Virtuoso ou Vicioso ? (-por J.Gusmão, 9/10/2013, Ladrões de B.)
Vale a pena consultar a página do Observatório sobre Crises e Alternativas, dinamizado pelo Centro de Estudos Sociais e coordenado por M.Carvalho da Silva. Para além da versão digital do "Dicionário das Crises e Alternativas", e dos Barómetros regularmente publicados, existe agora uma recente cronologia sobre o processo que atravessamos. Como já sabemos, mas nunca é demais repetir, o conhecimento é uma arma.]
- Dúvidas ? Salvação ? Alternativas ?
O que está em causa, simplisticamente, é uma escolha económico-política, entre:
. manter o rumo actual (que se agrava cada vez mais), defendido pela maioria PSD/CDS, troika, CIP, banqueiros, economistas e comentadores neoliberais;
. fazer uns remedeios/adiamentos defendidos pelo PS (agora em conversações com PSD/CDS), Confed.Comércio e Serviços, UGT, ...; e
. fazer uma mudança de política económica, um caminho diferente/alternativo defendido pela minoria BE/PCP/Verdes, CGTP, independentes e organizações de esquerda (como o Cong. Democrático das Alternativas e vários movimentos e associações), em Portugal e na União Europeia (PE, CE, BCE).
E, na sequência dos desenvolvimentos decorrentes da crise política e institucional originada pela concretização do ataque neoliberal-financeiro (aos trabalhadores, à classe média e à democracia), estão agendados reuniões entre PCP, BE, Verdes, Assoc. Interv.Democ.. - Agora parem de fratricídios e de perder tempo, é URGENTE trabalhar na criação de uma coligação ou frente eleitoral anti-troika, anti-neoliberal, de esquerda (e com ou sem PS), porque aquilo que nos UNE é maior do que aquilo que nos separa.
------------- porque
Isto vai acabar mal (-por O Jumento)
A dívida soberana continua a aumentar a um ritmo cada vez mais acelerado, as empresas continuam a ir à falência e os únicos a recuperar são os banqueiros (ganham milhões), o desemprego aumenta, (a pobreza, a prostituição, os suicídios, os assassínios ... também) , ... o país está numa espiral de recessão (e querem aumentá-la) com mais um pacote de austeridade brutal (+ 4,5 mil milhões de cortes na Adm.Púb. + 3 mil milhões em 2014 e ... e ...).
Estes incompetentes, canalhas (burlões, corruptos, nepotistas, saqueadores, ...) e outros filhos da mãe que dominam a política portuguesa vão conduzir Portugal ao colapso e à desordem, depois (se os deixarmos) fogem com o dinheiro que roubaram (e 'salvaram' em offshores)...
... estão a privatizar ao desbarato, a destruír o investimento público e privado, continuam a desbaratar o erário público com PPPs, BPN, Swaps, rendas ultra-exageradas, 'outsourcings', 'boys', ... forçam os jovens a emigrar, as famílias a perder casa e voltar para os avós, a procurar comida nos caixotes do lixo, ... agora querem despedir uma boa parte dos funcionários públicos e pôr os pensionistas (e as crianças) a passar fome.
... os mais fortes usam a falsa democracia (a não-justiça, a demagogia e a 'novilíngua', a suspensão da democracia, da liberdade e da constituição) para esmagarem os mais fracos ... e até a presidente da AR chama carrascos aos que se manifestam...
---------- concretizando
Podemos voltar à política ? (-
Tendo em conta ... apelos e reuniões ..., não desperdicemos tempo essencial para dar a conhecer programa político Alternativo e que constam no Projecto de Resolução pela RENEGOCIAÇÃO URGENTE DA DÍVIDA PÚBLICA e a DENÚNCIA DO MEMORANDO DE ENTENDIMENTO, chumbado dia 10 de Julho no parlamento:
1. Denunciar o memorando da Troika e as políticas de austeridade.
2. Proceder a uma renegociação urgente da dívida pública, nos seus prazos, montantes e taxas de juros, reduzindo o peso do exercício da dívida para permitir a canalização de recursos para investimento produtivo e para a criação de emprego.
