para o desemprego, a ruína de milhares de empresas e a humilhação dos funcionários públicos. Vão para o lixo.
Diz ainda que não há alternativa... Há e nada tem de revolucionária. Basta perceber o que se está a passar na Europa e aquilo que até Cavaco Silva, insuspeito de demagogia nesta matéria, tenta explicar há meses. Mas, é verdade, esse não é trabalho de tratamento de resíduos, é trabalho político complexo. Isso, o nosso homem do lixo parece não saber ou querer fazer.
DN 18-10-2011
Contra a escalada neoliberal, por uma nova agenda sindical
Na última década, no quadro das novas condições da globalização, o capital multinacional e os governos neoliberais desencadearam uma nova fase de liberalização, de privatizações, de ataques sistemáticos ao Estado Social e aos direitos dos cidadãos e dos trabalhadores. Na Europa, boa parte das medidas anti-sociais e anti-laborais foi justificada em nome dos critérios de convergência para a moeda única e em nome da defesa da estabilidade financeira da zona euro.
A crise financeira global que emergiu em 2007-2008, em vez de constituir uma oportunidade para os governos e instâncias supranacionais repensarem os tremendos riscos sociais e políticos do liberalismo de mercado, introduzindo mecanismos de regulação e reorientação das políticas económicas, teve um resultado bem diferente. Com efeito, os Estados acorreram a salvar os sistemas financeiros, injectando somas colossais, sem lhes fazer exigências ou introduzir penalizações. Não impondo a regulação que se impunha, colocaram-se à mercê dos mercados financeiros, da sua voracidade e das suas condições de financiamento, que penalizam dramaticamente os países em situação mais frágil.
As instâncias da União Europeia tremeram pelo Euro e sucumbiram à chantagem fazendo suas as condições das instituições financeiras. As regras da zona Euro quanto ao controlo do défice e da divida têm vindo a constituir o pretexto para propostas de políticas que visam cumprir integralmente a agenda neoliberal, salvaguardando os interesses dos ricos e poderosos e penalizando brutalmente os trabalhadores e demais cidadãos. No quadro da escalada da crise, em 2010, a UE reforçou os constrangimentos e pressões sobre os estados membros, processo que se acentuou recentemente com a cimeira do Conselho Europeu de 24 e 25 Março.
Os países do sul da Europa (Espanha, Grécia e Portugal) e a Irlanda, incluídos na zona Euro, têm sofrido as consequências da tripla pressão FMI/ Agências privadas de rating/ União Económica Monetária, levando ao corte dos salários dos trabalhadores do sector público, ao corte do investimento público no sector produtivo, a novas privatizações, à redução da protecção social, incluindo o congelamento ou diminuição das pensões e benefícios sociais e a multiplicação das restrições ao seu acesso, bem como a limitação dos subsídios de desemprego e a facilitação dos despedimentos.
As consequências desta tripla pressão são dramáticas, visto que põem em causa o Estado Social e os direitos laborais duramente alcançados, promovendo a desigualdade e a exclusão social e, em vez de promoverem o crescimento e o desenvolvimento económico, aprofundam a crise económica através de uma política fortemente recessiva. No plano político, fragilizam-se as bases da democracia e do exercício da cidadania, enfraquecendo também o poder de decisão dos parlamentos nacionais.
Na Europa, em muitos países, os trabalhadores e demais cidadãos, os sindicatos e variadas organizações da sociedade civil, têm vindo a reagir fortemente contra as políticas de austeridade, com greves gerais, manifestações e outras formas de contestação, incluindo a adesão às iniciativas de protesto da Confederação Europeia dos Sindicatos. Em Portugal, os trabalhadores do sector público e do sector privado, os precários e não precários, têm vindo a exigir uma viragem nas políticas nacionais e europeias. Em Portugal, a greve geral do sector público e privado de 24 de Novembro de 2010, juntando a CGTP e a UGT, constituiu uma resposta unitária massiva aos planos de austeridade dos vários PEC e do Orçamento para 2011. A manifestação de 19 Março de 2011 promovida pela CGTP contra o mais recente PEC 4 insere-se também neste movimento. A extraordinária mobilização do 12 de Março, ao apelo dos jovens, mostrou a quem tinha dúvidas a profunda vontade de mudança no sentido da justiça social.
Os sindicatos estão numa situação crítica sem precedentes, em Portugal e na Europa, confrontados com sucessivos planos de austeridade que representam um verdadeiro retrocesso social. Simultaneamente são atacados como estruturas corporativas que defenderiam interesses instalados ou como obstáculos ao livre funcionamento do mercado de trabalho. São acusados de pactuar com o desemprego quando defendem a estabilidade do vínculo laboral. São acusados de aprofundar a crise quando defendem salários decentes e o Estado Social. São pressionados a aceitar mais e mais flexibilidade e insegurança.
Em suma, são pressionados a deixar de desempenhar o seu papel como sindicatos. Nas últimas duas décadas os sindicatos definiram em grande medida as suas estratégias e práticas numa lógica defensiva face à agenda liberal. A crise actual e o que se anuncia exige uma profunda reflexão, ancorada é certo nas aquisições da experiência sindical passada, mas capaz de promover novas agendas, estratégias e práticas que reforcem a capacidade dos sindicatos de influenciar realmente os acontecimentos. A ancoragem nas aquisições da experiência sindical passada é fundamental, sobretudo tendo em atenção uma lição fundamental: a construção da capacidade de mobilização dos trabalhadores e de inscrição na sua vida colectiva é uma fonte essencial do seu poder de negociação e do seu poder de alcançar resultados.
À deriva burocrática e rotineira, é preciso responder com o reforço da democracia interna e com a ampla discussão envolvendo a base. Ao fechamento dos sindicatos é preciso responder com a abertura e diálogo com outras organizações e associações da sociedade civil, criando sinergias e potenciando a acção comum efectiva. A relação dos sindicatos com os partidos políticos, que foi sendo historicamente uma constante do movimento dos trabalhadores, tem de ser repensada, reforçando a autonomia e independência dos sindicatos, mas permitindo a acção conjunta quando a natureza transversal do combate político e social o exigir.
A reflexão impõe-se para uma acção esclarecida e coordenada a nível nacional e europeu. E certamente também no plano internacional. Com o desmantelamento dos direitos sociais e laborais na Europa não é só a Europa e os países que dela fazem parte que têm a perder. A sua defesa na Europa é um capital de esperança para os trabalhadores e cidadãos de todo o mundo, incluindo nos países onde milhares e milhares de trabalhadores ingressando agora nas empresas industriais subcontratadas ou deslocalizadas da Ásia começam a fazer as primeiras experiências de acção colectiva, ainda sem sindicatos livres e independentes.
Nós, sindicalistas, cidadãos envolvidos em diferentes organizações e movimentos sociais, e cientistas sociais, decidimos tomar em mãos algumas iniciativas para contribuir para esta reflexão urgente, porque sentimos que é exigido o concurso de todos e a partilha de experiências e pontos de vista para aprofundar o diagnóstico, encontrar respostas e formular acções, no quadro da liberdade de expressão e discussão. Este manifesto é o nosso ponto de partida.
