TTIP - é fundamental dizer NÃO !
Por estes dias um jornal alemão tem uma série sobre aquilo que é típico da Europa e é apreciado pelos não-europeus. A ideia é fazer ver às pessoas o que é especial na UE, mas que, por tão evidente, nem sequer é notado. Um dos artigos que li falava de chineses que moram em cidades onde não se pode respirar, que receiam ser envenenados pelos alimentos que compram nas lojas (depois do escândalo do leite em pó contaminado, alguns tentam vir à Alemanha comprar o leite em pó para os seus bebés), e cujo grande sonho é viver na Europa, onde não têm de se preocupar com a qualidade do ambiente e dos produtos que consomem, porque os Estados cuidam disso.
Recentemente, em conversa com um amigo americano, dei-me novamente conta das diferenças extraordinárias de mentalidade entre os EUA e a Europa. Ele pura e simplesmente não conseguia entender, e muito menos acreditar, que as pessoas podem escolher andar de bicicleta em vez de carro, para ter dinheiro suficiente para comprar carne biológica em vez daqueles cocktails de antibióticos e hormonas que são a carne barata nos supermercados.
Tenho-me lembrado muito disso a propósito do TTIP. Como será retroceder nas conquistas de uma certa mentalidade europeia, e ter de ir para o supermercado com uma tabela de produtos químicos para estudar atentamente todas as etiquetas dos produtos, de modo a ter a certeza que não incluem nenhum químico perigoso para a saúde humana? Como será passar a viver o pesadelo chinês (e também o americano) sem sair do nosso próprio país?
Há dias falei do TTIP, num post que suscitou comentários muito interessantes e informativos (podem ver aqui). Entretanto, o programa Monitor (aqui, em alemão), do primeiro canal da televisão pública alemã, apresentou uma pequena reportagem onde explica que isto vai muito além dos frangos desinfectados com cloro e de vermos a nossa natureza destruída no pleno respeito pelos critérios legais americanos.
O TTIP, preparado à porta fechada e sem informação para os Parlamentos, vai fazer tabula rasa dos valores que fazem da nossa Europa um lugar especial: a defesa do consumidor, a defesa do ambiente, os serviços de interesse público assegurados pelo Estado. Se este acordo passar, os valores que nos são importantes vão passar a ser defendidos à custa de muito dinheiro dos contribuintes, em indemnizações pagas às empresas americanas que terão, nos termos do acordo, o direito de fazer no nosso continente o que podem fazer nos EUA.
Para piorar, a Comissão Europeia quer fazer passar o TTIP à margem dos Parlamentos nacionais. Só os deputados do Parlamento Europeu, eleitos directamente por nós, podem travar este acordo. E no próximo domingo há eleições para o Parlamento Europeu.
Pergunto: perante estes factos, continuam a achar que "isto é mais do mesmo", e que "eles são todos iguais", e que "o Parlamento Europeu não tem nada a ver connosco e assim como assim é uma cambada de inúteis que só se preocupa com o tamanho dos pepinos", e que "como o PS é tão mau ou pior que o PSD não vale a pena ir votar" e que "não vale a pena votar porque de qualquer maneira estamos sempre tramados"?
Voto na Alemanha, e tenho muita escolha: Os Verdes, os Linke, os Piratas e mais quatro partidos rejeitam o TTIP. Os socialistas e o CSU (partido bávaro coligado com o CDU) não são inteiramente contra, mas têm algumas reservas.
Em Portugal, e salvo erro, até agora só o LIVRE parece estar preocupado com isto. Não conheço esse partido suficientemente bem, mas o facto de alertar para este problema já me bastaria como sinal positivo da sua atenção a problemas fundamentais dos europeus. E pergunto-me o que é que estão a fazer os outros partidos - será que continuam a perder tempo nos seus joguinhos de salão provinciano, quando o jogo europeu é tão mais importante?
