1. Tendo a coligação PSD+CDS ganho as eleições, embora
sem maioria absoluta, e
sendo o PSD o maior partido parlamentar, vamos ter mais
um governo minoritário da direita (o que já não sucedia há trinta anos), dado estar
fora de causa um acordo de governo com o PS assim como uma coligação de governo alternativa do PS com os partidos à sua esquerda, como o líder do PS bem expôs.
... O Presidente da República vai ter de esquecer a sua ideia de um governo com apoio parlamentar maioritário, ...
2. Esta situação governativa vai ser especialmente exigente para o
PS, que vai ter de conjugar uma oposição forte mas responsável com a
resistência às pressões do PCP e do BE para um derrube conjunto do Governo.
Como mostrei aqui, sendo impossível um governo da pretensa "maioria de esquerda", o
PS sabe que só pode permitir-se
derrubar o governo quando esteja em condições de ganhar as eleições que inevitavelmente se seguiriam.
3. Os resultados
demonstraram as virtudes das coligações eleitorais, como aqui se assinalou, ... Por um lado, tendo em conta que a coligação de direita só teve uma vantagem de 6 pp sobre o PS e que o CDS vale mais do que isso, parece seguro concluir que,
se ambos tivessem concorrido separados, o PSD teria ficado atrás do PS, que teria ganho as eleições. Por outro lado,
a junção dos votos permitiu uma majoração do número de deputados eleitos, que podemos cifrar sem nenhum exagero num boa meia dúzia de
deputados a mais do que teriam os dois partidos somados se tivessem concorrido separados, permitindo ao PSD surgir com a maior representação parlamentar.