Um amigo, mandou-me um e-mail que não sei se é integralmente correcto, mas estou em crer que sim. Ele acredita que sim e eu também, dai a sua e minha indignação, que espero o contagie a si, leitor
E o que diz o e-mail? Descreve as múltiplas funções de um antigo secretário de Estado do Tesouro e das Finanças do XIV ,um governo PS, concretamente do segundo governo de Guterres, que foi um dos mentores da parte económica do actual programa do PSD.
António Nogueira Leite vai ser vice-presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos e ganhar mais de 20 mil euros por mês. O académico, que foi conselheiro de Pedro Passos Coelho (quem diria?), vai assumir funções executivas, ocupando o lugar de número dois do próximo presidente executivo do banco público.
Actualmente, já é:
- administrador executivo da CUF,
- administrador executivo da SEC,
- administrador executivo da José de Mello Saúde,
- administrador executivo da EFACEC Capital,
- administrador executivo da Comitur Imobiliária,
- administrador (não executivo) da Reditus,
- administrador (não executivo) da Brisa,
- administrador (não executivo) da Quimigal
- presidente do Conselho Geral da OPEX,
- membro do Conselho Nacional da CMVM,
- vice-presidente do Conselho Consultivo do Banif Investment Bank,
- membro do Conselho Consultivo da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações,
- vogal da Direcção do IPRI.
É membro do Conselho Nacional do PSD desde 2010.
Os amigos começam a ocupar os bons lugares e, mesmo quando dizem que querem poupar e reduzir nas despesas, quando aumentam impostos, quando aumentam os transportes, a saúde e anunciam que ainda agora começaram os sacrifícios, não têm vergonha de aumentar o número de administradores da CGD de sete para onze. Há que haver lugares para todos e aos Barões não serve qualquer um. Têm de ser lugares de luxo e prestigio que são gente importante.
Que autoridade moral, ética e profissional tem uma pessoa com este desempenho profissional e este percurso político?
A Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, recentemente revogou uma lei que dificultava a desflorestação, beneficiando assim os grandes latifundiários.
Agora, procura“esconder” as contas públicas.
Depois de (mais) um escândalo envolvendo o ministro Palocci, a presidente presidenta Rousseff desobrigou o governo de divulgar informação sobre os custos das obras relacionadas com o Mundial de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Foi uma decisão prudente quando já se antecipa a irremediável derrapagem das obras e dos orçamentos, o que criará o maior dilúvio de corrupção já visto pelo Brasil e o Brasil já viu muitos - esta terra ainda vai cumprir seu ideal / Ainda vai tornar-se um imenso Portugal. Estão em causa compensações por trabalhos a mais e por encurtamento dos prazos, em cima de cambões e adjudicações pela porta do cavalo, que no final custarão milhares de milhões de reais. (*)
"Eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada"
Uma Câmara com mais de 12 000 (doze mil) funcionários, dos quais muitos são juristas, encomenda pareceres jurídicos. Será que o principal gestor da Câmara (vulgo presidente) também gere assim as suas finanças privadas?
Diz o Público de hoje:
A Câmara de Lisboa pagou 23.196 euros, em 2009, por um estudo jurídico de cuja existência os serviços do município duvidam, mas que nunca esclareceram se foi feito. O trabalho em causa era um dos quatro previstos num contrato celebrado, por ajuste directo, com uma sociedade de advogados, no valor de 46.392 euros (mais IVA), e que foi anulado por causa de um alegado conflito de interesses, relativo a uma das intervenientes.
Celebrado em Dezembro de 2008, o contrato, subscrito pelo então director municipal de Cultura, Rui Pereira, e pela sociedade Amaral & Lourenço - representada pela advogada Inês Amaral -, previa um estudo sobre o Museu do Design e da Moda (Mude) e três outros trabalhos, referentes à Casa Fernando Pessoa e às fundações que se dedicam à promoção de grandes autores. A proposta de adjudicação foi assinada, em Novembro, pela advogada Adelaide Silva, que, tal como Inês Amaral, assessorava Rui Pereira, ao abrigo de um contrato de avença que terminava a 31 de Dezembro.
Nos termos contratuais, a Amaral & Lourenço - de que Inês Amaral era uma das duas sócias - receberia os primeiros 23.196 euros contra a "entrega do estudo sobre a titularidade dos direitos de autor que recaem sobre o espólio de Fernando Pessoa, propriedade da Câmara de Lisboa".
Sete dias depois do final das avenças de ambas as juristas, a 7 de Janeiro de 2009, a sociedade apresentou a primeira factura, tendo Rui Pereira - que quatro dias depois passaria a director municipal de Recursos Humanos - autorizado o pagamento. Seis meses depois, foi apresentada uma segunda factura, com os restantes 50 por cento, juntamente com um parecer sobre as "soluções jurídicas para o futuro" do Mude, assinado por Adelaide Silva e Inês Amaral.
Confrontada com o facto de a primeira destas advogadas ser a autora da proposta de contratação da sociedade, e com a não entrega dos estudos relativos à "protecção da marca Casa Fernando Pessoa" e às fundações, a então vereadora da Cultura, Rosalia Vargas, que não quis falar ao PÚBLICO, pediu a apreciação jurídica do caso, concluindo pela invalidade da contratação. De acordo com o serviço de Ouvidoria do município, "existe um notório conflito de interesses", que gera a anulação do contrato, no facto de a proposta de adjudicação ter sido assinada, enquanto prestadora de serviços da câmara, pela mesma advogada que subscreveu, em Julho de 2009, o parecer sobre o Mude.
O documento salienta que "não existe qualquer registo associado à entrega" do primeiro parecer, "pelo que é impossível confirmar a sua efectiva entrega e eventual destino". Já quanto aos trabalhos sobre a protecção da marca Casa Fernando Pessoa e sobre as fundações, o texto, que mereceu a aprovação da vereadora da Cultura, insiste em que se desconhece "se [os mesmos] foram realizados e entregues".
Contactado pelo PÚBLICO, Rui Pereira garantiu que o primeiro trabalho lhe foi, de facto, entregue e que o mesmo "ficou nos serviços". Foi, aliás, "fazendo fé" nessa confirmação do ex-director, assinalada sobre a própria factura, que a directora do Departamento Jurídico e a vereadora entenderam "não haver lugar à devolução da quantia já paga".
Rui Pereira - que está em vias de ser substituído como director dos Recursos Humanos ao abrigo da reestruturação dos serviços e era um dos dois únicos directores municipais pertencentes ao PSD - assegurou também que "ignorava, de todo, que a dr.ª Adelaide Silva viria a ser contratada" pela sociedade Amaral & Lourenço para fazer o estudo sobre o Mude.