(Há momentos em que me apetecia incluir medidas drásticas na Democracia. Por exemplo: quando as empresas americanas começarem a exigir milhares de milhões de indemnização por terem perdido lucros, esse dinheiro havia de ser pago apenas por quem não votou para estas eleições europeias.) (Isto já me passa, não se preocupem.)
ver tb:
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PERIGO : acordos comerciais e políticas económicas neoliberais !!. Políticas económicas recentes
. TPP e TTIP (Trans-Pacific Partnership e Acordo de comércio e investimento Transatlântico)
. Não ao TTIP : este Acordo Transatlântico de Comércio e Investimento é o fim da Democracia
Un tratado depredador (da economia, da qualidade, da sociedade, ...) (X.Caño T. – ATTAC Madrid)
En Bruselas se negocia un Tratado de Libre Comercio e Inversión entre Estados Unidos y la Unión Europea. Hasta hace poco, en secreto. En realidad, una patente de corso (/pirataria) para grandes empresas y corporaciones, gran banca y fondos de inversión (investimento). El sueño de Al Capone: conseguir beneficios sin norma, regla ni control. Son muchos los daños y males que sufriría la ciudadanía con ese Tratado, pero citamos :
. extensión del "fracking"(técnica de exploração de petróleo e gás altamente nociva para o ambiente) y
. resolución ("arbitral"/"justiça" privada) de controversias entre inversores y estados;
. expansão de produtos/ alimentos transgénicos (geneticamente modificados);
. monopolização de sementes, patentes e património da Humanidade;
. abaixamento dos padrões e controlo de qualidade e segurança nos alimentos (mais hormonas, esteróides e ...), medicamentos, químicos, armas, nuclear;
. desprotecção do ambiente e das reservas (REN, RAN, águas, ar, praias, ...) e recursos naturais;
. desprotecção da produção local, das PMEs, da investigação e indústrias nascentes, ... ;
. ... e o inferiorizar/desvalorizar da cultura, da democracia, da soberania, do Estado e do interesse público em geral (face aos privados, às multinacionais anónimas, aos investidores/especuladores, oligarcas, autocracias e máfias).
O Fim da Civilização Atual, segundo a NASA...
Um estudo da NASA (LER AQUI: http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/nasa-preve-que-planeta-esta-beira-do-colapso-11917406 ) prevê o fim da atual civilização, afirmando que, o mundo tal como o conhecemos, não vai durar mais que algumas décadas.
A conclusão deste estudo patrocinado pela NASA refere que a civilização industrial se está a aproximar do fim, devido à exploração não sustentável de recursos energéticos e à desigualdade económica e social.
Financiado pela NASA (LER AQUI) e divulgado pelo jornal britânico The Guardian, o estudo assegura que a
atual civilização industrial está condenada a desaparecer nas próximas décadas por razões que, para os críticos observadores da dinâmica civilizacional não serão surpreendentes - surpreendente é, isso sim, o facto de ser a própria NASA a assumir o impacto social generalizado das assimetrias socio-económicas e de desenvolvimento... isto porque as razões apontadas para esta conclusão consistem no
reconhecimento da existência de uma exploração não sustentável dos recursos energéticos e numa
insustentável desigualdade na distribuição da riqueza.
O grupo de investigadores liderados pelo matemático Safa Motesharri estudaram os fatores que levaram ao declínio das antigas civilizações e concluíram que o “processo de progresso e declínio das civilizações é, na verdade, um ciclo recorrente ao longo da história”, cita o The Guardian.
Os investigadores estudaram a dinâmica homem-natureza das várias civilizações que desapareceram ao longo dos séculos e identificaram os fatores (população, clima, água, agricultura e energia)
que melhor explicam o declínio civilizacional e que configuram contribuir de forma decisiva para determinar o risco do fim da atual civilização, uma vez que podem levar ao colapso civilizacional quando, ao convergirem, geram “uma exploração prolongada dos recursos energéticos” - com evidente influência no clima e no equilíbrio ecológico.
Além disso, a “a estratificação económica da sociedade em elites e massa” é outro dos problemas que contribuem para o fim de um ciclo.
Segundo os investigadores, estes fenómenos sociais desempenharam, ao longo dos anos, um “papel central no processo do colapso civilizacional”, constituindo-se também como fatores que vão levar a atual sociedade industrial ao fim.
A título de comentário desta notícia que já tem uns meses, resta dizer que, afinal!,
a capacidade humana de percepção, compreensão, adaptação e reajustamento é muito mais reduzida do que desejaríamos e que
a nossa competência global de sobrevivência não revela nenhum dote eficaz para a garantir!...