3. Realizar a renegociação da dívida pública valorizando as seguintes condições:
a) Negociação com os credores privados e oficiais para a redução do stock da dívida, tendo em vista o corte em 50% da dívida pública de médio e longo prazo, substituindo-o por novas Obrigações do Tesouro;
b) As novas Obrigações do Tesouro resultantes deste processo de negociação devem ter um prazo de pagamento a trinta anos, com um período de carência de juros até 2020;
c) O corte na totalidade do pagamento dos juros do empréstimo internacional, considerando que os principais financiadores obtêm capital a 0% de juro;
d) Proteção dos pequenos aforradores, nomeadamente dos detentores de certificados de aforro e certificados do tesouro, que representam 5,5% do montante total da dívida, negociando o pagamento do valor nominal dos seus títulos, com uma taxa de juro indexada ao crescimento do PIB, mais um prémio para promover a poupança e o financiamento da dívida;
e) Indexação do pagamento dos juros da dívida de Bilhetes e Obrigações do Tesouro à evolução das exportações de bens e serviços.
Acrescento e destaco as seguintes medidas que podem ser consultadas com mais pormenores aqui:
1- Anular o aumento do IRS imposto pelo PSD e CDS, mudando o sistema fiscal com base na progressividade e alterando para isso o IRC e IMI, introduzindo um imposto sobre Grandes fortunas, reintroduzindo um imposto sobre heranças;
2- Promover políticas sociais de base local com o IMI que inclua a banca, a igreja e o estado, e com as receitas do imposto sobre fortunas;
3- Terminar o Escândalo das PPP e proteger os contribuintes das rendas financeiras;
4- Criar uma taxa extraordinária de IMI sobre a grande propriedade imobiliária (com valor superior a 1 milhão de euros, o que acontece com entre 20 a 30 mil habitações em portugal), que financiará as políticas sociais ao nível local, sendo a receita redistribuída pelos municípios de todo o país;
----------- e
Se os Povos da Europa não se levantarem, os Bancos trarão o Fascismo de volta
... Theodorakis (compositor, prémio L.Paz) advertiu que, se a Grécia se submeter às exigências dos chamados "parceiros europeus" será "o nosso fim quer como povo quer como nação". Acusou o governo de ser apenas uma "formiga" diante desses "parceiros"(e dos 'mercados'), enquanto o povo o considera "brutal e ofensivo". Se esta política continuar, "não poderemos sobreviver… a única solução é levantarmo-nos e combatermos".
... Os programas de "salvamento da Grécia" (e de Portugal,...) apenas ajudam os bancos estrangeiros, precisamente aqueles que, por intermédio dos políticos e dos governos a seu soldo, impuseram o modelo político que conduziu à actual crise.
Não há outra solução senão substituir o actual modelo económico europeu, concebido para gerar dívidas, e voltar a uma política de estímulo da procura e do desenvolvimento, a um proteccionismo dotado de um controlo drástico das finanças. Se os Estados não se impuserem aos mercados, estes acabarão por engoli-los, juntamente com a democracia e todas as conquistas da civilização europeia. A democracia nasceu em Atenas, quando Sólon anulou as dívidas dos pobres para com os ricos. Não podemos autorizar hoje os bancos a destruir a democracia europeia, a extorquir as somas gigantescas que eles próprios geraram sob a forma de dívidas (e que passaram aos Estados/contribuintes). ...
Mentem desbragadamente quando dizem que se a Troika não nos emprestasse dinheiro, não se poderia ter pago salários e pensões
A mentira e a ignorância estão cada vez mais presentes nos ataques às funções sociais do Estado pelos comentadores com acesso privilegiado aos media. É mais um exemplo concreto do pensamento único sem contraditório atualmente dominante nos grandes órgãos de comunicação social. Quem oiça esses comentadores habituais que muitas vezes revelam que não estudaram minimamente aquilo de que falam, poderá ficar com a ideia de que Portugal é um país diferente dos outros países da União Europeia onde o "Estado Social" é insustentável e está próximo da falência por ter garantido aos portugueses uma saúde, uma educação e uma proteção, que inclui o sistema de pensões, mais "generosos" do que a dos outros países e que, por isso, é insustentável.