Na sequência do parecer da Ouvidoria, o contrato com esta sociedade foi anulado pela câmara e o trabalho sobre o Mude devolvido, não sendo paga a segunda factura apresentada
Neste contexto, segundo uma auditoria do Tribunal de Contas ainda em curso, “os contratos iniciais apresentavam pagamentos fixos a realizar pelo Estado relativamente curtos”, mas “com a alteração dos mecanismos de pagamento, as concessionárias passaram a beneficiar de rendas avultadas, baseadas no conceito de disponibilidade”, conta o Correio da Manhã de hoje, que teve acesso ao documento e deu a notícia.
Diz-se também que “o facto de se introduzirem portagens não alterará o facto do contribuinte pagador”, pois será “este que continuará a pagar a maior fatia daqueles encargos”, pois as receitas previstas das portagens não são suficientes para cobrir as rendas anuais de cerca de 650 milhões de euros a pagar pelo Estado, lê-se naquele jornal.
O documento da auditoria ainda não foi aprovado pelo Tribunal de Contas, que por isso se recusou a comentar o caso ao Correio. Ontem a TVI também tinha noticiado esta auditoria, dizendo que os juízes se queixaram de ter sido induzidos em erro para aprovar cinco auto-estradas, no valor de dez mil milhões de euros, porque lhes terão sido sonegadas informações.
Àquela estação de televisão explicou que antes, “o Estado devia às concessionárias 178 milhões de euros” e que agora, “a empresa pública Estradas de Portugal ficou comprometida com uma dívida superior a 10 mil milhões de euros. Com a renegociação de contratos, para introduzir portagens, as estradas ficaram 58 vezes mais caras.”
O problema é que “a receita de portagens fica longe dos novos encargos assumidos pelo erário público”.
A confirmar-se a notícia, você, leitor, é capaz de me esclarecer quem é beneficiado com a renegociação?
Quem eu não quero que fique chateado é o FV pelo facto de eu plagiar uma frase sua, neste post.
"Há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular!"
Como? Importa-se de repetir?
Sem uma estratégia para reorientar o modelo de crescimento, o país estará ainda perante o espectro da bancarrota Com o pedido de assistência financeira externa, o Governo colocou um marco humilhante num dos períodos mais indigentes e irresponsáveis da política portuguesa nas últimas décadas. Primeiro, o Governo foi sistematicamente negando que a crise financeira tocasse Portugal. Só muito tarde, na primeira quinzena de Maio de 2010, José Sócrates descobriu que o mundo tinha mudado, e muito. Mas, entretanto, já tinha feito o que queria: utilizar eleitoralmente o Orçamento de 2009 para tentar nova maioria absoluta. Não a alcançou, e iniciou a queda para o abismo, não percebendo nem controlando mais os impactos que os resultados finais daquele orçamento iriam ter daí para a frente na perda de credibilidade amealhada no controlo do défice em 2006-7. Daí para cá, vimos um Governo em actuação táctica com mentiras, mistificações e manobras de guerrilha, sobretudo com o maior partido da oposição, procurando esconder a realidade das contas públicas e do endividamento externo, e evitar uma moção de censura caso tomasse as medidas verdadeiramente necessárias para corrigir o défice. Pego agora numa dessas mentiras/mistificações que se fizeram ouvir. A tese de que não estaríamos tão mal como outros países porque não tivemos uma bolha imobiliária. Mas a verdade é que não só tivemos uma grande bolha imobiliária, como ainda tivemos uma bolha de consumo, de endividamento privado e de endividamento público. Em suma, Portugal construiu, durante parte das últimas duas décadas, uma enorme bolha económica global, uma bolha que políticos e alguns economistas confundiram com vitalidade económica e sinal de prosperidade! Mas, infelizmente, essa bolha foi a base do descalabro e da vergonha em que nos encontramos hoje. A experiência e a investigação sobre as bolhas na economia ensinam-nos que não há recuperação da situação anterior ao estouro das bolhas. Logo... preparemo-nos para uma dieta de ajustamento profundo com o estouro da bolha económica nacional! Podemos ter uma percepção do significado dessa bolha através de um gráfico que apresentei em Plenário da Assembleia da República, a 15 de Abril de 2009. O gráfico que nesta página se reproduz compara os valores do PIB e do endividamento conjunto do Estado, das famílias e das empresas, entre 1997 e 2007. É fácil constatar que, enquanto o PIB cresceu 1,7 vezes, o endividamento cresceu 3,2 vezes no mesmo período! Se o PIB tivesse crescido na mesma proporção que o endividamento, então o PIB per capita teria ultrapassado, em 2007, o do Japão ou da Alemanha! Depois de 2007, estes dados económicos pioraram, o que mostra que a política global seguida pelo país não alterou este rumo, nem travou a vertigem em direcção à insolvência. Onde foram aplicados tantos recursos? Alguns leitores irão lembrar-se de empresas, escolas, hospitais, complexos desportivos, centros de congressos, bibliotecas, auto-estradas, reabilitação urbana, abastecimentos de água, sistemas de tratamento de esgotos, etc. As cidades ganharam, de facto, uma fachada de modernidade e melhoraram alguns serviços públicos. Mas houve muitas outras aplicações destes recursos: especulação com a habitação e terrenos, bonitos relvados, centros comerciais, mais de dois milhões de automóveis novos, viagens de férias ao estrangeiro, bens de consumo duradouro, espectáculos, maiores salários, subsídios vários e muitas outras despesas correntes no Estado. Não esquecer que muitos impostos arrecadados pelo Estado como receita corrente tiveram, na sua origem, empréstimos pedidos pelas famílias para aquisição de casa própria e automóveis. Assim, uma parte importante da dívida do Estado foi para pagar despesas... correntes! Só para pagar o défice externo (7 a 8 por cento do PIB pelo menos!) de cada um dos anos deste período, o país teria que aumentar a criação de riqueza em pelo menos 1 por cento por ano. Como não houve quase nenhum crescimento do PIB ao longo da década, e os défices externos se tornaram crónicos, dá para perceber que a cada ano ia diminuindo a nossa capacidade de honrar as dívidas. Os mercados e a Europa viram perfeitamente este quadro de insolvência no horizonte! Por isso, a actual discussão sobre quem tem culpa na vinda do BCE e do FMI constitui um insulto à inteligência dos portugueses. A inevitabilidade do pedido de ajuda não se discutia, e eu sei, de fonte segura, que antes do fim de 2010 já se preparava o trabalho para esse efeito, mesmo que as instâncias europeias o neguem. Se o pedido de assistência financeira evita momentaneamente o desastre, ele ainda fica a pairar. Porquê?! Porque a assistência financeira apenas assegura durante os próximos 2-3 anos que Portugal honrará os seus compromissos de reembolso da dívida pública, nas datas dos vencimentos, e sem recurso ao mercado a juros insuportáveis. Mas, sem uma estratégia para reorientar o modelo de crescimento, o país estará ainda perante o espectro da bancarrota, em que os credores irão sofrer inevitavelmente uma perda dos seus créditos, de que resultará um período negro de anos de dificuldade de acesso a novos financiamentos, ficando o país limitado às esmolas dos fundos comunitários! Uma saída para a crise nacional existe, e só a classe política actual será o obstáculo maior, com José Sócrates, para já, como principal problema.
