Segunda-feira, 1 de Dezembro de 2014

O  Estado  corrupto     (-por OJumento, 28/11/2014)

 Enquanto o MP desenvolve a sua caça às bruxas tentando encontrar crimes de corrupção que fundamentem as muitas acusações que já fez contar numa comunicação cujos jornalistas assumiram o estatuto de jurados do auto de fé que vai decorrendo ao sabor das manipulações da informação e da comunicação social a que insistimos em designar por violações do segredo de justiça, vale a pena discutir a corrupção à luz do processo "labirinto" ('vistos gold' ou do mega 'BES/GES', do 'BPN', 'submarinos e pandur', 'PPPs', ...).
     Não porque se considere o processo concluído, assente em provas confiáveis e já devidamente julgado, mas porque por aquilo que se soube e pela própria natureza dos vistos gold este processo pôs em evidência a natureza corrupta do nosso Estado e do estado a que chegaram os mecanismos de controlo político (governativo/partidário e,  indirectamente, dos grandes grupos económicos, financeiros, soc.advogados, 'lojas', 'capelas', 'ordens', 'baronias' e oligarquias) do exercício das (altas) funções da Administração Pública (e nas fundações, institutos, agências, empresas públicas ou participadas, subsidiadas, isentadas, concessionárias e/ou com aberrantes rendas, 'tachos' e privilégios vários).
     Quando um Estado governo monta um esquema através do qual a troco de dinheiro dá vistos especiais a portadores de dinheiro cuja origem não se discute que desta forma podem ir residir para outros países da EU onde teriam dificuldades em estabelecer-se não estamos perante a criação de um esquema nacional e nacionalista de corrupção? A verdade é que um estrangeiro honesto que trabalhe espera anos por um visto e um qualquer general ou negociante chinês consegue-o a troco de uma choruda quantia. E qual é a argumentação em favor do esquema? Igual a de muito bom corrupto, que dá muito dinheiro e que os outros também o fazem.
      Quando os políticos, em vez de criarem mecanismos legais transparentes e iguais para todos os cidadãos, telefonam aos altos dirigentes do Estado mandando-os agilizar procedimentos em relação a determinadas empresas ou cidadãos, sem o assumirem em público, sem o fazerem por escrito e sem darem a cara na hora dos problemas, não estamos a escancarar a porta para tudo e mais alguma coisa? Consta que o ex-director do SEF disse que os governantes lhe deram instruções para agilizar os procedimentos, mas não consta que algum político tenha dado a cara, que tais instruções tenham sido assumidas por escrito ou que algum governante tenha sido interrogado.
      A Administração Pública (e o país) há muito que está nas mãos dos aparelhos partidários (de quem os controla e compra) e nos anos 80 ficaram célebres as grandiosas cerimónias de exibição colectiva dos novos militantes do partido, a maior parte dos quais tinha acedido a lugares de chefia do Estado graça ao empurrão da máquina partidária. Contam-se pelos dedos os altos responsáveis da Administração Pública que não tenham contado com influência partidária na sua nomeação ou que tenham coragem de dizer não a um governante invocando princípios legais. O Estado está cheio de gente fraca que chegou aos mais altos cargos por isso mesmo, porque dá jeito serem fracos (com os fortes e fortes com os fracos).
     Para encobrir esta pouca vergonha têm sido inventado concursos para que os políticos possam dizer, como o tentou fazer a ministra da Justiça em relação ao senhor dos registos que nada tinha que ver com as nomeações. A verdade é que mais de 90% dos dirigentes do Estado escolhidos por concurso são os do costume, são os que já lá estavam. Não faltam concursos onde na primeira volta só aparece um concorrente porque ou por medo, ou por desprezo ninguém concorre contra o “candidato do regime”. São concursos com transparência muito limitada, não se sabe quem chumba, os fundamentos das escolhas ficam escondidos.
    Fala-se muito de combater a corrupção, talvez não fosse má ideia começar pela modernização do Estado, pela adopção de procedimentos transparentes, por promover uma administração independente dos governos e dos aparelhos partidários.
 
