(via DerTerrorist)
---- Vamos ao que interessa. ... este senhor, (F.Ulrich, do BPI) que passou os últimos 5 anos a insultar os portugueses, vai, aos 62 anos de idade, fazer o que nenhum dos seus conterrâneos vai alguma vez conseguir: reformar-se. O aumento da esperança de vida, a sustentabilidade da Segurança Social e o coise. Este senhor, que passou os últimos 5 anos a insultar os portugueses, vai, aos 62 anos de idade, fazer uma coisa que, nem nos melhores sonhos sonhados, os seus conterrâneos vão alguma vez sonhar fazer: reformar-se com uma reforma milionária. O crescimento económico indexado, a produtividade e o coise também. De certeza que merece. "Auguenta, auguenta!" Auguentamos nós por ele. [Não, não é gralha, é assim que os coitados que auguentam falam].
---- Prejuízo só para o contribuinte quando paga o resgate dos bancos pelos desmandos da "excelência da gestão privada" depois de anos a facturar milhões e de retribuições pornográficas a banqueiros e accionistas.
"Governador contrário a lei que possa pôr os bancos a pagar parte do capital aos clientes, acenando com prejuízos de 700 milhões de euros por ano para os bancos." devido às taxas de juro negativas da Euribor. (via DerTerrorist)
---- E o que dizia João Salgueiro, o senhor que era presidente da outra associação que, além do Banco de Portugal e de Carlos Costa, zela pelos interesses dos bancos e dos banqueiros – a Associação Portuguesa de Bancos, corria o ano de 2008 e a Euribor a seis meses atingia o pico de 5,276 por cento enquanto a três meses se fixava nos 5,066 por cento, deixando muitas famílias em incumprimento e com a corda na garganta? Paciência. Temos pena. Tivessem juízo.Tivessem pensado no futuro. É executar as hipotecas (e penhoras). Ide morar para casa dos pais. Ou para uma barraca de tábuas e cartão. O presidente da Associação Portuguesa de Bancos frisou que «o problema do estilo de vida é uma questão de mentalidade, estimulada pelas campanhas de publicidade»." [Via]
---- Durante dezenas de anos Ricardo Salgado e o Banco Espírito Santo pagaram jornais inteiros, o Expresso incluído, por via da publicidade no jornal principal, nas revistas, revistinhas, cadernos e anexos do golfe e do ténis e da jardinagem e da casa e imobiliário, tudo ensacado num plástico com umas tiras verdes e publicidade ao BES. Os jornais, os jornalistas pegavam com pinças em tudo o que cheirasse, mesmo que ao de leve, a sagrada família, em nome do pai, dos filhos e do Espírito Santo que as vendas de jornais estavam/ estão pela hora do pessoal só ver as gordas nas bancas e nos quiosques ou no online com o adblock activado.
A sério que ainda levam o Expresso a sério?
Durante dezenas de anos, mais propriamente quarenta e dois, a contar desde o dia 25 de Abril de 1974 até à hora em que teclo estas linhas, jornalistas suspenderam, os que suspenderam, a carteira de jornalista e abraçaram, de corpo e alma e de conta bancária recheada, as causas de governos e de presidentes e de câmaras municipais e de embaixadas e de consulados diversos de países diversos para depois, terminada a comissão de serviço, regressarem aos jornais, como se nada tivesse acontecido, para continuarem a investigar e a informar, de forma isenta e imparcial os leitores, que a gente faz que acredita e há outros que gostam de ser comidos por parvos e jornalismo e jornalistas militantes é no Avante! .
Mas agora tudo muda porque o morto, ex-Dono Disto Tudo e da publicidade paga nos jornais também, que morreu mesmo mesmo mesmo antes de ser condecorado no Dia da Raça, foi azar, por um cadinho assim, parece que tinha um saco azul na cidade do Canal com o qual pagava, que neste contexto quer dizer comprava, autarcas, funcionários públicos, gestores, empresários e jornalistas. Jornalistas. Jornalistas nos Panamá Tretas. Isso é que não pode ser. A sério que levam os jornalistas e o sindicato dos jornalistas a sério?
---- Alto e bom som (-por F. Seixas da Costa, 2ou3coisas, 2/5/2016)
Considero que o texto faz um apelo necessário à assunção de responsabilidades, seja no âmbito dos atores políticos, seja no domínio da ação do regulador, seja na imperatividade da articulação virtuosa entre ambos. O momento do surgimento do texto pareceu-me adequado, porquanto os dias que a banca portuguesa atravessa são o que são e aproximam-se, neste domínio, decisões da maior relevância estratégica para o país.