Joaquim Ventura Leite, Economista, ex-deputado, militante do PS [Público]
Ao ver as reportagens do Congresso do PS, a pergunta que mais frequentemente me ocorreu foi como é que os Portugueses, na angustiante situação que vivemos, olhariam para aquele espectáculo.
Um espectáculo que exibia uma incómoda exuberância de meios ao mesmo tempo que revelava uma montagem atenta ao mais ínfimo pormenor (com música, abraços e lágrimas). Mas de onde, na verdade, não brotava uma só ideia, uma só preocupação com o País, uma só proposta para o futuro...
Onde, pelo contrário, era bem visível a obsessão com o poder e a preocupação em bajular o líder no seu bunker, seguindo um guião e repetindo "ad nauseam" um só argumento, com uma disciplina de fazer inveja ao PCP!...
Ter-se-á atingido aqui o lúgubre apogeu do "socialismo moderno", esse híbrido socrático que ficará na história por ter esvaziado o Partido Socialista de quase todos os seus valores patrimoniais e diferenciadores, reduzidos agora a um mero videoclip.
Como na história ficará também a indigência intelectual e o perfil ético de tantos "senadores" do PS que subiram ao palco para - com completo conhecimento de causa sobre o gravíssimo estado do País - acenar cinicamente aos militantes e aos Portugueses, por puro e interessado calculismo político.
O Congresso assumiu a estratégia de Sócrates que é, há muito, clara: ignorar os factos e sacudir as responsabilidades. Inventando uma boa história, que seja simples, que hipnotize as pessoas e, sobretudo que as dispense de olhar para os últimos seis anos de governação, para os números do desemprego, do défice, da dívida ou da recessão. Ou de pensar nas incontornáveis consequências de tudo isto no nosso futuro. Eis o marketing político no seu estado mais puro, e mais perverso.
…
A força da história avalia-se pelo modo como deforma os factos e maquilha a realidade. Em Matosinhos, ela foi muito eficaz para esconder aquilo que na verdade mais perturba os socialistas: esta é a terceira vez que o FMI é chamado a intervir em Portugal, e, sendo verdade que veio sempre a pedido de governos liderados pelo PS, esta é a primeira vez em que vem devido a erros de governação do próprio PS.
Isto nunca tinha, de facto, acontecido: em 1977/78 o FMI veio por causa dos "excessos" revolucionários, e em 1983/84 para corrigir os deslizes do governo de direita, da Aliança Democrática. Em ambas as situações o PS apareceu, com a coragem de Mário Soares, a corrigir os erros de governações anteriores e a defender o interesse nacional. Desta vez é diferente: o FMI é chamado a Portugal justamente devido à acção de um governo do PS, dirigido pelo seu secretário-geral.
…
Não consigo conformar-me com este modo de "fazer política". Sofro, como milhares de socialistas, e certamente muitos mais portugueses, com este tipo de comportamento que joga no "vale tudo" para permanecer no poder. Ao arrepio de todos os valores, ignorando as mais elementares regras da ética, transformando a política num mero exercício de propaganda que se avalia por um único resultado: continuar no poder.
O Partido Socialista ficou reduzido ao álibi de Sócrates. Um secretário-geral que deu sem dúvida provas como candidato eficaz, mas que também já as deu como governante medíocre, conduzindo o País à bancarrota e à mais grave crise que o País já conheceu desde o 25 de Abril de 1974.
Foi com estes dados que o PS saiu do Congresso, à espera de um milagre eleitoral no próximo dia 5 de Junho. Mário Soares falava prudentemente, aqui no DN de anteontem, no risco de um duche gelado que entretanto o PS corre. Mas mesmo que tal não aconteça, não haja ilusões: ganhe ou perca, no dia seguinte às eleições este PS do álibi vai estar como estava na véspera - com uma mão-cheia de nada e outra de coisa nenhuma. Talvez, finalmente, a olhar para o abismo onde nos conduziu. E quanto a Portugal, o que será de nós?
Manuel Maria Carrilho [Diário de Notícias]
Decorreu na passada semana o XVII Congresso do Partido Socialista, o qual, conforme resulta da comunicação social, foi não um Congresso, mas sim um comício de José Sócrates.
Da comunicação social “livre” passou a ideia que o unanimismo à volta de Sócrates foi total. Felizmente, ainda que poucas, houve vozes corajosas que disseram aquilo que pensam sobre o que foi a governação do primeiro-ministro demissionário.
Sócrates parece daqueles velhinhos que se metem pelas auto estradas em contra-mão, com o Teixeira dos Santos no lugar do morto, a gritarem que os outros é que vêm ao contrário.
De rabo entre as pernas, fartinhos de saberem que estavam errados, não conseguem agora disfarçar o mal que nos fizeram.
Ainda estão a despedir-se, agradecidos, do Constâncio, e já dão a mão a Passos Coelho, que lhes jura que conhece uma saída perto e sem portagem.
Estamos bem entregues!
Vão-nos servindo a sopa do Sidónio, à custa dos milhões que ainda recebem da Europa, andam pelo mundo fora sem vergonha, de mão estendida, a mendigar e a rapar tachos, tratados pelos credores como caloteiros perigosos e mentirosos de má-fé.
Quando Guterres chegou ao Governo, a dívida pouco passava dos 10% do PIB.
15 anos de Guterres, Barroso, Sócrates e de muitos negócios duvidosos puseram-nos a dever 120% do PIB.
Esta tropa fandanga deu com os burrinhos na água, não serve para nada e o estado do próprio regime se encarrega de o demonstrar.
Falharam todas as apostas essenciais.
Todos os dias se mostram incapazes.
Mas com o Guterres nos refugiados, o Sampaio nos tuberculosos e na Fundação Figo, o Constâncio no Banco Central e o Barroso em Bruxelas, a gente foge para onde?
Joaquim Letria
O dia de hoje foi marcado por vários acontecimentos, como sucede todos os dias mas neste caso a novidade foi a anulação do habitual concurso para alunos do Centro de Estudos Judiciários, facto que além de ter criado uma profunda desilusão deixou de “rastos” as expectativas de quem para tal se andava a preparar. Em trinta anos nunca tal havia sucedido.
O outro facto, igual e anualmente repetido (porque não anula-la, tambem?) foi a cerimónia da abertura do ano judicial onde, segundo o “Correio da Manhã” Pinto Monteiro afirmou que "É urgente criar uma Justiça mais transparente e mais próxima do cidadão”.
O procurador-geral da República (PGR), na sua intervenção no Supremo Tribunal da Justiça, em Lisboa, voltou a apelar à elaboração de um novo estatuto do Ministério Público e à resolução dos problemas na progressão da carreira.
O PGR foi eloquente ao referir que "A tentativa de resolver problemas políticos através de processos judiciais é um dos exemplos da nefasta intromissão da política na Justiça”. Alertou, também, para o facto desta situação poder levar "ao declínio da independência do poder judicial". E acrescentou: "desiludam-se aqueles que pensam e proclamam que da guerrilha com o poder político resultará o domínio do poder judicial".
"Não será assim", garantiu o procurador, apelando ao poder político para ter coragem de clarificar que Ministério Público pretende para o país.
