Os rendimentos invisíveis (-por Alex.Abreu, 1/6/2015, Ladrões de B.)
Tal proposta não tem nada de inaudito. Nos Estados Unidos, por exemplo, as taxas marginais máximas de imposto sobre o rendimento introduzidas por Roosevelt eram de 79% para rendimentos anuais acima de 1 milhão de dólares e 81% acima de 5 milhões. Esse regime fiscal foi introduzido originalmente para apoiar o esforço de guerra, mas vigorou durante o período de relativas prosperidade e equidade que veio a ficar conhecido como as décadas gloriosas do pós-guerra. Só nos anos 80, com Reagan (e Tatcher), é que a taxa marginal máxima se reduziria de 70% para 30%, o que aliás explica uma parte importante da desigualdade galopante desde então verificada.
Mas há um aspeto decisivo em que o esboço de proposta de Marinho e Pinto se distingue da fiscalidade rooseveltiana. É que Marinho e Pinto, eventualmente por distração, refere-se repetidamente aos salários demasiado altos como o problema e ao salário máximo como solução, mas sucede que os salários são apenas um dos tipos de rendimento — a par dos lucros, rendas, juros, etc. E não só sucede que a remuneração do trabalho corresponde a menos de metade do rendimento nacional total em Portugal, como acontece que a principal causa recente do aumento da desigualdade no nosso país não tem sido o aumento da desigualdade entre salários, mas a alteração da repartição funcional do rendimento em detrimento do trabalho e em favor do capital: as remunerações do trabalho, que representavam 48% do PIB em 2009, já eram só 44% em 2014.
O erro ou distração de Marinho e Pinto é um sintoma do sucesso ideológico dos esforços no sentido de tornar invisíveis os rendimentos do capital — esforços retomados de cada vez que se desvia as atenções para as disparidades salariais entre os sectores público e privado ou para a questão da equidade entre trabalhadores ativos e reformados. Por isso, se é de saudar que esta questão seja introduzida no debate político português, é importante que não nasça torta, para que mais tarde não se revele difícil de endireitar: o problema da desigualdade diz respeito ao rendimento, não apenas aos salários.
(publicado originalmente no jornal Expresso de 30/05)
O nosso homem em Washington (-J.Rodrigues, 1/6/2015, Ladrões de B.) A desigualdade de rendimento e de riqueza é a questão moral, económica e política mais importante do nosso tempo e temos de enfrentá-la. Bernie Sanders, o único socialista no Senado, no lançamento da sua candidatura presidencial na semana passada. Não se esqueçam que as
desigualdades não cessaram de crescer na generalidade dos países nos últimos trinta anos, sendo que nos EUA é preciso recuar quase um século para se encontrar uma
concentração de rendimentos e de riqueza no topo, nos tais 1%, semelhante à de hoje em dia. Até a
OCDE já reconhece que este
padrão é mau para a coesão social e para o próprio crescimento económico. Anti-Costa (gov. do BdP) (-J.Rodrigues, 31/5/2015)
Ainda a lista VIP e outras injustiças fiscais
(- por AG 2/6/2015, http://causa-nossa.blogspot.pt/
"Lendo o relatório da IGF - estrutura tutelada pelo próprio Ministério das Finanças, que também tutela a Autoridade Tributária inspeccionada - vê-se que tem por
objectivo ilibar o Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais de quaisquer responsabilidades, confinando-as aos dirigentes da AT já afastados.
E vê-se que outro objectivo é atacar o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, que publicamente denunciou a existência da lista VIP que o Governo negava existir.
Mas, sem querer, o relatório da IGF acaba por deixar rabo de fora mostrando que o
objectivo da dita lista VIPezinha era de facto "assegurar eficazmente a proteção de titulares de cargos políticos" através do "controlo apertado do acesso aos respectivos dados"...
E, de caminho, corrobora os dados acabrunhantes já revelados pela CNDP, de que reina a maior balda quanto ao sigilo fiscal - centenas ou milhares de indivíduos - ex-funcionários, estagiários e consultores de companhias privadas contratadas - fazem o que querem, sem qualquer controlo, para aceder aos seus ou aos meus dados fiscais..
...
No meio da bagunça, há outras preocupantes situações que passam despercebidas e não merecem atenção de relatórios oficiais:
uma delas é o agravamento contínuo das injustiças fiscais e o balanço daquilo que todos os dias
é dado em benefícios fiscais às empresas - e que é pago à custa dos impostos de milhões de trabalhadores.
Deixo aqui um exemplo: O Banco de Portugal revela que no ano de 2013, já em plena crise,
o atual governo deu às empresas 1.042 milhões de € de benefícios fiscais.
Isto é, as empresas receberam em 2013 mais 17 por cento de benefícios fiscais do que no ano anterior.