Um dos arautos mais conhecidos dessa tese, não porque seja um estudioso credível mas sim porque tem tido acesso fácil aos media, é Medina Carreira com as suas diatribes periódicas contra o "Estado Social". Mas antes de confrontarmos o que dizem estes comentadores com os próprios dados oficiais, divulgados até recentemente pelo Eurostat, para que o leitor possa tirar as suas próprias conclusões, interessa desconstruir uma outra grande mentira que tem sido sistematicamente repetida em muitos órgãos de comunicação social sem contraditório o que tem determinado que ela passe, a nível de opinião pública, como verdadeira.
SERÁ VERDADE QUE PORTUGAL FOI OBRIGADO (...) A PEDIR O EMPRÉSTIMO À "TROIKA" PORQUE NÃO TINHA DINHEIRO PARA PAGAR SALÁRIOS E PENSÕES?
Esta é mais uma das grandes mentiras repetidas sistematicamente que não tem qualquer fundamento real, como os dados do quadro 1, retirados do relatório do OE-2013 do próprio Ministério das Finanças, provam.
Em 2011, as receitas dos impostos e contribuições foram superiores às despesas com Pessoal de todas as Administrações Públicas mais as despesas com pensões e outras prestações, incluindo as em espécie, que são as prestadas nomeadamente pelo SNS, em +4.229,6 milhões €; em 2012 esse excedente subiu para 4,454,1 milhões € e, para 2013, o governo previa que atingisse um excedente de +6.676,2 milhões € Para além das receitas consideradas, as Administrações Públicas têm mais receitas. Por ex. na rubrica de "Outras receitas" foram registadas, em 2012, mais 9.606,2 milhões € segundo o Ministério das Finanças. E tudo isto num período de recessão económica em que se verifica uma forte quebra nas receitas fiscais e contribuições. Afirmar, como fazem alguns comentadores e mesmo jornalistas, que o Estado foi obrigado a pedir um empréstimo à "troika" porque não tinha dinheiro para pagar salários e pensões é ignorância ou mentir descaradamente com o objetivo de manipular a opinião pública, pois os impostos e contribuições pagas todos os anos pelos portugueses são suficientes para pagar aquelas despesas. A razão porque se pediu o empréstimo à troika foi para pagar credores leoninos, que são grandes bancos, companhias de seguros, e fundos muitos deles especulativos e predadores.
A DESPESA DO ESTADO COM AS FUNÇÕES SOCIAIS SERÁ EXCESSIVA E INSUSTENTÁVEL EM PORTUGAL COMO AFIRMAM ESTES DEFENSORES DO PODER DOMINANTE?
Esta é uma questão que tem de ser esclarecida pois também é utilizada para manipular a opinião pública. Os dados do Eurostat constantes do quadro 1, em que é apresentada a despesa total do Estado em percentagem do PIB, permite comparar a situação portuguesa com a de outros países da União Europeia.
Em 2011, e são os dados mais recentes disponibilizados pelo Eurostat, a despesa total das Administrações Públicas em Portugal representava 49,4% do PIB português, quando a média na União Europeia situava-se entre os 49,1% e 49,5%, portanto igual. E em 2012, segundo o Relatório do Orçamento do Estado para 2013 (pág, 90) do Ministério das Finanças, a despesa pública em Portugal reduziu-se para apenas 45,6% do PIB. E neste valor estão incluídos os juros da divida que atingiram 7.038,9 milhões € em 2012 devido a juros leoninos pagos por Portugal. Se deduzirmos aquela percentagem desce para apenas 41,4%. Afirmar ou insinuar, como muitos fazem, que a despesa pública em Portugal é excessiva pois é superior à média dos países da União Europeia é uma mentira. Mas é desta forma que se procura manipular a opinião pública para levá-la a aceitar o ataque violento que está em curso em Portugal ao Estado Social, em que um dos instrumentos é ameaça de mais um corte de 4.000 milhões € na despesa pública.