Já Maria José Morgado havia afirmado que “não é possível uma reforma da justiça em Portugal porque os decisores políticos não estão interessados nisso”. E porque será?
Bem se poderá afirmar que esta foi, também, uma teia onde o Partido Socialista e o seu governo se deixaram apanhar por não ter tido a coragem (ou não lhe ser conveniente?) de fazer a reforma que se imponha e de que o país tanto carece.
grupo de "Trabalho para o Património Imaterial"...
A notícia ilustra o rigor com que os escassíssimos recursos financeiros são geridos oficialmente em Portugal: um fantástico Grupo de “Trabalho” para o Património Imaterial, criado por despacho governamental há cerca de um ano, não produziu qualquer trabalho, terá reunido 1 vez apenas, mas custou € 209.000...
Paradoxalmente, alguns dos seus membros queixam-se amargamente de falta de apoios, o que dá que pensar no orçamento que teriam em mente quando se constata que 1 reunião apenas "custou" aquela módica quantia...que mais apoios seriam necessários para que o trabalho de levantamento do Imaterial atingisse alguma “corporalidade”?
Ocorre pensar em quantas dezenas, centenas (quiçá milhares) de decisões deste tipo, dispersas e escondidas pelos incontáveis gabinetes ministeriais e de outras instâncias públicas (centrais, regionais, locais e empresariais) - criando grupos ou postos de trabalho/descanso a esmo, sem qq controlo dos resultados - não terão contribuído para o descalabro das contas públicas e o estado financeiro degradante em que o País se encontra, impondo agora custos enormes às empresas e às famílias...
...
Uma pergunta que inevitavelmente ocorre quando nos deparamos com a inconcebível superfluidade destes gastos e os sacrifícios que estão sendo exigidos a famílias e empresas: será que os aumentos de impostos, que acabam por ser necessários para financiar tais desvarios, têm ainda alguma legitimidade?
in http://www.quartarepublica.blogspot.com/
Qualquer semelhança entre esta notícia e o texto de Vasco Pulido Valente «Uma Casa Portuguesa», com vinte anos de idade, não é mera coincidência. Vejamos o que se passou.
O Grupo de Trabalho para o Património Imaterial foi constituído há cerca de um ano, no âmbito dessa inutilidade que dá pelo nome de Ministério da Cultura (outro ministério a extinguir com urgência). Já em altura de grave crise e de sucessivos sacrifícios impostos aos portugueses, custou ao estado 209 mil euros e, ao longo de quase 400 dias, reuniu somente uma vez. Por outras palavras: não fez literalmente nada e não serviu literalmente para coisa nenhuma, senão para gastar o dinheiro dos contribuintes portugueses com meia-dúzia de pessoas.
O famigerado Grupo tinha por «missão» fazer o «levantamento sistemático e tendencialmente exaustivo do património cultural imaterial português». Repare-se no preciosismo do «tendencialmente exaustivo», não fossem os ilustres membros do não menos ilustre Grupo de Trabalho morrer de cansaço, em vez de morrerem de tédio, como acabou por suceder.
Todavia, o que mais custa neste tipo de notícias nem é propriamente o seu conteúdo. É saber que nem assim os portugueses entendem por que não funciona o estado social. É não terem percebido ainda que entre o momento em que o estado nos vai aos bolsos e a famosa «redistribuição de rendimentos» para «ajudar» os mais pobrezinhos e tomar medidas para «estimular» a economia, vai um mar sem fim de desperdício, despesismo e irracionalidade, para não lhe chamarmos outra coisa.
Num artigo do "Financial Times" desta semana, Paulo Rangel e Marques Mendes são citados como sendo a favor de que Portugal peça ajuda externa o mais rapidamente possível.
Parece que as coisas se perspectivam mais ou menos assim, para alguns dirigentes do PSD: Portugal é forçado a pedir apoio maciço externo, reconhecendo de uma vez por todas que as taxas de juro da divida pública são incomportáveis. Imediatamente o Presidente da República convoca eleições, que o PS vai perder e o PSD vai ganhar, quem sabe até com maioria absoluta. Haverá lugares para "boys" e "girls" que estão fora do poder há anos. E o principal problema de Portugal, isto é, o facto de termos um governo liderado por José Sócrates, ficará resolvido. Vamos todos à nossa vida renovados, com o sol a brilhar e os horizontes largos. A cereja em cima do bolo será que o PSD poderá enquanto governo responsabilizar o PS, a Angela Merkel, a Comissão Europeia, ou o Jean-Claude Trichet, à vez, por tudo o que de medidas de austeridade tiverem que ser tomadas durante toda a legislatura.
Infelizmente, esta atitude tão "blasé" do PSD em relação à inevitabilidade da ajuda externa é contrária aos interesses do País. A ideia de que uma intervenção externa igual à da Grécia e Irlanda pode ser benéfica para Portugal já foi desconstruída várias vezes. Desde logo, pelo que está a acontecer naqueles dois países: desde que solicitaram ajuda as taxas de juro associadas às suas dívidas públicas não desceram. Pelo contrário. Actualmente os mercados estão interessados em testar a solidez do euro. O que está em causa é a própria sobrevivência da moeda única.
Se houver ajuda externa nos mesmos moldes que na Grécia e na Irlanda, haverá sérios efeitos económicos, como tão bem explicou Pedro Santos Guerreiro no editorial de quarta-feira deste jornal. A começar pela fuga de capitais que afectará os bancos, mas não só. Haverá também gravíssimos efeitos políticos, que atingirão não apenas o PS mas toda a classe política com responsabilidades governativas desde a entrada de Portugal na UE. A crise de soberania política que se abaterá sobre nós fará alicerces em cima de um fosso crescente que existe e tem vindo a agravar-se desde 2003 entre políticos e cidadãos. Por isso, esta ânsia do PSD em derrubar Sócrates, ao ponto de abrir os braços a uma ajuda externa maciça é um bocadinho como aqueles que apoiaram a guerra no Iraque porque serviu para tirar o Saddam do poder.
Ao longo dos últimos meses, José Sócrates e Teixeira dos Santos têm feito bem em resistir às supostas evidências de necessidade de recurso à ajuda externa invocadas por um coro de operadores económicos, muitas vezes anónimos, e agora pelo PSD. Sócrates será teimoso, mas a sua resistência tem objectivos políticos reais. Porque enquanto Portugal tem resistido, a conjuntura e a forma de auxílio a Portugal tem-se tornado ligeiramente mais favorável.
De facto, essa resistência já deu frutos. Quais? Bem, tem servido para que a Europa - e sobretudo a Alemanha - dêem passos no sentido de assumirem esta crise como uma crise do euro, e não uma crise dos "gastadores do Sul". Temos de assumir as nossas responsabilidades no que respeita ao défice orçamental, mas não somos responsáveis pela vontade que alguns operadores de mercado têm de testar a solidez da moeda europeia. No momento que escrevo, Sócrates e Merkel reúnem para decidir se vai ou não haver uma possibilidade de acesso a uma linha de crédito europeia, sem necessidade de recurso a ajudas maciças, desde que o País se comprometa com objectivos de redução de défice e de reformas. Seria um bom compromisso.