Aliás, se assim não fosse, como poderíamos justificar e aceitar que uma sociedade tecnologicamente desenvolvida,
assente em estruturas económicas e financeiras interdependentes internacionalmente, integre, sem efetivos esforços de correção,
a fome, a guerra, a violação das mulheres, os maus tratos a crianças e idosos, a violência social, a pobreza, o desemprego, a degradação do respeito pelos Direitos Humanos,
a destruição dos serviços públicos de saúde, educação e proteção social ou que, por exemplo, num pequeno país europeu como
Portugal, todos os dias, 80 famílias deixem de poder pagar as prestações da casa, aumentando, exponencial e potencialmente, o número de pessoas sem abrigo ou cada vez mais expostas à vulnerabilidade da exploração multifacetada da economia paralela?!
(por Ana Paula Fitas , 16/6/2014)
Um jornal para grandes transformações
[Grande Mercado Transatlântico: MULTINACIONAIS CONTRA POVOS. - LeMondeDiplomatique15]
O processo acelerado de eurofagia neoliberal, que no futuro deverá fazer os historiadores questionarem o uso que temos dado a palavras como «europeístas» e «eurocépticos» (quais destroem a possibilidade de um projecto europeu?), pode ter vários desfechos. Sociedades e territórios cada vez mais polarizados entre ricos e pobres, em que a liberdade é apenas apanágio das mercadorias e do capital, e em que os cidadãos são carne para canhão – talvez não em guerras no terreno militar, mas numa guerra económica sem quartel –, não pode ser uma possibilidade para quem entende que os vínculos que nos ligam uns aos outros têm de servir para a emancipação individual e colectiva de cada ser humano, de cada comunidade.
Sandra Monteiro, Eurofagia.
As eleições europeias de Maio de 2014 mostraram a rejeição crescente que as políticas aplicadas no Velho Continente inspiram. Qual foi a resposta de Bruxelas a esta condenação popular? Apressar a conclusão de um acordo negociado em segredo com Washington, o Grande Mercado Transatlântico (GMT). A resposta seria paradoxal se privatizações e comércio livre não fossem os dois credos habituais da União Europeia.
Serge Halimi, Os poderosos redesenham o mundo.
Do Le Monde diplomatique - edição portuguesa deste mês consta um extenso dossiê, que inclui um artigo do Nuno Teles, sobre o último esforço para construir e abrir, a golpes de política pós-democrática, mercados no Atlântico, protegendo assim os interesses dos mais fortes. Nem de propósito, foram hoje revelados documentos confidenciais que indicam o que está em causa no planeado acordo de comércio entre a UE e os EUA: desregulamentação e privatização.É urgente mandar o GMT para o mesmo sítio para onde se enviou o AMI. Também já é tempo dos que ainda mantêm ilusões sobre a possibilidade de a UE vir a constituir-se como baluarte de protecção face à globalização acordarem para a realidade: a UE é o outro nome da globalização neoliberal no continente.
De resto, e em mais um excelente contributo, desta vez sobre as novas estratégias para o desmantelamento dos sistemas públicos de pensões, Maria Clara Murteira não deixa de assinalar o papel negativo da UE também neste campo. O mal chamado modelo social europeu, dado que há vários modelos, foi construído a partir dos Estados, ali onde a democracia pôde ser mais intensa. A UE, em si mesma, tem inscrita na sua matriz um forte viés neoliberal. De quanto mais evidência é que precisam? O contra-movimento, a dar-se, dar-se-á a partir de impulsos nacionais e populares, de preferência articulados, contra a utopia do grande mercado, um outro nome desta UE.
(-por João Rodrigues , Ladrões de B., 17/6/2014)
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aprova-se em grande segredo um acordo de comércio livre com os Estados Unidos que fará com que os Estados sejam processados pelas multinacionais, em milhares ou milhões de euros, sempre que, por exemplo, as disposições laborais, sociais, ambientais ou sanitárias públicas prejudiquem os lucros que elas pensam ter direito a arrecadar"
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"O euro, os mercados financeiros, os tratados da UE, são verdadeiras camisas-de-forças para o progresso e a democracia para Portugal, mas também para os outros povos da UE."
E o silêncio atroador em torno deste "negócio" conduz-nos para onde?
Para o sítio onde eles nos querem.
Ignorantes, calados e obedientes.
Para que o "negócio" continue ad eternum.