Ora, enquanto as empresas receberam um presente-extra de 17 por cento de benefícios fiscais - a somar ainda ao desconto fiscal da nova tabela do IRC -
os trabalhadores tiveram de suportar um aumento de 35 por cento no IRS - o maior da história!"
(Extracto da minha crónica de hoje no Conselho Superior, ANTENA 1, que transcrevi na íntegra na ABA DA CAUSA aqui: http://aba-da-causa.blogspot.com/2015/06/ainda-a-lista-vip-e-outras-injusticas.html)
Remunerações de Func.Púb. de 1ª e 2ªe...
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Um pouco mais de decência política, sff
(-por Vital Moreira 3/6/2015, http://causa-nossa.blogspot.pt/ )
Aumentar agora a remuneração dos juízes quando todas as outras remunerações no setor público vão continuar congeladas é uma exceção inadmissível (tanto mais que elas não são propriamente baixas) .
Seria ainda mais injustificável se se mantivesse o regime excecional de pensões dos juízes,
que não obedece às regras normais do sistema de pensões (no caso dos juízes o aumento das remunerações arrasta a subida automática das respetivas pensões).
O que é de estranhar desde logo é que a proposta tenha sido feita pela Ministra da Justiça. Imagine-se que todos os demais ministros apareciam na véspera de eleições com propostas de elevação dos remunerações dos funcionários do seu setor específico (o ministro da Defesa em relação aos militares, o Ministro da Administração Interna em relação aos polícias, o ministro da Educação em relação aos professores, etc.).
Há propostas que ficam a dever pouco à decência política.
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Entretanto outros corpos de Funcionários públicos "especiais" também foram contemplados com aumentos/melhorias/ descongelamento... :
os do Fisco/Finanças; os militares; (os diplomatas, ...)
Enquanto, os funcionários púb. de 2ª, nomeadamente os de "carreiras gerais" continuam a sofrer (mais do que os outros)...
Isto não é ser contra o aumento de remunerações (nessas carreiras), mas sim contra a discriminação negativa (da generalidade dos trabalhadores " de 2ª", porque desunidos não conseguem obter igual tratamento nem melhorar a sua remuneração e condições de trabalho);
até porque a vida está mal para todos os trabalhadores (e pensionistas e pior ainda para desempregados...)
Pessoas sem dividas: os piores inimigos da tirania e do Status Quo
(20/3/2015 by ateredominatus, https://enclavept.wordpress.com/2015/03/20/pessoas-sem-dividas-os-piores-inimigos-da-tirania-e-do-status-quo/
Umberto Calvini: [In explaining the “true” nature of banking in the world] The IBBC is a bank. Their objective isn’t to control the conflict, it’s to control the debt that the conflict produces. You see, the real value of a conflict, the true value, is in the debt that it creates. You control the debt, you control everything. You find this upsetting, yes? But this is the very essence of the banking industry, to make us all, whether we be nations or individuals, slaves to debt.
A maquina de criação de conflitos artificiais assentes em pressupostos sociais e económicos requer que os cidadãos sejam escravos de dividas.
Consequentemente, qualquer cidadão que recuse ter dividas, isto é, que tenha uma política de convicções pessoais assente nesse principio, independentemente do sacrifício pessoal ou familiar que tenha que sofrer, faz com que, através dessa atitude, toda a maquina de criação de divida passe fome.
Ficam impossibilitados de controlar a divida e de controlarem tudo a ela associado.
Queremos mesmo, enquanto sociedade, permitir que forças sinistras criem conflitos para melhor controlarem a divida dai resultante e depois oprimirem-nos?
Inversamente, qualquer cidadão que tenha dividas, está a alimentar a maquina de criação de divida e a ser por ela controlado. Os seus direitos cívicos e políticos são postos em causa e negados. O controlo exercido sobre uma percentagem de cidadãos limita indiretamente a liberdade dos outros cidadãos que não estão debaixo de divida.
Todos perdem.
Queremos mesmo, enquanto sociedade, permitir que forças sinistras promovam a divisão social e económica, atacando a democracia, e neguem “por associação” de quem não tem divida a quem tem divida; os direitos de todos os cidadãos?
O cidadão que recusa ter dividas, esse “Ser estranho e inquietante”, segundo o paradigma vigente considera a divida como algo que nunca quer ter, ou caso a tenha,(hipoteca de casa onde vive, por exemplo) pensa sempre nela como um pequeno mal necessário.
A ser reembolsado o mais rapidamente possível e com a menor transferência de dinheiro em penalizações (juros) possível para as entidades parasitas, as mesmas que tem trabalhado para organizar a sociedade desta forma iníqua.
Os cidadãos livres de dividas são criados pelas seguintes condições.