Visto desta perspectiva, o PSD não deveria fazer mais do que colocar-se responsavelmente na oposição, tal como sugere Pacheco Pereira numa entrevista desta semana honrando os seus compromissos tanto orçamentais como do PEC I e PEC II. E apoiando patrioticamente os esforços do Governo em negociar na UE um acordo que impeça que Portugal sirva como mero "firewall" de Espanha, essa sim o verdadeiro teste à solidez do euro. Neste momento, tempo é dinheiro e mais do que isso. Tempo é soberania.
Marina Costa Lobo [Jornal de Negócios]
Mubarak, 30 anos de poder
Caiu Mubarak. A sua demissão era simbólica e politicamente decisiva
Defesa do aeroporto na OTA por alto responsável do PS: “Precisávamos de pontes para ir para o lado de lá. Imagine que dinamitavam uma ponte. Há muito terrorismo.” Quase há 30 anos que ocupa o mesmo cargo.
No Congresso de Santarém foi o exemplo oposto do que deve ser deve ser observado em democracia.
Agora duas situações que não se deviam identificar com um governo socialista. Uma, a eficácia do sistema fiscal que apenas captura o peixe miúdo. No mesmo dia em que li os textos no jornal, fiquei a saber que o BES ficou isento de pagar compensações á CML pelo aumento substancial do imóvel onde se situa a sua sede. A outra prende-se com a política da Administração Interna, consubstanciada através da PSP, que revela uma disponibilidade total para aplicar coimas ao mesmo tempo que mostra uma total rejeição para servir o cidadão.
Não pelos motivos que a oposição pede a demissão do Ministro da AI, mas pelas directrizes que emana para as forças de segurança, sou solidário com a sua demissão.
Augusta Martinho foi encontrada em casa nove anos depois da sua morte.
A GNR esteve à porta mas não entrou por falta de "autorização". As autoridades procuraram a "desaparecida" em todo o lado menos em casa. A nossas estruturas sociais e administrativas levaram nove anos a entrar em casa de Augusta Martinho.
Não foi a segurança social a encontrar a idosa naquela casa, nem um qualquer apoio domiciliário, como também não foram os vizinhos ou a família.
Mesmo ao fim de nove anos, o fisco conseguiu chegar primeiro.
http://31daarmada.blogs.sapo.pt
Diz-se que só há duas coisas certas na vida: a morte e os impostos. Parece que para o Estado português só a segunda parte é verdadeira.
Os tribunais não fazem o que têm de fazer. As polícias muito menos. Estão todo quietos. Ninguém quer chatices. A senhora desapareceu? Tem a certeza? Arrombar a porta é muito complicado. Só dá problemas. Volte cá depois. É assim com tudo. Faz-se de conta que se faz alguma coisa inventando causas nos sectores da moda: agora é o género. Antes foram as alterações climáticas. O povinho fica entretido. E isso é que conta. Entretanto que de facto manda e pode continua a arrebanhar dinheiro. No fundo dos bolsos. O fantasma congratula-se com o dinheiro arrebanhado. E a máquina fiscal a única que de facto existe e se mexe anda por aí. Faz penhoras, executa. Para ela não há problemas com as portas. Onde os tribunais e as polícias duvidam sequer poder entrar as Finanças penhoram e vendem. Foi a isto que o socialismo nos reduziu: contribuintes.
http://Blasfemias.net
Reduzidos à condição de contribuintes
Depois dos filmes da TVI sobre o património público, um pouco de humor negro (Será?)
A direita domina com grande mestria a arte de ser oposição a si mesma. Isto tem sido a chave dos seus sucessos eleitorais e continuará a ser enquanto não houver um número suficiente de pessoas que se aperceba da manha.
A direita quis um estado pequenino. Prometeu às “classes médias” que assim não teriam de pagar impostos. Muitos acreditaram, pensando que o ''Estado era só gordura e nenhuma produção'' e que teriam tudo a ganhar com o seu emagrecimento. A direita pediu e aplaudiu a austeridade, chorou por mais austeridade ainda com FMI em vez de governo. Muitos pensaram: “a austeridade só vai afectar os outros”.
Agora que a austeridade se começa a traduzir em incapacidade do Estado cumprir os seus compromissos e belisca interesses dos que pensaram que a austeridade só afectaria os outros - como sucede no caso do subsídio público às escolas privadas - a direita exercita movimentos de protesto ao estilo “tea party” com o aplauso dos políticos de direita. Mais episódios como este se seguirão, sem dúvida, dentro de momentos.
A austeridade recessiva, o tipo de consolidação do défice e da divida que não leva a lado nenhum, não pode deixar de suscitar protesto e resistência e bom seria que os economistas incorporassem esta variável nos seus modelos.
Um inquérito de resultados, muito, questionáveis
O Projecto Farol* encomendou uma sondagem de opinião que conclui(?) aspectos interessantes como seja o facto de 94% dos inqueridos desconfiarem das classes políticas; 90% desconfiarem do governo; 89% desconfiarem dos partidos; 84% desconfiarem da Assembleia da República; 76% desconfiarem dos tribunais; 75% desconfiarem dos sindicatos e igual percentagem desconfiarem da administração pública.
Quero afirmar aqui que eu não fui inquirido, o que teria aumentado tais percentagens de desconfianças além de que, também, acrescentaria a desconfiança nos empresários em pelo menos 98% e dos banqueiros em 99,9%, visto que, tanto uns como outros, são dos mais abusivamente bem pagos deste país e ao nível mundial e responsáveis pela actual situação de crise económica e social em que nos encontramos.
O curioso, em tal inquérito, é o facto de 78% dos portugueses inqueridos (não conheço ao certo qual foi o universo, entre os mais de 10 milhões, de inquiridos) que desconfiam do Estado acham, simultaneamente, que essa mesma entidade, impessoal, é o mentor da competitividade e do desenvolvimento económico.
Igualmente interessante é, também, o facto de 54% dos que têm má opinião do Estado acharem que ele tem a obrigação de apoiar iniciativas de empreendedorismo e apoiar a criação de emprego que aos detentores dos lucros empresariais mais competiria fazer.
Estranho (será?), também, o facto de tal inquérito não abordar a questão de que em Portugal, nos últimos quinze anos, se evoluiu perigosamente, para um estado social de profundas clivagens, entre os que tanto recebem e os que tudo perdem, permitindo-se níveis remuneratórios e leques salariais a raiar o absurdo e a vergonha.
*Comissão Executiva: Daniel Proença de Carvalho (Chairman), António Pinho Cardão, Belmiro de Azevedo, Jorge Marrão, José Maria Brandão de Brito, Manuel Alves Monteiro. Relatores: Ricardo Morais, Rosa Borges, Teresa Anjinho.