Entretanto há quem tente sistematicamente atirar areia para os olhos dos demais. A tese de que as coisas são assim e sempre foram assim ganha novo palavreado com " a questão é se algum dia foi diferente" nm convite quase que obsceno à desistência e à rendição. Outras formulações para os velhos e batidos "pobres sempre os houve e haverá"
E de facto basta olhar à nossa volta e perceber que a "guerra sem quartel já começou há muito". Sob a capa de muitos pretextos e de muitos engodos.Sob o paleio de tantos a pregarem as virtudes da austeridade , enquanto se assiste à delapidação das riquezes dos povos e à concentraçao do capital.
De facto "os vínculos que nos ligam uns aos outros têm de servir para a emancipação individual e colectiva de cada ser hum
WikiLeaks revela negociações para destruir regulação financeira
(-LUSA, 20/6/2014)
A organização WikiLeaks difundiu o texto da proposta sobre o alegado Acordo sobre Serviços de Transações (Trade in Services Agreement - TISA na sigla em inglês) em que estão envolvidos 50 países, incluindo Portugal
A organização Wikileaks difundiu hoje documentos sobre alegadas negociações secretas internacionais acerca de transações financeiras - em que Portugal também estará envolvido - e que pretendem a desregulação dos mercados em todo o mundo.
A organização WikiLeaks difundiu o texto da proposta sobre o alegado Acordo sobre Serviços de Transações (Trade in Services Agreement - TISA na sigla em inglês) em que estão envolvidos 50 países, incluindo Portugal, e que movimentam um total de 68,2 por cento dos serviços de transações a nível global.
De acordo com a organização fundada pelo australiano Julian Assange, os Estados Unidos e a União Europeia são os principais proponentes do acordo, assim como autores das principais propostas de alteração, pretendendo a inclusão de normas que possam permitir o movimento de informações entre países.
Para a Wikileaks, trata-se de uma "importante manobra de falta de transparência" em que se encontram envolvidas todas as partes que participam no acordo que estará a ser atualmente negociado.
O documento TISA foi classificado e devia ser mantido como secreto durante as negociações que ainda decorrem e nos cinco anos após entrar em funcionamento.
Apesar das falhas na regulação durante o início da crise financeira global, em 2007 e 2008, e dos apelos para a implementação de estruturas de regulação, os proponentes do TISA pretendem desregular os serviços dos mercados financeiros em todo o mundo, segundo a Wikileaks.
O anexo da proposta que tem como título "Financial Services Annex" determina regras que podem permitir a expansão financeira das multinacionais -- sobretudo as que têm sede em Nova Iorque, Londres, Paris e Frankfurt -- para outros pontos do mundo "evitando as barreiras da regulação".
Da proposta, segundo a WikiLeaks, conclui-se que sobretudo os Estados Unidos querem promover o fluxo de informações financeiras, empresariais e pessoais entre os vários países envolvidos através de novas tecnologias.
De acordo com a organização, as negociações TISA decorrem atualmente à margem do Acordo Geral sobre Transação de Serviços (GATS) e da Organização Mundial de Comércio (OMC).
O TISA está a ser construído para que venha a ser compatível com o Acordo Geral sobre Transação de Serviços para que, segundo a WikiLeaks, no futuro venha a ser assinado pelos participantes da OMC que mostrem reticências sobre o assunto.
Ausentes dos cerca de 50 países envolvidos na negociação estão os países emergentes BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), porque a natureza do TISA pode enfraquecer posições em futuras negociações sobre transações e serviços.
O texto da proposta saiu da ronda negocial do último mês de abril, a sexta desde o primeiro encontro mantido em abril de 2013.
A próxima reunião está marcada para segunda-feira e deve prolongar-se até ao dia 27, em Genebra, Suíça.
Atualmente os países e regiões da Organização Mundial do Comércio que negoceiam o TISA são: Austrália, Canadá, Chile, Taiwan, Colômbia, Costa Rica, Hong Kong, Islândia, Israel, Japão, Liechtenstein, México, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Panamá, Paraguai, Peru, Coreia do Sul, Suíça, Turquia, Estados Unidos e ainda os países da União Europeia, incluindo Portugal.
A China e o Uruguai já demonstraram interesse em participar nas negociações mas até ao momento não foram incluídos.
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