A primavera árabe continua em marcha
«O grupo extremista Estado Islâmico deu na passada quinta-feira um prazo para que os cristãos de Mossul tomassem a sua decisão. Até ao meio-dia de hoje (10h em Portugal continental), teriam de escolher entre a conversão ao Islão - aceitando as normas impostas pelo grupo -, pagar um imposto ou sujeitarem-se à execução. A maior parte dos 25 mil cristãos residentes em Mossul já abandonou as suas casas.
O êxodo da cidade foi motivado pelo medo e os cristãos têm procurado refúgio no norte do país, em regiões autónomas do Iraque controladas pelas forças curdas. Embora os jihadistas tenham tomado a cidade há mais de um mês - Mossul é controlada pelo grupo Estado Islâmico e por outras forças sunitas desde 10 de junho -, a situação dos cristãos agravou-se apenas nos últimos dias. Além das mensagens divulgadas através dos altifalantes da cidade na quinta-feira, também foram distribuídos folhetos com as condições impostas aos residentes.
Esta é considerada a última vaga migratória cristã a abandonar a cidade. Mossul tinha uma das maiores comunidades cristãs do Médio Oriente, com igrejas Caldaicas, Assírias e Arménias que remontam aos primeiros séculos de cristianismo.» [Expresso]
Parecer:
Os políticos imbecis que ajudaram os extremistas deviam ser forçados a irem viver para o Iraque.
: «Faça-se a sugestão aos imbecis que lideram a França, o Reino Unido, a Alemanha e os EUA.»
http://jumento.blogspot.pt/ 21/7/2014
Eis finalmente concretizada a previsão de Samuel Huntington, exposta no livro de 1996 Choque de Civilizações e a Reconstrução da Ordem Mundial, com a emergência do Estado Islâmico (EI), cujo líder se assumiu como Califa, a quem os muçulmanos de todo o mundo devem obediência, e tenta restaurar o califado islâmico. Guerra de civilizações, apesar da opinião em contrário de Obama, quando se referiu à degolação do jornalista James Foley. Aliás ela está em curso desde que surgiu a Al Qaeda agindo à escala global.
A maioria das pessoas que se têm debruçado sobre a evolução da ordem internacional depois do fim da guerra-fria considerou como improvável a previsão huntingtoniana, fundamentando-se no raciocínio de que uma situação dessas exigiria o completo desrespeito dos direitos humanos e das regras básicas de comportamento que o progresso civilizacional de muitos séculos conseguiu, o que julgavam impossível.
Pois o impossível aí está. Na barbárie mais extrema, com a finalidade de concretizar objectivos milenares, reconstituindo o califado erigido pelos sucessores de Maomé no século VII, no ano 632, cujo território se manteve até 1258. E como consequência restaurar o poder global do Islão.
É esta barbárie inominável que tenta concretizar o projecto de Bin Laden, mas ultrapassando em vandalismo os limites que a Al Qaeda aceita, agora num patamar superior, envolvendo a conquista territorial e o desafio aos EUA que, ao responder, reforça o prestígio do EI e atrai mais aderentes à sua causa.
Já referi noutro artigo que a principal razão que explica esta emergência da tentativa de restauração do califado na região Síria/Iraque resulta de dois erros estratégicos cometidos pelos EUA. O primeiro, da responsabilidade de Bush, quando invadiu o Iraque, com os efeitos que se conhecem, e o segundo, cometido por Obama, ao promover uma insurreição contra o regime sírio, mas sem dar o apoio militar que os insurgentes requeriam, o que permitiu a ascensão dos grupos mais extremistas na contestação do regime de Assad e conquista do território por si controlado.
São estes grupos extremistas que dirigem o actual Estado Islâmico, com destaque para a Al Qaeda no Iraque (o seu nome original), que aqui combatera de modo encarniçado contra o domínio xiita e as forças americanas, sob a direcção inicial de Zarqawi e depois do sucessor e actual líder – Abu Bakr al-Baghdadi.