      PS: Hoje ia caindo quando soube que o P.R./Cavaco Silva deu como argumento para as vantagens de investir em Portugal o facto de termos mulheres bonitas (e comparadas a cavalos brr!!).   Estaria Cavaco a vender o país por ter paisagens femininas bonitas ou Portugal vai ser invadido por investidores do Dubai em busca das tais mulheres bonitas que tornam Portugal um país atractivo para quem tem dinheiro?   É evidente que estes argumentos da nossa diplomacia económica não reflectem qualquer corrupção de valores, só que até parece.   De repente lembrei-me da famosa fruta do Caso Apito Dourado.  A partir de agora se algum árabe rico se lembrar de mandar um piropo ou de fazer uma proposta à esposa ou à filha bonita devemos fazer um sorriso de gratidão, pois seguiram a sugestão de C.S. e como trouxeram dinheiro para o país devemos ficar-lhes gratos (e ... !! )


Publicado por Xa2 às 07:02 | link do post | comentar

2 comentários:
De VENDE-se barato: Soberania e Nacionalida a 2 de Dezembro de 2014 às 11:21
----- Dinheiro compra Residência e Nacionalidade
(e PODER, consciências, vontades/ apatias ...)

-------------------
VISA GOLD - as diferenças entre países:

---Portugal
O investidor pode simplesmente comprar um imóvel por mais de 500 mil euros para fins comerciais ou pessoais.
Em contrapartida, consegue uma autorização de RESIDÊNCIA temporária.
Pode aceder à NACIONALIDADE portuguesa (ao fim de 6 ans) e o visto de residência permanente (ao fim de 7).

----EUA
Os investidores conseguem o visto EB-5, com permissão de residência temporária
se em troca investirem 500 mil dólares (401 mil euros) em sectores com elevada taxa de desemprego ou na agricultura.
O acesso ao visto de RESIDÊNCIA permanente pode acontecer pode acontecer 10 anos depois,
se foram criados e mantidos 10 postos de trabalho a tempo inteiro.

----Áustria
Com um investimento entre 6 a 10 milhões de euros num negócio,
o investidor estrangeiro consegue a nacionalidade austríaca.
O investimento tem de ser criador de postos de trabalho para cidadãos austríacos
e/ou alargar a capacidade de exportação do país e levar nova tecnologia para a Áustria.

----Espanha
A compra de um imóvel com o valor mínimo de 500 mil euros
dá ao investidor estrangeiro um visto de residência temporária durante 2 anos.
Os investidores ficam elegíveis para um visto de residência permanente em 5 anos.

----Reino Unido
Para conseguir uma autorização de residência temporária,
o investidor estrangeiro tem de investir um milhão de libras (1,3 milhões de euros) durante cinco anos:
750 mil libras (942 mil euros) na compra de obrigações do Tesouro e 250 mil libras (314 mil euros) em imobiliário.
A autorização para residência permanente pode chegar 5 anos depois.

M.M.O. Fonte: Migration Policy Institute e Elma Global


De O preço da Corrupção (e os estragos) a 5 de Dezembro de 2014 às 11:16

CORRUPÇÃO

«A corrupção cria entropias e ineficiências. Premeia quem não tem mérito e desincentiva quem o tem.
Tem custos económicos e sociais brutais. Onde ela reina faz fraca a forte gente. (...)


A corrupção cria privilégios para alguns em prejuízo de todos os outros.
Cria barreiras à progressão dos melhores e abafa o talento.
Faz com que os dinheiros públicos sejam gastos em projectos com pouco ou nenhuma racionalidade económica, que não criam ou até destroem valor.
Ou que a soma neles despendida seja superior ao que ditaria o mercado.
Associada à fraude, faz com que todos paguemos mais impostos do que devíamos.


O país assistiu a várias destas ineficiências nos últimos anos.
Seja nas decisões tomadas a nível do governo central, seja do local.
Por má gestão. Por incompetência. Certamente.
Mas terá sido também por suborno?
É esse o véu que a Justiça nos vai destapar?
O importante é que ela se faça. Seja em que sentido for. (...)


Não é à-toa que sete dos países que ocupam os dez primeiros lugares do Índice de Percepção da Corrupção da Transparency International, divulgado esta quarta-feira, estão também no top dez do Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas.
A corrupção também explica porque uns países são ricos e outros são pobres.
Ela corrói a confiança nas instituições.
E os povos falham quando as instituições lhes falham.»

André Veríssimo, http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt/2014/12/o-preco-da-corrupcao.html


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