Lendo o manifesto de lançamento do “Projecto Farol” verifica-se que o mesmo está ligado à empresa de auditoria Deloitte, dado que o mesmo se inicia com o seguinte parágrafo: “A Deloitte comemora esta ano 40 anos de actividade em Portugal. Foi entendimento dos seus responsáveis assinalar a data com o lançamento, muito recentemente, de um Think Tank, designado Deloitte Circle. O primeiro trabalho a ser levado a cabo por esse Think Tank é designado Projecto Farol, cujo lançamento e respectivas linhas força são hoje dados a conhecer através do presente documento.” Esse documento é um manifesto.
A Deloitte, como quase toda a gente sabe, embora tenha parcerias de cooperação em projectos de solidariedade social, nomeadamente com a Unicef e AMI, também tem alguns pés de barro e telhados de vido, ou não fosse ela de origem inglesa, país que serve de lança americana no coração da Europa para tudo o que sejam estratégias de crescimento económico.
Concluindo, não á ponto sem nó nem são servidos almoços de borla.
Alegre reconhece derrota pessoal e rejeita responsabilidade do PS
O candidato Manuel Alegre assumiu, pessoalmente, a derrota nas presidenciais, garantindo que esta é sua e não “daqueles que o apoiaram”, rejeitando qualquer responsabilidade do PS, recordando que “todos os candidatos”, a começar por Cavaco, tiveram menos votos.
No discurso no hotel Altis – que contou com a presença do secretário-geral do PS, José Sócrates – Manuel Alegre salientou que “não foi o Partido Socialista que perdeu este combate”.
“Assumo pessoalmente esta derrota. Rejeito qualquer comparação com outras eleições. Cada eleição tem a sua dinâmica própria”, disse.
Segundo o candidato derrotado – que afirmou já ter felicitado Cavaco Silva pela vitória nas presidenciais – “em democracia não é vergonha perder, vergonha é fugir ao combate e não saber pelo que se luta”.
“A derrota é minha, não é daqueles que me apoiaram. Tenho pena e peço-vos desculpa por não ter conseguido fazer melhor”, reforçou, saudando o PS, Bloco de Esquerda e demais partidos e movimentos cívicos que o apoiaram na corrida a Belém.
Questionado pelos jornalistas sobre o que falhou para não ter conseguido uma segunda volta, o candidato rejeitou que o apoio dos partidos tenha falhado. “O que falhou foi eu não ter conseguido o resultado que pretendia. Aliás, todos os candidatos, a começar pelo vencedor, tiveram também menos votos. Isso em nada diminui a legitimidade da sua eleição”, declarou.
À pergunta se poderia ter sido prejudicado por ter o apoio do partido que está no executivo, Alegre garantiu que “não era candidato do Governo”. “Era um candidato que se apresentou por decisão pessoal e que foi apoiado depois pelo Partido Socialista, Bloco de Esquerda e outros partidos”, relembrou.
O ex-dirigente socialista disse ainda estar “nos combates do PS para o bem e para o mal”. “A riqueza e a força do PS é sermos um partido plural, onde há divergências e liberdade”, defendeu.
[Público]
Queremos a liberdade de expressão e a autonomia de consciência, dentro do Partido Socialista. Por isso, não podemos recusá-la a quem assuma posições que nos desagradem, especialmente, quando somos nós a estar em consonância com a direcção do partido e não eles, como é costume. Mas uma coisa é reconhecer-lhes o direito a tomarem as posições individuais que entenderem, outra coisa é deixar de os criticar.
Isto vem a propósito de declarações do Correia de Campos, em desfavor de Alegre que, como por milagre, ecoaram na comunicação social, com ecos relevantes na blogosfera. Que fosse quem fosse preferisse outro candidato seria verdadeiramente trivial. Mas é muito diferente que entre os candidatos realmente existentes um ex-ministro, actual deputado europeu pelo PS e membro da sua Comissão Política Nacional acorde da sua tranquila sesta europeia, para vir dar umas bicadas no candidato apoiado pelo PS e para dizer umas vagas untuosidades favoráveis a Cavaco. Tudo isso, está muito longe da decência política.
De facto, nos últimos dias, tem vindo a ficar claro que Cavaco combate Alegre, não só porque ele é o candidato que realmente protagoniza uma alternativa estratégica à sua continuidade, mas também por Cavaco estar desde já determinado a varrer o PS do Governo, para lá instalar o PSD, se possível, ou uma nova AD, se necessário. Cavaco está pois a assumir-se como o verdadeiro chefe de uma ambicionada desforra da direita, que ainda não perdoou o 25 de Abril. Esta eleição é, por isso, uma batalha decisiva que poderá abrir a porta a uma guerra mais funda e mais implacável. Uma batalha em que Alegre é o primeiro protagonista, mas em que o PS não deixaria de ser também atingido e muito prejudicado, se o candidato que apoia fosse derrotado.
Quem não perceber isto, anda a dormir. E se já é triste ver outros candidatos, alegadamente de esquerda, passarem ao lado do essencial e atacarem em conjunto Cavaco e Alegre, fingindo que os consideram idênticos, é deplorável ver alguém como Correia de Campos a procurar contribuir para o enfraquecimento de Alegre e a favorecer, descarada conquanto melifluamente, Cavaco.
É que ele não está apenas, num acto de mesquinhez política, a procurar desforrar-se das críticas que Alegre lhe fez quando ele foi Ministro, está a combater num momento difícil o seu próprio Partido. E deve dizer-se, aliás, como agravante, que não teve sequer a grandeza de o fazer com frontalidade, sem ambiguidade, sem meias palavras, assumindo sem tergiversar uma posição clara. Nada disso. As suas bicadas em Alegre pretenderam-se subtis, o seu apoio a Cavaco foi cuidadosamente embrulhado numa untuosa hipocrisia, bem expressa pelo modo como esse apoio foi negado. Isto é, o modo como foi feita a negação desse apoio foi afinal, em si própria, uma dissimulada manifestação de apoio. Enfim, procurou prejudicar Alegre e beneficiar Cavaco tanto quanto lhe fosse possível, à luz do imperativo de ser discreto, para não tornar demasiado escandalosa a sua quebra de solidariedade para com o seu Partido numa conjuntura tão difícil.
Mas se é certo que alguns membros do Partido Socialista, que andam tontamente a apanhar canas de alguns inacreditáveis foguetes políticos, podem ser olhados com a bonomia com que se costumam encarar os ingénuos e os despassarados, Correia de Campos não pode ser olhado com essa complacência. Ele sabe muito bem o que faz.
Por isso, sendo difícil saber-se se prejudicou muito, pouco ou nada, a candidatura presidencial de Alegre, é certo que fez minguar muito a sua própria estatura como político, demasiado ronronante numa situação em que a direita ruge com tanta energia e despudor contra os valores centrais da democracia e do socialismo.
Rui Namorado [O Grande Zoo]
Num artigo do Público lê-se que "Metade dos portugueses diz que o país está pior do que antes do 25 de Abril".
No artigo em questão não se refere, tanto como me apercebi, qual a idade dos entrevistados para a realização do estudo "As Escolhas dos Portugueses e o Projecto Farol".