A sua ferocidade é tão desmesurada que Zawairi, líder da Al-Qaeda, a expulsou da organização. Mas os êxitos que o EI tem tido são de tal envergadura e projeção, que muitos dos alqaedistas que combatiam no Norte de África, no Iémen e em outras regiões, acorreram a engrossar as suas hostes, a que também se têm juntado numerosos muçulmanos europeus e norte-americanos.
Os EUA já se deram conta da dimensão desta ameaça, quando o Secretário da Defesa reconhece a sua forte e determinada motivação política, incendiada por um fanatismo religioso sem limites e concretizada por notáveis capacidades, tanto estratégicas como tácticas
E particularmente quando o seu general CEMGFA afirma ser indispensável combatê-la na própria Síria, onde dispõe das suas principais bases, para que seja neutralizada. Se esta manobra estratégica for materializada, a Síria passará de inimigo a aliado, o que confirmará o erro norte-americano inicial e confirmará as declarações de Assad, pelas quais se fosse apeado seriam os terroristas a substituí-lo.
Para extirpar este “cancro”, nas palavras de Obama, seria desejável que se constituísse uma aliança de Estados legitimada pela ONU, como Hollande parece desejar, com a finalidade de desenvolver um esforço colectivo, que não poderá ser confundido com uma cruzada. Tratar-se-á de uma luta em defesa dos direitos humanos e contra a barbárie que despreza as regras que, ao longo de muitos séculos, foram sendo criadas pelos progressos do comportamento humano. Uma luta que deveria ser conduzida, até por razões simbólicas, por uma aliança de várias nações com origens e desígnios diferentes, portanto com tipos civilizacionais e religiosos diversos, mas seguidores de regras de conduta comuns aceites pelo conjunto das nações.
Esta campanha terá de ter sucesso. Não no imediato, certamente. Mas a prazo.
Ao longo do processo a que iremos assistir, poderão ser despertadas forças
Choque das civilizações - o Estado Islâmico
(-José Loureiro dos Santos, general , 29/08/2014 -Público )
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Ao longo do processo a que iremos assistir, poderão ser despertadas forças há muito subjugadas pelas fronteiras impostas pelas antigas potências coloniais, criando-se condições para reajustar as fronteiras de algumas regiões.
, nomeadamente na área abrangida pela Síria, o Iraque, a Arábia Saudita e o Iémen.
O que poderá dar lugar a novas geometrias políticas, já previstas pelo New York Times em Setembro do ano passado:
-Alauitestão (na costa mediterrânica da Síria actual, onde os alauítas se refugiarão);
-Curdistão (resultante da união das zonas curdas da Síria e do Iraque, podendo mais tarde alargar-se ao Curdistão turco);
-Sunistão (constituído pelas áreas sunitas da Síria e do Iraque);
-Xiitistão (situado no Sul do Iraque em redor e ao Sul de Bagdade onde predominam os xiitas);
-provável desmembramento da península da Arábia, onde a Arábia Saudita se dividirá numa zona central wabita (o Wabitistão), à volta da qual, além do núcleo religioso do Islão com base em Meca, existirão várias unidades políticas definidas por fracturas tribais e religiosas; finalmente,
-divisão do Iémen em duas entidades distintas, de acordo com a predominância religiosa – xiita ou sunita.
Enquanto não terminarem, todos estes desenvolvimentos constituirão um foco de ameaças que em qualquer momento se podem desencadear sobre a Europa.
Com a capacidade adicional de, quando os muçulmanos europeus da jihad regressarem, constituírem numerosos perturbadores extremistas activos, militarmente experimentados e bem preparados para conduzirem missões de natureza terrorista nos respectivos países.
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http://www.publico.pt/mundo/noticia/choque-das-civilizacoes-o-estado-islamico-1667888?page=-1
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