Domingo, 16 de Fevereiro de 2014

Acção inspectiva na Banca e Seguros - Trabalho de borla !   (-por A.B.Guedes, 13/2/2014)

impressionante como se enriquece com o trabalho gratuito dos seus trabalhadores !
 1% enriquecem cada vez mais, à custa dos trabalhadores/servos e maioria dos cidadãos !
A  caminho de uma cultura AUTORITÁRIA !
   A ideologia neoliberal e as práticas do ajustamento da Troica estão a criar as condições para uma nova situação autoritária no país! Vislumbram-se várias práticas, atitudes e comportamentos que pressagiam um neofascismo laboral, cultural e político.
   Podemos incluir aqui como indícios dessa cultura algumas práticas sádicas, hierárquicas e dominadoras entre a juventude estudantil, nomeadamente nas praxes académicas e nas relações violentas de namorados. Podemos incluir certos comportamentos de claques desportivas incitadoras de ações violentas.
   Ainda mais preocupante é, sem dúvida, o que se passa em algumas escolas onde o bullying e o assédio vitimizam todos os dias crianças, funcionários e professores. Por outro lado, alguns programas de TV, com sucesso popular, desenvolvem sentimentos rasteiros, estimulando a vulgaridade e a superficialidade. Respira-se em vários setores da sociedade um certo amorfismo, uma não crença nas virtudes da democracia e da participação cívica. Luta-se por interesses imediatos e individuais e parece que poucos querem saber do chamado «bem comum».
    Mas é no mundo das relações laborais onde mais cresce esse neofascismo, incluindo na Administração Pública! O assédio moral, a bajulice, o autoritarismo puro e duro, bem como o medo de ser despedido crescem de forma assustadora! Concomitantemente cresce o discurso e a prática antissindical nas empresas e na comunicação social. Desprestigia-se o sindicalista falando dele como um «pau mandado» dos partidos! Envia-se a mensagem para toda a organização que a militância sindical não é boa para quem quer fazer carreira. Os documentos sindicais são sonegados por chefias e por colegas, não se coloca placard para a informação sindical e criam-se outros constrangimentos. Pratica-se formalmente a lei fazendo de conta que se ouvem as organizações de trabalhadores, mas verdadeiramente não se ouvem!
     O que mais impressiona é que estas práticas não são apenas apanágio de gestores e dirigentes da direita política! Inclui dirigentes e gestores que votam ou militam em organizações de esquerda. Isto significa que a cultura da repressão e do autoritarismo está a ser abrangente e pode, tornar-se, ou já é, dominante! Esta questão merece uma profunda reflexão! Até que ponto a cultura democrática e participativa está a perder terreno no nosso país e na Europa? Como enfrentar esta questão que está no coração de qualquer mudança profunda da sociedade? A cultura autoritária e opressiva apenas interessa ao capitalismo e á desigualdade social!

        AVALIAÇÃO  de  DESEMPENHO  é  VENENO !

     Numa entrevista ao jornal Publico, em 2010,o investigador e psicanalista Christophe Déjours afirmava o seguinte:  «A avaliação individual é uma técnica extremamente poderosa que modificou totalmente o mundo do trabalho, porque pôs em concorrência os serviços, as empresas, as sucursais - e também os indivíduos.  E se estiver associada quer a prémios ou promoções, quer a ameaças em relação à manutenção do emprego, isso gera o medo. E como as pessoas estão agora a competir entre elas, o êxito dos colegas constitui uma ameaça, altera profundamente as relações no trabalho: "O que eu quero é que os outros não consigam fazer bem o seu trabalho."
   Ora, esta afirmação de um tão conhecido cientista toma hoje outra importância quando o governo e os patrões portugueses pretendem introduzir a avaliação do desempenho individual como primeiro critério para despedir o trabalhador! Caso esta proposta vingue poderemos imaginar o que significa para as relações entre os trabalhadores. Não se trata apenas de concorrência para ganhar prémios ou promoções mas de ir para a rua na vez do companheiro!
    Com esta medida, para além de se permitir o livre arbítrio patronal, acrescenta-se mais uma gota de veneno no mundo laboral, acabando por destruir a coesão e o que resta de solidariedade e cooperação entre colegas de trabalho. Mas contestar a panaceia da avaliação do desempenho não é fácil neste momento em que reina a ideologia da concorrência e do "mérito", uma filosofia da competição e não da cooperação!
    Parece que a qualidade dos serviços e dos produtos se atinge desta maneira. E a qualidade do ser humano? E a dignidade do trabalho? E a vivencia democrática? E a responsabilidade, o rigor e empenhamento no que se faz?
   A avaliação do desempenho não responsabiliza. Desenvolve o medo a agressividade! São duas visões antagónicas. Uma que considera o mundo um grande campo de batalha onde cada um deve competir e derrotar o outro, e outra visão que considera que a humanidade apenas tem futuro com uma cultura humanista, de cooperação social e com a natureza, procurando a felicidade de todos e não apenas de uma minoria competitiva e predadora.  Uma luta que ultrapassa gerações ! Não se pode aceitar que a avaliação sirva para despedir.  Não apenas porque quase não existe tal dispositivo nas empresas, mas porque fundamentalmente é um mecanismo que envenena e corrompe a organização do trabalho e a cultura solidária dos trabalhadores.