Razões culturais e familiares – pessoas cujos valores culturais e familiares abominam a ideia de pedir dinheiro emprestado e pagar juros de divida.
Razões de memoria e historia pessoal – pessoas que no passado já pediram dinheiro e ficaram negativamente marcados pela experiência que juraram nunca mais repetir.
Razões ideológicas – pessoas que encaram a divida como um instrumento opressivo, que favorece o atual status quo económico e social iníquo, interpretam a situação percebendo que a cultura de lançamento de créditos (divida) sobre a sociedade é uma arma camuflada de repressão e de opressão, de controlo e de exploração.
Razões de aquisição patrimonial e zero risco – pessoas que percebem que pagar divida e deixar de ter divida é a forma mais fácil de ganhar uma vida de zero risco financeiro e obter retorno financeiro com o próprio dinheiro.
“[Credit is a system whereby] a person who can't pay, gets another person who can't pay, to guarantee that he can pay.” ― Charles Dickens, Little Dorrit —
“[Credit is a system whereby] a person who can’t pay, gets another person who can’t pay, to guarantee that he can pay.”
― Charles Dickens, Little Dorrit
Quando paga 12% de juros pelo simples uso de um cartão de crédito ” oferecido” (o presente envenenado) por uma entidade financeira isso constitui o equivalente a que 12% do seu rendimento seja desviado para alimentar os parasitas do sistema e do status quo.
(Note-se, aliás, que há uns anos atrás, a taxa de juro era de mais de 30% e nunca se podia baixar, porque, garantiam os ” especialistas” que louvam este sistema, só assim se poderia cobrir os custos e gerar lucros. Com a recente crise o nível da parasitagem baixou,mas continua a existir).
Então, coloca-se a questão.
Porque é que os cidadãos livres de dividas...
( https://enclavept.wordpress.com/2015/03/20/pessoas-sem-dividas-os-piores-inimigos-da-tirania-e-do-status-quo/ )
...
...
... Porque é que os cidadãos livres de dividas não são louvados como exemplo a seguir?
Apresentar cidadãos sem dividas como sendo bons exemplos e como o comportamento a seguir, corta o “fluxo“ de bons relacionamentos entre a imprensa financeira mainstream e corta os lucros de toda esta gente.
Existem muitas canetas de aluguer à solta, muitos ventríloquos a fazer eco das mensagens que lhes são pagas, em géneros ou em dinheiro, que louvam os benefícios de se pedir dinheiro emprestado.
Dito de outra forma.
Como podem os bancos comerciais e outros parasitas financeiros fazer dinheiro com quem não pede empréstimos?
Não podem.
Esse é um dos problemas centrais por detrás da exigência absurda de que se mantenham as teorias da austeridade a funcionar – com o correspondente serviço de divida
O atual sistema, o status quo que está em vigor é mantido contra todas as razões lógicas para tal, mas para ser mantido tem que viver da divida extraída dos servos da divida estes são na sua quase generalidade os cidadãos.
Os lucros da manutenção deste sistema parasítico e absurdo são posteriormente reciclados e reentram no sistema para beneficio ilegítimo dos próprios e aumento do seu poder e riqueza, e servem, adicionalmente, para pagar aos micro exércitos de lacaios e sequazes – a comunicação social, academias e Universidades e demais lacaios que argumentam e defendem o reforço do poder dos bancos e dos derivados tóxicos deles.
Acaso se fale em reestruturar a divida. Em deixar de pagar, em mudar o sistema. Quer-se mesmo fazer isso?
Admitamos que sim, que a generalidade das pessoas quer fazer isso.
Uma das soluções poderosas para o fazer é ficar fora do esquema de dividas. Não pedir dinheiro emprestado e pagar as dividas que se tenha o mais depressa possível.
Em Portugal, as tribos políticas da esquerda e da direita, nunca falam deste assunto.
Retire-se conclusões em relação ao porquê desta “omissão”…
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“In fact this is precisely the logic on which the Bank of England—the first successful modern central bank—was originally founded. In 1694, a consortium of English bankers made a loan of £1,200,000 to the king. In return they received a royal monopoly on the issuance of banknotes. What this meant in practice was they had the right to advance IOUs for a portion of the money the king now owed them to any inhabitant of the kingdom willing to borrow from them, or willing to deposit their own money in the bank—in effect, to circulate or “monetize” the newly created royal debt. This was a great deal for the bankers (they got to charge the king 8 percent annual interest for the original loan and simultaneously charge interest on the same money to the clients who borrowed it) , but it only worked as long as the original loan remained outstanding. To this day, this loan has never been paid back. It cannot be. If it ever were, the entire monetary system of Great Britain would cease to exist.”
― David Graeber, Debt: The First 5,000 Years
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