EM PORTUGAL A DESPESA PÚBLICA COM A SAÚDE É INFERIOR À MEDIA DA UE
O ataque ao Serviço Nacional de Saúde tem sido também um dos grandes objetivos destes defensores do poder económico e politico com acesso privilegiado aos grandes media. O argumento é que a despesa em Portugal é excessiva e superior à média dos países da União Europeia. Os dados que o Eurostat divulgou, constantes do quadro 2, prova que isso é mentira.
Como mostram os dados do Eurostat, tanto em percentagem do PIB como euros por habitante, aquilo que o Estado gasta em Portugal com a saúde dos portugueses é significativamente inferior não só ao que se verifica nos países mais desenvolvidos da União Europeia, mas também em relação à média comunitária. Em 2011, a despesa pública com a saúde em Portugal correspondeu apenas a 6,8% do PIB quando a média na União Europeia variava entre 7,3% e 7,4% do PIB. E em euros por habitante, a diferença era ainda muito maior. Em 2011, em Portugal o gasto público com a saúde por habitante era apenas de 1.097€, quando a média nos países da União Europeia variava entre 1.843€ (+68% do que em Portugal) e 2.094€ (+91%). E nos países desenvolvidos a despesa por habitante era muito superior à portuguesa (Bélgica:+142%; Dinamarca:+229%; Alemanha:+103%; Irlanda:+142%; França : +131%), embora a diferença de ganhos em saúde entre Portugal e esses países seja reduzida. Em 2012, com cortes nas transferências para o SNS e para os hospitais públicos aquele valor ainda desceu mais.
A DESPESA COM A PROTEÇÃO SOCIAL EM PORTUGAL É INFERIOR TAMBÉM À MÉDIA DA UE
Uma outra mentira é a de que a despesa com proteção social em Portugal, que inclui as pensões, é superior às dos outros países. O quadro 4, com dados do Eurostat, mostra que não é verdade.
Como mostram os dados do Eurostat, quer se considere em percentagem do PIB, quer em euros por habitante, a despesa pública com a proteção social em Portugal, que inclui as pensões, é inferior quer à dos países mais desenvolvidos europeus quer à média dos países da União Europeia. Em 2011, a despesa pública com a proteção social em Portugal correspondia apenas a 18,1% do PIB quando a média na União Europeia variava entre 19,6% e 20,2% do PIB. E em euros por habitante, a diferença era ainda muito maior. Em Portugal o gasto público com a proteção social por habitante era apenas de 2.910€, quando a média nos países da União Europeia variava entre 4.932€ (+69% do que em Portugal) e 5.716€ (+96%). E nos países desenvolvidos a despesa por habitante era muito superior à portuguesa (Bélgica:+126%; Dinamarca:+274%; Alemanha:+114%; Irlanda:+110%; França: +151%). Fazer cortes significativos nas prestações com a justificação de que as despesas em Portugal são excessivas quando se comparam com outros países da União Europeia é mais uma mentira para enganar a opinião pública.
EM % DA DESPESA TOTAL DO ESTADO, A DESPESA COM AS FUNÇÕES SOCIAIS EM PORTUGAL É TAMBÉM INFERIOR À MEDIA DOS PAÍSES DA UE
Por ignorância ou com o objetivo de enganar a opinião pública, Medina Carreira fala de um limite mítico acima do qual o Estado e as funções sociais seriam insustentáveis, e que em Portugal esse limite foi largamente ultrapassado. Observem-se os dados do Eurostat constantes do quadro 5 que mostram que esse limite mítico é também uma mistificação e mentira.