Qualquer pessoa com menos de quarenta anos não pode afirmar, com rigor, se o país está pior ou melhor que antes da Revolução do Cravos, pela simples razão que não viveu naquela época. Pode fazer uma ideia através do que leu, estudou, viu em reportagens ou ouviu dizer. Mas isso não é a mesma coisa que ter vivido na época e ter sentido a realidade socioeconómica desse tempo.
Acresce que mesmo tendo estudado a época não poderia ter acesso a dados com grande base científica, pois o que havia na altura, a esse nível, era quase nada. A realidade de hoje é também incomensuravelmente diferente da que existia na época.
No entanto, outras afirmações do Estudo em causa parecem-me interessantes, como seja o caso de 90 por cento dos inquiridos dizem desconfiar ou confiar muito pouco na classe política e nos Governos.
António Garcia Barreto [O Voo das Palavras]
Haverá um dia em que todos voltaremos a ser felizes, quando :
- OS SÓCRATES, FOREM APENAS FILÓSOFOS
- OS ALEGRES, APENAS CRIANÇAS
- OS CAVACOS, APENAS INSTRUMENTOS MUSICAIS
- OS SO ARES, APENAS GASES
- OS PASSOS, APENAS OS DE DANÇA
- OS COELHOS, APENAS AS DA PLAYBOY
Até lá, ... paciência, muita paciência ! ... ... ... ... ... ...
A delegação do PS de Coimbra gastou mais de 50 mil euros a pagar quotas a militantes para estes poderem votar, avança a revista Sábado. .
O pagamento das quotas tinha uma condição: votar em Mário Ruivo, que ganhou a eleição da distrital por apenas dois votos. Houve casos de militantes que pagaram as suas quotas e depois perceberam que afinal já tinham sido pagas no Largo do Rato, em Lisboa. Alguns destes militantes revelaram à Sábado os talões de pagamento e os comprovativos do pagamento pelo partido que foi feito na véspera da eleição exigindo o voto em Mário Ruivo.
in Sábado
Só hoje tive conhecimento da notícia, mas há muito que suspeito que o PS é porto de muitos fascistas da escola de Salazar. Basta ver o arregimento que é feito aquando de comícios, onde a Acção Nacional Popular (ANP) tinha muito que aprender, em que aos figurantes tudo é oferecido: transporte, alimentação e “subsídio de deslocação “. A DEMOCRACIA Socialista no seu melhor !
O doutoramento do Coelho
Era um dia lindo e ensolarado o coelho saiu de sua toca com o computador portátil e pôs-se a trabalhar, bem concentrado. Pouco depois passou por ali a raposa e viu aquele suculento coelhinho tão distraído, que chegou a salivar.
No entanto, ficou intrigada com a actividade do coelho e aproximou-se, curiosa:
- Coelhinho, o que você está fazendo aí, tão concentrado?
- Estou redigindo a minha tese de doutoramento - disse o coelho, sem tirar os olhos do trabalho.
- Hummmm... e qual é o tema da sua tese?
- Ah, é uma teoria provando que os coelhos são os verdadeiros predadores naturais das raposas.
A raposa ficou indignada:
- Ora! Isso é ridículo! Nós é que somos os predadores dos coelhos!
- Absolutamente! Venha comigo à minha toca que eu mostro a minha prova experimental.
O coelho e a raposa entram na toca. Poucos instantes depois se ouvem alguns ruídos indecifráveis, alguns poucos grunhidos e depois silêncio.
Em seguida, o coelho volta, sozinho, e mais uma vez retoma os trabalhos de sua tese, como se nada tivesse acontecido.
Meia hora depois passa um lobo. Ao ver o apetitoso coelhinho, tão distraído, agradece mentalmente à cadeia alimentar por estar com o seu jantar garantido.
No entanto, o lobo também acha muito curioso um coelho trabalhando naquela concentração toda. O lobo resolve então saber do que se trata aquilo tudo, antes de devorar o coelhinho:
- Olá, jovem coelhinho! O que o faz trabalhar tão arduamente?
- A minha tese de doutoramento, senhor lobo. É uma teoria que venho desenvolvendo há algum tempo e que prova que nós, coelhos, somos os grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive dos lobos.
O lobo não se conteve e farfalha de risos com a petulância do coelho.
- Ah, ah, ah, ah! Coelhinho! Apetitoso coelhinho! Isto é um despropósito. Nós, os lobos, é que somos os genuínos predadores naturais dos coelhos. Aliás, chega de conversa...
- Desculpe-me, mas se você quiser eu posso apresentar a minha prova experimental. Você gostaria de acompanhar-me à minha toca?
O lobo não consegue acreditar na sua boa sorte.
Ambos desaparecem toca adentro. Alguns instantes depois se ouvem uivos desesperados, ruídos de mastigação e ... silêncio. Mais uma vez o coelho retorna sozinho, impassível, e volta ao trabalho de redacção da sua tese, como se nada tivesse acontecido.
Dentro da toca do coelho vê-se uma enorme pilha de ossos ensangüentados e pelancas de diversas ex-raposas e, ao lado desta, outra pilha ainda maior de ossos e restos mortais daquilo que um dia foram lobos.
Ao centro das duas pilhas de ossos, um enorme leão, satisfeito, bem alimentado, a palitar os dentes.
Moral da história:
1. Não importa quanto absurdo é o tema de sua tese;
2. Não importa se você não tem o mínimo fundamento científico;
3. Não importa se as suas experiências nunca cheguem a provar sua teoria;
4. Não importa nem mesmo se suas ideias vão contra o mais óbvio dos conceitos lógicos...
5. O que importa é quem é o seu padrinho!
Analisar a recente greve geral (um direito inquestionável dos trabalhadores, sublinhe-se) do ponto de vista da sua oportunidade no actual contexto social e económico seria um exercício muito interessante. (...) A ideia de serviços mínimos, por exemplo, tem muito potencial. Vejamos um caso concreto. No meio de alguma trapalhada que não vem agora ao caso, parece que foram fixados serviços mínimos na Justiça. (...) Ora, se é possível assegurar serviços mínimos num dia em que uma parte dos trabalhadores está em greve, não devia ser muito difícil mantê-los quando estão todos ao serviço. Não sei, digo eu. E o mesmo se aplica aos restantes sectores de actividade. Pois isso é que seria um grande desígnio nacional: serviços mínimos permanentes. Aliás, não me lembro de um projecto colectivo tão mobilizador desde que o Carlos Queiroz assumiu o cargo de seleccionador nacional. Já imaginaram? Serviços mínimos todos os dias nas empresas privadas, na Educação, na Saúde, nos transportes, na energia (sim, na energia, parece incrível, não é?), nas repartições públicas. (...) Vá, vamos todos dar as mãos e dizer baixinho para não nos assustarmos com a nossa audácia: ser-vi-ços mí-ni-mos... vá, não tenham medo... no Go-ver-no. Era fantástico, não era? Um Governo com um mínimo de eficiência, responsabilidade, lucidez e sentido de estado... (...) A correr bem, e sempre com autorização prévia da Associação Nacional de Farmácias, até deixávamos todos de tomar Prozac.
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