----- Os nossos Trumps (-por L.Moura, via Entre as brumas..., 28/1/2017)
«Quem conhece a América sabe que tem o melhor e o pior. Está cheia de gente civilizada, culta, criativa, empreendedora, dos melhores cientistas, dos maiores artistas. Mas tem igualmente o que há de mais atrasado, a ignorância profunda, o fanatismo religioso e racista. (…)
Infelizmente, os Trumps abundam no planeta. Mais ditadores ou mais democratas estão em maioria. São muito poucos os países governados por gente civilizada.
Temos a sorte de viver num. Mas não faltam por cá os nossos Trumps. O atual PSD está cheio deles. No Governo alimentaram a ideia de que era preciso empobrecer o país para o tornar mais competitivo. Apesar do fracasso, e da evidência de que outra política é possível com melhores resultados, continuam a pensar o mesmo. (…)
Recentemente tornou-se viral uma entrevista a um dos donos da Padaria Portuguesa.
O homem disse que a questão do salário mínimo era pouco relevante. Aliás, a sua "organização" "só" pagava o "regime de transição", vulgo salário mínimo, a 25% dos seus "colaboradores".
Se é este jargão que se ensina no ISEG, onde ele tirou um curso de Gestão, vou ali e já venho. Mas o pior foi o que se seguiu.
O homem quer políticas de futuro, ou seja, poder despedir sem restrições, prolongar o horário de trabalho além das 40 horas e pagar o que lhe apetece. É, sem sombra de dúvidas, o nosso Trump da semana.
Não está só. A maioria dos empresários portugueses só consegue montar negócios com base nos baixíssimos salários. Argumentam que se deve à fraca produtividade.
Esquecem contudo que a produtividade é precisamente a parte que lhes compete.
A baixa produtividade do nosso tecido empresarial é da responsabilidade exclusiva dos patrões.
Ponto. (…)
Agora que temos um Governo de esquerda, apoiado por toda a esquerda, seria a altura ideal para se discutir seriamente porque é que as empresas portuguesas só conseguem ser competitivas com salários baixos. Mais.
Porque é que são tão mal geridas e como é que se pode superar essa evidente deficiência.
Existem casos que demonstram que não é uma fatalidade. Nos têxteis, calçado, alimentação, TIC. É aprender.
Ninguém é contra o sucesso das empresas. Mas não se pode aceitar que ele seja feito à custa dos que nelas e para elas trabalham.» --Leonel Moura
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--- 31/1/2017:
Isabel Jonet: não me parece que seja síria
-Não quererá emigrar para os EUA para não termos de a ler ou ouvir?
Isabel Jonet põe em causa aumento do salário mínimo nacional.
. -https://eco.pt/2017/01/29/isabel-jonet-poe-em-causa-salario-minimo-nacional/
A presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares diz ver como positiva a subida do salário mínimo (SMN) decidida pelo Governo com o apoio dos partidos à sua esquerda parlamentar, até porque “há muitas pessoas com salários muito baixos”. No entanto, alerta que a sua formação de base de economista a leva a questionar-se sobre se a medida não terá consequências ao nível dos despedimentos.
Para Isabel Jonet, mais importante do que aumentar o salário mínimo são as políticas ativas de emprego, que conduzam à criação de postos de trabalho na população mais velha e menos qualificada que, de repente, viu jovens licenciados a ocuparem os seus lugares.
A responsável do Banco Alimentar diz assim que o ideal seria equilibrar o aumento do salário mínimo nacional (SMN) com estímulos diretos à criação de emprego.
O empresário
28/01/2017 por António Alves
O “empresário” da Padaria Portuguesa, na sua incomensurável ignorância, criou o melhor argumento possível para defender o aumento do salário mínimo.
Se as pessoas têm dois empregos de 40 horas e prefeririam trabalhar 60 horas para ele se pagasse horas extras, isso só significa que os salários que paga não são suficientes para as pessoas terem uma vida digna.
E tal como Roosevelt disse,
uma empresa que não é capaz de pagar um salário mínimo que permita uma vida digna não tem direito a existir.
A esquerda devia dar-lhe uma medalha.
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E se o trabalho não traz dignidade, não há progresso nem Humanidade.
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