Publicado por Xa2 às 14:07 | link do post | comentar

2 comentários:
De Esvaziar inspeções e Estado Social a 18 de Fevereiro de 2014 às 09:05
(esvaziar funções do Estado e)
ACT ESTÁ NA MIRA DO GOVERNO !

( http://bestrabalho.blogspot.pt/ , A.B.Guedes, 17/2/2014 )


Há indícios evidentes de que o atual governo, e particularmente o ministério de Mota Soares, visa o estrangulamento da ação da Autoridade para as Condições do Trabalho,
atual entidade inspetiva das condições de trabalho e promotora das políticas de segurança e saúde dos trabalhadores.
O principal e mais decisivo indício é, sem dúvida, os sucessivos cortes no orçamento desta entidade para 2014.
Os cortes foram de tal amplitude, mais de 20 milhões, que podem paralisar este organismo e até afetar os salários dos seus trabalhadores.

Ora, se um organismo de inspeção não tem meios suficientes ou em condições, nomeadamente viaturas e gasolina para as mesmas, poderá exercer a sua atividade?
Se ao mesmo tempo que crescem as responsabilidades legais e sociais da ACT diminuem os meios, será possível cumprir a missão que lhe está atribuída?
Claro que não!
Não se compreenderia assim que num momento de crise tão profunda no mundo do trabalho, com o encerramento de empresas,
a precariedade a crescer bem como o trabalho clandestino,
se corte de forma dramática o orçamento da entidade inspetiva.

Podemos, todavia, compreender se tivermos em conta que a este governo NÃO lhe INTERESSA a FISCALIZAÇÂO das condições de TRABALHO nas empresas.
Trabalho precário e sem qualidade não é a sua preocupação.
A sua preocupação é dar condições às empresas num modelo económico exportador e competitivo pelos baixos salários!
Neste quadro não é de admirar que se anule o mais possível a entidade que tem por missão a melhoria das condições do trabalho.
Mas, ao fazê-lo o governo viola as convenções da OIT sobre a inspeção do trabalho.
Espera-se assim uma reação dos parceiros sociais, em particular e principalmente das organizações sindicais.
A CGTP e UGT terão que reagir a esta situação.


De Ovo da serpente fascista camuflada. a 19 de Fevereiro de 2014 às 11:40

O ovo da serpente

(-por R.Bebiano, 15/2/2014, http://aterceiranoite.org/2014/02/15/o-ovo-da-serpente-2/

Lê-se num instante O Eterno Retorno do Fascismo, um pequeno grande livro do filósofo e ensaísta holandês Rob Riemen, traduzido há perto de dois anos pela editora Bizâncio
. No curso das suas 80 páginas passamos em revista, de uma forma clara e bastante esclarecedora, como num manual de instruções,
o modo insidioso como um NOVO FASCISMO se tem vindo a instalar nas nossas consciências narcotizadas com o patrocínio da maioria dos meios de comunicação de massa.
Toma de hoje em dia outros nomes, enverga outras máscaras, é até capaz de invocar a liberdade política, a igualdade de oportunidades e o respeito pela democracia formal
para conquistar adeptos, preparando assim o terreno para novas formas de SUBMISSÃO.

Mais traiçoeiras, menos espetaculares, aparentemente indolores ou até sedutoras, mas não menos ESCRAVIZANTEs e violentas do que aquelas que no século passado foram aplicadas em parte do mundo, e em Portugal também, a partir dos modelos autoritários e profundamente agressivos que um dia se apoderaram da Itália de Mussolini e da Alemanha de Hitler.

Sublinha Riemen, a dada altura, que este fascismo contemporâneo nasce principalmente, não do uso explícito da violência, não da imposição de uma ideologia, de uma crença ou de uma finalidade, mas, justamente ao invés,
da insidiosa omissão de quaisquer VALORES de natureza ÉTICA e, contra toda a reflexão, de uma espécie de triunfo da IGNOÂNCIA .

Este resulta em boa parte «de partidos políticos que renunciaram à sua tradição intelectual, de intelectuais que cultivaram um niilismo complacente, de UNIVERSIDADES que já NÃO são DIGNAS desse nome, da GANÂNCIA do mundo de negócios
e de MASS MEDIA que preferem ser ventríloquos do público em vez de serem o seu espelho crítico».

Nota então o filósofo serem justamente as elites, crescentemente CORROMPIDAS e ALHEIAS a qualquer fundamento ético que não aquele imposto pelos seus INTERESSES mais imediatos, que alimentam um vazio espiritual capaz de servir de caldo de cultura ao retorno implacável desse novo padrão de FASCISMO.

As palavras de Riemen representam pois um útil brado de ALERTA.
Podem ajudar a combater o adormecimento do espírito CRÍTICO e a expansão da PERIGOSA ideia de ACORDO com a qual «as coisas são como são» nada havendo a fazer senão aceitá-las, que vão chocando o ovo da serpente.
Merecem pois ser lidas com a etiqueta de urgente.


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