Da parte do chefe do Estado, houve já sinais claros de atenção e preocupação com a crescente concentração da sede do poder bancário em Portugal, o que me pareceu muito positivo. Também o primeiro-ministro assinalou o seu desconforto com os constrangimentos europeus colocados às necessidades de capitalização do principal banco público, nomeadamente limitativos do exercício dos deveres de responsabilidade solidária que lhe são exigidos.
Incomoda-me que, da parte do Governador do Banco de Portugal, não tenham emergido, até agora, mais do que uns murmúrios ligeiros sobre a atitude das instituições europeias, em sede de comissão parlamentar, a propósito da saga Banif. É sabido que a parcimónia nas palavras é geralmente tida como a virtude idiossincrática maior da rua do Ouro. Mas, porque «o regulador nacional não é uma mera delegação do BCE», gostava que o presidente do banco que leva o nome do meu país, alguém que co-gere em Frankfurt uma fatia decisiva da nossa soberania, no seio de um processo atípico em que Portugal serve de «cobaia» no laboratório de uma União Bancária que, não por acaso, alguns se recusam a deixar completar, ecoasse em público as razōes do país que representa.
O dr. Carlos Costa fala, em geral, em tom baixo. O país ficar-lhe-ia grato se, por uma vez, exprimisse as graves preocupações nacionais, alto e bom som - quer o BCE ou a Comissão europeia gostem ou não. Lamento ter de dizer isto, mas, a título exclusivamente pessoal, se acaso entende que não tem condições para o fazer, então talvez fosse seu dever criar as condições naturais para que alguém o possa vir a fazer em seu lugar. (tb no "Diário de Notícias")
http://365forte.blogs.sapo.pt/o-liberal-portugues-essa-especie-rara-426909#comentarios
... direita radical. Ela anda por aí, na barra lateral direita do Observador (por vezes também no miolo) e em blogues como o Blasfémias e o Insurgente. São os auto-denominados "liberais", numa curiosa derivação semântica da palavra "liberalismo" (pelo menos na acepção tradicional do termo).
Este curioso grupo de indivíduos tem uma inteligência acima da média, por isso não se atreve a influenciar o debate público para além da presença nos jornais e nas redes sociais.
Sabem que, no dia em que por exemplo formassem um partido e submetessem as
suas ideias de "estado mínimo" e da privatização da Educação, da Saúde e da Segurança Social
à escolha dos eleitores, passariam por um espectacular vexame (como de resto aconteceu em outros países, como Itália ou Alemanha).
Por isso, a sua estratégia passa pela influência da opinião pública, seja financiando um projecto como o Observador, seja através dos referidos blogues ou da presença em colunas de opinião, sobretudo em jornais económicos.
Esta estratégia de não dar o corpo às balas já teve resultados, o mais importante dos quais foi a ascensão de Passos Coelho à liderança do PSD, afastando uma social-democrata tradicional como Manuela Ferreira Leite.
Claro que o "neoliberalismo" de Passos era tão postiço como agora é o seu amor à social-democracia - Passos é daquela raça de homens forjada no cadinho da JSD, um deslumbrado que aprendeu os fundamentos das doutrinas de Hayek e de Mises nos apontamentos Europa-América,
encontrando nesse "liberalismo" de pacotilha apenas uma oportunidade de se distinguir da liderança à qual se opunha e de assim chegar ao poder - com a decisiva ajuda de Marco António Costa, curiosamente um dos símbolos máximos do caciquismo regional,
sintoma de um Estado capturado pelos interesses privados contra o qual supostamente estes "liberais" lutam.
Apesar da evidente fragilidade do "liberalismo" de Passos, este continua a ser a esperança desta falange de direita. Não surpreende por isso o aparecimento de textos como este.
O ataque ad hominem e o amesquinhamento de uma voz desalinhada dentro do PSD, José Eduardo Martins, é a prova de que Passos continua a ser o homem de mão desta gente.
Claro que o excesso de perspicácia desta facção de iluminados não lhes permite ver para além do seu radicalismo (por isso até fazem bem em não constituir o tal partido).
Não percebem que a maioria do eleitorado português é ideologicamente de esquerda e esquecem que Passos apenas conseguiu ganhar as eleições de 2011 porque garantiu (de forma mentirosa) ir acabar com a austeridade de José Sócrates.
Passos ganhou nesse ano porque prometeu mais Estado Social, sabendo que apenas assim conseguiria chegar ao poder.
E apenas perdeu as eleições de Setembro de 2015 (sim, perdeu, ultrapassem lá o trauma) porque, depois de quatro anos a fazer o contrário do que tinha prometido, não podia voltar a ensaiar um discurso social-democrata.
Pareço estar a interromper um adversário quando este está a cometer um erro crasso, não é? Mas isto é tudo tão divertido, que é muito difícil resistir. Seria tão bom se eles não mudassem, nunca...
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