Como revelam os dados do Eurostat, em 2011, 63,4% da despesa do Estado em Portugal era com as funções sociais do Estado, quando a média nos países da União Europeia era de 65,7%. No entanto, na Dinamarca atingia 71,8%, na Alemanha 68,1%, e na França 68,1%, portanto superior e, alguns deles, muito superior. Afirmar como alguns fazem que as funções sociais do Estado apenas são sustentáveis se o Estado gastar com elas muito menos de 60% da sua despesa total revela ou ignorância ou a intenção deliberada de enganar a opinião pública, Será que a Alemanha, a Dinamarca, a França, são Estados inviáveis?
Por outro lado, a legitimidade do próprio Estado assenta fundamentalmente nas suas funções sociais já que elas, através dos seus efeitos redistributivos, reduz as desigualdades e melhora de uma forma significativa as condições de vida da esmagadora maioria da população. Querer reduzir significativamente a despesa com as funções sociais terá como consequência inevitável a redução da legitimidade do próprio Estado aos olhos da população, e transformará a sociedade numa selva em que só quem tem muito dinheiro terá acesso aos principais bens necessários à vida e a uma vida humana com dignidade.
O que é insustentável e inaceitável é que se esteja a aplicar em Portugal uma politica fortemente recessiva em plena recessão económica, que está a destruir a economia e a sociedade portuguesa de uma forma irreparável, provocando a falência de milhares de empresas e fazendo disparar o desemprego, o que está a causar uma quebra significativa nas receitas dos Estado e da Segurança Social pondo em perigo a sustentabilidade de todas as funções sociais do Estado e do próprio Estado. Mas disto aqueles comentadores com acesso privilegiado aos média não falam nem querem falar. Os cortes sobre cortes na despesa pública não resolvem este problema, apenas agrava ainda mais a recessão económica, agravando ainda mais todos estes problemas. Como dizia Keynes só os imbecis é que não entendem isto (ou não querem revelar a verdade). [*] Eugénio Rosa, economista, 06/Abril/2013
"Os pobres não trabalham porque têm demasiados rendimentos; os ricos não trabalham porque não têm rendimentos suficientes. Expande-se e revitaliza-se a economia dando menos aos pobres e mais aos ricos." Há trinta anos atrás, o economista John Kenneth Galbraith resumia, como já aqui tinha assinalado, a lógica da economia política e da política económica que, desgraçadamente, hoje estão em vigor no nosso país. Quando António Borges diz que o ideal seria que os salários descessem, vindo em apoio da ideia de mau manual de economia de Passos Coelho, segundo a qual o aumento do salário mínimo é uma barreira à criação de emprego, é de um processo de redistribuição de baixo para cima, baseado numa curiosa teoria dos incentivos, de que falamos. Esta é a lógica da austeridade: criar, através do desemprego de massas, da fragilização das regras laborais ou dos cortes nos apoios sociais uma situação de tal forma desesperada que os de baixo aceitem trabalhar só para aquecer.
Para isto, é preciso uma ideologia económica, segundo a qual o trabalho tem o mesmo estatuto da batata. Uma teoria também feita de modelos mal comportados, provavelmente os mesmos que levaram o secretário de estado de Gaspar, Morais Sarmento, a ir esta semana ao Parlamento dizer, com total falta de pudor, que Portugal terá, em 2040, uma dívida pública de 60% do PIB; isto depois de sucessivos e clamorosos erros, num horizonte de meses, sobre todos os indicadores relevantes. A ideia, talvez, é convencer-nos que a austeridade é para décadas. Mas para isto também é necessário que a pressão externa não abrande muito e daí que Gaspar não queira negociar condições financeiras que considera excessivamente favoráveis, dizendo no início da semana que a proposta irlandesa de alargar as maturidades dos empréstimos em quinze anos é inconcebível, confiando que os credores externos sejam os seus melhores aliados.
