Os socialistas, órfãos de liderança, desapossados do poder governativo, perdidos ideologicamente das suas raízes e princípios fundadores, vêem-se agora na encruzilhada de terem de escolher entre um “Novo Ciclo” com as mesmas fronteiras ou a “Força das Ideias” com fronteiras iguais às que os conduziram nos últimos anos.
Poderá ser que amanhã, pelas 21h30 no debate na SIC-Noticias, dê para melhor e mais sério esclarecimento de ideias, mas não resolve, em rigor as profundas ambiguidades ideológicas.
Quando, por aqui no Luminária, foram usadas palavras, bastante, mais mansas em criticas ao que se ia passando nas hostes socialistas e na governação do pais, não foram poucos os que, como DD, nos acusaram de malfeitorias ao PS.
Nós vimos, ouvimos e contactamos factos que, a propósito da constituição de listas para os órgãos dirigentes das secções, concelhias e federativos ou mesmo nacionais, da escolha de candidatos às eleições autárquicas, de deputados à Assembleia da Republica e de ocupação de lugares por pessoas (muitas vezes) sem as mínimas competências para o desempenho dos respectivos cargos, eram indignos do que deve ser o pensamento socialista.
Alertamos, em tempo oportuno, para o exagero de tais práticas e para o facto do excesso de promiscuidade entre a esfera partidária e governativa e para o efectivo prejuízo de ambos em favor de interesses particulares e de grupos, estrategicamente instalados em ambos os lados. Não fomos ouvidos e o resultado é muito mais grave daquele que conhecemos.
Agora, é o próprio fundador do partido, Mário Soares, que afirma, em declarações à Antena1, que "havia muita gente no PS que estava ali para ganhar dinheiro"
Mário Soares afirma, também, que o Partido tem de ser refundado, uma necessidade que surge do facto de ter estado muitos anos no poder. Contudo, a nosso ver, persistem muitos poderes instalados dentro do Partido que urge sacudir sob pena de não existir qualquer sério aprofundamento quanto mais refundação.
Uma refundação, por mínima que seja, teria de passar pela retoma de princípios ideológicos radicados nas razões que levaram à fundação do partido e à prática do debate permanente, universalizado e em toda a estrutura do Partido.
Com todo e o devido respeito que nutrimos por qualquer dos candidatos, também muitos de nós, por aqui, no LUMINÁRIA, não sendo neutros, temos dificuldade em tomar posição por qualquer dos candidatos na medida em que um “Novo Ciclo” só poderá ter futuro se aportar consigo “a Força das Ideias” e tiverem outros protagonistas na condução do Partido aos vários níveis de responsabilidade.
“Pelo menos nalguns distritos, é tal o peso dos pequenos poderes locais instalados, entre os apoiantes de Seguro, que só uma fé inexplicável nos pode fazer acreditar que por essa via se chegue a qualquer mudança de fundo no PS.”, escrevia há um certo tempo, Rui Namorado, no seu blog “O Grande Zoo”.
Um comentário a um post, neste blog por mim escrito, referia o seguinte:
“Lisboa, tudo indicia, não lhe foge à regra eu próprio conheço um certo camarada que passa a vida a criticar terceiros, sempre, verbalmente, defendeu as primárias para tudo e mais alguma coisa, foi crítico, fortemente crítico, a que o partido se abrisse a independentes e à dita sociedade, contudo por razões que só ele saberá (se é que sabe) propõe-se a organizar uma lista de candidatos ao congresso vinculando-se à moção de José Seguro. Será coerência com a pretensão mal escondida de “assalto” a um qualquer lugar cuja forma tanto crítica a outros ou será contradição, consigo próprio o que na resultante vai dar ao mesmo?
Creio que, embora sendo novo, já não vai a tempo de arrepiar caminho. O vício já é grande e infelizmente universalizado, cristalizou-se.
Tem razão, tem toda a razão DC. O mal deriva dos próprios militantes, corromperam-se ideologicamente que é a corrupção mais profunda e perigosa.”
Reflectindo em tais escritos cheguei à, triste e opinada, conclusão de que não tenho conhecimento de alguém se questionar sobre o facto de os estatutos do Partido Socialista obrigarem à vinculação de um programa e respectivo candidato, nos termos do disposto no artigo 47º, que determina no seu nº 1 que “Os delegados ao Congresso da Federação são eleitos pelos militantes inscritos nas secções de residência e de acção sectorial da área da Federação, com base em programas ou moções de orientação política.” Isto é, se os militantes se não reconhecerem em nenhum dos candidatos terão de escolher entre serem hipócritas ou ficam impedidos de ir ao congresso reportar as suas opiniões e reflexões.
Por nós continuaremos a fazer essas reflexões e a reportar as nossas opiniões por aqui, no Luminária, e à volta da mesa do café, bebendo um copo com outros camaradas e alguns amigos, ideologicamente, também, socialistas.
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