A verdade é que os salários, caso esta gente não tenha reparado, e não podem ter deixado de o fazer, porque esse é o grande sucesso da sua política económica, já estão em queda há muito e, entretanto, a taxa de desemprego não pára de aumentar a um ritmo avassalador. Ouçam os empresários: não se investe porque não se vende, nem se tem a expectativa de vir a vender. É sobretudo o nível de investimento, de actividade económica, que determina os ritmos de criação ou de destruição de emprego e a austeridade alimenta decisivamente todas as forças da depressão e, logo, da destruição de emprego. É óbvio que a estabilização e recuperação da procura salarial são vitais no actual contexto, sobretudo entre os trabalhadores com menor rendimento e logo com maior propensão para gastar tudo na satisfação das suas necessidades. Isto para não falar que, por exemplo, um salário mínimo em actualização constante, como parte de um esforço mais vasto para equilibrar as relações entre capital e trabalho, diminui a pobreza laboral e as desigualdades, ajudando a bloquear desmoralizadores e improdutivos círculos viciosos de pobreza e incentivando, a prazo, os empresários a inovar, até porque estes sabem que estratégias empresariais medíocres lhes estão vedadas.
Esta forma de pensar é todo um outro projecto. Olhando para semana que se seguiu ao 2 de Março, temos a confirmação, através das sucessivas declarações de governantes, do medíocre projecto de classe, suportado externamente pela troika, que temos de derrotar.
“O erro é achar que a consolidação fiscal colectiva, simultânea e acelerada, seja benéfica e resulte numa solução eficaz”, disse Dilma Rousseff que falava na primeira sessão plenária da XXII Cimeira Ibero-americana, que decorre em Cádis (sul de Espanha). “Temos visto medidas que apesar de afastarem o risco da quebra financeira, não afastam a desconfiança dos mercados nem a desconfiança das populações. A confiança não se constrói apenas com sacrifícios”, afirmou.
Para Rousseff é necessário que a estratégia e as medidas adoptadas “mostrem resultados eficazes para as pessoas, horizontes de esperança e não apenas a perspectiva de mais anos de sofrimento”.
Na sua intervenção a chefe de Estado brasileira referiu-se amplamente à crise financeira que “golpeia de forma particular” a Península Ibérica.
“Portugal e Espanha estão diante de tarefas de complexa solução. Mas sabemos da força destes países, da energia criativa das suas sociedades, da capacidade de superação, tantas vezes comprovada ao longo dos séculos”.
“Temos assistido nos últimos anos aos enormes sacrifícios das populações dos países mergulhados na crise: redução de salário, desemprego, perda de benefícios”, insistiu, considerando que “políticas que só enfatizam a austeridade demonstram os seus limites. Devido ao baixo crescimento e apesar do austero corte de gastos, assistimos ao crescimento dos défices fiscais e não à sua redução”, afirmou.
Recordando que as previsões para o biénio 2012-2013 apontam a um aumento dos défices e à redução do PIB, Rousseff afirmou que o Brasil continua a defender “que a consolidação fiscal exagerada e simultânea em todos os países não é a melhor resposta para a crise mundial e a pode até agravar, levando a uma maior recessão”.
Rousseff considerou ainda que os países em excedente orçamental “devem também fazer a sua parte”, investindo, consumindo mais e importando mais.
“Sem crescimento será muito difícil o caminho da consolidação fiscal, que será cada vez mais oneroso socialmente e cada vez mais crítico politicamente”, afirmou.
Em contraste à austeridade, Rousseff apresentou as políticas adoptadas pelo Brasil, incluindo a ampliação do investimento público e privado em infraestruturas, a redução da carga tributária sob o salário e programas sociais que ajudaram a manter o consumo interno.
O movimento considera que o Governo “está a violar a Constituição” ao implementar medidas que “tornam impossível a sobrevivência de muitos portugueses”. Por outro lado, o MSE defende que o “Governo está propositadamente a eliminar postos de trabalho” e que “grande parte dos cidadãos deixou de ter lugar na sociedade”.
Neste sentido, sublinham que o Executivo “está a pôr direitos na gaveta para manter privilégios de certas pessoas”. Uma situação “inaceitável”, segundo Alcides Santos, membro do MSE, que “tem que ser travada”.
Por isso, o Movimento Sem Emprego declarou esta terça-feira, em comunicado, “para si próprio e para todos os cidadãos em luta o direito à desobediência civil como forma de resistência”. Apesar do aumento de manifestações contra o Orçamento do Estado para 2013, Alcides Santos considera que as iniciativas “não são suficientes”, já que “o país continua no mesmo caminho”.
O MSE afirma que o Governo é “criminoso”, já que “obriga idosos a optar entre remédios e comida e jovens a escolher entre passar fome e pagar propinas”.
** Deixem-nos falir como a Islândia (-
No dia da greve geral foi anunciado que a taxa de desemprego aumentou para 15,8%. A este número acresce que, entre os jovens com idades entre os 15 e os 24 anos e que fazem parte da população activa, a taxa de desemprego já atingiu uns insustentáveis 39%. Precisamente no dia seguinte, Passos Coelho não conseguia disfarçar o orgulho declarando que, num ano, havia feito o que o FMI estimava que fosse realizado em seis.
O governo demonstra que se está a marimbar para os dados devastadores que a economia nacional vai revelando, para a expressão da greve geral ou para o significativo aumento do desespero e a radicalização de que a manifestação junto à Assembleia da República não é exemplo único.
A cedência a determinados sectores, como o anunciado aumento salarial às polícias ou a aparente negociação com os reitores, revelam a falta de uma ideia para o país que não passe pelo truque e pela cacicagem sectorial – como se se tratasse de um negócio entre distritais de um partido.
O governo ignora o tiquetaque da bomba-relógio em que transformou o país. Há dois anos e meio, Eduardo Catroga e Medina Carreira divertiam-se a choramingar pela presença do FMI e não hesitavam em dar a opinião para um artigo do DN escrito por Rui Pedro Antunes sob o título: “Se o país sair do euro corre o risco de falir como a Islândia”. Hoje, tanto um como o outro estão bem na vida, mas não será prudente começar a pensar fazer exactamente o contrário do que defendem?
Temos pena de termos levado o vosso país à bancarrota. Para a próxima corre melhor.
(-por Sérgio Lavos, Arrastão, tags: crime organizado, crise )
O professor confessa a sua incompetência (-por Daniel Oliveira)
- A Dívida Pode Ser Paga ?
Sessão com Paulo Trigo Pereira, Mariana Mortágua e Ricardo Cabral, em Lisboa, na Associação 25 de Abril, no dia 7 de Julho, 21 H, R. da Misericórdia, 95.
Segundo as previsões da troika, a dívida pública portuguesa crescerá até 2013, ano em que chegará aos 115% do PIB. E depois? Depois, a troika apresentas cenários, uns optimistas e outros pessimistas, incluindo pelo menos um de descalabro total. A troika não sabe ao certo, e fala de riscos e incertezas.
E nós sabemos?
Sabemos pelo menos que a austeridade imposta em nome do serviço da dívida está a levar a economia portuguesa a uma recessão cada vez mais profunda. Sabemos também que no fim deste processo pode estar um ponto em que nem sequer a dívida é já possível servir.
E se para servir a dívida for preciso destruir os sistemas de saúde, de educação, de segurança social ?
Será esse um preço aceitável ?
Para discutir estas e outras questões a Iniciativa para a Auditoria Cidadã à Dívida Pública, convidou Paulo Trigo Pereira (autor de “Dívida Pública e Défice Democrático”), Mariana Mortágua (co-autora de “Dívidadura”) e Ricardo Cabral (autor de “Divida” em “XXI Ter Opinião 2012”). A moderação do debate será feita por Ana Narciso Costa (docente do ISCTE e investigadora do Dinâmia).
O encontro está marcado para dia 7 de Julho às 21.00 na Associação 25 de Abril, Rua da Misericórdia, 95 (Lisboa). Entrada gratuita.
A receita de Obama (-por Daniel Oliveira)
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